
Falésias do Meu Silêncio
Falésias íngremes, no meio do nada, fazem morada. Meu olhar se perde entre o vazio e o instante de inspiração. As rochas parecem mortas, mas, ao observá-las atentamente, vejo que há vida, há história, há beleza, há transformação, há mistério. Isso acontece quando conseguimos abrir as cortinas internas, e captar a essência que ali habita – o verdadeiro remédio da cura.
Cada passo traz a sensação de que estamos lutando por um lugar onde possamos, enfim, nos encaixar. Nos limites do tempo, há um intervalo silencioso à espera de que compreendemos seu ensinamento e sua postura diante da pressa daqueles que tentam seguir sem perceber.
Meus passos estão, a cada dia, mais lentos. Não quero mais correr. Não quero ter pressa. Não quero tropeçar. Quero entender. Quero mudar. Quero viver intensamente, sem ter que olhar para trás e revisitar o passado. Quero um olhar voltado ao futuro – um olhar de sucesso, de vida que me espera.
Hoje, penso apenas no agora e no que está por vir...
Rita Padoin
Só o tempo poderá revelar o que tanto procuro. Ele é, e sempre será, o grande mistério. A não ser que eu me torne o próprio – assim poderei finalmente desvendá-lo.
Sempre esperou alguma coisa.
Um “oi” talvez. Quem sabe um “bom dia”, sei lá...
Qualquer gesto que a mantivesse informada dos passos dele.
Era assim que ela o esperava: sempre.
Sinais do Silêncio
Ele, também poderia se retratar – entrar em contato, dizer que a saudade consumiu os seus dias. Que o seu corpo sentiu a mesma intensidade que o meu. Dizer que tudo não passou de um mal-entendido, explicar as suas razões, de ter sumido, talvez deixar clara a situação.
Desmontar toda essa confusão e revelar o que se passa dentro do seu coração. Esses mal-entendidos poderiam ser esclarecidos. Eu poderia tentar entendê-lo. Mostrar que tudo o que se passou foi intenso, sublime. Mostrar que fui importante.
Entendo que talvez o sentimento seja apenas de minha parte. Mas então, porque há invasão em meus pensamentos? Invasão em meus dias ternos e serenos? Tudo vira uma revolução, uma guerra interior, quando, sem permissão, ele vem - sem ser convidado.
Há pendências batendo à porta. Esse estranho caminho que me conduz por encruzilhadas desconhecidas, me mantém em alerta.
Os sinais que a vida dá são claros. Dizem tudo o que eu preciso saber. Mostram caminhos.
Rita Padoin
Escritora
As Margens do Silêncio
Sento às margens do rio para refletir. A água tranquila funciona como um espelho e devolve a minha própria imagem – nítida, brilhante, revelando instintos expostos, emoções desordenadas. Sei que o tempo guarda todas as respostas, mas, mesmo entendendo o cenário ao meu redor, não consigo ouvi-las. O que escuto é apenas o silêncio, um silêncio que se acomoda ao meu lado como uma companhia serena, quase amigável.
É então que, como um filme silencioso, vejo teu semblante surgir na memória. Há tristeza, amargura, cansaço. Há um peso que não consigo explicar. Um nó, sobe pela minha garganta, apertando como se mãos invisíveis tentassem impedir que qualquer palavra escapasse. As lágrimas contidas, pedem libertação. E como finalmente permito que venham, elas deslizam pelo meu rosto e molham minha pele, levando consigo um pouco do que me sufoca. O sorriso que sempre esteve estampado em mim, desaparece – some sem aviso, como truque de ilusionista.
Sinto o frescor da manhã tocando meu rosto, como se fossem mãos suaves acariciando minha pele. A natureza ao redor transforma o espaço em um refúgio, um pequeno abrigo onde posso descansar meu corpo e aliviar a mente. Meus pés tocam de leve a água e, ao mínimo movimento, círculos se formam, desenhando imagens que lembram mandalas – figuras quase sagradas, que parecem guardar em si algo de cura.
