AS PERDAS BRASILEIRAS DE DEUS Demétrio... Demétrio Sena, Magé - RJ.

AS PERDAS BRASILEIRAS DE DEUS

Demétrio Sena, Magé – RJ.

Para grande maioria dos brasileiros, Deus perdeu espaço na bíblia, nas paráfrases corriqueiras, nos adesivos e até nos cumprimentos domésticos. Aos poucos, as frases daqueles adesivos em muitos automóveis, usando o nome de Deus, serão transformadas em: “Dirigido por mim, guiado por Bolsonaro”; “Foi Bolsonaro que me deu”; “Bolsonaro é fiel”... Da mesma forma os cumprimentos, despedidas e chegadas estão sendo substituídos por: “- Bênção, pai e mãe... - Bolsonaro te abençoe”; “Bolsonaro esteja nesta casa”; “Vá com Bolsonaro”; “Bolsonaro ilumine seus caminhos”; “Tenha fé; Bolsonaro proverá”...
Quando alguém chama um hipnotizado idoso ou de meia idade por senhor, já pode ouvir a resposta simpaticamente mal intencionada: “Senhor é o Bolsonaro, que está no planalto”. Se determinada pessoa prevê um perigo para outra ou simplesmente brinca de rogar uma praga, a resposta certa é: “Cruz credo; Bolsonaro que me livre”, ou: “Bolsonaro é mais”. Quando algo de bom por acaso voltar a acontecer no país, o chavão automático será que “Bolsonaro é brasileiro”... e caso as coisas não deem muito certo para os planos de um cidadão, será comum que se diga resignadamente: “Bolsonaro sabe o que faz”.
Aqueles versículos ou fragmentos bíblicos mais citados no dia a dia ficarão assim: “Meu socorro vem do Bolsonaro”... “Eu e minha casa serviremos ao Bolsonaro”... “Bolsonaro é meu presidente; nada me faltará”... “Tudo posso no Bolsonaro que me fortalece”... “Passarão os céus e a terra, mas as palavras do Bolsonaro não hão de passar”... “Sem fé é impossível agradar ao Bolsonaro”... “Buscai primeiro o Bolsonaro e toda a sua justiça”... “Bolsonaro é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia”... “O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Bolsonaro é o porte de arma”.
Para esses milhões de seres hipnotizados, Bolsonaro estará sempre certo. Haverá sempre uma justificativa para um erro e uma recompensa para quem compreender. Sua corrupção não será corrupção, e sim, um mal necessário. Se milhões e milhões de brasileiros vierem a sofrer mais ainda, será somente a cota de sacrifício de cada um. E no dia em que o “Bolsonaro Forte, Pai da eternidade, Príncipe da paz” decidir que é hora de cometer um genocídio, os hipnotizados de sempre terão na ponta da língua um veredito bíblico, mais uma vez adaptado: “Bolsonaro é amor, mas também é fogo consumidor”.