Marijo
Pandemia
Agosto chegando...
tenho viajado muito desde março.
Minha casa é a nave que me transporta.
Vou mudando de janela,
para aproveitar melhor a paisagem
e a dança das luzes com as sombras.
Fica por mim decretado que nada, nem ninguém, terá o direito de desbrilhar o meu sorriso. Sou livre. Sou rebelde com causa.
Sábado sempre tem cara de sábado.
Numa semana comum, num feriadão, numa quarentena...
Com chuva ou com sol...
Sábado tem cara de sábado, cheiro de sábado, cor de sábado...
No sábado, acho que eu também fico com cara de sábado.
Rotina
3:00 da madrugada em ponto.
Um duende me acorda.
Ou anjo...
Às vezes vou ao banheiro, às vezes tomo um pouco de água.
Viro de lado, ajeito a orelha no travesseiro ( bom se pudéssemos guardar no copo, como nossos avós guardavam os dentes), e volto a dormir.
Vida é ciclo.
Cair, levantar, recomeçar...
cair, levantar, recomeçar... verão, outono, inverno, primavera, verão...
É esta a beleza da vida!
Vida é tempero.
Mistura de cores
aromas
sabores
doces como baunilha
amargos como açafrão.
Tem dia que a gente acerta.
Tem dia que gente erra a mão...
Pelas ruas
fios emaranhados.
Obsoletos.
Metal esticado
carreando o nada
poluindo a visão.
A cidade é como a vida
precisa de faxina
para que haja
evolução...
Antigamente
chovia de mansinho
depois vinham os vaga-lumes
cada um
pequeno farol
passarinhozinho
rainho de sol...
Infância não é um tempo.
É um lugar com ruas de terra, casinhas sem muros, sons, cores, cheiros...
que só visitamos quando envelhecemos.
Nem sempre a luz mostra o caminho.
Muitas vezes só as sombras têm as respostas.
Viver é aceitar a luz e as sombras.
E dançar com elas.
Sem medo...