Amar um Inutil

É um dom ser capaz de reconhecer, de um só golpe de vista, as possibilidades do terreno.

Chuva no lago
cada gota
um lago novo.

O amor-próprio é um animal curioso, que consegue dormir sob os golpes mais cruéis, mas que acorda, ferido de morte perante uma simples beliscadura.

Quando sobes a montanha do sucesso não encontras um amigo.

Adie por um dia, e dez dias passarão.

Nunca te orgulhes de haver vencido a um adversário, ao que venceste hoje poderá derrotar-te amanhã. A única vitória que perdura é a que se conquista sobre a própria ignorância.

Do mesmo papel em que lavrou a sentença contra um adúltero, o juiz rasgará um pedaço para nele escrever umas linhas amorosas à esposa de um colega.

Do modo como a concebemos, a vida em família não é mais natural para nós do que uma gaiola é para um papagaio.

Nem sempre está na mão de cada um ser feliz; mas está merecê-lo.

É um erro terrível teorizar antes de termos informação.

Quanto mais forte é um caráter, menos sujeito está à inconstância.

Quem é pequeno vê no maior apenas o que um pequeno é capaz de perceber.

É aos escravos, e não aos homens livres, que se dá um prêmio para os recompensar por se terem comportado bem.

Casamento. Uma comunidade que consiste de um homem, uma mulher e uma amante, num total de duas pessoas.

A religião como fonte de consolação é um obstáculo à verdadeira fé; nesse sentido, o ateísmo é uma purificação.

A felicidade não é um prêmio da virtude, é a própria virtude.

A miséria de uma criança interessa a uma mãe, a miséria de um rapaz interessa a uma mulher, a miséria de um velho não interessa a ninguém.

Os homens são animais muito estranhos: uma mistura do nervosismo de um cavalo, da teimosia de uma mula e da malícia de um camelo.

[Ao ser perguntado por que costuma o número dezessete tantas vezes em suas crônicas]
Dezessete é um número cabalístico e, sendo cabalístico, eu não posso revelar. Brincadeira, não tem nenhum significado. Dezessete é uma palavra bonita.

O primeiro efeito de um excessivo amor pela riqueza é a perda da própria personalidade. Quanto menos se amam as coisas, mais se é pessoa.