Bruno Thiago de L. P.

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Na Minha Estante

Penso, logo você existe...
Existe em minhas memórias,
meu coração, minha alma,
no meu passado e no meu presente —
mesmo sem você.

Amor é fogo que arde sem se ver?
Ainda ouço a sua voz na minha mente,
suas frases prontas.
Conheço suas falas como num roteiro,
seu jeitinho único de falar
com a língua presa,
comendo sílabas,
se tornando ainda mais graciosa.

Seu ponto de vista sempre positivo,
conheço seus medos,
seus anseios,
seu maldito mecanismo de defesa
que funciona como uma bomba-relógio,
forjada pelos seus traumas e frustrações.

Lembro dos meus sentidos mais aguçados perto de ti.
Sinto a textura da sua pele,
as variadas fragrâncias do seu corpo,
o seu gostinho no meu paladar,
até o cheirinho da sua respiração.

Sua pele delicada, branca e rosada.
Seios fartos.
Coxas suculentas.
Amava recostar minha cabeça sobre elas,
era um lugar de descanso, de paz,
como se ali o mundo todo silenciasse.

Seus cabelos loiros, de verdade.
Olhos de esmeralda,
com pequenas pitadas de castanho.

Saudade de como minhas mãos
se encaixavam perfeitamente,
segurando forte
suas cristas ilíacas.

E quando nos abraçávamos,
perdíamos o chão.
Esquecíamos o tempo, o espaço,
os problemas...
Era como se só nós dois existíssemos,
e mais nada.

Nosso encaixe era perfeito,
feito sob medida.
Era maravilhoso acordar entrelaçado com ela na cama,
vontade de não sair de perto nunca mais.
Eu procurava ficar o mais perto possível —
se possível, seríamos um só.

Tudo foi engano,
como "fogo de palha",
ela disse no início.
Estaria eu só matando a curiosidade —
efêmero por dez anos,
entre mais idas do que vindas.

Tudo como um conto de fadas.
Mas afinal… as fadas existem?

Acreditei de verdade em fadas enquanto durou.
E reza a lenda:
quando você deixa de acreditar,
uma fada cai morta em algum lugar.

Ainda me sinto ligado.
Nunca encontrei química tão perfeita.
Maratonávamos a nossa paixão —
fome de mil mendigos
com extrema vontade de comer.

Por vezes, a vi desfalecer em minhas mãos,
de tanto que se deu para mim.

Hoje, luto contra mim mesmo,
buscando dignidade e redenção
como um viciado,
suportando um dia de cada vez,
um passo de cada vez.

Me dizendo:
hoje não.
Hoje, não olharei para trás.

Vou me enganando,
negando um luto
por uma pessoa viva.

Te coloco mentalmente
na minha estante —
não como objeto,
nem como troféu,
mas como na música da Pitty.

Inserida por bruno_pqd