Biografia de Geraldo Carneiro

Geraldo Carneiro

Geraldo Carneiro nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, no dia 11 de junho de 1952. Com dois anos mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Formou-se em Letras na Pontifícia Universidade Católica.

No final dos anos 60 ficou conhecido por suas parcerias com o compositor Eduardo Souto Neto, como a canção “Choro de Nada”, gravada por Vinicius de Moraes e Toquinho e Tom Jobim e Miúcha. Compôs também com Egberto Gismonti e Astor Piazzola. Fez parte do grupo de rock progressivo “A Barca do Sol”.

Como roteirista, entre seus trabalhos destacam-se: o remake da novela “O Astro”, as adaptações de diversas obras literárias na série Brasil Especial, como “O Santo Que Não Acreditava em Deus”, “A Desinibida do Grajaú” e “O Compadre de Ogum”. Escreveu as minisséries: “Tudo em Cima” (1985), “O Sorriso do Lagarto”, adaptação do romance de João Ubaldo Ribeiro (1991). Escreveu a série “Faça Sua História” em parceria com João Ubaldo Ribeiro.

Geraldo Carneiro foi também dramaturgo, e fez parcerias com Bráulio Pedroso “Lola Moreno” (1979), com Miguel Falabella “Folias do Coração” (1983) e “Apenas Bons Amigos” (1983). Escreveu “Divina Increnca” e “Bandeira dos Cinco Mil Réis”, ambas de 1986, “Manu Caruê” (1992) e “Iluminada” (1992). Traduziu diversos trabalhos de William Shakespeare: “A Tempestade”, “Antônio e Cleópatra”, “Trabalhos de Amor Perdido”, “Romeu e Julieta” e “Rei Lear”.

Como poeta, Geraldinho, como é conhecido, é um expoente da poesia marginal, movimento que surgiu nos anos 70. Ainda estudante, estreou com o livro “Frenezi” (1974), ao lado de Cacaso, Francisco Alvim, João Carlos Pádua e Roberto Schwarz. Em seguida publicou: “Verão Vagabundo” (1980), “Piquenique em Xanadu” (1988), “Pseudônimo” (1993), “Folias Metafísicas” (1995), “Por Mares Nunca Dantes” (2000), “Lira dos Cinquent’anos” (2002), “Balada do Impostor” (2006), “Poesias Reunidas” (2010) e “Subúrbios da Galáxia” (2016).

Acervo: 22 frases e pensamentos de Geraldo Carneiro.

Frases e Pensamentos de Geraldo Carneiro

eros & civilização

se você diz eu te amo
meu coração se mira no espelho
e faz piruetas de circo

se você diz eu te quero
meu coração distraído lixa as unhas
e diz: não se comova, baby

se você diz eu te quero
meu coração faz versos como quem sonha demais
e não se abala nunca

se você diz eu não te amo
meu coração tristonho acende as luzes
porque as noite é negra como a asa da graúna

Geraldo Carneiro
Piquenique em Xanadu. 1988

o tal total

o amor é o tal total que move o mundo
a tal totalidade tautológica,
o como somos: nossos cromossomos
nos quais nunca se pertenceu ao nada:
só pertencemos ao tudo total
que nos absorve e sorve as nossas águas
e as nossas mágoas ficam revoando
como se revoltadas ao princípio,
àquele principício originário
onde era Orfeu, onde era Prometeu,
e continua sendo sempre lá
o cais, o never more, o nunca mais,
o tal do és pó e ao pó retornarás.

Geraldo Carneiro
Balada do impostor

Mais Clara, Mais Crua

De noite, na rua, em frente ao parque
A minha solidão é sua
Decerto sei que você vaga em qualquer parte
Sob essa vaga lua

De noite, na rua, em frente ao parque
A minha solidão é sua
Decerto sei que você vaga em qualquer parte
Sob essa vaga lua

A noite esconde as cicatrizes
Esconde as carícias e os maltratos
A noite esconde as cicatrizes
Esconde as carícias e os maltratos

De noite alguém decerto lhe ampara
Por onde hoje você anda
Mas sem olhar sua ciranda louca
Daquele jeito que lhe desmascara

De noite alguém decerto lhe ampara
Por onde hoje você anda
Mas sem olhar sua ciranda louca
Daquele jeito que lhe desmascara

A noite esconde as cicatrizes
Esconde as carícias e os maltratos
A noite esconde as cicatrizes
Esconde as carícias e os maltratos

Agora, bêbada, você estremece
Como se ainda não soubesse
Em frente à porta desse bar
Em que embarca sob essa vaga lua

E a luz da lua apura a nitidez da marca
Mais nua, mais clara, mais crua

O livro é igual ao samba: pode até agonizar, mas não morre.

Geraldo Carneiro

Nota: Trecho de uma entrevista feita em março de 2009, ao Toada.

Com seu obstinado esforço de embranquecimento, Machado de Assis foi uma espécie de precursor de Michael Jackson.

Geraldo Carneiro
Revista Veja, Edição 1 667 - 20/9/2000