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Monalisa Ogliari

Monalisa Ogliari

Sou escritora de poesias que transitam entre o lírico e o absurdo.

O silêncio é um espelho partido que indica um sinal de que a autoimagem se quebrou. Indica uma ruptura na psique análoga à dor do luto, em que jamais voltaremos a ser a mesma pessoa. A pessoa ausente sempre estará presente de alguma forma. Será sempre parte de nossa imagem. A verdade mente para poder ser ouvida porque a justiça humana é falha, como uma vidente com a bola de cristal quebrada. Para sempre fragmento. O nunca será jamais. O elo oculto entre um rio e uma carta não enviada se estabelece com um passado que nunca voltará, pois o rio segue sempre em frente e uma carta não enviada não mudará o destino das coisas feitas como um sonho esquecido que vai morar para sempre em nosso inconsciente.Morreria jovem a pretensão e viveria para sempre a justiça, que não pode ser ocultada por muito tempo. O amor adoece como uma perda por toda eternidade.
A mente humana tem cheiro de uma flor que desabrocha ao meio-dia. A palavra é invisível, mas pesa na boca. O cansaço é mudo, mas tem eco no corpo. Uma sentença é uma verdade questionável. O começo de tudo vem com uma explosão e acaba com o silêncio absoluto. Quem coleciona espelhos não confia em nenhum deles.

O silêncio é um espelho partido que indica um sinal de que a auto imagem se quebrou. Indica uma ruptura na psique análoga à dor do luto, em que jamais voltaremos a ser a mesma pessoa. A pessoa ausente sempre estará presente de alguma forma. Será sempre parte de nossa imagem.A verdade mente para poder ser ouvida porque a justiça humana é falha, como uma vidente com a bola de cristal quebrada. Para sempre fragmento. O nunca será jamais.O elo oculto entre um rio e uma carta não enviada se estabelece com um passado que nunca voltará, pois o rio segue sempre em frente e uma carta não enviada não mudará o destino das coisas feitas como um sonho esquecido que vai morar para sempre em nosso inconsciente.Morreria jovem a pretensão e viveria para sempre a justiça, que não pode ser ocultada por muito tempo.O amor adoece como uma perda por toda eternidade.
A mente humana tem cheiro de uma flor que desabrocha ao meio dia.A palavra é invisível, mas pesa na boca. O cansaço é mudo, mas tem eco no corpo. Uma sentença é uma verdade questionável.O começo de tudo vem com uma explosão e acaba com o silêncio absoluto.Quem coleciona espelhos não confia em nenhum deles.

O silêncio num mundo sem som seria descrito como um sapo com cor verde vibrante e que produz uma droga chamada vacina do sapo, que causa delírios e alucinações.


Um rio correndo para o céu levaria consigo as margens que o contêm e chegaria até a lua para que um dia ela seja habitada.


Carta da solidão ao tempo:
"Prezado tempo, tu me fizestes sentimento e me abandonastes desolada para sempre de minha origem."


Um livro que apaga palavras do mundo seria um livro feito de átomos quânticos, em que todas as realidades são possíveis, como o pensamento puro é água cristalina.


O amor é a ausência da solitude. É um não se bastar projetado no outro. É um lírio sozinho entre margaridas à beira de um lago.


Se a morte fosse como uma estação de trem invisível, estariam esperando na estação todos os que creem, porque morrer é viver para a vida eterna.


A música de uma árvore durante um eclipse seria uma árvore confusa observando o eclipse do meio dia, ao som de uma sonata.


A esperança é o último jasmim que sobrou.


A sensação de tocar um sonho esquecido é tocar no impalpável ao som de uma melodia inaudível, como um mar dominado pelos peixes.


O silêncio encarnado pode ser todos os sons que podem ser ouvidos, como um mar esverdeado refletindo uma luz alaranjada, com o som da suavidade.

Uma casa feita de ausências. Sua estrutura seria feita de silêncio e palavras não ditas.

Um relogio que demole o futuro está parado no passado, estrangulando o futuro e perdido do agora. Precisa de cuidados, dos futuros abortados, talvez alguns seriam preciosos.

A saudade circula em duas existencias. É abstrata. Circula entre corações e o universo. Tem sempre som de dor, daquilo que poderia ter sido e não foi, como uma flor açucena que morre antes de nascer.

