Francismar Prestes Leal

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Toca o Violão, Menino...

E o menino toca o violão.
Dedilha belíssimos acordes.
Toca para amansar o vilão.
Pra que o tumor não acorde.

A música adormece os dedos,
O câncer, as dores, os medos.
Todavia, acorda esperanças,
Colore a fé com suas nuanças.

Sim, toca o violão menino...
Porque só a música te cura.
Nas entrelinhas, o destino...

E se Deus te der nova vida,
Melodie até a noite escura...
Dirá, ao final: missão cumprida...

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Abraço dos Filhos...

Cansado, exausto, só pó,
Após outro dia de labuta.
Até abrir a porta de casa
Torna-se difícil, uma luta.

Mas assim que adentro,
Na penumbra, pela sala,
Ouço as vozinhas: papai!
E sinto algo que avassala!

E envolto pelos bracinhos,
Finalmente suspiro, respiro.
Fecho olhos, abro sonhos.

E ouço até mesmo sininhos.
Viajo longe, até quase piro...
Doce abraço de meus filhos...

Meu Deus, Vou Morrer...

Trabalho com a morte
Dia após dia, "sempre".
Todos os dias vejo uma
Vida deixar este mundo.

Apesar desta "vivência",
Talvez pela louca rotina,
Talvez pela luta pela vida,
Não percebo minha finitude.

Quero dizer, não percebo
Que também vou morrer...
Ou melhor, quase esqueço.

E quando então lembro que
"Meu Deus, vou morrer...",
Iluminado, sinto: "Sou vivo!"

Roda, Gira...

E o mundo gira, roda, gira...
Ou eu que giro a sua volta?
Tudo passa rápido, célere.
Visão distorce, vai e volta.

E o vento sopra orelhas.
Aquele zum, zum, zuum.
Será Deus fazendo "fuu"?
E de repente, tudo azul...

Como nos filmes, alentece.
Câmera lenta, "slow motion".
E um silêncio que aquece...

É assim a ágil roda da vida...
Assim é o brinquedo que gira.
Segue a girar, rodar, vertigem...

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Abrigo da Chuva?...

Galhos, acima.
Água desce o tronco.
Pés, molhados...

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Chovendo...

Chuva densa...
Tudo embaça.
Menos a alma...

Olhando Filhos...

Queria ser criança.
E, de novo, inocentar-me...
Sem mundo nos ombros...

Catedral de Maringá...

Um grande cone...
Ora iluminado pro Natal.
Luz na noite...

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Te Admirando...

Dormindo, parece um anjo...
Instantes atrás, me devorava.
E eu, aqui, aos pedaços...

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Insaciável?...

Olho estrelas, após te amar.
E uma cadente me encanta...
E você, ainda incandescente...

Por Cima...

Percorro teu corpo...
De começo, apenas com o olhar.
E por fim, sem olhar...

Arrepio, Mais Forte...

Levemente, puxo teus cabelos...
Que perfume de chocolate, e quente...
Tua orelha: sente minha língua...

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Arrepio...

Tuas unhas longas...
Suavemente correm meu corpo,
Eriçando a libido...

Cartas Sem Destino...

No baralho cigano...
Cartomante verá meu futuro.
Súbito, uma ventania...

Balanço...

As mãos seguram as correntes.
Sinto vento em minha face, cabelos...
Após o auge, o retorno, de dorso...

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Gangorra da Vida...

E desce, sobe, desce...
Empurro com força, pra cima!
Após, nova descida...

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Abacate...

Um abacado...
Pêra-de-advogado?
Sinal, verde...

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Laranjeira...

Laranjas na copa...
Bagaços ao redor do tronco.
Laranja-da-terra...

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Natural Alívio...

Na cachoeira...
A água desce gelada.
Suspiro fundo...

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Sinfonia?...

Rede balança...
Pelo vão, vejo galhos.
Que cantam...

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Sem Correntes?...

O riacho corre...
Meus pés submersos.
Uma folha passa...

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Galpão...

O velho galpão...
Fenestra: sol adentra.
O feno ferve...

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Um Caminho...

Estrada de terra.
Nos lados, trigo dança.
Enfim, caminho...

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A Milhas...

No milharal...
Deitado sobre raízes.
Folhas no sol...

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Vejo-os dormir.
Os filhos crescem.
Mesmo dormindo, não param.
Assim como meu amor e minhas preces.

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