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Jorgeane Borges

Jorgeane Borges

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Minha arte é resistência, conexão e legado: um olhar que fala de vida, dor, beleza e recomeços.Meus textos são fragmentos de mim, ecos que permanecem como uma consciência. Escrevo para quem sente fundo, para quem busca se reconhecer nas entrelinhas e

O Lar que Carrego


Não sou ponte para todos atravessarem, nem porto seguro para cada vento.
Meu caminho se mede em detalhes, e é nos detalhes que alguém se aproxima ou se perde.
Há quem tente pousar sem perceber que não me posso dividir; sou inteira, como rio que não aceita leito pela metade.


Entrego-me aos que vêm com coragem de tocar a profundidade, de sentir o invisível no silêncio de um olhar.
Minha presença não é apenas companhia, é chão e abrigo, sombra e luz, algo que se reconhece e se respeita.


Não se prende quem me encontra, mas se escolhe quem se atreve a navegar meu território de leveza e paz.
Quem insiste sem ver, desvia; quem entende, permanece.
Não carrego culpa nem fardo, carrego lar—porque lar não é lugar, é essência, e minha essência é rara.


E aqueles que merecem meu tempo, meu riso e meu abraço, sabem: o paraíso não se dá, se descobre.

Nos detalhes habita a sutil beleza,
Que a olhos nus nem sempre se revela;
Só quem traz alma em seu olhar, com certeza,
Percebe o que a vida silenciosa sela.


O tempo passa e esconde sua leveza,
Entre gestos, suspiros e aquarela;
Mas o coração atento à sutileza
Transforma o instante em eterna janela.


Pois há segredos que só o sentir descobre,
E segredos que só o olhar sabe tocar;
A vida inteira é arte que se cobre,


E nos pequenos sinais vem se mostrar.
Quem vê com alma entende, não se encobre:
Nos detalhes, a beleza quer se doar.

Como te aconselhar senão pelas palavras que escutei aqui dentro de mim?
Hoje percebi que há coisas que não se resolvem com pressa. Existem silêncios que não aceitam atalhos, e processos que só o tempo sabe conduzir. Esperar, às vezes, é o único caminho, mesmo quando a ansiedade tenta nos empurrar para frente.


Aprendi que atropelar o ritmo natural das coisas traz arrependimentos depois. O que é forçado volta a cobrar paciência; o que é ignorado se transforma em peso. Permitir que a vida tenha seu próprio compasso é, no fundo, um ato de coragem.


Cheguei a essa conclusão depois de muito me ouvir. Talvez não sirva para você. Mas, se em algum momento essas palavras encontrarem eco no seu coração, já terão cumprido seu destino.

Sempre foi pra sempre. Há encontros que o tempo não desgasta, correntes que seguem firmes mesmo quando invisíveis. O que é verdadeiro não precisa de pressa: per... Frase de Jorgeane Borges.

Sempre foi pra sempre.
Há encontros que o tempo não desgasta, correntes que seguem firmes mesmo quando invisíveis. O que é verdadeiro não precisa de pressa: permanece, atravessa, retorna.

Eu deixo a maré subir até cobrir tudo.
Não me apresso a segurar o que a água leva.
Deixo que o sal lave o que não serve mais,
mesmo que, por um instante, pareça que nada reste.


Quando a água recua,
vejo o que brilha no fundo:
fragmentos de conchas, pequenos lampejos de vida,
tesouros que só aparecem depois da tormenta.


Não é preciso contar o que a corrente arrastou.
Basta o que ficou,
a beleza simples que resiste
e que só se revela quando o mar se acalma.

Hoje eu coloco diante de Ti, Deus que governa o Universo, cada centímetro do lar que preparo em meu coração.
Que a varanda seja abrigo de brisa e orações, rede que acolhe silêncios, plantas que respiram a Tua criação.
Que a sala tenha o aconchego de um abraço: sofá claro, luz amarela, cortinas dançando com o vento, perfume que anuncia paz.
Que a cozinha seja mesa posta para encontros, onde eu e meu filho partilhamos risos, músicas e gratidão.
Que os quartos sejam refúgios de descanso, com janelas abertas para a vida e para a Tua presença.
Que a casa inteira exale limpeza, alegria, cheiro de começo.


Profetizo liberdade para meu filho: que ele caminhe seguro, que conquiste a habilitação, que o automóvel chegue como símbolo de novas estradas e possibilidades.
Que nada do antigo peso permaneça, nem poeira de memórias que feriram.
Que cada dia nesta morada provisória seja etapa de cura, preparando-nos para a casa definitiva — erguida do zero, estruturada pela Tua mão, testemunho vivo da Tua Palavra.


Declaro, em fé, que o Universo ecoa o Teu comando.
Que os anjos digam amém, que as portas se abram, que a vida floresça.
Tudo vem de Ti, Dono do ouro e da prata, Aquele que constrói e recria.
Recebe este sonho, Senhor, e devolve-me em realidade.
Que este lar, presente e futuro, seja morada de luz, de paz, de recomeço, para sempre.

A cada esquina da alma, existe um território sem mapa.
Lá não chegam bússolas, nem calendários, nem vozes apressadas.
É um lugar onde o instante se desfaz antes mesmo de ser lembrança.