O som de uma casa que nunca existiu tem som do momento que antecede uma demolição. Cheiro de passado desconstruído, perdido em pedras e poeiras.

Um homem que morreu e virou estrela em outra constelação vira saudade primordial.

Frases escritas por dois seres que não existem, mas se amam:Eu te amo com os olhos fechados ete enxergo em meus sonhos, onde te faço realidade em minha transcendência.

Um fastasma que não acredita na morte fala: Eis que venho para ficar, com a passagem só de vinda e a eternidade será minha velha companheira.

Uma estrela feita de silencio coincide com a explosão de uma estrela abundante de palavras. Vivem momentos existenciais opostos.

⁠O último eco antes do silêncio comer a si mesmo seria o som de um grilo, suave, natural, como quem ignora a linguagem.

Um espelho sonha que é agua. Quando acorda está inundado de peixes.

A cor do tempo é transparente e impede que o tempo conte mentira, limitando seu alcance sem precisar sangrá-lo.

Se a lógica fosse uma escultura de vidro, permaneceria intacta, para além da impossibilidade de voar. Se suas asas é a razão, ela impera soberana.

Um livro que lê o leitor, descobre um homem falho, cuja limitação remete ao ventre de sua mãe e se prolonga no infinito. O livro choraria de

O infinito ferido é um vaso perfeitamente restaurado, que humano nenhum vê onde ele se cortou.

Um oráculo sem voz aponta as rachaduras na pedra, como quem alerta o homem de suas rachaduras humanas.

⁠O silêncio rodeia o tempo, como quem se apropria de sua sombra. O silêncio tem fome do tempo, e o transpassa como quem implora por um minuto a mais.

O relâmpago para um estado de consciência é como um insight, uma ideia nova e original, que tem o poder de mudar o norte para o sul, o leste para o oeste.

Caminhar sobre a ausência é atravessar um deserto de silêncio e ouvir o eco das miragens. Caminhar sobre a ausência é atravessar a dor do vazio e ouvir o eco das palavras não ditas.

Ele me olhava e eu olhava para ele, como se fossemos espelhos um do outro. Um silêncio profundo refletia nossa conexão.

Cada cor tem um som. O amarelo tem o som de um girassol, o azul tem o som do céu e o verde tem o som das florestas.

Uma metáfora não existe no mundo físico.Mas é poesia latente.

A alma é uma grande rocha, densa, palpável, forte. De dentro da rocha nasce a linguagem.

Nos instantes não lembrados, mora uma lembrança, delicada.

⁠A linguagem nasce do silêncio. Sendo o silêncio denso como pedra, a linguagem é quando o silêncio extravasa. A linguagem é leve e natural, mas tem em sua raiz uma densidade profunda.

O tempo seria uma mistura de homem e lula, cabeça de homem e tentáculos de lula. Ele é manso e em cada tentáculo mora uma

Dionisio era o símbolo da loucura. Andava pelas matas e era seguido por viageiros errantes, lobos e cães. Ele nasceu duas vezes, uma delas da coxa de seu pai.

A palavra Enquanto encarna o agora sem esgotar a linguagem e nem contê-la.

⁠A ausência é o sal da vida, sua essência. A saudade é a expectativa do doce, quando ao paladar se apresenta o amargo. Ausência e saudade são faltas, que o ser humano suporta com resignação, de uma esperança que resultou inútil.

O tempo que não passa é uma fruta que não amadurece. É simbologia da estagnação, que leva à apatia e ao desespero. Todos os tempos fluem com a ação. A inação é a quebra da força vital.

Silêncio do cansaço é quando a retina se gasta com imagens que se repetem. O silêncio da contemplação é quando o silêncio pele um pouco de calma, para apreciar suas criações.

A memória é uma pulga que salta até quarenta vezes o seu tamanho. A memória é aquilo que ficou daquilo que passou. É um baú de lembranças que ao mesmo tempo alegra o coração ou o faz sangrar.

Lento é um nome poético para o vento, pois o vento é fluido e se vai de um canto a outro sem pressa. O vento calmo. Mas o vento pode ser potência destruidora, quando se embravece e brinca de arrancar casas e telhados.

Meu nome é solidão. Brinco com corações humanos, bombardeando-os de um silêncio absurdamente desconcertante. Meu objetivo é ver o homem se bastar.

