A Igreja do Diabo

Cerca de 34304 frases e pensamentos: A Igreja do Diabo

ESPERTINA (soneto)

O cerrado está frio, lenta é a hora
É tarde da noite, o vento na vidraça
Pendulando o tempo, tudo demora
E o relógio, em letargia não passa

A espertina virou no dormir escora
Tento escrever, mas a ideia está lassa
A vigília do olhar não quer ir embora
Viro, e reviro no liso lençol de cassa

Dormir? O sono no sono faz ronda
O frio na minha alma faz monda
E o adormecer em nada me abraça

Que insônia! O sino da igreja já badala
O galo da vizinha o canto já embala
E o sol pela janela a noite ameaça!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Julho, 2016
Cerrado goiano

SONETO RESOLUTO

Daí ter que ter decisão, se desejais
Não deixai o sonho vivo na solidão
De que vale de a felicidade ter fração
Se sentado estás na beira do cais

Do anseio e da fé não se abre mão
Qual rumo tiveres, quantos e quais
A sorte conquistada vale muito mais
O que tem importância é a questão

Se contra o vento estão os seus ais
Arremesse as ilusões do coração
Semeie as quimeras de onde estais

Então, só assim, o viver terá razão
Daí o que tu queres, dará os sinais
E numa proporção, terás realização

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
08/08/2016, 06'20"
Cerrado goiano

PAI (soneto)

Trago no coração sinais de abrigo
são sentimentos de protetor laço
num nó em lembranças e abraço
daquele que levo sempre comigo

É quem apoiou o passo no passo
no compasso fora do ter perigo
É o valente amigo até no castigo
que no cansaço expõe o regaço

Eis o lar, pai, que assim eu digo:
o provedor que nunca é escasso
num rude amor, sem ser oligo

O braço em um dilatado espaço
de colunas eretas que bendigo:
- numa saudade que não afaço.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
agosto de 2016
Cerrado goiano

BEM E MAL (soneto)

Tal qual gente que vive sem pressa
na correria do tempo, eu vou assim
e nessas de ter-me um, nesta peça
atuo um dia de cada vez, até o fim

Na alta complexidade que não cessa
a turves rompida pela luz do camarim
da vida, reluz o amor que ele expressa
tingindo o cetim do afeto na cor marfim

Sou feliz! É como minh'alma confessa!
Na tristura, a remessa de sorte pra mim
é paz, pois, tenho na verdade, etc e tal...

Então, na falsidade que nada a impeça
a pureza do amor sempre é um clarim
proclamando que o bem vence o mal...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

pacote

... cada ruga, um poetar do tempo. Envelhecer é o embrulho do viver. Use papel da gratidão, assim, terás mais o que ser... do que só se ver.



© Luciano Spagnol

poeta do cerrado

20/10/2019

Cerrado goiano



copyright © Todos os direitos reservados

Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol

MANACÁ DA SERRA NO CERRADO (soneto)

Plantei um manacá no cerrado
Para o chão ressecado florescer
Em flores bicolores, a irromper
Matizando o árido cascalhado

Já não me sinto só, o alvorecer
Tem um doce aroma de agrado
Com jeito de bafejo tão airado
Que abraçam todo o meu ser

O manacá da serra no cerrado
Trova com o vento um verter
Poético, se fazendo admirado

Árvore em flor, a transcender
O vazio num ato contemplado
Balsamizando os dias de prazer

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto, de 2016
Cerrado goiano

poeminha para as flores

flor são flores
são primavera
de todas as cores
haste da quimera
poetam os amores
amores à venera
as flores tão belas!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Maio, 2016
Cerrado goiano

CHOROSO SONETO

Daqui deste rincão do cerrado
Quisera de a saudade apartar
Mas os ventos só põem a chiar
Quimeras percas no passado

Não sou um poeta de chorar
Mas choro um choro calado
Amiúde e assim comportado
Paliando soluços no poetar

Tão menos viver pontificado
No sofrer, brado, quero voar
Lanço meu olhar ao ilimitado

E pelo ar vai o desejo represado
Liberando as fontes do amar
Livres e do suspiro desgarrado

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

POEMA EM SILÊNCIO (soneto)

Meu verso está amordaçado
As palavras dentro da vidraça
Represadas e tão sem graça
Estou calado, o poetar calado

Inspiração diluída na fumaça
O vazio estridente e arestado
Ácido em um limo agargalado
Inebriando tal qual cachaça

Meu pensamento está suado
Ofertado como fel numa taça
E na solidão, então, enjaulado

O poema em silêncio, bagaça
Oh! Túrgido sossego enfado
Diz nada, só tira a mordaça...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Ao mestre com carinho

Este Ser do livro, do saber, do ensinar
Que as nossas primeiras letras vêm formatar
É sábio que divide o que possui
Ao aprendizado contribui
Com amor, dedicação, coração
Sacerdote da verdade, abnegação
Ao pupilo a passagem da experiência
Os degraus da filosofia
As palavras, a escrita, a poesia
Do tempo, dos valores, da graduação
Obstinação incontida
Existência dividida
Com todos repartida
Que em nossa vida traz luz
Em nossa alma... “De truz”

Aqui todo o nosso louvor
Ao amigo, companheiro, professor!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
15/10/2010, 6’00”
Rio de Janeiro, RJ

VOCÊ CRÊ (soneto)

Quando nos vemos nos olhos que não vê
A incerteza nos traz o desespero, solidão
Temos um bem maior que é a consagração
Tudo pode naquele que fortalece, você crê?

