Alma do Guerreiro
Epílogo
Eu desperto no cerrado em cada alvorada
Sem acaso no destino, alma esbaforida
A fé de uma confiança vaga, indefinida
O poetar de encontro numa encruzilhada
O tempo se fazendo em horas, estirada!
Dum vulto da estória na história recolhida
Em sobras de ir e vir, querendo despedida
E o fado se deslocando em outra jornada
Não vejo um ideal estampado na vida
Do avanço veloz e distante da passada
O fim do horizonte aumenta a corrida
Neste vazio do hoje, o epílogo é morada
Criando e recriando as perdas já vencidas
Numa entusiasta esperança de virada...
Luciano Spagnol
Maio, 2016
Cerrado goiano
Desfaçatez
Ao me ver sorrindo, não imagina que estou chorando
Pois minha alma vai fingindo este porquanto
Das lágrimas de um árido coração em pranto
Se todas as dores dos amores querem lamentar
No meu peito,
que seja em breves sussurros pra aliviar
Pois sofrer sem querer aos outros mostrar,
é o mesmo que ter soluços e se calar
Quem me vê sorrindo, pensa que eu não possa estar chorando...
Uns sabem na solidão do amor viver, outros choram amando
Com ou sem pranto... Eu prefiro ser brando.
Luciano Spagnol
24 de maio de 2016
Cerrado goiano
JARDIM
O jardim na alma é planejado
Em projeção de afeto e amor
Cada flor e arbusto plantado
Por dentro o igual a compor
Se assim não for, imaculado
Os jardins não vão ter cor
E tão pouco um traçado...
Brotam estéreis e sem autor!
E passear neles é privado...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
2016, dezembro
Poesia é quando escrevemos o monólogo de nossa alma, que se torna um diálogo com o leitor.
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Sou alma do cerrado, pé no chão, do triângulo, do chapadão... Pão de queijo com café, fogão de lenha, das vilas ricas, arraiais, sou filho de Araguari, das Gerais...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
SONETO EM BRANCO E PRETO
Quisera ter no alforje d'alma um poeta
vibrante e canoro, de algures secretos
do amor, ornados em versos discretos
e parido num singelo berço de asceta
Quisera atar-me em sonhos irrequietos
trazendo quimeras na pena da caneta
num dueto com a fulgor d'um cometa
que versifica a lírica d'outros quartetos
Quisera rimas, na simetria em linha reta
dos caminhos honrosos, versos epítetos
num alarido de fidalguia, terno e violeta
Quisera da poesia a alforria dos ginetos
d'amargura, d'um soneto branco e preto
pros variegados belos e sonoros sonetos
Luciano spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
Dezembro, 2016
APENAS POETA
O silêncio cai solitário neste coração amante
São ruídos que aram a alma profundamente
Dos sonhos que terminaram secretamente
Derrubando castelos e até mesmo o instante
Não há remissão e tão pouco dor clemente
Somente o vazio em um rodopiar constante
Soluçaste por estar tão só, e tão arrogante
Sentado à beira do caminho, ali pendente
As quimeras terminaram, não mais sonante
Não há sentinelas, nem armas, só vertente
Da realidade eu não soube ser um vigilante
A sensibilidade alanceou, agora no poente
Sou apenas poeta, na poesia um imigrante
Já amor! Ah, este, meu eterno confidente!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano
Corações que reciclam se diferem dos que descartam, assim como uma alma que ama é mais sublime que a indiferente!
Um beliscão na alma e agora, acordei para o amor.
Não quero deixar nada pra amanhã. Viram a Scarlet do filme; e o vento levou? Ela deixou pra amanhã um grande amor e ele se foi com o vento sem olhar pra trás, mais triste é que ela não se deu conta que havia o perdido pra sempre. Amor bom e verdadeiro tem que ser urgente.
Ela não vem. Não vem mais trazer pra mim tudo que movia meu mundo e me fazia sorrir. Ela não vem mais. E meu amor órfão chora escondido embaixo da cama agarrado as nossas últimas lembranças.