O destino tem a cor dos meus olhos castanhos. Tem o amendoado dos meus olhos e me convida a rir ou chorar, no baile da sociedade ferida.

Se o amor fosse um labirinto seria o labirinto do Minotauro. O Minotauro encontraria-se em estado de paixão e seria incapaz de ferir até que a paixão passasse. Seguiria-se a realidade nua e bruta.

Ela nasceu nas fontes de água e morreu no deserto sem árvores. Ela era a antítese entre a abundância e a escassez. Renasceu como uma criança desconfiada, com a alegria do muito e o medo do nada.

Entre o céu e a terra havia um abismo que uma estrela cadente deveria atravessar, para o seu nascimento terreno. Era uma estrela em estado de epifania e nada podia temer. Era seu destino implacável.

⁠Relâmpago é para tempestade assim como a epifania é para uma descoberta, que faz os olhos verem o invisível e os pés suspensos no chão.

A chama queima o escuro da noite e a faz um estado da natureza que dança entre opostos complementares.

Vazio é quando a festa acaba e seu vinho ainda está pela metade.

O tempo é um pressentimento, que é uma intuição, que é um estado inominável.

Ela fazia do silêncio um artesanato fluido que atravessava a alma como um bisturi afiado, que operava o excesso de vazio na alma cansada.

A porta estava trancada como um livro fechado. Todos os mistérios ocultos.

Um ser se cala ao ser nomeado, pois seu ego está paz. Ao ser esquecido, grita com sua necessidade de existir nas palavras.


A raiz da árvore sustenta o tronco. A raiz quadrada é incompreendida pelos próprios matemáticos poetas, que não enxergam números, mas metáforas. A raiz de uma palavra é sua essência que grita, dizendo que chegou primeiro.

A linguagem em determinado momento estagna. A poesia dá nova voz à linguagem, com suas criações originais. A linguagem é um cardume de pequenos peixinhos.

O tempo passa arrastado como minha dor que não encontra sentido em nossa sociedade. Minha dor é o líquido que sai da fruta, quando colhida antes do tempo.

Todos os pensamentos que penso são únicos. Alguns pensamentos que todo mundo pensa são únicos.

Espelho é para rosto assim como silêncio é para linguagem. O espelho espera o rosto para refletir. O silêncio espera a linguagem para se transmutar em palavra.

A árvore precisa de tempo para amadurecer. Seu crescimento encontra analogia com o relógio que mede o tempo. A árvore simbólica cresceu em trinta e três minutos, contados no relógio.

A luz era o eco brilhando. Seu brilho revelava uma ferida na alma que se esconde em pântanos escuros.

Solidão é sinônimo de ausência e vazio. Um retroalimenta o outro. Solidão é ser a única árvore do deserto.

Ontologicamente a verdade não pode ser a mentira. Onde mora a verdade, há ausência de mentira. Onde mora a mentira, há ausência de verdade, como o fruto que não cai longe do pé. Essa explicação racional é limitada como uma árvore que não produz frutos. Sua missão é ser flor.

⁠Um espelho se quebra no escuro, apenas os átomos presenciaram o colapso. Simbologicamente, todo o universo é formado por átomos, que se reorganizam a cada desintegração.

Palavras são facas que cortam o silêncio de maneira irremediável. Textos são mísseis direcionados ao interlocutor.

O som de uma memória que nunca aconteceu se assemelha a gotas pingando de uma torneira que não existe.

Às vezes a alma se cansa e se aconchega em nosso colo, cujo único afago possível é o silêncio das palavras que nunca brotaram, mas escreveram um livro de memórias caladas.
Um relógio quebrado paralisa o tempo como o silêncio joga xadrez com as constelações.

Extacolia é um neologismo que mistura êxtase com melancolia. Ela se encontrava em um estado de extacolia e não sabia definir o que sentia.

O invisível tem o peso de uma pluma deslizando suavemente dos céus à terra, sem pressa de chegar, até porque ninguém veria.

No meio de uma casa abandonada havia um ninho de passarinho. Em vez de ovos, havia uma semente resistente, com sede de vida, que cresceria rompendo o telhado e se formaria como um imponente pinheiro. Todos os dias era Natal.

