Algumas Pessoas Nao Merecem nosso Amor

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Não ser é outro ser.

Mas creio que a não violência é infinitamente superior à violência, o perdão é mais nobre que a punição. O perdão enobrece um soldado. Mas a abstenção só é perdão quando há o poder para punir; não tem sentido quando pretende proceder de uma criatura desamparada. Um camundongo dificilmente perdoa um gato que o dilacera. Compreendo os sentimentos daqueles que clamam pela punição condigna do General Dyer e outros iguais. Haveriam de esquartejá-lo, se pudessem. Mas não creio que a Índia seja desamparada. Não me considero uma criatura desamparada. Apenas quero usar a força da Índia e a minha própria para um propósito melhor.

A não violência é a mais alta qualidade de oração. A riqueza não pode consegui-la, a cólera foge dela, o orgulho devora-a, a gula e a luxúria ofuscam-na, a mentira esvazia-a, toda a pressão não justificada a compromete.

Compreender não consiste em elencar dados. Mas em ver o nexo entre eles e em detectar a estrutura invisível que os suporta. Esta não aparece. Recolhe-se num nível mais profundo. Revela-se através dos fatos. Descer até aí através dos dados e subir novamente para compreender os dados: eis o processo de todo o verdadeiro conhecimento. Em ciência e também em teologia.

(Em Os sacramentos da vida e a vida dos sacramentos.)

Não desejo brigar com nenhum homem ou nação. Não quero entrar em minúcias desnecessárias, nem fazer distinções sutis, nem pretendo parecer melhor do que meus semelhantes. Ao contrário, posso dizer que até mesmo procuro uma desculpa para conformar-me com as leis da terra.

Henry David Thoreau
A desobediência civil. Porto Alegre: L&PM, 1997.

A ânsia pelo poder não se origina da força, e sim da fraqueza.

A piedade não é natural ao homem.Crianças são sempre cruéis. Selvagens são sempre cruéis.A piedade é adquirida e aperfeiçoada pelo cultivo da razão.

Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isto é o mesmo também afinal.

Super gaúcha

Sou urbana, gosto de cidade grande, não gosto de mato, de bicho e de pão feito em casa. Pronto. Falei. Acredite: não é um desvio de caráter. É o meu jeito. Minhas preferências. Não jogue no lixo tudo o que a gente construiu juntos só por causa deste detalhezinho bobo. Desde que eu era pequena que sítios, fazendas e assemelhados nunca me seduziram. Tenho medo de cobra, não sei andar a cavalo e suo frio só em pensar em encontrar uma perereca no banheiro. Eu bem que gostaria de me adaptar, pois se todo mundo diz que não há nada melhor do que a vida no campo, alguma verdade há nisso. Eu gosto de árvores, de flores, de silêncio, eu fiz minhas tentativas. Eu tentei ser normal. Achei que bastaria calçar botas de couro, mas é pouco. É preciso vocação.
Minha inaptidão para o mundo campeiro fica bem demonstrada quando o assunto é gastronomia. Eu não gosto de charque. Eu não gosto de chimarrão. Eu não gosto de doce de abóbora. Eu não gosto de leite recém tirado da vaca. Restou-me a resignação: vim ao mundo com este defeito de fábrica e não há nada que se possa fazer. Todas as pessoas possuem uma espécie de deficiência, e algumas são bem piores do que as minhas. Há quem seja vegetariano. Não cheguei a esse extremo. Uma picanha, não recuso. Mal passada, melhor ainda.
Estamos vivendo uma fase de ufanismo gaudério. De repente, o Rio Grande do Sul ganhou destaque, devido à minissérie e ao livro A Casa das Sete Mulheres, da minha talentosa amiga Leticia Wierzchovski. Toda a população está se sentindo orgulhosa de pertencer a esta terra. Uma rede de lojas, recentemente, colocou uma campanha publicitária no ar com a seguinte pergunta: o que é ser gaúcho? As melhores respostas ganharam prêmios.
Eu não ganharia nem um tapinha nas costas.
Ser gaúcha, eu responderia, é gostar de ler Michael Cunningham, de ir ao cinema, de viajar para o Rio, para Punta, para Nova York. É caminhar na esteira de uma academia, trabalhar até tarde num escritório e antes de voltar pra casa passar no Zaffari e comprar uma pizza congelada. Ser gaúcha é ouvir bossa nova, gostar de praia e ficar só de camiseta e meias comendo Ruffles na frente da tevê. É preocupar-se com a meteorologia porque amanhã é dia de fazer escova e você morre de medo que chova e o cabelo vá por água abaixo. É acordar com as galinhas, mas sem ver as galinhas, a não ser na hora do almoço, grelhadas. Ser gaúcha é ter bom humor e nojo de barata, é adorar a Internet e assistir ao pôr-do-sol da sacada. Ser gaúcha é ter nascido aqui mas ser feliz em qualquer lugar, com o estilo de vida que escolher.
Eu me sinto tão gaúcha quanto as prendas que dançam nos CTGs, tão gaúcha quanto as mulheres que encilham cavalos, que cozinham em fogões a lenha, que ordenham vacas e bordam tapetes. Aliás, eu bordo tapetes. Aliás, eu nasci neste Estado. Aliás, somos todos gaúchos, nenhum mais gaúcho que o outro.

