E se fez linda a vida, um poema, um... Amanda Nascimento Guimaraes

E se fez linda a vida, um poema, um louco a dançar, um menino com violão, a garota com seu cão, ou não. Tenho em mim memorias maravilhosas como o barulho do mar e outras memorias grotescas também como o mar. Tenho medos tao profundos quanto o mar, como ondas que vem e vão, hora se sente e hora é vão. Me disseram sobre como se reconstrói uma pessoa depois de uma experiência de náufrago, onde tudo é colocado em xeque. Náufrago me lembra a primeira experiência do ser humano com a vida quando o parto ocorre. Como se torna forte uma pessoa com uma cicatriz. A primeira cicatriz é o choro de vida, depois é rir do que está por vir. Cicatriz? Tenho muitas, tem gente que estranha, gente que nao percebe e gente que vê ali um ato de coragem humana, tem gente que não sabe lidar com cicatrizes expostas, tem muita gente no mundo. Todo mundo usa sua coragem na hora do parto ou do mar, todo mundo hora é mar. Ah o mar, é para lá que vou, quando eu quiser eu vou. O mar nunca desampara, não para, nao importa o que aconteça. Como se reconstrói uma pessoa depois de uma experiência de náufrago? Alguns desistem, alguns sim, nos não. Nós que caminhamos na tempestade, que escutamos os gritos, consolamos o choro, que percebemos os rostos da multidão. Somos de chuva e vai molhar! Desistir nao!