O inconsciente humano é um profundo oceano desconhecido, como a noite escura que absurda os corações aflitos, que não podem comer estrelas.

Se a linguagem fosse um corpo ela seria as mãos, esculpindo um ser humano capaz de pronunciar o silêncio das pessoas angustiadas com o grito histérico dos desesperados.

⁠A linguagem é um elemento no limiar da transformação, deixando de ser quem é e se transmutando em outro elemento, o ouro. Quando um homem passa debaixo do arco-íris, ele vira mulher.

Eu peguei o eclipse e fiz dele um pincel. Todas as vezes que eu pinto, os quadros são escuros e solares. São um fenômeno da natureza cósmica transcendente.

Uma régua serve para medir. Um copo serve para beber água. O indizível serve para silenciar.

O tempo que não passa e não fica pode ser traduzido como o tédio, sentimento que descarta todas as possibilidades da criação. O tédio não passa nem fica, ele come as beiradas da lucidez, num grito rouco, sem forças para se comunicar.

A verdade é uma fruta aberta por um pássaro. Ele se torna dono de sua suculência.

O homem comia o fruto, e sua seiva era meliflua. O que era meliflua, o fruto ou o homem?

Um espelho que visse essência refletiria as grandes questões existenciais do ser humano: a angústia, a alegria, a pressa, a calma, a vida e a morte.

O tempo caiu no abismo, mas não morreu. O silêncio o sustentou em sua queda, para que o tempo não se extinguisse.

Só quem já se perdeu de si olha o mundo como exaurido, nada mais lhe pertence. Em seu descontrole perdeu a capacidade de lidar com a complexidade da vida. A dor do vazio se apresenta, mas se restaura ao ver um filho criado. Eu sou além de mim mesmo.

⁠O tempo é um filtro que só deixa passar as palavras puras, próprias para consumo.

Memória é para o passado assim como a imaginação é para a alma viva das estações, dos momentos oníricos e da brutal realidade do ser.

Só quem convive com a solidão aprecia uma verdadeira companhia.

Angústia que nasce da beleza é como o filhote de pássaro, que nasce despejado, frágil e se transforma em um lindo flamingo rosa.

O pensamento criativo flerta com o infinito, mas não pode ultrapassar a atmosfera.

A escova de dente é como uma mãe lambendo o rosto de seu filhote — no caso, é a saúde bucal.

O vazio sobra
Aquilo que se fragmentou
O desejo alcança
O além da esperança.

Ela esperava o sol esfriar para aquecer o café. Esperar o sol esfriar é torná-lo sujeito onisciente, para o momento certo de aquecer o café — convite para que a comadre se aproxime e compartilhe esse momento.

Melflorar — mistura de mel e florescer. Quando o mel está no ponto de ser colhido e reiniciar o ciclo.

Impermanência é acompanhar o crescimento de um filho em todas as suas etapas.

⁠A verdade para um ser feito de mentiras é um gato que nunca nasceu nem nunca morrerá.

Traaa e se quebrava o espelho do sonho.

O pensamento que o mundo não está pronto para ouvir nasce como um ovo no ninho de um animal mamífero.

O coração que ama o impossível é um homem grávido, enquanto sua mulher espera um filho.

O vazio que habita o ser humano é um balão preso na garganta.

O céu de quem perdeu toda a esperança é um universo colorido de estrelas que o homem não enxerga.

O nascimento ao contrário é um feto parindo sua mãe.

Antes de ser dita, a palavra precisa ser criada. As palavras nunca se repetem, elas são sempre um ser humano nascendo com suas únicas impressões digitais.

A dor que não cabe no corpo nem na linguagem é um pássaro que nunca pousa.

A dança de dois silêncios que se amam é a mãe olhando o filho pela primeira vez.

⁠Sua alma calada é uma fruta de plástico.

O agora eterno era um relógio sem bateria.

O amor sem liberdade é um homem preso ao corpo.

Uma flor que nasce do silêncio era um gesto que só o tempo entendia.

A lucidez em demasia é a distorção da realidade em estado de insanidade.

Quando ninguém a observava ela ria com os ouvidos.

A cor da ausência é transparente e quando preenchida é um prisma de arco de íris.

A lágrima interna molha a alma.

Páaa é o som do impossível absurdo.

Se a linguagem evaporasse ela nascia de novo na chuva das palavras.