Existem partes de mim que falam por si só. Acabo me rendendo a encantos. Deixo escapar arrepios. Sorriso tímido. Olhar penetrante. Acabo me mostrando demais sem nem notar. Desculpe- me se sou assim, mas não consigo me esconder nem de mim que dirá dos outros? Ainda mais quando esse outro, é você.
Conte comigo. No quesito amizade nunca fui expert, mas sei acalentar corações com sorriso doce.
Parei. Suspirei. Sorriso por dentro entupido entre lágrimas. Uma dor dilacerante por dentro. Uma alma vazia. Um amor adoecido. Sem poder ser remediado. As mãos que tremem. A fala que não sai. A boca seca. O rosto pálido. Denunciam ela é seus problemas. Não consegue esconder a felicidade quando vem, porque esconderia a dor quando despenca? Sozinha. Olha pro alto e agradece a Deus por sonhos, pesadelos, pela vida. Por amigos. Amigos. Amigo de alma. E agora ela chora. Adeus não foi feito para os fortes que dirá para os fraco de coração?
Menina linda, por favor, sorria. Sei que sentes tristezas, mas muitos admiram o teu sorrir. Não lhes roube essa dádiva que só você tem.
Pro meu amor não existe adeus que te afaste de mim. Pro meu amor não existe além do pra sempre. Pro meu amor só tem promessas de * nós*. Da gente. Do nosso amor.
Você pode partir, mas meu amor estará sempre contigo. Prometo.
Só mais uma tarde.
Repousa nos meus braços. Beija a minha boca. Fala o que sente. Senta aqui do meu lado. Só mais uma vez, deixa eu te mimar. Deixa eu ser rainha no seu castelo já cheio de princesas.
Vivo na corda bamba do amor. Equilíbrio com você nem pensar.
E no fundo eu sei, gosto disso.
A minha alma
Caminha minha alma tão sã de seu amor
tão sozinha em teu semblante de incertezas incertas
de buscas sem encontros
de vidas sem rumos
Caminha a minha alma tão sem o teu amor
o que pensar,o que fazer, o que dizer
como viver um dia após o outro
se tua falta me corta de tão profunda tristeza?
É uma alma sem rumo
sem direção certa
sem saber se é agora ou amanhã
é uma alma tua mergulhada num amor teu
pode olhar nos meus olhos bem no fundo deles
que eles te provarão o quanto sofrem agora
sem a tua presença, sem o teu intimo
para me envolver por inteira
para me devolver toda a minha vida
perdida nesta estrada sem você
E eu sei que minha alma mesmo não querendo caminha
esperando de algum modo te encontrar
quem sabe um dia ,meu amor,minha alma encontre novamente a sua
também sem nada para dizer ou talvez só um pouco para pensar
Eu sei que te pertenço, que te preciso, aqui neste agora tão triste,
amanhã..
num tempo melhor
E minha alma enquanto isso caminha a tua incansável procura
me procure também, meu amor
Te daria todas as estrelas desse céu, te envolveria de luz, mas agora nesse instante irado, eu ainda estou triste sem você
E minha alma almeja bem lá no fundo todo o seu amor, toda a tua força
sei que ninguém mais pode te substituir, sinto que só o teu amor pode me curar de vez
E eu ouço uma canção
e você de algum lugar canta para mim
e nossas almas se encontram
quando nossos corpos adormecem
totalmente entregues a solidão
E eu encontro um coração que quer ser encontrado
e eu descubro mistérios que querem ser desvendados
e eu lhe protejo de demônios
e eu lhe encho de beijos, pois só eu sei como fazê-lo,
e eu sei como é as tuas mãos
mesmo nunca mais te-las sentido
eu sei como e teu corpo
mesmo nunca mais te-lo tocado
E eu sei como e o seu gosto
eu eu conheço os teus medos
sei como descobrir as tuas verdades
eu te conheço por completo
eu lhe tenho todas as noites
posso fazer toda a tua dor evaporar, pois só eu conheço a tua alma
ela caminha comigo todas as noites
mesmo sem em nenhum momento
saberem que uma pertence a outra
por tão tamanha eternidade
Há várias maneiras para se discernir uma alma com conteúdo de uma mente imbecil. O gosto musical é uma das mais eficazes.
