Desabafando de um coração doído. Um... Professor Galvão

Desabafando de um coração doído. Um coração que sangra de tanta solidão. Eu tentei. Tentei dar o melhor, o meu melhor. Quis ser o melhor marido, o melhor pai. Fracassei. Nada fui se não um pobre amuleto das vidas que trouxe ao mundo. Fracassei tentando amar mais que podia. Mais do que sabia. Não fui o marido dos sonhos. Longe disso. Fui pesadelo. Perdi o amor que poucos tiveram. Perdi a amiga que demorei a achar. Perdi pra soberba. Nada tenho. Nunca terei. Tive filhos. Tive. Os amei mais que tudo. Só que esse tudo foi pouco. Hoje tenho a indiferença, o largado, o solidão. Investi num sonho que na realidade era um delirio chamado pesadelo. Foram anos de uma felicidade vigiada. Hoje essa felicidade acabou. Estou saindo de cena. Estou buscando inícios. Princípios de não sei o que. Quero voltar a viver. Nem sei se tenho direito. Feri, fui ferido. Amei muito e pouco fui amado. Trabalhei a exausão e construi. Acabou a vontade. Mesmo nesses lamentos tenho certezas. Amo demais meus filhos. Esses, mesmo frios, aquecem meu coração. Não quero lamentos. Quero respeito ao que tentei ser. Fui.