Jaques Dalbor

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O espinho da Rosa

Sonhei amar a rosa rubra,
a rosa em febre, a rosa em flor.
A desejei de peito aberto,
sem reservas, com fervor.
Ansiei a sua beleza,
o seu perfume inebriante,
e o seu corpo... sem pudor.

Vivi mares, sonhei luares,
me embriaguei na madrugada,
até que a alegria, bailarina,
quebrou o salto na estrada.
E os risos — ah, que risos —
que um dia foram violinos,
viraram notas perdidas,
ecoando os meus desatinos…

Sonhei felicidade plena,
mãos dadas como um poema,
um mundo inteiro em harmonia.
Mas a utopia, tão leve,
voou como ave de neve
e sumiu da minha melodia.

Fiquei só com o silêncio,
e um céu que não respondia.
Tudo que tentei fazer
se perdeu ao puro vento;
a vida é harpa do tempo,
toca o que quer, sem intento.

Agora deixo a noite ir
e o vento ser o que faz.
Já quis tudo, em tom maior;
hoje eu só quero paz...
Espinhos não quero mais.

Jaques Dalbor