Ferreira Goulart a Alegria
Aprendizado
Do mesmo modo que te abriste à alegria
abre-te agora ao sofrimento
que é fruto dela
e seu avesso ardente.
Do mesmo modo
que da alegria foste
ao fundo
e te perdeste nela
e te achaste
nessa perda
deixa que a dor se exerça agora
sem mentiras
nem desculpas
e em tua carne vaporize
toda ilusão
que a vida só consome
o que a alimenta.
Como um tempo de alegria, por trás do terror me acena,... E a noite carrega o dia, no seu colo de açucena... Sei que dois e dois são quatro, Sei que a vida vale a pena... mesmo que o pão seja caro e a liberdade, pequena...
A raposa e a coelha:
Ao dedilhar as cordas do violão
com toda sua alegria e paixão
a coelha repousa no colchão.
Cantorias vem e vão...
adentram aos sonhos daquela coelha
e a noite se perde no calor da imensidão.
Os anos passam...
a raposa continua com sua graça
que aos encantos da coelha, abraça.
Uma corda arrebentou,
pequena raposa, oh não!
a sua coelha despertou.
Lúcida, a coelha presta atenção
a raposa canta a mesma canção
mas a coelha não dorme mais, não.
É o fim, a coelha te abandonou!
coração abalou, mas o tempo cura:
Sua vida recomeçou.
E são coisas vivas as palavras
e vibram da alegria do corpo que as gritou
têm mesmo o seu perfume, o gosto
da carne
que nunca se entrega realmente
nem na cama
senão a si própria
à sua própria vertigem.