Do chão sofrido, com a poeira batendo no rosto, eu lembrava cada gemido do velho pau de arara. Era sede e dor, fome e desespero, e mesmo assim, no meio de tudo — um sorriso teimava em durar quase o dia inteiro.
Daquele poleiro enferrujado, a tradição ecoava os ecos de um tempo esquecido, suas penas tremulando ao ritmo do vento seco, como se ultrapassasse minha história, como se em cada frio errante guardasse um segredo enterrado sob as rachaduras deste suor que respira fadiga.
Meus irmãos, herdados da espera, seguram o ar como se pudessem abraçar a ausência e dar-lhe uma forma de esperança. E, no entanto, em meio à pausa, o sorriso persistia, forte como o sol que nunca desiste.
Porque às vezes a dor tem cores vivas, e a memória se refugia nos sons da pluma envelhecida, como se o papagaio e o eu, das almas partidas, fosse o mesmo reflexo de um mundo que insiste em cantar, mesmo de luto.
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A natureza vêm dando suas respostas a insanidade humana.
Lhe falta paciência e sobra ausência