Marcos Godoy

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Porque sair das próprias margens e mergulhar no oceano da minha alma foi a única saída para fazer o meu encontro.
Porque o peso insuportável das aflições que fragilizam, somente fez sentir-me como uma pena, estabelecendo uma estratégia para o vôo raso.
Porque a coragem da luta consigo mesmo era a armadilha de mim para comigo.
Porque as asas cortadas apenas causaram dores físicas antes de cair tentando equilibrar-me no ar.
E caí. Caí numa queda livre em alta velocidade bem encima de um imenso coração tão cheio de amor e de uma pureza inafastável, que anestesiou-me o corpo no impacto da queda e me acolheu tal qual casa de mãe.

Inserida por MGodoy

A minha sina é caminhar sobre as nuvens. Minha diversão é polir as estrelas. Sou engenheiro de fantasias, construtor de sonhos. Faço telhado de céu e enfeito com as estrelas que poli.
Conserto paredes de utopias e regulo as asas de quem aprendeu a voar.
Ah! Antes que eu esqueça: Sou arquiteto de asas para almas despedaçadas.

Inserida por MGodoy

Eu só compreendo a literatura carregada de emoção.
A literatura é a única possibilidade de se atingir o mais alto grau da emoção humana,

Inserida por MGodoy

Amo tudo que vivi. Amo a vida que consumi.
Amo o gasto oxigênio com o que fez-me sentir vivo.
E porque me fez vivo, amo as dores sanadas que se foram.
Amo a fé que duvidei para me aumentar a crença.
Amo as alegrias que me deixaram marcas de sorriso na face.
Amo o passado que me deu o presente e fez saber que hoje já é outro dia.

Inserida por MGodoy

Não sei porque o céu é azul, as estrelas brilham ou a lua muda de forma. Não me importo com isso.
Não preciso saber e ponto final.
Só me interessa a infinita possibilidade de sonhos que eles podem me proporcionar.
Eu sou um bravo sonhador. Não tenho a menor vergonha de ser um sonhador. Muito pelo contrário, me sinto lisonjeado quando assim me caracterizam. Pois, a minha
realidade se faz em sonhos que tenho acordado.
Dizem que os sonhadores são tolos, vivem fora da realidade e até os consideram ridículos. Tudo bem! Eu não me preocupo com tais conceitos. Não tenho muito tempo para pensar sobre isso. Gasto meu tempo com coisas palpáveis. Gasto meu tempo com meus sonhos. Pode até parecer ultra-romântico, exagerado, mas, sonhos são palpáveis para mim. Fazem parte da minha constituição.
Não consigo conceber uma vida sem sonhos. Isso para mim é algo sem nexo. Como diz a minha filha: "sem noção".
Imagine uma pessoa com uma doença incurável. O que seria dos seus
últimos dias se não pudesse sonhar com a cura? Imagine uma mãe que perdeu seu filho. O que seria da sua vida se não pudesse sonhar com um reencontro ou com os dias que passaram em convivência? Imagine um paraplégico que sente a realidade inerte através dos seus membros. O que seria dos seus dias se não conseguisse sonhar com a possibilidade de andar novamente?
Qual sentido teria uma vida sem sonhos? O que seria do homem sem o sonhar? Você consegue viver sem sonhos? Não precisa responder a mim. Responda a si mesmo. E se sua resposta for não, me faz um grande favor: me conta todos os teus sonhos, pois, podemos trocar ideias fantásticas e inventar novos sonhos para viver.