⁠O homem calmo, que expressava suas ideias com serenidade, tornou-se um cão raivoso, que mordia as barbas do vento. Isso aconteceu em um momento de implosão, em que lavou seu rosto no lago da iniquidade. Tudo era tarde demais para amanhecer.

Quando a linguagem falta, os homens se comunicam com o olhar denso demais para não ser reconhecido. E todos os gestos comunicavam brandura ou irritação. Há sempre uma forma de dizer o que escapa da alma, como repartir o pão na hora da fome.

O amor atinge um limiar em que já não é possível voltar atrás. Quando se excede, o amor se desmancha como uma avalanche que não pode mais conter a terra em seu estado de deslizar para além de si mesmo.

Tudo o que é demais se excede, como um galho turvo pelo peso dos frutos. Tudo o que é demais falta, como um tempo gélido que queima a ponta dos significados abstratos e abissais. O equilíbrio é o ponto dos extremos. É o zero absoluto.

Uma alma recém nascida se espanta com o pensamento, tão novo quanto original. Pensa o que é natural, se faz frio, se faz calor, se a vida é um lugar agradável de se viver. Enquanto isso recolhe-se no ninho da alma e apenas absorve o absurdo.

Uma casa feita de memórias certamente seria um palacete, com grandes quadros na parede remetendo a lembranças fortes como o sol do meio-dia. Em um trono real se sentaria e pensaria: “Eis que existo”.

O amor que não pode existir é como um abacate nascido de um pé de manga. Tudo é estranheza inadmissível. O amor como resistência do que não pode ser. Seus filhos nasceriam do caos e existiriam mesmo em meio à inexistência.

Ele fazia mil planos, construiria mil projetos. Edificaria um reino e faria plantar árvores novas, mas suas mãos gélidas provavam que o seu corpo já não vivia e o vazio se fazia como única existência possível. A morte em vida, ou a vida em morte, povoada de realizações sonhadas.

Ele pensava e para cada pensamento corria uma gota de sangue de sua cabeça, parecia calor, mas era sangue e o esvair da vida. No entanto, permaneceria vivo, haja vista que os pensamentos eram infinitos e o sangue simbolizava que eles estavam vivos.

Ele nasceu com a missão de carregar o silêncio do mundo, mas não imaginava que seria tão leve, já que as bocas frenéticas não paravam de dizer palavras e, como na torre de Babel, ninguém se entendia. O mundo estava habitado de ruídos, da linguagem que traduzia o incomunicável desespero das almas que não se entendem.

⁠O tempo é uma roupa com saudade do algodão.

Entre eles havia o silêncio que antecedeu o big bang.

A porta estava aberta, mas ele não sabia mais sair.

Ele chorava a despedida, mas sua amada segurava sua mão.

Ele era uma bomba atômica com a aparência de um filhote de gato.

Ele era um feto em estado permanente de gravidez.

Ele construía uma escultura na areia como se fosse de bronze.

Ele tinha palácios, mas as camas eram feitas de espinho.

Ele tentava dizer, mas não tinha gesto nem cordas vocais. Estava paralisado como uma estátua.

O amor era tão profundo que a não reciprocidade anunciava a morte do sujeito que ama.

⁠Quando um espelho começa a duvidar de sua própria imagem ocorre uma transmutação. Ele deixa de ser um objeto e se torna um ser onisciente. Então só reflete aquilo que lhe apetece.

O tempo são os quatro elementos primordiais: terra, água, fogo e ar. Ele se camufla conforme as estações. O tempo é como um livro, sujeito a várias interpretações conforme o tempo histórico e onírico.

Um rio sonha com a palavra autocompaixão, que é um modo de olhar para si com gentileza. Então o rio aprecia suas águas, suas margens e seu jeito de estar no mundo, belo e necessário como todo elemento da natureza.

Quando os olhos do mundo se fecham há uma morte simbólica da maneira de como o mundo se vê. As pedras aprendem a flutuar como quem pode ser qualquer outra coisa, talvez pedras que levitam, pedras de vento. Tudo assume um novo papel e o mundo é tomado por uma lógica nova. O planeta azul adquire novas cores.

Quem tudo quer, nada alcança. Em terra de extremos, o mínimo é pouco e o máximo extrapola.

