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⁠O céu está todo ensolarado 
e deste lado estão os Lambe-sujos,
vamos encontrar e nos encantar 
com a festa entre dois mundos.

O Rei Africano, a Rainha e 
os Embaixadores fazem acenam 
corteses e a Mãe Suzana 
também nos cumprimentam.

O Pai Juá e o Feitor conversam,
riem distraídos e neles esbarram
correndo um grupo de meninos.

Os tocadores e os brincantes
fazem o aquecimento com 
os seus ganzás afinados,
pandeiros rodopiantes,
cuícas chorosas, tambores 
alucinantes e reco-recos inebriantes.

Os teus olhos hipnotizados
se encontram com os meus 
ainda mais encantados pelos teus.

Você ganhou de surpresa 
uma foice e um cachimbo,
e eu ganhei uma chupeta,
Passou um nós um homem rindo 
dizendo que daqui a pouco o carvão 
e o mel de cabaú estarão servindo.

De longe sem sentir ciúme 
sinto o aroma do mel que parece 
que pegou do teu perfume. 

De longe vejo os donos dos engenhos
cortejados pelos Caboclinhos
pintados de marrom com os seus 
magníficos cocares coloridos. 

Antes do Padre chegar para abençoar, 
todos nós estaremos prontos 
para dançar os combates até 
a noite se estrelar e os Caboclinhos 
a vitória da tradição sob todas 
as vitórias ao povo declarar.

No embalo deste encontro 
feito para abençoar e festejar
entre o Lambe-sujo e os Caboclinhos:
ao nosso amor vamos nos entregar.

Inserida por anna_flavia_schmitt

A língua lambe

A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.

E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,

entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos.

Carlos Drummond de Andrade
BARBOSA, Rita de Cássia. Poemas eróticos de Carlos Drummond de Andrade. São Paulo: Ática,1987.

Vida boa é de cachorro, que come todo mundo e ainda lambe o saco.