Biografia de Graça Aranha

Graça Aranha

Graça Aranha nasceu em São Luís, no Maranhão, no dia 21 de junho de 1868. Estudou Direito na Faculdade de Direito do Recife. Formado, exerceu por algum tempo a magistratura. Em 1902 publicou “Canaã”, um romance de tese, que agitou os círculos letrados do país. Em seguida entrou para o Itamaraty. Percorreu vários países da Europa, acompanhando os rumos da arte moderna.

Em 1922, participou da Semana de Arte Moderna, proferindo o discurso inaugural com “A Função Estética da Arte Moderna”, em que manifestava verdadeira incompreensão a respeito da nova arte. Em 1924 rompeu com a Academia Brasileira de Letras, apesar de ter sido um dos fundadores. Depois disso não mais exerceu influência sobre o grupo modernista.

Enquanto juiz de Direito no Estado do Rio de Janeiro e no interior do Espírito Santo, recolheu material para o livro Canaã. A obra é um romance em tese que retrata a vida em uma colônia de imigrantes europeus, no Espírito Santo. Tudo gira em torno de dois personagens imigrantes alemães com diferentes visões de mundo. Nele, os colonos emitem as suas teorias sobre o papel da imigração, sobre o atraso brasileiro e sobre o próprio sentido da vida.

Graça Aranha escreveu ainda o romance “A Viagem Maravilhosa” (1927), a peça “Malazarte” (1911), os ensaios, “A Estética da Vida” (1921) e “O Espírito Moderno” (1925) e a “Autobiografia: O Meu Próprio Romance” (1931). Graça Aranha faleceu no Rio de Janeiro, no dia 26 de Janeiro de 1931.

Acervo: 6 frases e pensamentos de Graça Aranha.

Frases e Pensamentos de Graça Aranha

A civilização é uma violência do homem à natureza.

Aquele que transforma em beleza todas as emoções sejam de melancolia, de tristeza, prazer ou dor, vive na perfeita alegria.

"Não, eu não te fujo doce tristeza! Tu és a reveladora do meu ser, a razão da minha energia, a força do meu pensamento. Sobre ti me reclino, como si foras um insondável e voluptuoso abismo; teu me atraes, e estendo-te os braços nesse doloroso e invencível amor, com que o sonho ama o passado, a morte ama a vida. Antes de te conhecer, pérfida ilusão me entorpecia os sentidos, e a minha frívola existência foi a lúgubre marcha do inconsciente risonho por um caminho de dores. Nesse momento eu ainda te buscava, sol moribundo! No meu rosto se estampava o riso continuo e fatigante, e ele afastava de mim os homens, para quem a eterna alegria é morte... Mas tu, Tristeza, não estavas longe. Tu te sentaste à minha porta, numa postura de resignação e silêncio. E como esperaste! Um dia a alegria, de cansada, se extinguiu, e então soou para mim a hora da paz e da calma. entraste. E como desde logo amei a nobreza do teu gesto! Oh! Melancolia! minha alma é a morada tranquila onde reinas docemente.
A dor é boa, porque faz despertar em nós uma consciência perdida; a dor é bela, porque une os homens. É a liga intensa da solidariedade universal.. A dor é fecunda, porque é a fonte do nosso desenvolvimento, a perene criadora da poesia, a força da arte. A dor é religiosa, porque nos aperfeiçoa, e nos explica a nossa fraqueza nativa.
Tristeza! tu me fazes ir até ao fundo das remotas raízes do meu espírito. Por ti compreendo a agonia da vida; por ti, que és o guia do sofrimento humano, por ti, faço da dor universal a minha própria dor... Que o meu rosto não mais se desfigure pelas viagens do riso cansado e matador; dá-me a tua serenidade, a tua séria e nobre figura... Tristeza, não me desampares...Não deixes que o meu espírito seja a preza da vã alegria...Curva-te sobre mim; envolve-me com o teu véu protetor...Conduz-me, oh! bemfazeja! aos outros homens...Tristeza salutar! Melancolia!

Graça Aranha in Canaã

Nenhum preconceito é mais perturbador à concepção da arte que o da beleza.

O brasileiro, logo que enriquece um pouco, dá-se por satisfeito, julga-se muito rico, descansa, diverte-se. Aparece-lhe o espírito latino, que o domina e o limita. O americano prossegue sempre no caminho da riqueza. Nada lhe basta. Aspira a um poder fabuloso da riqueza. Tem o culto do ilimitado.

Inserida por pensador