Angélica Benigno

Encontrados 15 pensamentos de Angélica Benigno

⁠Os homens se compadeceram. Alguns homens se tornaram meninos humanos. Os meninos humanos sentiram.

Inserida por angelicabenigno

⁠Foi um dia cheio de dor e parece que o céu sabe quando dói. Chuviscou o dia inteiro. O céu fechou o dia inteiro. Ele pareceu se fechar mais quando escutei o carro anunciar o falecimento dele.

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⁠Eu vi um pai enterrar um filho. O pai era meu avô e o filho era meu tio.

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⁠Tem momentos que olhar para dentro dói mais do que enfrentar o mundo lá fora.

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E de repente eu passei a gostar das coisas sobre mim...⁠

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Se eu acredito no amor? Mas é claro que sim! O amor existe na minha vida antes mesmo de eu nascer.⁠

Inserida por angelicabenigno

Quem sou eu de verdade? Sem as expectativas que carrego, sem os rótulos que aceitei, sem os planos que construí como um escudo contra o vazio?⁠

Inserida por angelicabenigno

Há uma solidão em ser quem você é.⁠

Inserida por angelicabenigno

Quanto mais você questiona a vida, quanto mais você tenta entender ela, menos você vive.⁠

Inserida por angelicabenigno

Não sou silêncio por acaso; sou silêncio por escolha e intensidade.

Inserida por angelicabenigno

A beleza que deixo no mundo não vem da minha presença, mas da forma como permaneço mesmo depois de ir.

Inserida por angelicabenigno

Eu me refaço com as mãos que rezam e os olhos que enxergam poesia no que outros chamam de fim.

Inserida por angelicabenigno

Minha ausência também fala — e às vezes, diz mais do que minha voz permitiria.

Inserida por angelicabenigno

⁠Eu detesto dar ordens. Eu não gosto quando as pessoas olham pra mim esperando que eu as diga o que fazer.

Inserida por angelicabenigno

Hoje despertei enferma. Disse que era gripe — a desculpa habitual, uma justificativa pronta para quem pergunta apenas por educação. Mas, entre nós, foi mais que isso. A doença física era só a casca, o sintoma mais visível de algo que me envenena mais fundo. Não entrei em detalhes, é claro. Porque, no fundo, não há criatura viva que realmente deseje saber como estou. Eles escutam, mas não ouvem; dizem que se importam, mas é o silêncio que realmente diz a verdade. Quem ama de verdade adoece junto. Por isso calei-me — foi um gesto de amor-próprio. Ou de resignação.

Fiquei deitada de barriga para cima até as dez da manhã, imóvel, como um cadáver temporário, tossindo tanto que a própria garganta parecia se desfazer em fiapos. Um rasgo interno, uma agonia que vinha de dentro para fora. Permaneci assim até reunir coragem para me arrastar até a pia: havia pratos a lavar. E então os sequei, como quem seca também a si mesma — tentando dar um mínimo de ordem ao caos que me habita.

No café da manhã, preparei uma papa de Mucilon. Um gesto infantil, quase um consolo. Foi bom. Mas também foi tudo que pude fazer. Retornei à cama — meu pequeno túmulo provisório — e apenas consegui erguer-me por breves instantes às duas da tarde. Comi, quase por obrigação, e engoli o ibuprofeno como quem engole o cansaço acumulado dos dias.

Já marcava quatro horas quando, num gesto quase heroico, reuni minhas últimas forças para me levantar outra vez. Enfim tomaria banho. Mas o inesperado me golpeou: não consegui fechar a porta. A chave, antes leve como uma pétala, agora era chumbo em meus dedos.

E então compreendi — não pela razão, mas por um suspiro da alma — que fazemos diariamente coisas que não notamos, e que talvez por isso mesmo nunca agradecemos. Trancar uma porta. Lavar um prato. Respirar. Tudo isso era fácil — até deixar de ser. E só quando a capacidade nos abandona, é que percebemos o quanto aquilo nos pertencia. Ou pensávamos que pertencia.

Agora, estou deitada novamente. Tossindo.
Como quem fala com Deus em código morse.
Como quem espera um milagre no silêncio.
Como quem compreende, tardiamente, que o corpo adoece quando a alma já está exausta.

Inserida por angelicabenigno