Lucélia C. Fernandes

Morar dentro de um amor custa tão caro, que estou pensando em morar na rua.

Todo acalanto de um abraço; todo esforço de um amasso; todo desejo de um beijo.

Acúmulo de desejo, toda volúpia cabe em mim. Penso no âmago do corpo dele, só de ouvir sua voz estremeço.

Amar é se tornar vulnerável 24 horas do dia.

Sua ausência se fez presente, eu posso acabar me acostumando a ser só.

São coisas minhas, planos que fiz há anos... E eu disse a mim mesma não abandone o barco. Fracassei.

Não há lugar no mundo que me caiba hoje.

Hombridade, poucos têm, muitos nunca ouviram falar.

Ando tão complicada que até pra explicar minha cara emburrada tenho encontrado dificuldades.

O problema sou eu. Admito! Essa forma de amar que escolhi pra ser minha. Mergulhar no amor, dps sentir câimbras que não me permitem mais nadar.

Pagar com verdade para se despir da culpa que sentia.

Entregue a solidão, morreu-se de si; morreu-se de amor.

É aliviador saber que o que te aprisionava, não é mais seu carrasco, e sim réu.

Chegou-se no momento errado. Senti alívio por ser só sonho, deveras ser impertinente a ponto de impor sua lembrança até quando durmo.l

Recebia convites pra ficar ao meu lado, quando dei por mim, chegou, bateu na porta, mas foi dos sonhos. Então, acordei.

Vou escolher um sabor de sorvete, esse será que vou tomar com você, não tornarei a tomar novamente.

Só pra guardar na memória o gosto de estar ao teu lado. E quando bem distante o tempo, talvez o tome e rememore esse momento.

Você se apaixonou pelos meus mais salientes pecados.

Não adianta brigar pelo que não é seu. Deixa estar. Deixa ir. Fica você, seu eu é que tem que permanecer.

Não adianta encenar, criar roteiros; se só você está disposto a seguir a trama/drama.

Passadas as horas de um dia qualquer do mês de agosto, me questiono, me indago, aponto o dedo na minha cara. Estou sendo dura comigo mesma.

Amanhece o dia, os olhos olham o vislumbre do sonho de uma noite mal dormida.

São dias feitos de espera, conflitados com minhas inúmeras dúvidas; todas elas sequenciadas de lamentos e pontos infinitos de interrogação.

Têm sido dias estranhos, tristonhos, medonhos...

O silêncio fica. Os olhos falam.