A ausência tem a cor preta. Ela absorve todas as cores. A ausência é uma espera, entre o azul e a esfera, como o amarelo de cada fera. Todas as cores na estratosfera.

Um livro foi escrito por estrela cadente e contava como é viajar pelo universo e ao cair na terra narra o seu espanto ao conhecer nossa diversidade como quem conhece uma divindade. Uma viagem cósmica com destino ao planeta azul, seu oceano, suas árvores e montanhas. É uma estrela que se apresenta apaixonada pela Terra, povoada de homo sapiens. É tudo uma grande novidade inusitada.

Após um grande colapso interno surge a palavra oi, como cumprimento e como pergunta sobre o que aconteceu. Do oi derivam todas as palavras. Após o colapso surge a linguagem, lírica e palpável.

Acontece o efeito borboleta, quando qualquer ação pode desencadear um conjunto de reações inesperadas. O bater das asas de uma borboleta pode fazer um vulcão entrar em erupção. Tudo pode acontecer em um piscar de olhos.

Quando a palavra se desfaz ela vira uma estrela. As palavras nunca morrem, sempre se transformam e reverberam no universo.

⁠O mundo é feito daquilo que vemos e daquilo que nossa visão não alcança. O reino do invisível paira no ar como uma entidade. Em momentos de sonho ou transcendência podemos vislumbrar um átomo de sua existência, mas não podemos manipular o invisível com as mãos. O invisível é o que é: invisível. E possuem raízes nas palavras impronunciaveis, na gramatica aleatória do infindável. Está lá no invisível tudo que você quis dizer e calou. O invisível é o silêncio do não dito, perdido para sempre na vontade calada. Mora no reino do invisível aquela dor impronunciavel, que afogou dentro de nós. Mora aquele amor inalcansavel, aquela saudade que rasga o peito, mas se apresenta contida, como se fosse muito bem educada. Moram no Reino do invisível nossas loucuras mais esdrúxulas, explosivas, mas que se apresentam como um manso cordeirinho. Nunca chegava ao fim essa lista, mas é nas raízes do invisível que transformamos toda nossa subversão em conformidade. No mundo real eu sou um gatinho. No Reino do invisível eu sou uma pantera. Tantas coisas falaria desse Reino e de mim. Mas por basta, no Reino do invisível eu grito e canto. Mas no Reino do agora eu sou apenas uma pacata cidadã.

⁠Quando a alma se recolhe em silêncio absoluto, o tempo fica suspenso no ar. Ele não se move, nem para frente, nem para trás. Fica inerte, pois é a alma que dá vida ao tempo. Bailam ensinando ritmo à vida.

Nos zoológicos animais aprisionados sobrevivem sem alegria. Cercados, mudados, são privados de sua vida natural. É um espetáculo lúgubre para pessoas sem consciência que admiram a tortura lenta e arrastada de seres que, com vida, já não vivem.

Ela se vestia de ausências para não ser tocada. Ela se exímia de significado para que mãos intrusas não a violassem. Ela era feita para ser apreciada, tocada apenas por olhos sensíveis.

Lembrar é trazer para o presente uma pintura renascentista. Ressuscitar é pintar a própria renascença, novamente com força original. Lembrar é uma forma vulgar de retomar imagens. Ressuscitar é recriar a realidade extinta com as cores da simbologia.

Esperançar é a mistura de esperança e esperar. Não é um neologismo estático, passivo, pois a esperança aponta para a urgência, para a solução. Esperançar é esperar no agora, no momento oportuno, em que cada palavra encontra a sua ressonância.

Uma ponte feita de palavras não ditas é o mesmo que uma ponte feita de sussurros. As palavras não ditas vibram e transportam o significado de uma parte a outra. Pontes são sempre ligação entre o afirmado respondendo o não dito.

Todo finito contém o infinito. O infinito grandioso, imponente, materializa-se no finito. A linguagem é infinita e se recria a cada instante, já a palavra é finita, mas carrega em sua essência o infinito. O universo é infinito, mas o ser humano é finito. Dentro do ser humano cabem todas as estrelas e o universo. Há uma dialética entre o infinito e o finito.

Há um relógio que marca as horas do coração. Quando ele para o coração sente algo como a indiferença, e tanto faz viver quanto morrer, no coração inerte nada pulsa. Apenas os sentimentos podem consertar esse relógio, seja a compaixão, o amor, a amizade. Os dois em sincronia marcam o pulsar da vida.

