Um manifesto sobre a Coragem e a... Luiz Roberto Bodstein
Um manifesto sobre a Coragem e a Covardia
Nunca usei meu voto para favorecer um candidato, mas sim os meus valores em prol de uma causa em que o visse como barreira para o pior não vencer! E tal postura foi o que sempre norteou minhas escolhas.
No entanto, mantenho uma dívida moral com esse símbolo de legalismo e hombridade em que Lula se transformou, uma figura a quem dei combate de forma contundente ao longo de seus dois primeiros mandatos apenas por nunca haver me debruçado sobre seu histórico de defensor incansável do próprio sistema de crenças e valores, mesmo tendo o país inteiro contra ele em acusações que, mais tarde, se revelariam como fruto de um plano muito bem urdido e execrável.
Mas apesar das incontáveis derrotas que lhe impuseram – que não foram poucas nem pequenas – recebeu-as com a cabeça erguida dos que acreditam nos valores que defendem e, mais do que isso, sem abrir mão de sua dignidade, autorrespeito e irrestrita obediência à Carta Magna, o que me impôs profundas reflexões sobre a forma como olhara para aquele homem até então. Quantos outros, diante das iniquidades a que o submeteram, teriam a mesma atitude honrada e de desafio diante delas, em lugar da vitimização e do revanchismo que se esperaria como resposta mais imediata?
Diante disso não me restava senão constatar o óbvio: que estivera sim totalmente errado, o que não surgiu da simples constatação de um erro frente à postura íntegra de um líder, mas por tomar consciência de minha provável atitude se fosse eu a passar por vicissitudes e injustiças de tal porte.
Constatado o erro de forma cabal e inequívoca, restava-me agora me mostrar igualmente fiel ao meu próprio sistema de valores para, de peito aberto, me penitenciar perante mim mesmo, trocando o sentimento interno de vergonha pela honradez de assumi-lo publicamente, objetivo maior deste manifesto de repúdio ao adversário forjado artificialmente pela manipulação alheia. E não apenas pelo combate injusto que impus ao homem íntegro, mas principalmente por ter deixado que minha busca irrenunciável pela verdade fosse convertida em instrumento útil de exploração pelas mentes espúrias dos conspiradores de plantão, os mesmos que colocam seus interesses fisiológicos a frente das grandes causas nacionais.
Assumí-lo, portanto, não vai além de um ponto de honra para me redimir, antes de tudo, perante mim mesmo, como qualquer pessoa de caráter o faria ou, pelo menos, sentisse vergonha da própria covardia por não tomá-lo como dever moral.
Este manifesto, no entanto, não se limita ao reconhecimento de uma culpa, estendendo-se também a uma homenagem há muito devida a um colecionador de vitórias improváveis que resultaram de sua obstinação e fidelidade tenaz aos próprios ideais.
