Clarissa Corrêa

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Ah, eu insisto tanto nisso!
Não sei como alguém consegue fechar a janela sem observar os tons do céu. Eu adoro quando é fim de tarde e as nuvens ficam meio rosadas, acho lindo. Me dá uma paz grande, daquelas que chegam metendo o pé na porta do coração, sem bater nem nada. A paz chega e se instala como se fosse de casa há tempos. E a chuva, tem coisa mais linda? Os pingos dançando, os raios iluminando a vida, os trovões lembrando que o tempo passa sem a gente perceber. É aí que eu vejo claramente: tem gente que desaprendeu a enxergar.

Eu sofri. Meu Deus, como eu sofri com amores errados, ilusões, migalhas, coisas que achava que eram e nunca foram, paixonites enlouquecidas, vontades desesperadas. Eu posso dizer para você com todas as letras do alfabeto eu-sofri-muito. E sim, passou.

Tenho uma mania de tomar conta das pessoas que são importantes pra mim como se elas fossem indefesas. É bobo, eu sei, mas me preocupo com coisas do tipo, se a pessoa está respirando no meio da noite.

O tempo nem sempre cura tudo. Tenho feridas que já cicatrizaram, mas que insistem em latejar quando o dia está nublado.

Sempre fui de me doar. Ouvia, ajudava, consolava, me importava. E não foram poucas as vezes que, mesmo em segredo, eu deixava de pensar na minha vida pra ajudar os outros. Em segredo, explico, porque não acho que preciso de medalhas, prêmios ou troféus. Se eu faço, é de coração, sem esperar reconhecimento do outro. Mas, perdão, eu sou humana e sinto. O mínimo que a gente espera é gratidão. Aprendi que ela nem sempre aparece. Aprendi que às vezes as pessoas acham que o que a gente faz é pouco. Por tanto aprendizado, acabei descobrindo que é melhor eu cuidar mais da minha vida e menos da dos outros. Não quero morrer santa, quero morrer feliz. Então, a rebelião. Como assim? Onde ela está? Por que sumiu? Ai, meu Deus, como mudou. Não, eu continuo a mesma. Só que até o mesmo se transforma. E percebe que, guarde isso, ninguém vai andar ao seu lado. A gente aprende a caminhar sozinho, pode até ter o auxílio de alguma mão, um apoio, mas os passos são dados por você. No meio do caminho, entre acontecimentos, atalhos e força, você percebe que precisa abrir uma brecha para a fragilidade se instalar. E que chorar alivia a alma. Mais do que isso: abrindo a janela pra fragilidade é que você descobre o quanto de força ainda resta para seguir em frente.

A gente demora pra aceitar, arruma novecentas desculpas para a falta de jeito do outro. Ah, ele é confuso. Ah, ele está tenso. Ah, ele tem medo. Ah, ele é maluco. Ah, ele isso. Ah, ele aquilo. Desculpa, mas quem quer estar junto pensa ah, que saudade. Ah, que falta ela me faz. Quem gosta, gosta. Sem complicações. Sem armações e armaduras.

Clarissa Corrêa

Nota: Trecho da crônica "A difícil arte de seguir em frente".

Minha mágoa foi porque eu tinha me preocupado tanto com você e você não teve a menor consideração. Mas deixa. Eu preciso aprender. Olha, tem muita coisa no mundo que eu não entendo, mas quer saber o que realmente não entra na minha cabeça? Como pode uma pessoa saber que te deixou triste e simplesmente não fazer nada quanto a isso? Se eu sei que deixei alguém chateado por uma atitude minha é evidente que vou procurar a pessoa, ligar, fazer alguma coisa. Jamais vou ficar quieta, na minha, sem saber o que a pessoa tá pensando ou sentindo. Se está chorando ou com raiva. Além disso, tem o essencial: vou querer consertar. Ainda mais se a mancada foi minha. Agora me pergunto: como pode alguém cruzar os braços e deixar rolar? O que adianta dizer que eu gosto muito de você, que você é mega importante pra mim se eu te deixo triste e não faço nada pra mudar isso?

Melhor um não que um se. Melhor um não que um talvez. Melhor um não que um peso na consciência.

