A Verdade de cada um Pirandello

Que caridade é essa que não tem pudor face a um miserável e que antes de o ajudar, começa por lhe espezinhar o amor-próprio.

Para se ser um líder de homens é preciso virar-lhes as costas.

Um livro é como um espelho: quando é um macaco que se olha nele, não pode ver reflectido nenhum apóstolo.

A leviandade é um salva-vidas na correnteza da vida.

A vida é um viajante que deixa a sua capa arrastar atrás de si, para que lhe apague o sinal dos passos.

Actualmente existem muitos matrimónios que nada mais são do que a paródia de um governo constitucional, no qual o rei reina e não governa.

A saciedade gera insolência, quando a prosperidade toma por companhia / um homem malvado e que não tenha a mente sã.

O humorista é quase sempre um homem pouco benevolente e nunca feliz.

Aquilo que de todos faz um único homem é o inimigo.

Os princípios foram feitos para serem violados. Ser humano é também um dever.

Até o sentimento da honra é um narcótico.

Porque quando alguém, meu caro, vangloria-se / de ser um homem honrado, depois de dar / a sua palavra, esta deve ser sagrada. // E mesmo que a estrada seja longa, feia ou bela, / custe o que custar, nem que ele tenha de ser morto, / mas a sua palavra deve ser mantida.

O crítico inimigo é também um colaborador.

A beleza é uma luz divina, um raio celestial que diviniza os próprios objectos em que fulge.

Um amigo assemelha-se a um fato. É preciso largá-lo antes que esteja usado, senão é ele que nos larga.

O corpo é um dos nomes da alma, e não o mais indecente.

O luxo deslumbra os parvos e não produz um só prazer verdadeiro.

Nomear um objecto equivale a suprimir os três quartos de prazer da poesia, que é feito de adivinhar pouco a pouco: sugeri-lo, eis o sonho.

Aquilo a que chamamos história é um esforço feito em favor dos outros, pago muito caro com o sofrimento dos homens.

Irmãos, a um mesmo tempo, Amor e Morte, / criarei a sorte. / Coisas assim tão belas / no resto do mundo não há, não há nem nas estrelas.