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Eu descobri que vale a pena ficar 3 horas te olhando sentada num sofá mesmo que o dia esteja explodindo lá fora. E quando já não sei mais o que sentir por você, eu respiro fundo perto da sua nuca e começo a querer coisas que nem sabia que existiam…
Você me transformou no eufemismo de mim mesma…
Você diz que me quer com todas as minhas vírgulas,
eu te quero como meu ponto final.

Onde estão as pessoas interessantes?

Não sei mais o que fazer das minhas noites durante a semana. Em relação aos finais de semana já desisti faz tempo: noites povoadas por pessoas com metade da minha idade e do meu bom senso. Nada contra adolescentes, muitos deles até são mais interessantes e vividos do que eu, mas to falando dos “fabricação em série”. Tô fora de dançar os hits das rádios e ter meu braço ou cabelo puxado por um garoto que fala tipo assim, gata, iradíssimo, tia.
Tinha me decidido a banir a palavra “balada” da minha vida e só sair de casa para jantar, ir ao cinema ou talvez um ou outro barzinho cult desses que tem aberto aos montes em bequinhos charmosos. Mas a verdade é que por mais que eu ame minhas amigas, a boa música e um bom filme, meus hormônios começaram a sentir falta de uma boa barba pra se esfregar.
Já tentei paquerar em cafés e livrarias, não deu muito certo, as pessoas olham sempre pra mim com aquela cara de “tô no meu mundo, fique no seu”. Tentei aquelas festinhas que amigos fazem e que sempre te animam a pensar “se são meus amigos, logo, devem ter amigos interessantes”. Infelizmente essas festinhas são cheias de casais e um ou outro esquisito desesperado pra achar alguém só porque os amigos estão todos acompanhados. To fora de gente desesperada, ainda que eu seja quase uma.
Baladas playbas com garotas prontas para um casamento e rapazes que exibem a chave do Audi to mais do que fora, baladas playbas com garotas praianas hippye-chique que falam com voz entre o fresco e o nasalado (elas misturam o desejo de serem meigas com o desejo de serem manos com o desejo de serem patos) e rapazes garoto propaganda Adidas com cabelinho playmobil também to fora.
O que sobra então? Barzinhos de MPB? Nem pensar. Até gosto da música, mas rapazes que fogem do trânsito para bares abarrotados, bebem discutindo a melhor bunda da firma e depois choram “tristeza não tem fim, felicidade sim” no ombro do amigo, têm grandes chances de ser aquele tipo que se acha super descolado só porque tirou a gravata e que fala tudo metade em inglês ao estilo “quero te levar pra casa, how does it sounds?” Foi então que descobri os muquifos eletrônicos alternativos, para dançar são uma maravilha, mas ainda que eu não seja preconceituosa com esse tipo, não estou a fim de beijar bissexuais sebosos, drogados e com brinco pelo corpo todo. To procurando o pai dos meus filhos, não uma transa bizarra.
Minha mais recente descoberta foram as baladinhas também alternativas de rock. Gente mais velha, mais bacana, roupas bacanas, jeito de falar bacana, estilo bacana, papo bacana… gente tão bacana que se basta e não acha ninguém bacana. Na praia quem é interessante além de se isolar acorda cedo, aí fica aquela sensação (verdadeira) de que só os idiotas vão à praia e às baladinhas praianas. Orkut, MSN, chats… me pergunto onde foi parar a única coisa que realmente importa e é de verdade nessa vida: a tal da química. Mas então onde Meu Deus? Onde vou encontrar gente interessante? O tempo está passando, meus ex já estão quase todos casados, minhas amigas já estão quase todas pensando no nome do bebê,… e eu? Até quando vou continuar
achando todo mundo idiota demais pra mim e me sentindo a mais idiota de todos?
Foi então que eu descobri. Ele está exatamente no mesmo lugar que eu agora, pensando as mesmas coisas, com preguiça de ir nos mesmos lugares furados e ver gente boba, com a mesma dúvida entre arriscar mais uma vez e voltar pra casa vazio ou continuar embaixo do edredon lendo mais algumas páginas do seu mundo perfeito.
A verdade é que as pessoas de verdade estão em casa. Não é triste pensar que quanto mais interessante uma pessoa é, menor a chance de você vê-la andando por aí?

Tati Bernardi

Nota: Crônica "Onde estão as pessoas interessantes?" publicada em 10/09/2007 no site Blônicas

Eu nunca vou entender por que a gente continua voltando pra casa querendo ser de alguém, ainda que a gente esteja um ao lado do outro. Eu nunca vou entender por que você é exatamente o que eu quero, eu sou exatamente o que você quer, mas as nossas exatidões não funcionam numa conta de mais...

Mas aí, daqui a uns dias... você vai me ligar. Querendo tomar aquele café de sempre, querendo me esconder como sempre, querendo me amar só enquanto você pode vulgarizar esse amor. Me querendo no escuro. E eu vou topar. Não porque seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque você me lembra o mistério da vida. Simplesmente porque é assim que a gente faz com a nossa própria existência: não entendemos nada, mas continuamos insistindo.

(...) Me recordei rapidamente de todas as pessoas e coisas que perdi por ainda não estar preparada para elas, ou por ainda ter muita curiosidade de mundo e dificuldade em ser permanente...

Recordei de amigos e parentes distantes, aqueles que eu sempre deixo para depois porque moram muito longe ou acabaram se tornando pessoas muito diferentes de mim, sempre penso “mês que vem faço contato com eles”. E se não tiver mês que vem?

(...) Minha vontade é que ele me pergunte se quero um pouco de chá gelado e se eu gostaria de ver um dos seus filmes estirada nas grandes almofadas.
(...) Eu mais uma vez me pergunto como é mesmo que se faz a coisa mais profunda do mundo com total superficialidade. Como é que se ama sem amor? Como é que se entrega de dentro de uma prisão? Nunca soube.
(...) Ainda é cedo e eu preciso de amor. Só um pouquinho de amor. (...) Quero que ele veja o quanto mudei por causa dele, na esperança de que seu riso congelado saia do automático e eu ganhe um único sorriso verdadeiro.
(...) Talvez meu amor tenha aprendido a ser menos amor só para nunca deixar de ser amor.