Não é não. E não adianta você querer que ele vire um sim. Ah, eu gosto tanto dele, a gente tinha tudo para ser feliz, por que as coisas não saíram como eu planejei? Mulher tem a triste mania de fazer listinhas mentais. Daí quando algo foge do combinado (entre você e você mesma) vira o fim do mundo. Acontece que nem tudo depende da gente. E essa é a grande porcaria. (…) Você pode ter as mais diversas reações. Você pode chorar, espernear, tentar se matar. Nada disso adianta. Ele não quer nada com você. E não adianta você querer que ele queira algo com você.

Ando um pouco para dentro, não sei se você entende. Me fechei um pouco, de tudo. Me abri para mim, me fechei para o resto. Ainda não sei se é certo ou no que vai dar, mas garanto que estou me descobrindo um pouco.

A gente supera a partir do momento em que decide o que merece.

Quem gosta aguenta suas reclamações, sua cólica infernal, suas manhas e manias.

Me ama ou me odeia. Me queira ou me deixa pra lá.

Às vezes me perco no meio desse caos que eu sou. É emoção pra todo lado, entende? Não, não queira ser eu. De vez em quando arde.

A gente percebe direitinho quando uma pessoa simplesmente não se importa mais.

Quer? Então pega. Pega por inteiro. Minha parte boa, minha parte chata, minha parte cinza-chumbo. Crise de tpm, crise existencial, crise de riso, crise de choro. Não queira só um lado ou só algumas partes. Se quer (quer mesmo?), queira tudo. Completa e complicada. Simples e confusa. Dramática e exagerada. Não gosto de partes, gosto da coisa inteira. Metades não me agradam. Não me atraem. Não me satisfazem. Se eu te quero, quero 100%. Inteirinho. Com teu lado cretino e bonzinho. Com teu jeito arrogante e descontrolado. Tua doçura e acidez. Não me vem com mais ou menos. Nem vem. Nem, nem. Comigo é tudo ou nada. Mesmo. Quer?

Um dia você volta atrás. Ele te convence. Chora. Te pega de jeito. E você lembra que ninguém beija como ele, ninguém abraça como ele, ninguém olha como ele, ninguém ri como ele, ninguém te come como ele, ninguém te enlouquece como ele. E você decide que ele é o homem da sua vida, afinal, se já sofreu tanto, se envolveu tanto, se ferrou tanto, meu Deus do céu, tem uma coisa muito boa guardada pra mim. Ninguém sofre tanto assim sem recompensa. Se vocês já passaram por tanta coisa juntos é porque o final vai ser feliz.

Ter alguém para dividir a vida, a cama, a mesa e o banho é fantástico, mas você tem que aprender a viver só antes de viver com alguém.

A gente tem e sempre vai ter a escolha de pegar ou largar, ir ou ficar, se abraçar ou se soltar de vez.

As pessoas precisam se respeitar mais. Não precisa concordar ou aceitar, mas o respeito é fundamental.

Não gosto dessa sensação azeda de coisa mal resolvida. Comigo tudo é muito limpo e exato e você chegou virando minha vida do avesso, me bagunçando, me dando frio na barriga, fazendo minhas pernas tremerem e meu coração desacelerar. É, eu sei que quando a gente se apaixona o coração acelera, o meu fez o caminho contrário, devia ter percebido ali, logo ali que tinha algo errado.

Não preciso de opiniões furadas sobre a minha vida, meu trabalho, meus amores, minha forma de conduzir as coisas. Eu tenho o meu jeito que, errado ou certo, é muito meu. Mas me perdoo por isso também.

Meu Deus, quantas vezes esperei por um abraço que nunca veio.

Acredito que você também tenha as suas mágoas escondidinhas em um canto do peito. Poucas vezes te vi chorar. Muitas vezes te vi calar e guardar. Sempre achei melhor colocar as coisas para fora, gritar, explodir, falar, conversar. Mas existe algo que me deixa muda. Nunca consegui falar sobre os meus sentimentos mais profundos para você. Algo me travava. Hoje resolvi dizer.

Acho injusto a gente se esvaziar de sonhos, de amigos, de outros amores, de planos, de coisas que nos fazem bem. Para mim, a vida é soma: a gente junta uma coisa com a outra, vai enchendo o coração, preenchendo nossos espaços. É bem verdade que muitas vezes precisamos mandar tudo embora para recomeçar novamente. Mas o importa é que a gente nunca deixe de se enxergar no espelho e se ver no fundo.