Tranca Rua das Almas

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A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!

Recolha um cão de rua, dê-lhe de comer e ele não morderá: eis a diferença fundamental entre o cão e o Homem.

Na poça da rua
o vira-lata
lambe a lua

Hoje me acordei pensando em uma pedra numa rua de Calcutá. Numa determinada pedra numa rua de Calcutá. Solta. Sozinha. Quem repara nela? Só eu, que nunca fui lá. Só eu, deste lado do mundo, te mando agora esse pensamento... Minha pedra de Calcutá!

Madrugada fria.
A lua no fim da rua
vê nascer o dia.

As palavras da criança na rua são as do pai e da mãe.

De todas as escolas que frequentei, a da rua, foi a que me pareceu melhor.

Começo de chuva...
A tempestade faz festa,
no meio da rua.

Pássaros em silêncio.
Noturna chave
tranca o dia.

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa
Novas Poesias Inéditas. Lisboa: Ática. 1973 (4ª ed. 1993). p. 48

O fracasso quebra as almas pequenas e engrandece as grandes, assim como o vento apaga a vela e atiça o fogo da floresta.

A amizade e a lealdade residem numa identidade de almas raramente encontrada.

A bondade é a delicadeza das almas grosseiras.

Fernando Pessoa
Bernardo Soares, "Livro do Desassossego"

A gratidão é a virtude das almas nobres.

Se a chama que está dentro de ti se apagar, as almas que estão ao teu lado morrerão de frio.

O trabalho é o alimento das almas nobres.

O tédio é a doença dos corações sem sentimentos e das almas pobres.

As maiores almas são tanto capazes dos maiores vícios como das maiores virtudes.

Quando a alegria se torna tristeza e o bem-estar infortúnio, as almas pacientes extrairão prazer mesmo da dor.

Todas as almas nobres têm como ponto comum a compaixão.