Fabiana Mota
Não tenho mais interesse em encontrar esse tal de amor da vida.
Cansei.
É uma busca chata.
Me fadiga.
Quando eu decido amar eu lanço-me por completo, sabe?!
Eu mando cartas, eu faço versos.
Eu faço bolo, café, eu preparo a mesa e o coração.
É farto, como tudo dentro de mim.
Eu tenho uma loba na alma que não dorme nunca.
Ela não descansa e nem me deixa descansar.
E ela que ama
Eu não
Eu quero amar a xicara de café, quente.
Eu até tolero café morno, mas pessoas não. Pessoas precisam ser quentes.
[Café também, pensando bem.]
Eu quero amar a brisa da manhã.
Eu quero amar a lua que nunca será monogâmica e mesmo assim ela consegue ser recíproca.
Pessoas não, de pessoas eu cansei.
Talvez eu esteja mentindo. Não sei.
Eu até tolero café morno, mas pessoas não. Pessoas precisam ser quentes.
[Café também, pensando bem.]
Eu não quero minimizar a dor de um ano tão difícil, mas quero manter viva a chama da esperança, para que assim, gota a gota, ela nos devolva os sonhos que ficaram pelo caminho. E juntos possamos ver brotar um ano mais feliz.
Busca redesenhos. As fatias do tempo aliviam as dores nas costas e causam aceleração cárdio. Precisa meditar; gosta de banhos doces e de mar. Planos para que lhes tem se é verão. Mas não pode ela andar sem foco, sonha salvar o mundo. Prefere falar de amor a escrever sobre qualquer outro assunto. Chora sozinha num canto qualquer e se recupera nos versos rabiscados com caneta nanquim. Conta com a sorte de explodir em cores quase sempre quando é carnaval. Fica discreta. Enquanto uns dançam por quatro dias, ela fecha os olhos, faz do seu corpo um pêndulo, sem medo, rodopia e se solta no novo ciclo, a grande festa começa aí.
É tudo uma questão de saber pra onde você está olhando agora. E não importa muito, não ainda, quem olha na mesma direção que você. O que importa, agora e sempre, é que você é a única que pode sabotar seus desejos. E quer saber? Não deveria.
@suspirandoversos
Ei, psiu... sua necessidade de controlar tudo é o que não te deixa ter paz. Não se pode escolher a direção do vento, apenas permita que ele te acaricie a face e então, só então, vai entender que as respostas chegam no seu próprio tempo.
@suspirandoversos
Mude! Diz o equinócio de primavera. Por que te apegas ao inverno?? Não sabes tu que a nova estação te oferta flores?
@suspirandoversos
O cabelo bonito e saudável chama atenção, mas lembre-se de ser uma pessoa leve e educada também.
@queridoshampoo
Nenhum homem que faz sangrar a alma da uma mulher encantada caminhará em paz nessa Terra.
@suspirandoversos
Eu nem peço muito.
Peço o que é quase nada
mas que, no fundo, é tudo:
silêncio que não me fira,
presença que não me sufoque,
um canto quieto onde eu possa respirar.
Aquietei meu desejo sem fazer alarde.
Enrolei-o num véu de silêncio
e o deixei repousar onde ninguém mais alcança.
Há um tumulto lá fora.
Uma pressa que empurra,
uma sede que nunca se sacia.
Mas eu…
eu recolhi meus sentidos,
como quem apaga as luzes para ver melhor por dentro.
Permiti à solidão entrar com os pés descalços,
sem medo dela
como quem reencontra uma velha amiga.
Não me falta amor,
me falta barulho a menos.
Me falta gente que saiba calar bonito.
Hoje, fico guardada.
Não por medo do mundo,
mas por amor a mim.
Sou abrigo do que é leve,
sou pausa.
E quem souber me encontrar nesse silêncio,
não precisará bater.
Silêncio de Deus
Ajoelham.
Erguem as mãos ao céu
pedem paz, pedem pão, pedem vida.
Enquanto isso…
um menino cava a terra com as próprias unhas
tentando encontrar água onde só há sangue.
O mundo inteiro sabe.
Mas finge não saber.
Para explodir fronteiras,
sempre há verba, sempre há pressa.
Para costurar feridas,
há silêncio…
um silêncio que dói mais que as bombas.
Na mesa dos poderosos,
servem-se banquetes, discursos e aço.
Na mesa das crianças,
fome, poeira e medo.
Dizem amém.
E o amém ecoa vazio,
perdido entre sirenes e destroços.
Corações se escondem atrás de bandeiras,
de cifras, de rezas vazias.
E Gaza arde…
arde com olhos de criança,
com ossos que o mundo não quis ver.
Se Deus está ouvindo,
talvez também esteja chorando.
Mas o homem,
esse…
esse já não ouve mais nada.