Emily St. John Mandel

Não havia mais internet. Não havia mais redes sociais, não havia mais buscas de significados de sonhos, esperanças nervosas, fotografias de almoços, gritos de socorro, expressão de satisfação, status de relacionamento atualizados com imagens de coração inteiro ou partido, planos para um encontro mais tarde, apelos, queixas, desejos, fotos de bebês com roupa de ursinho no Halloween. Não havia como ler e comentar sobre a vida dos outros, logo não havia mais como se sentir menos sozinho.

O inferno é a ausência das pessoas de quem temos saudade.

Ninguém se acha horrível, mesmo as pessoas que são horríveis de fato. É uma espécie de mecanismo de sobrevivência.

O problema deste mundo novo (...) é que ele sofre de uma terrível carência de elegância.

Se o inferno são os outros, o que é um mundo onde não há quase ninguém?

Todo mundo sabe quando a pessoa tem um casamento horrível. É que nem ter mau hálito, a gente chega perto da pessoa e fica evidente.

– Não faz sentido. Quer dizer que temos que acreditar que a civilização simplesmente chegou ao fim?
– Bem, ela sempre foi um pouco frágil, não acha?