Leitura e Escrita

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A leitura traz ao homem plenitude; o discurso, segurança; e a escrita, precisão.

Francis Bacon
BACON, F., Essays, 1625

A maior parte do tempo de um escritor é passado na leitura, para depois escrever. Uma pessoa revira metade de uma biblioteca para fazer um só livro.

[Leitura]
Se é proibido escrever nos monumentos, também deveria haver uma lei que proibisse escrever sobre Shakespeare e Camões.

A leitura torna o homem completo; a conversação torna-o ágil; e o escrever dá-lhe precisão.

Francis Bacon
BACON, F., Essays, 1625

Escreva algo que valha a pena ler ou faça algo acerca do qual valha a pena escrever.

Desconhecido

Nota: Apesar de estar presente em um almanaque de Benjamin Franklin publicado em 1738, o pensamento (assim como muitos outros de seus almanaques) não foi criado por ele. O trecho final do provérbio apareceu em uma coleção publicada por Thomas Fuller em 1727, mas não se sabe se ele criou a expressão.

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O analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender.

Ler não é decifrar, escrever não é copiar.

Antes de ler o livro que o guru lhe deu, você tem que escrever o seu.

Eu escrevo para nada e para ninguém. Se alguém me ler será por conta própria e auto-risco. Eu não faço literatura: eu apenas vivo ao correr do tempo. O resultado fatal de eu viver é o ato de escrever. Há tantos anos me perdi de vista que hesito em procurar me encontrar. Estou com medo de começar. Existir me dá às vezes tal taquicardia. Eu tenho tanto medo de ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Todo o mundo que aprendeu a ler e escrever tem uma certa vontade de escrever. É legítimo: todo o ser tem algo a dizer. Mas é preciso mais do que a vontade para escrever. Ângela diz, como milhares de pessoas dizem (e com razão): "minha vida é um verdadeiro romance, se eu escrevesse contando ninguém acreditaria". E é verdade. A vida de cada pessoa é passível de um aprofundamento doloroso e a vida de cada pessoa é "inacreditável". O que devem fazer essas pessoas? O que Ângela faz: escrever sem nenhum compromisso. Às vezes escrever uma só linha basta para salvar o próprio coração.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1978.

Eu estou aprendendo a ser feliz. Tem que se educar. Que nem você tem que aprender a ler, a escrever, tem que aprender a ser feliz. Eu só vou parar no dia que morrer.

Caça

Por que é importante ler? Pergunta recorrente em qualquer encontro de escritores com estudantes. E a gente acaba desfiando um rosário de respostas prontas, um blá blá blá repetitivo, apesar de necessário. Mas hoje vou dar um exemplo prático. Estava lendo uma revista - nem era um livro - quando me deparei com uma entrevista feita com o chef Philippe Legendre, estrela da gastronomia francesa de quem nunca provei um ovo frito. Ignorante sobre quem era o cara, li. Lá pelas tantas, o repórter: "É verdade que o senhor adora caçar?" O chef: "Eu caço o silêncio. Atiro no barulho."

Bum!

Perdizes, faisões, coelhos, sei lá o quê o tal homem caça todo final de semana - e nem me interessa. O importante foi o impacto causado por aquelas duas frasezinhas curtas que pareciam um poema e que empurraram meu pensamento para além daquelas páginas, me puseram a pensar sobre minhas próprias perseguições. Caço o silêncio. Atiro no barulho. Eu idem, monsieur.

Eu caço o sossego. Atiro na tevê.

Eu caço afeto. Atiro em gente rude.

Eu caço liberdade. Atiro na patrulha.

Eu caço amigos. Atiro em fantasmas.

Eu caço o amanhã. Atiro no ontem.

Eu caço prazeres. Atiro no tédio.

Eu caço o sono. Atiro no sol.

E quando caço o sol, atiro em relógios. Acho que é isto que a leitura faz. Nos solta na floresta com uma arma na mão. Nos dá munição para atirar em tudo o que nos distrai de nós mesmos, no que nos desconcentra. O livro não permite que fiquemos sem nos escutar. A leitura faz eu mirar em mim e acertar no que eu nem sabia que também sentia e pensava. E, por outro lado, me ajuda a matar tudo o que pode haver em mim de limitante: preconceitos, idéias fixas, hipocrisias, solenidades, dores cultuadas.

Lendo, eu caço a mim e atiro em mim.

Basta ler meia página do livro de certos escritores para perceber que eles estão despontando para o anonimato.

Em cada homem de talento existe escondido um poeta. Ele manifesta-se no escrever, no ler, no falar ou no ouvir.

Escrever é lembrar-se. Mas ler é também lembrar-se.

É melhor não saber ler e escrever do que não saber fazer nenhuma outra coisa.

Escreve a visão, grava sobre tábuas, para que a possa ler até quem passa correndo.

Desde que parei de escrever, leio mais do que nunca. Palavras de outras pessoas, não as minhas. Minhas palavras se foram.

Aquele que tem por vício a leitura, droga alucinógena das mais leves, acabará cada vez mais dependente dela. E o pior, passará para drogas mais pesadas, como a escrita. Nesta fase crítica, o leitor, agora escritor, tende a fugir regularmente da realidade e ter devaneios de que, assim como Deus, é criador de universos inteiros.

⁠hoje eu li um texto
feito por você
lembro a sensação que tive ao ler ele pela primeira vez
palavras tão cheias
tanto sentimento
hoje quando li
não senti nada
palavras tão vazias
tanto falso sentimento
talvez você tenha se perdido no personagem
o que era de se esperar
já que você nunca fez teatro
e mente muito mal.