Há uma constelação que simboliza a mente de alguém que pensa demais. Chama-se Além Mundo. É uma constelação que sempre se alimenta de pensamentos e questionamentos. É para lá que vão as almas cansadas da vida terrena.

Há uma dança entre o que se sente e o que se pode dizer. Tudo pode ser dito, mas tudo convém. O que queremos dizer mora em pedaço do cérebro que morre de inanição das palavras não ditas. Quantas palavras de amor eu falaria se houvesse eco em ouvidos sensíveis, mas elas se encontram caladas, encarceradas em nossos sonhos não permitidos.

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Carta da solidão ao tempo:
"Prezado tempo, tu me fizestes sentimento e me abandonastes desolada para sempre de minha origem."


Um livro que apaga palavras do mundo seria um livro feito de átomos quânticos, em que todas as realidades são possíveis, como o pensamento puro é água cristalina.


O amor é a ausência da solitude. É um não se bastar projetado no outro. É um lírio sozinho entre margaridas à beira de um lago.


Se a morte fosse como uma estação de trem invisível, estariam esperando na estação todos os que creem, porque morrer é viver para a vida eterna.


A música de uma árvore durante um eclipse seria uma árvore confusa observando o eclipse do meio dia, ao som de uma sonata.


A esperança é o último jasmim que sobrou.


A sensação de tocar um sonho esquecido é tocar no impalpável ao som de uma melodia inaudível, como um mar dominado pelos peixes.

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A mente humana tem cheiro de uma flor que desabrocha ao meio-dia. A palavra é invisível, mas pesa na boca. O cansaço é mudo, mas tem eco no corpo. Uma sentença é uma verdade questionável. O começo de tudo vem com uma explosão e acaba com o silêncio absoluto. Quem coleciona espelhos não confia em nenhum deles.

O silêncio é um espelho partido que indica um sinal de que a auto imagem se quebrou. Indica uma ruptura na psique análoga à dor do luto, em que jamais voltaremos a ser a mesma pessoa. A pessoa ausente sempre estará presente de alguma forma. Será sempre parte de nossa imagem.A verdade mente para poder ser ouvida porque a justiça humana é falha, como uma vidente com a bola de cristal quebrada. Para sempre fragmento. O nunca será jamais.O elo oculto entre um rio e uma carta não enviada se estabelece com um passado que nunca voltará, pois o rio segue sempre em frente e uma carta não enviada não mudará o destino das coisas feitas como um sonho esquecido que vai morar para sempre em nosso inconsciente.Morreria jovem a pretensão e viveria para sempre a justiça, que não pode ser ocultada por muito tempo.O amor adoece como uma perda por toda eternidade.
A mente humana tem cheiro de uma flor que desabrocha ao meio dia.A palavra é invisível, mas pesa na boca. O cansaço é mudo, mas tem eco no corpo. Uma sentença é uma verdade questionável.O começo de tudo vem com uma explosão e acaba com o silêncio absoluto.Quem coleciona espelhos não confia em nenhum deles.

O silêncio num mundo sem som seria descrito como um sapo com cor verde vibrante e que produz uma droga chamada vacina do sapo, que causa delírios e alucinações.


Um rio correndo para o céu levaria consigo as margens que o contêm e chegaria até a lua para que um dia ela seja habitada.


Carta da solidão ao tempo:
"Prezado tempo, tu me fizestes sentimento e me abandonastes desolada para sempre de minha origem."


Um livro que apaga palavras do mundo seria um livro feito de átomos quânticos, em que todas as realidades são possíveis, como o pensamento puro é água cristalina.


O amor é a ausência da solitude. É um não se bastar projetado no outro. É um lírio sozinho entre margaridas à beira de um lago.


Se a morte fosse como uma estação de trem invisível, estariam esperando na estação todos os que creem, porque morrer é viver para a vida eterna.


A música de uma árvore durante um eclipse seria uma árvore confusa observando o eclipse do meio dia, ao som de uma sonata.


A esperança é o último jasmim que sobrou.


A sensação de tocar um sonho esquecido é tocar no impalpável ao som de uma melodia inaudível, como um mar dominado pelos peixes.