Poemas curtos de Cora Coralina

Cerca de 22 poemas curtos de Cora Coralina

Poeta, não somente o que escreve.
É aquele que sente a poesia,
se extasia sensível ao achado
de uma rima, à autenticidade de um verso.

Cora Coralina
Vintém de cobre: meias confissões de Aninha. São Paulo: Global, 2012.

Nota: Trecho do poema O poeta e a poesia.

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Eu sou aquela mulher
a quem o tempo muito ensinou.
Ensinou a amar a vida
e não desistir da luta,
recomeçar na derrota,
renunciar a palavras
e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos
e ser otimista.

Cora Coralina
Vintém de cobre: Meias confissões de Aninha. São Paulo: Global Editora, 1997.

Nota: Trecho do poema Ofertas de Aninha (Aos moços).

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Minha vida,
meus sentimentos,
minha estética,
todas as vibrações
de minha sensibilidade de mulher,
têm, aqui, suas raízes.

Melhor do que a criatura,
fez o criador a criação.
A criatura é limitada.
O tempo, o espaço,
normas e costumes.
Erros e acertos.
A criação é ilimitada.
Excede o tempo e o meio.
Projeta-se no Cosmos.

Eu sou a dureza desses morros
revestidos,
enflorados,
lascados a machado,
lanhados, lacerados.
Queimados pelo fogo
Pastados
Calcinados
e renascidos.

Da mesma forma aquela sentença:
“A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar.”
Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada,
o anzol, a chumbada, a isca…

O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim, terás o que colher.

Cora Coralina
Vintém de cobre: Meias confissões de Aninha. São Paulo: Global Editora, 1997.

Nota: Trecho do poema Meu Melhor Livro de Leitura.

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O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes.

Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.

Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores.

Cora Coralina

Nota: Trecho adaptado do poema Ressalva.

Não morre aquele que deixou na terra a melodia de seu cântico na música de seus versos.

Cora Coralina
Meu Livro de Cordel. São Paulo: Global Editora, 2012.

Nota: Trecho do poema Meu Epitáfio.

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A verdadeira coragem é ir atrás de seu sonho mesmo quando todos dizem que ele é impossível.

Não lamente o que podia ter e se perdeu por caminhos errados e nunca mais voltou.

Cora Coralina
Meu Livro de Cordel. São Paulo: Global Editora, 2012.

Nota: Trecho do poema Humildade.

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Bem por isso mesmo diz o caboclo: a alegria vem das tripas — barriga cheia, coração alegre. O que é pura verdade.

Que pretendes, mulher?
Independência, igualdade de condições...
Empregos fora do lar?
És superior àqueles
que procuras imitar.
Tens o dom divino de ser mãe.
Em ti está presente a humanidade!

Cora Coralina

Nota: Trecho do poema "Mãe"

O amigo não passa a mão
Quando fizemos algo errado
Está firme ao nosso lado
Puxa a orelha, chama a razão!

Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Procuro suportar todos os dias minha própria personalidade renovada, despencando dentro de mim tudo que é velho e morto.

O melhor professor nem sempre é o de mais saber, é sim aquele que, modesto, tem a faculdade de transferir e manter o respeito e a disciplina da classe.

Cora Coralina
Vintém de cobre: Meias confissões de Aninha. São Paulo: Global Editora, 1997.

Nota: Trecho do poema Exaltação de Aninha (O Professor).

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Sei que o mundo não é um mistério e nem um o sonho é uma jura secreta. O Deus que criou o mundo criou também o poeta.