Cyntia Karla De Liz

Encontrados 9 pensamentos de Cyntia Karla De Liz

⁠A Garotinha Presa no Espelho

Quando me olho no espelho, vejo, todos os dias,
aquela garotinha de cinco anos de idade.
As memórias dela vêm à tona.

Agora, essa mulher — estranha, marcada por profundas cicatrizes de tristeza, sofrimento, angústia, decepção e gatilhos — mergulha naquela imagem…
E culpa a garotinha por tudo o que passou.

A mulher tenta pedir desculpas.
Implora pelo perdão.
Mas a garotinha… não consegue perdoá-la.

Então, a mulher chora profundamente.
Se pergunta por que teve que enfrentar tantos traumas.

Em um segundo, tudo passa como um flash diante dos olhos —
um filme sem pausa, sem cortes.

A mulher então enxuga as lágrimas, engole o choro,
olha novamente para o espelho e diz:

— Um dia, você vai conseguir me perdoar.

E, nesse instante, ela entende:
precisa enterrar aquela imagem
e se reconstruir.
Só assim a garotinha poderá esquecer
e deixar para trás aquela lembrança traumatizante.

Seus traumas refletem em sua imagem.
Eles vivem ali —
na alma, nos olhos, nos pensamentos.

É hora de libertar a garotinha do espelho.

Olhe e diga:
"Eu te liberto.
Vamos renascer,
garota!"


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Inserida por cyntia_karla

Espinhos da Alma

Eu sou a filha rebelde,
Rejeitada,
Caída dos céus.

Ele me mandou para a Terra,
Para sobreviver
À maldade humana.

Me deu o livre-arbítrio,
Me deu escolhas,
Me guiou para o caminho certo.

Mas todos os caminhos
Que Ele me mostrou
Eram cheios de espinhos...
E eu estava descalça.

Meus pés se feriram,
Os cortes nunca cicatrizaram.

Então mudei o caminho,
Buscando a cura,
Porque minha caminhada
Seria longa.

Foi então que Ele me falou:

“Filha, os caminhos cheios de espinhos
São apenas provas.

Não são os seus pés feridos
Que vão sangrar...
E sim,
O seu coração.

Coração cheio de espinhos
Não tem cura.
Dói na alma.
Ele vai sangrar eternamente.

Cabe a você escolher
Qual dor vai suportar.

Esteja preparada.

Sua caminhada só vai acabar
No dia da tua remissão —
Quando você encontrar
O caminho de casa.”

Inserida por cyntia_karla

⁠Almas Separadas

Eu e você.
Você no seu mundo,
Eu no meu.

Você resolvendo os problemas da humanidade,
Eu fugindo dos humanos.

Você, tempestade no meio do tornado,
Eu, calmaria para acalmar a sua tempestade.

Você é a ação,
Eu, a inspiração.

Você, minhas noites de sono perdidas,
Eu, suas manhãs acolhedoras.

Você tendo que ir,
Eu querendo que você fique.

Você com os pensamentos em turbilhão,
Eu no meio desse turbilhão, querendo ser um deles.

Você ignora os sinais,
Eu vivo sinalizando.

Você, romântico,
Eu, desentendida.

Você, mentindo,
Eu, acreditando.

Você, um cavalheiro,
Eu, a guerreira com armadura.

Você, vingativo,
Eu, perdão.

Você, indiferente,
Eu, a diferença.

Você, fugindo,
Eu, atrás.

Você, relutando,
Eu, lutando a favor.

Você me esquece,
Eu faço você lembrar.

Você fingindo minha existência,
Eu vivendo a sua.

Você, insano,
Eu, seu remédio.

Você acorda,
Eu durmo.

Você não me ama,
Eu vou te mostrar o amor.

Você quer todas,
Eu quero só você.

Seu coração vai ser doado,
Eu vou ser a receptora.

Você não sabe,
Eu vou te ensinar.

Você nunca viveu “nós”,
Eu te ensino a viver.

Você sonha com a felicidade,
Eu realizo seus sonhos.

Você não quer um amor para não sofrer,
Eu ainda vou ser o amor da sua vida.

Você nunca mudou por ninguém,
Eu vou te mostrar as mudanças.

Você vai tocar meu corpo,
Eu vou tocar sua alma,
E você vai ficar arrepiado.

E quando esse arrepio chegar,
Nós saberemos que nos reencontramos.

Inserida por cyntia_karla

⁠Mundo Paralelo de um Homem Noturno

(poema livre)

Vivo num mundo que não se explica,
um lugar que não se vê com os olhos da rua.
Vi coisas que não cabem em palavras,
senti dores que ninguém mais ouviu.

