Júnior Ração
Se Sodoma, Gomorra e Babilónia pode-se apreciar o que acontece nos dias de hoje provavelmente estariam a sentir-se muito injustiçado.
Africa dorme na esperança de entrar no paraíso após a morte e os outros a fazerem o paraíso nas próprias cidades.
Me chamo Murromoliua.
Filho empobrecido com o colono português.
Não trago luxo na bagagem, mas trago verdade.
Carrego histórias do chão, do dia a dia, da vida que me ensinou mais do que qualquer livro.
Gosto de aconselhar não porque sei tudo, mas porque já vivi o bastante pra saber o que dói, o que passa… e o que fica.
Cada conselho meu vem de uma cicatriz. Cada palavra minha vem de um lugar sincero.
O que a vida me ensinou (por Murromoliua)
A vida me ensinou que nem sempre quem está certo vence…
Fui trabalhador de uma grande empresa, montei redes de internet e televisão com dedicação. Dei o meu melhor, mostrei meu valor. Mas fui injustiçado e Expulso.
A pessoa que me prejudicou seguiu bem parecia que a vida estava do lado errado.
Doeu. Mas eu segui. Com meu talento, com minha verdade, com minha força.
Hoje estou de pé. Feliz. E com mais certeza ainda de que o que vem da alma ninguém derruba.
🌱 A vida pode dar voltas estranhas… mas ela sempre encontra um jeito de reconhecer quem caminha com honestidade.
O Sabão e o Silêncio das Pequenas Revoluções
O sabão, simples e comum nos olhos de quem tem tudo, é quase mágico nas mãos de quem tem pouco. Em muitas famílias africanas, ele não é apenas um produto de limpeza, é um símbolo de transformação silenciosa, uma revolução embalada em espuma.
Com ele, mães lavam a roupa dos filhos e, ao mesmo tempo, lavam a poeira da desigualdade. Com ele, crianças tomam banho antes de ir à escola, carregando consigo não apenas o cheiro da limpeza, mas também a dignidade que a sociedade tantas vezes lhes nega. O sabão limpa, mas também cura: previne doenças, protege corpos frágeis, restaura autoestima.
Talvez seja por isso que se diga que ele “faz maravilhas”. Porque, onde falta quase tudo, até o mínimo vira milagre. Enquanto em algumas partes do mundo se discute qual marca de sabonete é mais perfumada, em outras, comemora-se simplesmente tê-lo. Ali, o sabão é ouro branco não pelo valor que tem nas prateleiras, mas pelo impacto que gera nas vidas.
E essa constatação dói.
Dói porque nos lembra que há famílias para quem um pedaço de sabão é a linha tênue entre saúde e doença, entre dignidade e abandono. Dói porque escancara um mundo onde a normalidade de uns é o luxo de outros.
Talvez seja hora de olhar com mais atenção para essas maravilhas discretas. De enxergar que o verdadeiro progresso não está apenas em construir arranha-céus, mas em garantir que todas as famílias em qualquer canto do mundo tenham o básico para viver com dignidade. Porque enquanto o sabão for considerado um milagre, ainda teremos muito por fazer.