Encontro ali um momento raro de paz, entre o vento que passa devagar e a correnteza da água. Não consigo explicar o que sinto, pois, naquele momento não preciso mostrar minha fortaleza. Continuo a observar a água, ouvindo o silêncio e pouco a pouco o mundo dentro de mim se reorganiza.
O Peso da Liberdade
Nunca fui totalmente livre. Sempre havia algo – ou alguém – que me amarrava. A sensação de liberdade e paz sempre existiu dentro de mim, mas com o tempo, tudo parecia ir por água abaixo. Lá estava eu, presa a compromissos que mascaravam a realidade, tentando me convencer de que eu era feliz.
Hoje, percebo que tudo aquilo era apenas uma forma de manter a união. Se fosse agora, jamais entregaria meu cem por cento. Nunca mais me deixaria para traz por completo. Daria apenas cinquenta por cento – o necessário, o justo.
Afinal, tenho a minha vida, meus compromissos, minhas vontades e meus ideais. E nada disso merece ser silenciado.
Carta sem endereço
Escrevi em linhas abertas o meu sentimento. Mostrei em palavras o amor que sinto. Escolhi um papel delicado, adornado com borboletas – símbolo de despertar, de alma e de espírito. Minhas mãos tremiam enquanto eu derramava sobre a folha todo meu afeto, meu carinho, minhas intenções.
A carta ficou pronta.
O problema é o endereço.
Não sei onde ele mora.
Talvez more nas lacunas escondidas do tempo, em algum canto perdido entre o momento e espera. Talvez viva dentro do meu peito, oculto nas entrelinhas do que ainda não foi dito.
Dobrei o papel com cuidado, coloquei-o em um envelope e guardei. Quem sabe, um dia, ele entre em contato – e eu possa entregar pessoalmente. Cartas assim, sem data, podem esperar em uma gaveta. E, se não chegar ao destinatário, ao menos aliviam o peso da alma que ama silenciosamente.
Rita Padoin
Escritora
Refúgio nas Linhas
Eu poderia me declarar, mas o medo de ser rejeitada me faz recuar. Não nasci para o desprezo – nasci para ser aceita, amada e adorada. São as minhas exigências como mulher. Trago em mim a convicção de que a mulher nasceu para ser amada, admirada e idolatrada. É a minha essência: romântica, inteira e sonhadora. Prefiro recolher-me em mim mesma do que receber um “não” ou um “talvez” sem coragem. Há dentro de mim um lugar sagrado, reservado ao amor e o amor, quando chega, precisa ser inteiro.
Eu poderia ligar, mandar mensagens, áudios – qualquer outra coisa revelando o que sinto. Poderia fazer surpresas, enviar músicas que tocam meu coração e minha alma, músicas que talvez tocassem a dele também. Eu poderia escrever uma carta manuscrita. Cartas a próprio punho são tão românticas –revelam a presença íntima de quem escreve, o perfume do papel, o calor das mãos que desenharam palavras amorosas. É como se o coração encontrasse refúgio nas linhas.
Há tantas formas de se declarar. No amor são infinitas as possiblidades. Eu saberia como fazê-lo, mas e se...e se desse errado? E se ele apenas achasse graça da minha declaração? E se não entendesse minha intenção? E se não sentisse o mesmo que eu? Esses “e se” ficam pipocando na minha cabeça e não me deixam seguir adiante. Deixam-me em polvorosa, só de imaginar-me tentando me declarar – e recebendo um “não” como resposta.
Preciso tratar esse meu ferimento interno. Cuidar da autoestima que, talvez, ande em baixa. Não sei responder às perguntas que me faço diariamente sobre esse medo da rejeição. Já pensei, repensei, tentei encarar o que pode ter acontecido num passado não tão distante. Tentei relembrar fatos que me deixaram assim, mas nada vem à mente. Talvez, eu precise reorganizar meu mundo interno, entender que é coisa da minha cabeça, que esse medo não existe de verdade. Talvez essa rejeição que sinto seja apenas fruto da minha imaginação. Talvez seja só isto. Talvez.
