Mairton Damasceno
''Quando o oceano que você carrega transborda, continue chorando porque isso demonstra que você está vivo.
A saudade é como voltar a um
rio que já não tem peixe,
é sentar-se à sombra de uma
árvore que já não dá frutos,
mas ainda abraça com sua
quieta proteção.
Estar vivo é isso:
é sentir saudade, é temer a perda,
é compreender que tudo passa —
e que nós também passaremos.
Até lá, seguimos vivendo,
e viver exige coragem para sentir
tudo o que a alma insiste em tocar.
Se um dia você se encontrar com a morte, antes pergunte a si mesmo se ainda está vivo.
Há aqueles que já morreram por dentro, mas caminham sem saber;
perderam o brilho, o sonho, o sentido.
Estar vivo é mais que respirar:
é sentir a alma acesa, ainda que o corpo carregue sombras.
O silêncio é um grito que escolheu respirar fundo.
Carrega verdades que a boca não sustenta
e ecos que só a alma sabe escutar.
A vida é, em essência, uma jornada solitária, porque o mundo que habitamos é o mundo que construímos dentro da mente.
Ainda assim, a presença do outro pode suavizar o peso da existência — não por preencher o vazio, mas por harmonizar o caminho que percorremos por dentro
Quando você se depara com os fracos, não é por acaso é porque a sua força está em evidência.
A fragilidade alheia revela o tamanho daquilo que você suporta.
E, às vezes, o mundo coloca diante de nós aquilo que somos capazes de vencer, para provar que a verdadeira força não é ruído: é destino, é resistência, é a coragem silenciosa de permanecer de pé.
O amor não prega peças ele crava pregos.
Fixam-se na alma como feridas que não sangram, mas doem em silêncio.
O amor sustenta, mas também aprisiona;
enche de luz, mas conhece as sombras que deixa para trás.
Os rios não bebem de suas próprias águas, assim como as mães não vivem apenas para si, mas para os filhos que carregam no coração.
E o amor?
O amor segue a mesma lei: só encontra sentido quando se entrega, quando transborda para além de si.
A liberdade é a chave da solidão, porque todo caminho verdadeiramente livre nos devolve ao espaço onde só nós podemos habitar: nós mesmos.
O homem nunca habitará o céu, pois o céu não acolhe demônios e cada ser humano carrega os seus.
Talvez o verdadeiro ascender não seja subir, mas aprender a vencer as sombras que traz dentro de si.
A saudade é como a dor: nasce igual em todos os homens, mas em cada coração encontra um jeito único de doer.
Ao tentar compreender o mundo, o homem descobre que cada resposta pesa e, sem perceber, passa a carregá-lo nas costas, como quem leva o próprio destino embrulhado em silêncio.
Se você já amou, sabe que o sol queima mesmo à distância, que as estrelas seguem seu rumo sem pisar lugar algum, e que podemos tudo até perder.
Até a montanha, imóvel e silenciosa, contempla a beleza que se estende diante dela porque até o que não se move também sabe admirar o mundo.