Palavras até me conquistam temporariamente, mas atitudes me ganham ou perdem, PRA SEMPRE! Não sou diversão, nem passatempo pra homem nenhum. Tenho cabeça, coração e me respeito. Sou pessoa de dentro pra fora. Minha beleza está na minha essência e no meu caráter. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto. Estou aqui é pra viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente. Sou isso hoje. Amanhã, já me reinventei. Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim. Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina e vice-versa. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar. Não me dôo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos. Sou boba, mas não sou burra. Ingênua, mas não santa. Sou pessoa de riso fácil mas, choro também!

Thaísa Lima

Nota: Trecho adaptado do livro "Encontros e Desencontros de uma Adolescente".

Dizem que o reino anda mal governado, que nele está de menos a justiça, e não reparam que ele está como deve estar, com sua venda nos olhos, sua balança e sua espada, que mais queríamos nós, era o que faltava, sermos os tecelões da faixa, os auferidores dos pesos e os alfagemes do cutelo, constantemente remendando os buracos, restituindo as quebras, amolando os fios, e enfim perguntando ao justiçado se vai contente com a justiça que se lhe faz, ganhado ou perdido o pleito. Dos julgamentos do santo ofício não se fala aqui, que esse tem bem aberto os olhos, em vez da balança um ramo de oliveira, e uma espada afiada onde a outra é romba e com bocas. Há quem julgue que o raminho é da paz, quando está muito patente que se trata do primeiro graveto da futura pilha de lenha, ou te corto, ou te queimo, por isso é havendo que faltar à lei, mais vale apunhalar a mulher, por suspeita de infidelidade, que não honrar os fiéis defuntos, a questão é ter padrinhos que desculpem o homicídio e 1000 cruzados para pôr na balança, nem é para outra coisa que a justiça a leva na mão. Castiguem-se lá os negros e os vilões para que não se perca o valor do exemplo, mas honre-se a gente de bem e de bens, não lhe exigindo que pague as dívidas contraídas, que renuncie à vingança, que emende o ódio, e, correndo pleitos, por não se poderem evitar de todo, venham a rabulice, a trapaça, a apelação, a praxe, os ambages, para que vença tarde quem por justiça justa deveria vencer cedo, para tarde perca quem deveria perder logo. É que, entretanto, vão-se mungindo as tetas do bom leite que é o dinheiro, requeijão precioso, supremo queijo, manjar de meirinho e solicitador, de advogado e inquiridor, de testemunha e julgador, se falta algum é porque o esqueceu o Pe. Antonio vieira e agora não lembra.

José Saramago
Memorial do convento

Mascarada

Você me conhece?
(Frase dos mascarados de antigamente)

- Você me conhece?
- Não conheço não.
- Ah, como fui bela!
Tive grandes olhos,
que a paixão dos homens
(estranha paixão!)
Fazia maiores...
Fazia infinitos.
Diz: não me conheces?
- Não conheço não.

- Se eu falava, um mundo
Irreal se abria
à tua visão!
Tu não me escutavas:
Perdido ficavas
Na noite sem fundo
Do que eu te dizia...
Era a minha fala
Canto e persuasão...
Pois não me conheces?
- Não conheço não.
- Choraste em meus braços
- Não me lembro não.

- Por mim quantas vezes
O sono perdeste
E ciúmes atrozes
Te despedaçaram!

Por mim quantas vezes
Quase tu mataste,
Quase te mataste,
Quase te mataram!
Agora me fitas
E não me conheces?

- Não conheço não.
Conheço que a vida
É sonho, ilusão.
Conheço que a vida,
A vida é traição.

Manuel Bandeira
BANDEIRA, M., Os Melhores Poemas de Manuel Bandeira, Volume 7, Global Editora, 1984

Essa aceitação ingênua de quem não sabe que viver é, constantemente, construir, e não derrubar. De quem não sabe que esse prolongado construir implica erros - e saber viver implica em não ver esses erros, em suavizá-los e distorcê-los ou mesmo eliminá-los para que o restante da construção não seja ameaçado.

Erro (- a crença no ideal -) não é cegueira, erro é covardia...

Não há dúvida: pensar me irrita, pois antes de começar a tentar pensar eu sabia muito bem o que eu sabia.

Clarice Lispector
Para não esquecer. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Nota: Trecho da crônica Mentir, pensar.

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Não pode haver criação literária mais popular, que fale mais diretamente ao coração do povo do que a trova. É através dela que o povo toma contato com a poesia e sente sua força. Por isso mesmo, a trova e o trovador são imortais.

Não há plantas boas para comida que não o sejam também para cura. O excesso é que causa problemas.

Não podemos negar-lhes o direito de serem jovens ... E tolos.

Não dá para viver sem um truque. A noite, enquanto espera o sono, esboce novos planos que lhe tragam, se não a glória, pelo menos o suficiente para continuar a fazer novos planos para um amanhã. Pode ser um amanhã simples, modesto, que seja apenas um amanhã.

O que adianta saber o que é uma reta, se não se sabe o que é retidão.

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