Diz-se que houve uma ampliação do acesso a serviços de saúde...

Diz-se que houve uma ampliação do acesso a serviços de saúde e para os idosos existe a priorização. Mas que judiação! Isso é uma enganação! Se eles são priorida

Diz-se que houve uma ampliação do acesso a serviços de saúde e para os idosos existe a priorização. Mas que judiação! Isso é uma enganação!
Se eles são prioridades, por que estão partindo cada vez mais cedo, com mortes que até dão medo? Por que tantos segredos?
Até os últimos dias de suas vidas, tomaram remédios de montão, mas não se curaram não.
Quando dona Fulana chegou no postinho para consultar, o médico deu um remedinho para tratar um encomodozinho. Ela sentia umas tonturas e foi diagnosticada: fraqueza muscular...
No mês seguinte ela precisou voltar e foi acrescentado mais uns comprimidinhos para antes do almoço e o do jantar, e assim a imunidade aumentar.
Mais um mês se passou e a senhora novamente voltou a se consultar porque o estômago começou a doer. Mais um exame para ela fazer... No mesmo dia ela levou outro medicamento para o estômago não enjoar... omeprazol o médico pediu para ela comprar e acrescentou um protetor solar.
Fulana fez os exames e retornou para entregar, e foi detectado, colesterol alto e algumas toxinas no sangue e alteração na glândula da tiroide. Coitada da Fulana, precisou aumentar sua medicação: levotiroxina, sinvastatina e outras inas para melhorar.
No mês seguinte ao anterior, lá estava de novo a paciente, só que agora estava mais doente!
A pressão deu um salto, o peso dobrou lá no alto... Entrou para o grupo dos hipertensos e diabéticos... para dor de cabeça um genérico do doril, pressão arterial, Analapri. Para tratar o diabetes: metformina, mais um pouco de vitamina e um diurético para soltar a urina.
Uma semana se passou, a Fulana voltou, era uma emergência, a coisa piorou...
Ela se queixou ao doutor que estava com uma inquietação, não conseguia ficar parada não. Todo o corpo doía e uma coceira parecendo alergia.
O diagnóstico foi crises de ansiedade, para não se preocupar que isso era coisa da idade.
Receitando os lítios para controlar esta confusão e melhorar a insatisfação. Ela aceitou que envelhecer era também sofrer...
Tantas pessoas em mesma situação, que no dia da consulta virou uma disputa pelos bancos da unidade, lotada com gente de todas as idades. Os pacientes estavam impacientes, cansados de ficar parados na fila desde madrugadinha para garantir sua consultinha.
A atendente no balcão chamou Fulana pelo nome, mas olhando para o chão. Sem notar que a pobrezinha estava carente e já muito doente.
Desta vez ela disse ao doutor, que não estava legal, que a noite tinha passado muito mal. Que não estava vendo saída para entender a vida..
Ele a colocou na fila, para a vaga em um hospital e no grupo saúde da saúde mental. Onde frequentavam pessoas com diagnóstico igual.
Fulana levou para casa: amitriptilina que substituiu a fluoxetina, e um punhado de diazepam para dar um efeito legal, semelhantes ao gardenal.
Retornando a consulta que virou rotina, aproveitou para pegar a insulina, umas gazes para feridas que na perna dela se abriram... ela sorriu para a atendente, perguntando: minha consulta especializada já saiu?
Estava registrado no sistema que a agente de saúde havia entregado, e explicado como proceder para o exame acontecer... Fulana sabia ler, mas não podia mais enxergar de fato, não podia assinar, como a profissional falou.
Também é verdade que ela morava sozinha, mas a vizinha sempre dava uma olhadinha. Recebia para ela a correspondência e entregava sempre a tardinha para não incomodar seu descanso depois do almoço, porque isso lhe trazia conforto.....
Seu exame para detectar o câncer de pele nunca chegou, porque com as entregas a vizinha nunca faltou...
Meses se passaram e a paciente nunca mais voltou... no programa de hipertenso e diabetes ela estava atrasada. No grupo de saúde mental não falaram nada, porque ninguém percebeu o que aconteceu...
Entre as consultas que o administrativo imprimiu, para ela uma saiu, e o agente novamente foi entregar.
Ao chegar na residência disse a quem atendeu que tinha uma consulta para a dona Fulana. Para a surpresa da Beltrana, a nova proprietária respondeu: eu sou a Sicrana, a Fulana há muito tempo já morreu...