Enquanto o mundo dorme,
eu acordo em mim —
com vinho, silêncio, e canções que sabem quem eu sou.

Não sou o homem que volta pra casa com um sorriso,
criança no colo, esposa na porta.
Sou o homem que encontra a mãe aliviada,
porque cheguei. Porque voltei.

Já me perguntei como seria ser normal.
Rotina, amor constante, paz de alma.
Mas meu mundo é feito de sombras conhecidas,
de cicatrizes que ainda doem quando a alma esfria.

Ansiedade.
Depressão.
Nomes que me visitam como velhos conhecidos.
Já caí muitas vezes.
E subi, sozinho.
Mesmo sem corda, sem luz, sem ninguém.

Procurei em corpos o que faltava em mim.
Toques sem alma.
Sorrisos sem amanhã.
No fundo, eu só queria amor.
Verdadeiro. Inteiro.
Alguém que me visse —
não só o que mostro, mas o que escondo.

Carrego dentro de mim
lembranças como pesos.
Algumas doces, outras como espinhos.
Escolhi caminhos porque não havia outros.
Nunca tive um plano B.

Me preservei.
Abri mão de mim por tantos.
Fui abrigo. Fui muro. Fui silêncio.

E aqui estou:
num mundo fechado a sete chaves,
onde só entra quem não tem medo das minhas profundezas.

Meu coração grita.
Mas a razão grita mais alto.
E ela vence, sempre.
Pelo medo.
Não por mim —
mas por quem amo, mesmo de longe.

Então volto pra minha caixa,
meu lugar seguro.
Aqui eu fico,
até que um novo dia diga que ainda estou vivo.
Ou que foi o último.

Inserida por cyntia_karla


A Mulher Estranha Que Habita em Mim

Há uma mulher estranha que habita em mim.
Ela gosta de segredos e peculiaridades. Gosta de ouvir músicas clássicas antes de dormir, com uma taça de vinho na mão e pensamentos soltos no ar.
Ela escreve poemas que nunca foram publicados — e talvez nunca sejam. São apenas dela, como cartas jamais enviadas.

Gosta de ouvir histórias de vida. Histórias reais, marcantes, que carregam dor, superação e alma.
Absorve cada palavra como se fossem ensinamentos deixados em forma de cicatriz.

Ama flores. A rosa vermelha a encanta, mas sua favorita é a preta — rara, enigmática, quase mágica.
Gosta de passar o dia de pijama. Já saiu assim, de pantufa, como quem se recusa a se moldar.
Gosta de imaginar lugares incríveis e frios, sonha com a neve tocando o rosto.

Cozinhar é sua terapia. Cada mistura de temperos é alquimia.
Prefere o minimalismo, o místico, o histórico, o silêncio.
Suas roupas, quase todas pretas, são armaduras e expressão.

Gosta do vento no rosto, do som das trovoadas, de deitar na areia e ouvir o mar conversar com o vazio.
Ama a arte. Vibra diante de "O Grito", de Munch, e sente paz em "Noite Estrelada", de Van Gogh.
Lê os sentimentos que os pintores esconderam nas pinceladas.

Prefere vozes baixas, olhares profundos, mas a sua voz, às vezes, transborda.
Ama café, chá, vinho. Mas nunca gostou de refrigerante — o paladar exige experiências intensas.
Receber visitas é um prazer. Visitar, não. Detesta despedidas.

Sua casa é seu universo, sua bolha, seu abrigo.
Mergulha nas músicas mais estranhas, sente cada verso como se o tivesse escrito.
Ama os idosos. Desde pequena, vê neles o reflexo do futuro e o eco do passado.

Acredita na inteligência dos animais. Sente a energia das pedras da cachoeira e o cheiro da terra molhada.
Viajar sem rumo é uma necessidade. Acordar e apenas ir, sem destino, é como respirar liberdade.

Observa as pessoas. Ouve com os olhos.
Mergulha em histórias, mesmo que sejam tristes, porque entende que tudo tem razão de ser.
Respeita todas as crenças. Já leu sobre quase todas as religiões e entende:
cada um carrega sua verdade, seu Deus, sua fé — e isso basta.

Ama as palavras. Já leu o dicionário por prazer.
Acredita que cada frase pode ser aperfeiçoada com a palavra certa, como uma peça encaixada no coração.
Detesta mentiras. Ama a verdade crua, nua, reta. Sim ou não, sem meio-termo.

Valoriza a autenticidade. Não se encaixa em mentes vazias.
Tem sede de sabedoria. Vive em constante aprendizado.
Não acredita em padrões. Beleza, para ela, nasce de dentro.