Ao final daquela tarde de verão, como de costume, ela foi comprar pães e alguns mantimentos na mesma padaria que frequentava a mais de 20 anos. Caminhava sempre pelas mesmas calçadas, passava pelas mesmas pessoas e as cumprimentava de forma mecânica, baixando a cabeça lentamente sem dirigir o olhar. Eram rostos apenas. Não tinha qualquer contato pessoal com aquelas pessoas. Não sabia seus nomes, de qual família pertenciam, se tinham filhos ou quaisquer outras informações que normalmente se tem acerca dos moradores de uma comunidade. As ruas eram apenas caminhos, rotas de acesso, e as pessoas que circulavam não passavam de meros figurantes de uma cena urbana.
Já em casa, a noite chegou quente como tantas outras de verão. As casas vizinhas mantinham as janelas abertas e dava para ver seus moradores circulando entre um cômodo e outro.
Sentada à mesa da cozinha, habitualmente tomava duas xícaras de café e saboreava os pães com cobertura de queijo e uma pasta de côco. Como um ritual, após o jantar, lavava os pratos e em passos sempre muito lentos, subia as escadas que levavam ao andar de cima da casa. Em outra estação, ia até o quarto de hóspedes e sentava-se numa poltrona coberta com uma manta de linho para ler alguns livros de poesia que guardou da sua adolescência. Porém, o forte calor do verão fazia com que mudasse de quarto alimentando o hábito de sentar-se em frente à vasta janela do antigo quarto do casal, para aliviar-se da alta temperatura pegando a fresca da noite. Abriu a janela e se acomodou na velha cadeira de madeira que ganhou de uma tia quando se casou. Uma almofada no assento e uma espessa manta de lã no encosto, eram suficientes para seu conforto durante as horas que ficaria sentada ali vagando em seus pensamentos.
A velha cadeira de balanço fazia barulho com o movimento causado pelos seus pés que a empurrava contra o chão. A casa em frente, também mantinha a janela do pavimento superior aberta e dava para ver a sombra de uma pessoa refletida na parede como se estivesse sentada e com a cabeça curvada para o alto.
Ela fixou os olhos naquela sombra e passou a indagar acerca dos motivos que levavam aquela pessoa a ficar estática naquela posição, e ao que lhe pareceu, tinha um razoável tempo. Perguntava-se se tratava de sofrimento causado pela morte de algum parente próximo, se estava acometida de doença grave, se o filho tinha ido morar em outra cidade, se esperava alguém que tinha ido embora de casa. Uma série de questionamentos sobre aquela pessoa inundou a sua cabeça fazendo com que a cada minuto aumentasse a sua ansiedade por respostas.
Ele veio vagarosamente e sentou-se num banco de madeira que estava ao seu lado e que servia de apoio para os livros e objetos que sempre levava consigo naqueles momentos.
Olhou para ela e argumentou sobre suas indagações: “Talvez esteja descansando somente devido um dia difícil. Talvez tenha se decepcionado com algo ou alguém no seu trabalho. Talvez tenha um compromisso importante amanhã e se sinta pressionado com isso. Talvez esteja preocupado com a prestação da casa. Talvez esteja apenas ali, esperando o tempo passar. São muitas possibilidades, assim como é a nossa vida. Cada um de nós carrega diferentes sentimentos e muitas vezes os fatos ocorridos no dia aguça alguns, ameniza outros ou surgem novos.
A vida nos oferece inúmeras possibilidades e, em uma ou várias delas, reside a nossa decisão. São nossas decisões que respondem pela nossa condição de vida. Uns são infelizes e outros mantêm-se em estado de felicidade por mais tempo. Tudo está naquilo que você decidiu para sua vida e sempre com base na sua essência. Não adianta buscar tempos agradáveis no campo se você prefere o litoral. Jamais verás, em uma paisagem bucólica, as ondas do mar e nem muito menos colherás conchinhas na areia. Você pode adaptar-se com o tempo, mas, não se adequará e sentirás todos os dias a sensação de que és incompleta. De certo que deve compreender que, toda decisão, como tudo na vida, possui dois lados que se fazem diametralmente díspares. Muitas vezes, para atingirmos a plenitude, os objetivos desejados, temos que derrubar obstáculos que nos causam dores. E as dores podem nos deixar cicatrizes que se expõem aos olhos de todos. No entanto, atingimos o grau de nossa real beleza de ser, a qual, supera qualquer coisa. Observe por exemplo, as rosas, que carregam os seus espinhos, porém, ninguém deixa de exaltar a sua beleza de ser como é.
(M. Godoy - Trecho de As Ruas Invisíveis)

Foto: Google/Imagens

Enquanto desejava construir seus castelos, os outros desejavam ver a vida passar.
Construiu-se lindos castelos e muitas vidas somente passaram.
(M. Godoy)

Inserida por MGodoy

Foi naquela manhã fria e chuvosa que ele se dirigiu a ela pela última vez.
Mesmo que as promessas nunca se cumprissem, ela pressentia que ele a deixaria. Era como se todos aqueles anos já fossem suficientes para aclarar tantas coisas que se fizeram extremamente nebulosas e ela já se encontrasse em grau de consciência nunca antes chegado.
O cheiro de café já se sentia na sala. Ela se levantou lentamente da cadeira que ficava em frente à janela junto à porta da frente, e foi até a cozinha pegar uma xícara de café.
Ele a acompanhou no mesmo ritmo de passos e disse: "as coisas são como elas são. A beleza das coisas está na unicidade da sua natureza. As vestes não mudam as criaturas. Apenas as adornam aumentando na maioria das vezes a beleza. Veja que as rosas podem ser de variadas cores e desabrocharem em lugares e momentos diferentes. Mas, sempre serão rosas e nunca margaridas ou gerberas.
Não se resigne da sua natureza. Você é o que é e não uma receita de manjar tão discutida e modificada pelas comadres da praça, a cada novo ingrediente que chega na mercearia do bairro. Você não é uma novidade que a cada dia se estabelece de forma tão efêmera, que basta acrescentar-lhe uma letra ao nome para deixa de ser o que era. Faça apenas protótipos de você mesma. Se experimente em cada nuance do seu interior. E nunca esqueça que os homens se pintam para a guerra e as mulheres para amor".
(M. Godoy - Trecho de As Ruas Invisíveis)

Não tente me ver com os olhos.
Certamente terás uma visão distorcida
da realidade.
Se queres me vê, aprenda a enxergar
com o coração.
(M. Godoy)

Inserida por MGodoy

E ele disse: tenha muito cuidado comos sentimentos enlatados, que mais nos parecem saídos de uma linha de produção industrial.
Nunca se contente em apenas lavar os pés na cachoeira, quando você pode molhar todo seu corpo.
Então, tome um banho bem demorado, sem pressa, e faça de conta que é um novo batismo. Renasça de você, para você mesma.
(M. Godoy - Trecho de As Ruas Invisíveis)

Inserida por MGodoy

As minhas lágrimas não me envergonham. Assim como meu sorriso não me causa soberba.
O que me emociona é o que não se veste de superficialidade. O que me emociona é o puro. O puro imutável que dá beleza às coisas simples.
Eu sou a nobreza da lágrima. Eu sou o que me faz sorrir.
(M. Godoy)

Inserida por MGodoy

Não tente me entender, talvez, não valha a pena. Talvez não faça sentido.
Posso ser muitos ou ninguém, quase ou talvez, um sonho ou uma realidade, um tufão ou uma brisa e ao mesmo tempo ser sempre o mesmo. Sou relativo e nunca absoluto. Sou eu e você, sou ontem e hoje, e amanhã. Sou mutante e instável e, de novo, vou ser sempre o mesmo. Sempre uma boa surpresa, um sonho acordado ou uma realidade que dorme mas que se levanta pra ver o sol nascer.
(M. Godoy)