Acredito no amor paternal, na Trindade:
O Pai, o Filho e o Espírito Santo, amém!
Pois Ele venceu a morte, e o mau também
Acredito no verbo eterno, a única verdade

Ele veio e anunciou trazendo a vida nova
Acredito! Pois o seu amor no amor renova
E em sua compaixão, nos ama com paixão

Que a fé nossa de cada dia seja a prova
Do perdão que se clama em hino e trova
Eu acredito na Cruz de Cristo, a salvação!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

NOVEMBRO, soneto no cerrado

A nuvem de chuva, está prenha
A lua na noite longa enche de luz
Novembro, aos ventos ordenha
Amareladas folhas que nos seduz

Meditação, finados aos pés da Cruz
O colorido pelo seco cerrado grenha
As floreadas pelos arbustos brenha
Trovoadas, relâmpagos no sertão truz

Águas agitadas, o mês da saudade
Num véu dançante... Vem novembro!
Linhas de poema e prosa, fertilidade

Décimo primeiro, antecede dezembro
Em ti é possível notar a instabilidade:
Fogo e água, da transição é membro

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
novembro de 2016
Cerrado goiano

novembro

a nuvem de chuva está prenha
a lua na noite longa enche de luz
novembro, aos ventos, ordenha
amareladas folhas que nos seduz

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
novembro de 2016
Cerrado goiano

SONETO NA LAMA (Mariana, MG)

Basta! A quem assistiu o insuportável
O funeral de teus sonhos, tua quimera
Enlamear-se na lama sem que quisera
E em suas vidas, unidas, inseparável

Como acostumar ao lodo que espera?
Moldar-se no barro de jarrete miserável
Deitar-se na insônia, sentir o inevitável
Da mendicância, impune, e de espera

É véspera do escarro. Vês! O inaceitável
Total necessidade também de ser fera
Nas mãos dos que afagam o insaciável

Rio Doce, azeda lama, e sem primavera
Indecência dum indecente confortável...
Sou Minas Gerais, somos, gente sincera!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano

AMOR QUASE SIDO (soneto)

Amores vem, vividos, amores vão
Na poesia voam e, na alma fundido
No tempo, o que é, e foi permitido
Nas palavras, dissertando o coração

Ama eu, ama tu, ele, ela, repartido
Lágrima, sorrido, a dura decepção
E num sempre porque, indagação
Nuns ficamos, outros nos é partido

Mas sempre desejado, imaginação
Onde? Quando? E é sempre sabido
Que dele quer, dele se tem emoção

E nesta tal torcida o amor é provido
O amor é sentido, sentido é a paixão
Sem porque nem como, os quase sido!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano

carruagem

as pessoas sem ilusão
vivem só nas quimeras
repetem a mesma condição
o improviso são esperas
e o trem da vida sem vagão...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Manjedoura

Recém-nascido na palha
Coberto de simples velo
De pedra e areia soalha
A chegada do Divino elo

É o Menino Deus encarnado
No fundo da pobre realidade
Mártir, Majestade, Filho amado
No estábulo fez-se verdade

Nem ouro reluz tanta conformidade
Nem a pobreza anuncia infelicidade
É o Salvador cicatrizando a obscuridade

Tem em si o caminho, toda resposta
Na manjedoura aposto, é fé disposta
Homem, Deus, na humanidade aposta

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
15/10/2010, 09’54”
Rio de Janeiro, RJ

rastro

onde passamos
alguns deixam vaidade...
outros deixam pegadas, eu...
deixo poesia e amizade...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Sussurro

Dê-me as sombras oh, cálido cerrado
Das que as poucas nuvens sombrinha
Chore árido orvalho mesmo que forçado
Em um cadinho de brisa, nesta tardinha
- olha que é um sussurro abafado

Dê-me alívio com o rústico vento
Que aspiram as poeiras dos galhos
Em suspiros e frescor em rebento
Foiçando o calor em brandos atalhos
- olha que é um sussurro de alento

Dê-me da tua sequiosa suavidade
Desafogando o peito deste mormaço
- olha que nem peço chuva - raridade
- olha que é um sussurro e cansaço
Nesta seca sufocação, por caridade...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Abril, 2016
Cerrado goiano

Amor com pimenta

Tantos poemas
Chorados
Tantos versos
Acabrunhados
Feitos nos proveitos
Da imaginação

Agora aqui estou
Imergido
Em pleno voo
De letras servido
Esperando
Uma nova emoção

Chega de vazio
Vazio leito
Peito vazio
Solidão como sujeito

Eu só queria
Poder compor
Afeto na caligrafia
Sem os rabiscos de dor
E nem porfia na teoria

E assim, uma canção
Que fale
Que ouça
Não cale
Respire
Suspire e esbouça
As videiras do coração

Compassivamente
Servindo-me de poesia
Verdadeiramente...
Sedenta!
De amor com pimenta.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
23/04/2016, 09'09"
Cerrado goiano

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