Talvez eu escreva uma carta ou mande uma mensagem me declarando. Amar é se arriscar. É colocar o coração na beira do precipício. E se ele dizer não, aceitarei, pois terei dito o que sinto – e isso, por si só, já é uma forma de liberdade.
Rita Padoin
Escritora
A Arte de Recomeçar
Dizem que, quando entramos em um mundo desconhecido e lá encontramos algo que permanece vivo dentro de nós, é porque o que vivemos ainda não acabou. Há ainda sentimento, há algo a ser desbravado. E nesses encontros que a vida insiste em nos apresentar, ficam peças para se encaixar, momentos a viver, reviver e encarar. Ficam histórias para contar, e esperamos ansiosamente o momento de terminar o quebra-cabeça – para, então, recomeçar um novo.
Vivemos em constantes mudanças: de humor, de comportamento, de atitude, de rotina, de aparência, de emoção. Há aquelas em que mudamos de casa ou de cidade. A de casa, basta chamar uma empresa especializada. A de cidade, comprarmos uma passagem e seguimos em frente. E quando decidimos mudar os móveis de lugar? Ah, essa é a mais fácil! Basta arrastá-los e, de repente tudo muda. O ar fica leve, o ambiente mais aconchegante. Percebemos que um simples gesto pode transformar o que parecia igual.
Existem também as mudanças climáticas e ambientais – essas, difíceis de encarar, pois não temos domínio sobre elas. E quanto as mudanças culturais e sociais? As de costume, de valores, de mentalidade, de paradigmas? Essas, depende de nós. A vida, generosa, vive estendendo um tapete vermelho para que caminhemos sobre ele e entremos nesse grande evento simbólico que é a mudança – um ato de prestígio e celebração. Mesmo com medo, acabamos encarando o tapete. Mudanças são assim: inesperadas, desafiadoras, às vezes doloridas, mas essenciais para que as boas novas entrem em nossa vida. Para isso, é preciso caminhar confiantes o tapete vermelho, de cabeça erguida, com coragem para enfrentar o novo sem medo.
As mudanças existem para isto – para nos ensinar a seguir em frente, sem saber o que vamos encontrar. O segredo é não temer. É viver plenamente tudo o que nos foi destinado – seja na vida profissional, seja no amor – com a atitude de quem entende que mudar também é uma forma de florescer.
Desejos Embalados
Tuas decisões estão a flor da pele
Teus desejos embalados por uma sacola
Medos e vontades aliados na mesma sintonia
Quantos desejos vão e vem!
Vê, ainda temos um caminho a seguir
Uma vida pela frente
O destino nos reservou esse enredo
Sê alguém com coragem
Vamos enfrentar esse medo juntos
Não adianta protelar
É o amor que nos chama.
O Dia do Poeta é um dia de celebração. Celebramos com aqueles que tem sensibilidade, ternura e sentimento em palavras. O Poeta tem a missão de despertar aos seus leitores o que eles têm de mais belo e mais sublime. Despertando a consciência e lembrando que as palavras têm poder de transformação e cura. Onde há poesia, há esperança e vida.
O Poeta tem o poder de dar vida às palavras.
Portas para o Infinito
Uma passagem e um caminho sem volta.
Momentos reflexivos e tempos de mudança.
São tantas portas!
Não sabemos em qual bater.
Dúvidas, pontos de interrogações, indecisões
E ansiedades no limite.
Cada porta um mistério
E um caminho diferente a seguir
São as portas para o infinito mundo
Das incógnitas e dos ocultos
Que só vamos descobrir entrando
E se arriscando a seguir sem medo.
Rita Padoin
Entender o que nos foi proposto é uma obrigação, pois fomos enviados para aceitar, lutar e vencer.
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