À ALMA DE MINHA MÃE
Partiu-se o cordão do amor absoluto
No meu desditoso fado então trincado
E as preces no rosário assim de luto
Rezam tristuras no chão do cerrado
Lacrimoso eu, debalde na dor soluto
Soluça a baixa deste relicário delicado
Minha mãe, tão jovem em seu atributo
Pôs suspiros no meu peito instigado
Tal um ramo que seca sem dar fruto
Em um outono tão frio e desfolhado
Assim, o meu afeto se faz convoluto
E na continha de saudade, ao lado
Das lembranças dum amor resoluto
À alma de minha mãe, louvor ofertado!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
MEUS VERSOS (soneto)
Meus versos, o vento no cerrado ganindo
A angústia da alma vozeando melancolia
O silêncio fraguando rimas na monotonia
Duma solidão, da saudade indo e vindo
São a trilha do fado escrevendo romaria
Desatinadas, o meu próprio eu saindo
Das palavras de ansiedade, intervindo
Com minha voz sufocada, do dia a dia
Meus versos são a migalha cá luzindo
Na sequidão do vazio que me angustia
Que há entre a quimera e o real infindo
Meus versos são colisão com a ironia
Do choro e da alegria no peito latindo
Meus versos, minha voz, minha valia
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
"Uma alma sensível, consegue perceber e sentir
a solidão de um pobre cachorro abandonado na rua;
sem dono, sem destino, sem lar".
OS SESSENTA (soneto)
Os sessenta anos duma alma inquieta
Cabelos brancos, a face vivida, poente
Os olhos no qual se trova inteiramente
Bagatelas, onde mora a emoção poeta
Um sonhador de sentimento profeta
De palavras que falam, inda inocente
Versos que do peito saem de repente
Docemente, em uma parição secreta
Uma determinação tão só, tão largada
Que o silêncio urge, no invento venta
A sorrir, e ou a chorar, lhe é camarada
E se na parada se senta, pouco tenta
Aquieta, numa má sorte da derrocada.
São os encantos de se ter os sessenta...
Canção
Não te cies do fado, nem do meu olhar
que o vento nos puxa pela alma sedenta
que as estrelas no céu se põem a poetar...
E nosso desejo se faz eternidade juventa.
Apressa-te, amor, que o tempo é de amar
que amanhã não importa, te quero agora!
Não demora tão longe, não me deixe estar
sozinho, num nácar de silêncio, janela a fora
o pensamento, se fores sonho, quero sonhar!
Seja já! Mesmo que a estória fale de outrora
o coração traça rotas que nunca pude tatear.
Apressa-te, amor, dispa está solidão, és abrigo
pegue na mão, me abrace, e assim vamos estar.
Se não te disse, com os meus versos te digo:
Como foi bom poder te encontrar!… e ficar!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
05/04/2019
São Paulo
(um mês)
Exilado
A lua me exilou na noite solitária
Me jogando em um isolamento
Onde a alma se sente precária
No ter e não ter o sentimento
O que alegra, fascina, motiva
Que traz sentido e movimento
Sem que se tenha expectativa
Pois o amor não é sofrimento
Nem exílio, é afeto, iniciativa
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
ACHANAR (soneto)
Deixe que a dor da saudade enfim passe
Soltando d'alma o que é teu maior enfado
Deixe-a nas entranhas secas do cerrado
Para que nos maçantes reclamos se cale
Em um grande pesar não se é prolongado
Basta! Se todo afeto que sentes se sovasse?
Desafie os medos, e os ponha face a face
Com coragem, e os tenha como teu agrado
Sabe: eu já cansado! Ando tão com receio
Na ventura, que o meu amor se consome
E o encantamento no revés submerso...
Sinto em tudo está ilusão... Tudo custeio!
E, derreado de embatucar este cognome
Achanando este infortúnio do meu verso.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
30 de julho de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
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