AlmaViolada
O Eco do Ego Humano
— Ei.
— Hm?
— Acelera eu tô cansado.
— Todos nós estamos cansados, inclusive eu, mas não te julgo por pensar só em você, afinal somos todos cheios de si mesmos.
— Desculpe...
Sentença Voluntária
"A solidão tem potencial de matar mais que o cigarro segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)."
— Um maço de cigarros contém vinte pequenas mortes. Uma vida entre pessoas contém milhares de pequenos cortes na alma. A minha solidão, ao menos, é uma única e longa poesia sobre o fim.
"Eu até poderia simplesmente dizer que te amo, mas prefiro dizer que você é o verso que falta no meu poema,a melodia que meu silêncio sempre buscou."
Não existem finais felizes... porque nunca existiram começos felizes. Existimos apenas no verbo 'tentar', e nosso maior fracasso foi acreditar que o imperfeito poderia um dia se completar.
“Sou o ponto onde todas as posições se desfazem, a recusa que não cabe nem no nome de recusa. Não estou dentro nem fora, sou o fora que não é lugar, o silêncio que não é ausência, o vazio que não pode ser preenchido porque não pode ser tocado. Sou a borda do mapa que não existe, o traço que se apaga antes de ser traçado, a impossibilidade erguida como única forma de presença.”
Falecer é para a ciência, é uma página virada no livro da biologia. Morrer é para a alma, é uma biblioteca inteira que pega fogo. A conexão é a fumaça que nos faz chorar — o sinal visível de que algo invisível se foi.
Já estou morto, mas não há sangue nem uma cena do crime. Já estou morto, mas ninguém percebeu — e nunca irá perceber. Por dentro, já sou vazio; minha alma se esgotou. Meus olhos perderam o brilho, e minha mente encontra-se no limite. Minha decomposição já se iniciou, não a da pele ou dos órgãos, mas a da minha pura e única essência. Estou lentamente me esvaindo, perdendo de mim mesmo, sem poder fazer nada além de espectar o meu próprio sofrimento lento, duradouro e mortal."
Falham os rótulos que tento carregar. Não encontro em mim a arquitetura de um bom filho,a paciência de um namorado, a constância de um amigo. Nem mesmo o título de 'melhor amigo' me assenta; é um manto pesado para ombros que não sabem sustentá-lo.
Na matemática dos afetos, sou uma equação mal-resolvida. Um primo distante, um irmão ausente mesmo estando presente, um aluno cuja mente é um território de dispersão.
Não sou um porto seguro; sou um mar em tempestade permanente. A verdade que resta,nua e crua, é que não sou 'alguém bom' no catálogo do mundo.
Sou apenas um humano. Um aglomerado de tentativas e falhas,oferecendo aos outros o pouco que consegue juntar de si — um punhado de areia molhada, na esperança vã de que consigam construir algo sólido sobre ele.
