Norman
Sou viciado em uma droga: Solidão.
Ela me mata, lentamente, mas também é o que me mantém vivo.
Não abuse da solidão, ou então, acabe viciado e perdido na mesma.
Acordo
Levanto-me descansado e com um sorriso no rosto — mais um belo dia que nasce.
Toda manhã é um momento sagrado e feliz, onde me preparo para o que o resto do dia tem a oferecer.
Dou bom dia à moça da padaria, ao homem que cobra a passagem, aos meus colegas de trabalho...
Que belo dia — como todos os outros.
Há coisa melhor que desfrutar as oportunidades da vida?
Com o dia, vem a tarde, onde vou de encontro com minha amada.
Conto-lhe o quão belo foi o dia e como tudo melhorou após vê-la.
Caminhamos no parque, de mãos dadas, no final da tarde.
Beirando a noite, levo-a para casa.
Nos despedimos com um beijo, desejando uma boa noite a nós.
Volto para casa com um sorriso bobo — novamente penso o quão maravilhoso é viver — um olhar meigo e apaixonado.
Na hora do descanso, agradeço a Deus por tudo.
Sinto-me grato.
Com isso, deito-me na cama e me ponho a dormir, com uma feição feliz e suave.
Aí então, acordo em meio à ansiedade.
Olho em volta e dou risada — foi tudo um sonho.
Ainda deitado, tento encontrar forças para levantar.
Passam-se duas horas desde que despertei, porém, ainda me encontro na cama, de olhos fechados.
Desejo voltar a dormir e viver em meus sonhos — onde levo uma vida calma e feliz —
mas agora me deparo com a triste e cruel realidade que afogam meu ser.
Te conheci num tempo errado,
mas teu riso parecia certo.
Tu vivia de conto de fadas,
e eu... de abismo aberto.
Toques leves, olhos doces,
mãos que não sabiam mentir.
Tua pele e tua mente
faziam meu caos se expandir.
Tu largou um alguém por mim,
e eu, covarde, fugi do sentir.
Me escondi no medo do amor
e deixei a flor cair.
Quando voltei, te vi dividida,
com outro rindo no teu lado.
Mas ainda era minha a tua brisa,
nosso segredo mal disfarçado.
Fingi amizade pra esconder desejo,
escondi desejo pra evitar dor.
Mas amor não cabe em silêncio,
e eu desabei no clamor.
Te pus na prancha, pedi decisão.
Tu disse: “quero os dois”, em aflição.
E eu, partido, segurei a razão,
sabendo que amar também é negação.
Última vez: cigarro e cerveja,
beijo e presente como prece.
Te vi indo embora devagar
enquanto minha alma arrefece.
Uma senhora sorriu o nosso abraço,
e viu minhas lágrimas depois.
O mundo seguiu, a gente parou,
mas ficou o “nós” entre os dois.
Hoje passo por ti calado,
mas te sinto em cada olhar cruzado.
Superar não é apagar nem negar,
é lembrar... e ainda assim caminhar.