Biografia de Adolfo Caminha

Adolfo Caminha

Adolfo Caminha nasceu em Aracatí, no Ceará, no dia 29 de maio de 1867. Ainda criança mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Em 1883 entrou na Escola da Marinha, chegando ao posto de segundo-tenente. Cinco anos mais tarde saiu da Marinha em consequência de um escândalo amoroso.

Caminha passa então a se dedicar à literatura e ao funcionalismo público. Inicia sua carreira como poeta, com “Voos Incertos”. Porém, projeta-se na literatura com os romances “A Normalista” (1893) e “O Bom Crioulo” (1895). Com preciosas descrições do meio cearense. Influenciado por Eça de Queirós, adere aos princípios da nova escola literária, o naturalismo, onde a crítica social transforma-se num pessimismo fatalista.

Com a Moreninha, Adolfo Caminha mostra a decadência da sociedade de Fortaleza do final do século XIX, através da história de Maria do Carmo, moça polida e educada, que foi seduzida pelo padrinho. Em O Bom Crioulo retrata o problema do homossexualismo entre os marinheiros Amaro e Aleixo. Adolfo Caminha vive apenas até os 30 anos, falecendo no Rio de Janeiro, no dia 1 de janeiro de 1897.

Acervo: 2 frases e pensamentos de Adolfo Caminha.

Frases e Pensamentos de Adolfo Caminha

Nesse tempo o “negro fugido” aterrava as populações de um modo fantástico. Dava-se caça ao escravo como aos animais, de espora e garrucha, mato a dentro, saltando precipícios, atravessando rios a nado, galgando montanhas... Logo que o fato era denunciado – aqui-del-rei! - enchiam-se as florestas de tropel, saíam estafetas pelo sertão num clamor estranho, medindo pegadas, açulando cães, rompendo cafezais. Até fechavam-se as portas, com medo … Jornais traziam na terceira página a figura de um “moleque” em fuga, trouxa ao ombro, e, por baixo, o anúncio, quase sempre em tipo cheio, minucioso, explícito, com todos os detalhes, indicando estatura, idade, lesões, vícios e outros característicos do fugitivo. Além disso, o “proprietário” gratificava generosamente a quem prendesse o escravo.
(Bom-Crioulo)

A disciplina militar, com todos os seus excessos, não se comparava ao penoso trabalho da fazenda, ao regímen terrível do tronco e do chicote. Havia muita diferença... Ali ao menos, na fortaleza ele tinha sua maca, seu travesseiro, sua roupa limpa, e comia bem, a fartar, como qualquer pessoa, hoje boa carne cozida, amanhã suculenta feijoada, e, às sextas-feiras, uma bacalhauzinho com pimenta e “sangue de Cristo”... Para que vida melhor? Depois, a liberdade, minha gente, só a liberdade valia por tudo! Ali não se olhava a cor ou a raça do marinheiro: todos eram iguais, tinham as mesmas regalias – o mesmo serviço, a mesma folga. - “E quando a gente se faz estimar pelos superiores, quando não se tem inimigos, então é um viver abençoado esse: ninguém pensa no dia d'amanhã!”
(Bom-Crioulo)