Mensagens de Bebês

Cerca de 100 mensagens de Bebês

É escusado sonhar que se bebe; quando a sede aperta, é preciso acordar para beber.

O homem que só bebe água tem algum segredo que pretende ocultar dos seus semelhantes.

A árvore não prova a doçura dos próprios frutos; o rio não bebe suas próprias ondas; as nuvens não despejam água sobre si mesmas. A força dos bons deve ser usada para benefício de todos.

A vida é como o vinho: se a quisermos apreciar bem, não devemos bebê-la até à última gota.

Os desejos humanos são infindáveis. São como a sede de um homem que bebe água salgada, não se satisfaz e a sua sede apenas aumenta.

O governo é como um bebê: um canal alimentar com um enorme apetite numa ponta e nenhum senso de responsabilidade na outra.

Qual é a utilidade de um bebê recém-nascido? (Respondeu quando lhe perguntaram qual era a utilidade de uma nova invenção).

Querida mamãe

Tu que nos guardaste em teu ventre aquecido e do mundo fomos protegidos...
Tu que nos trouxeste para a vida, o que mais poderíamos querer?
Nos deste um cantinho dentro de ti e já crescidinhos nascemos para te conhecer...
Em teus braços fomos acalentados com teu amor e dedicação.
Nosso coração por ti, todos os dias acariciado...
Te conhecer por fora é só uma forma de nos fortalecer para o mundo, mas o que há de mais profundo vem do teu íntimo Ser...
Oh! Maravilhosa Criatura... Nascida do Amor Divino
que nos ampara a todos os momentos de nosso Viver!
O que mais poderíamos querer?
Rogar com todas as forças que Deus abençoe a todas as mães e se nem sempre ao nosso lado podemos te ter até tua lembrança nos faz reviver... que maravilha...
Você nunca estará sozinha, querida mamãe!

TESTAMENTO DO HOMEM SENSATO
Quando eu morrer, não faças disparates
nem fiques a pensar: Ele era assim...
Mas senta-te num banco de jardim,
calmamente comendo chocolates.

Aceita o que te deixo, o quase nada
destas palavras que te digo aqui:
Foi mais que longa a vida que eu vivi,
para ser em lembranças prolongada.

Porém, se um dia, só, na tarde em queda,
surgir uma lembrança desgarrada,
ave que nasce e em vôo se arremeda,

deixa-a pousar em teu silêncio, leve
como se apenas fosse imaginada,
como uma luz, mais que distante, breve.

Para aplicar a pena de morte, a sociedade deveria ostentar a autoridade moral de não ter contribuído em nada para fabricar esse criminoso.

Soneto oco

Neste papel levanta-se um soneto,
de lembranças antigas sustentado,
pássaro de museu, bicho empalhado,
madeira apodrecida de coreto.

De tempo e tempo e tempo alimentado,
sendo em fraco metal, agora é preto.
E talvez seja apenas um soneto
de si mesmo nascido e organizado.

Mas ninguém o verá? Ninguém. Nem eu,
pois não sei como foi arquitetado
e nem me lembro quando apareceu.

Lembranças são lembranças, mesmo pobres,
olha pois este jogo de exilado
e vê se entre as lembranças te descobres.

Dizem que estou louco
Por te querer assim
Por pedir tão pouco
E me dar por feliz
Em perder noites de sono
Só para te ver dormir
E me fingir de burro
Para você sobressair

Dizem que estou louco
Que você manda em mim
Mas não me convencem, não
Que seja tão ruim
Que prazer mais egoísta
O de cuidar de um outro ser
Mesmo se dando mais
Do que se tem para receber
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê

Dizem que estou louco
E falam para o meu bem
Os meus amigos todos
Será que eles não entendem
Que quem ama nesta vida
Às vezes ama sem querer
Que a dor no fundo esconde
Uma pontinha de prazer
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê

É este o problema com a bebida, pensei, enquanto me servia dum copo. Se acontece algo de mau, bebe-se para esquecer; se acontece algo de bom,bebe-se para celebrar, e se nada acontece, bebe-se para que aconteça qualquer coisa.

Charles Bukowski
BUKOWSKI, C., Mulheres

Se perder um amor... não se perca!
Se o achar... segure-o!

Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala.
O mais... é nada.

Silvana Duboc e Fernando Pessoa

Nota: Os dos primeiros versos pertencem ao poema "Navegue" da escritora Silvana Duboc. Os dois últimos versos pertencem a uma ode de Ricardo Reis (heterônimo de Fernando Pessoa).

...Mais

É um fenómeno curioso: o país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disto. Falta-lhe o romantismo cívico da agressão.
Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados.

Miguel Torga
Diário IX (Chaves, 17/09/1961).

Desassossegados têm insônia e são gentis, lhes incomodam as verdades imutáveis, riem quando bebem, não enjoam, mas ficam tontos com tanta idéia solta, com tamanha esquizofrenia, não se acomodam em rede, leito, lamentam a falta que faz uma paz inconsciente. Desta raça somos todos, eu sou, só sossego quando me aceito.

A Solidão e Sua Porta
Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
E quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha)
Quando pelo desuso da navalha
A barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha

Arquitetar na sombra a despedida
Deste mundo que te foi contraditório
Lembra-te que afinal te resta a vida

Com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída
Entrar no acaso e amar o transitório.

SONETO DO DESMANTELO AZUL

Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas,

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.

O amor de mãe por seu filho é diferente de qualquer outra coisa no mundo. Ele não obedece lei ou piedade, ele ousa todas as coisas e extermina sem remorso tudo o que ficar em seu caminho.

Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

Augusto dos Anjos
ANJOS, A. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.