Mensagens de Invejosos
A virtude neste mundo é sempre maltratada; os invejosos morrerão, mas a inveja é poupada.
A inveja vê sempre tudo com lentes de aumento que transformam pequenas coisas em grandiosas, anões em gigantes, indícios em certezas.
Quem afirma que não é feliz, poderia sê-lo com a felicidade do próximo, se a inveja lhe não tirasse esse último recurso.
Há certos passatempos e prazeres ilícitos, que censuramos nos outros, mais por inveja do que por virtude.
Mantém-te distante da inveja, pois assim como o fogo queima a lenha, a inveja consome as boas ações.
O ciúme nunca está isento de certa espécie de inveja, e frequentemente se confundem essas duas paixões.
A inveja é um vício mesquinho e sórdido: o vício do condenado que reclama porque o seu companheiro de prisão recebeu uma ração de sopa maior.
Sabe-se que enquanto vivemos estamos mais ou menos expostos à inveja, mas depois da nossa morte os nossos inimigos deixam de nos odiar.
Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento.
A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre.
Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar.
DA OBSERVAÇÃO
Não te irrites, por mais que te fizerem
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio.
Aqueles que não fazem nada estão sempre dispostos a criticar os que fazem algo.
Todo mundo é capaz de sentir os sofrimentos de um amigo. Ver com agrado os seus êxitos exige uma natureza muito delicada.
É tão natural destruir o que não se pode possuir, negar o que não se compreende, insultar o que se inveja.
Círculo Vicioso
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
– "Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
– "Pudesse eu copiar o transparente lume,
Que, da grega coluna á gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!"
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
– "Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!"
Mas o sol, inclinando a rútila capela:
– "Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?"