Não é materialista, mas ama conquistas.
Não se apega a objetos.
Dinheiro não compra sua essência.
Mas sim, acredita em estabilidade — sobretudo emocional.

Tem dias sérios. Em outros, é comediante de si mesma.
À noite, senta e contempla a lua, as estrelas, o silêncio.
Ama o frio, casas de madeira, chalés perdidos no meio do nada.

Ajudar é seu ato de fé.
Trocaria o dia pela noite sem pensar.
Diz que em outra vida foi bruxa... ou talvez vampira.
A escuridão lhe dá paz.
Seu pensamento voa melhor sob o céu da meia-noite.

Acredita em alma gêmea.
Não crê que os opostos se atraem, mas que conexões verdadeiras fazem sentido.
Por isso nunca se casou. Nunca encontrou alguém que habitasse o mesmo universo que ela.

Sonha com gestos simples: flores, bilhetes, jantares à luz de velas.
Um amor que se mostra nos detalhes, no silêncio cheio de significado.
Imagina cozinhar com alguém, dividir o vinho, o afeto, o instante.

Essa é a mulher que habita em mim.
Complexa, contraditória, intensa.
Às vezes sombria, às vezes luz.
Mas sempre inteira —
mesmo quando partida.

Inserida por cyntia_karla

⁠Não Procuro um Príncipe, Só um Homem Inteiro

(uma carta sobre os amores que não foram)

Hoje, com o coração entreaberto e as mãos trêmulas de lembranças, decidi escrever sobre os meus amores que não foram.
As promessas que não vingaram, os gestos que não vieram, os abraços que ficaram pela metade.

Desde menina, eu sonhava...
Sonhava com um amor doce, como os contos de fadas que me embalaram na infância.
Um homem que me chamasse de princesa, que me visse com olhos de cuidado e alma de ternura.
Um homem criado com afeto, que soubesse respeitar e valorizar.
Que me levantasse nos dias em que eu não conseguisse sair da cama.
Que caminhasse ao meu lado — não à frente, nem atrás.
Mas ao lado.
Sempre.

Sonhava com risos em estradas longas, com músicas compartilhadas no carro,
com planos traçados à mão livre,
com jantares simples, luz de vela, vinho tinto e palavras sinceras.
Um chalé no inverno, dois corpos colados, um mundo inteiro cabendo num toque.

Queria alguém que visse além.
Além do rosto, além do corpo, além da superfície.
Que enxergasse em mim minha coragem silenciosa, minha fé nos detalhes,
meus silêncios cheios de significado.
Alguém que se apaixonasse pela mulher inteira —
a forte, a sensível, a sonhadora e a intensa.

Mas...
o tempo me mostrou que o amor que eu idealizei talvez não more aqui,
neste mundo apressado e egoísta, onde sentir virou fraqueza e demonstrar virou jogo.

Por que é tão difícil amar de verdade?
Por que alguns homens desaprenderam a ser gentis?
Por que o respeito se tornou exceção e o ego virou regra?

Vejo homens que dizem não saber amar,
mas amam suas mães, suas filhas, suas irmãs.
Então me pergunto: por que não sabem amar uma mulher como eu?

O amor não é seletivo.
Ele é entrega, é coragem, é toque sem medo.
É olhar que permanece, palavra que conforta, presença que cura.

E eu entendi — o amor vem de dentro.
Vem da infância, do afeto que se aprendeu em casa,
dos “eu te amo” que foram ou não foram ditos.
Ninguém oferece o que nunca recebeu.
Ninguém ama com plenitude sem antes ter sido amado com inteireza.

Hoje, escrevo para aceitar.
Aceitar que meu coração não é pequeno demais.
Ele só é grande demais para caber em amores pela metade.

E mesmo que eu ainda não tenha vivido esse amor,
eu sigo acreditando.
Sigo esperando — não por um conto de fadas —
mas por alguém real, inteiro, disposto.
Alguém que não fuja da profundidade que habita em mim.

Porque eu sei o que sou.
Sou abraço quente em noite fria,
sou paz em meio ao caos,
sou amor que vale a pena.
E um dia — se o universo quiser —
esse amor há de me encontrar.


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Inserida por cyntia_karla

⁠“As promessas que não vingaram, os gestos que não vieram, os abraços que ficaram pela metade.”

Inserida por cyntia_karla

Nunca parei de contar as estrelas.
Mas algumas já estão sem brilho.

Inserida por cyntia_karla

⁠Nunca parei de contar as estrelas,
mesmo quando o céu escureceu.
Algumas perderam o brilho,
ou talvez fui eu que deixei de ver.


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Inserida por cyntia_karla