Quem ousa atravessar esse espaço percebe:
não há chão firme, apenas fragmentos suspensos, como se o tempo tivesse desaprendido a andar.
E nesse intervalo, entre o que se é e o que já não cabe, o corpo respira uma ausência que não tem nome.


A vida continua do lado de fora — carros, pregões, crianças, a pressa de sempre.
Mas aqui dentro tudo corre em outra velocidade, como se o relógio tivesse se cansado.
Nada dói e nada cura, apenas permanece, num silêncio espesso que se confunde com ar.


É curioso como o mundo insiste em pedir certezas,
quando, na verdade, somos feitos de incertezas que se costuram mal.
Talvez o único gesto verdadeiro seja aceitar a própria incompletude,
como quem carrega uma cicatriz invisível que ainda assim pulsa, mesmo quando ninguém vê.

Amanheceu.
E o dia, indiferente, abriu as janelas do mundo como quem não sabe da ausência.
As pedras da rua não guardaram os passos de ontem; a feira já se enchia de vozes, e o barulho dos sacos plásticos abafava qualquer lembrança.
Ninguém reparou que havia um vazio a mais no caminho — o vazio nunca chama atenção, ele apenas existe.


A vida não para para velar dores.
Ela mastiga rápido, engole em seco, e segue adiante como se nada tivesse acontecido.
O coração que ontem batia, hoje não pulsa mais, mas os relógios continuam impassíveis, ticando segundos.
É cruel: o tempo não tem luto.


Há quem espere que a memória seja abrigo, mas a memória também cansa.
Logo, o nome se perde no meio de tantos outros, o rosto se dissolve em poeira de esquina, e o silêncio se torna o único registro.
Tudo volta ao fluxo, como se nunca tivesse sido.


Talvez seja essa a verdade mais dura:
ninguém é insubstituível na pressa do mundo.
E, ainda assim, dói pensar que um gesto tão definitivo se apague com a mesma facilidade que uma pegada na areia.

Lamento


As noites me atravessam como lâminas cegas.
Não cortam de uma vez, mas deixam a carne cansada.
Fico imóvel, presa num corpo que respira
sem me perguntar se ainda quero estar aqui.


A dor não grita mais.
Ela se aquietou como fera domesticada,
um silêncio úmido que escorre pelas paredes.
Choro sem lágrimas, sangro sem ferida,
vivo sem presença.


Há um vazio que pesa.
E pesa tanto que até o gesto mais simples,levantar a mão, virar a chave, abrir a boca
parece impossível.
O tempo me olha e ri:
sou prisioneira de segundos que nunca passam.


Não há música, não há claridade,
não há nem mesmo o consolo do choro.
Só a anestesia.
Um torpor que me segura pela garganta
e me faz existir em estado suspenso,
como quem vive de ausências.


Ainda assim, respiro.
E talvez esse seja o maior dos lamentos:
continuar aqui,
mesmo quando já me despedi tantas vezes de mim.




Jorgeane Borges
8 de Setembro de 2025

O que me nutre é a esperança
(mesmo minúscula)




Há dias em que a mente para e o corpo permanece aceso — aceso de impossibilidade.
Penso com precisão cirúrgica, mas não atravesso o quarto.
O chuveiro vira montanha, o cabelo vira florestas que não domino,
a pia é um mapa de guerras que não escolhi lutar.
Abro a geladeira e nada combina com nada;
as panelas, como constelações desconhecidas, me olham de volta.


Eu sei o que fazer.
Eu só não consigo começar.


De fora, pedem senha: “Fala. Pede ajuda. Sorri.”
Quando falo, dizem que me exponho; quando calo, dizem que me escondo.
Se aceito convite, tenho medo de ser peso; se recuso, pareço descaso.
Não é orgulho. Não é ingratidão.
É que o corpo virou freio de mão num carro em descida.
E eu, para não atropelar ninguém, puxo mais forte — e paro.


Meu avô sussurra de um lugar antigo:
“Veja onde deposita a confiança.
O melhor amigo do seu melhor amigo… não é você.”
Aprendi a guardar as palavras para que não me devolvam em lâminas.
Mas guardar também dói — o silêncio incha, aperta, afoga.


Dentro, uma assembleia: anjos e demônios.
Os anjos falam baixo: “Respira. Existe um depois.”
Os demônios gritam com provas: a bagunça, o atraso, a lista de não feitos.
E eu, no meio, tentando não me perder dos dois.
Não são eles que me nutrem; se algo me sustenta, é outra coisa —
um fio de luz quase microscópico,
uma esperança que cabe entre a unha e a pele,
mas que ainda assim puxa o meu nome de volta para mim.


Às vezes olho para frente e só vejo um eco.
Não me reconheço no futuro que inventaram para eu caber.
A estrada é reta, sem desvios: seguir — arrastando ou não.
E, na beira da estrada, um abismo bonito demais.
O desejo de pular tem cores. A vista é linda.
Eu sei. Eu vejo.
Mas fico.
Fico pelo quase, pelo mínimo, pelo que ainda pode nascer do pó.


Há também a casa — esse espelho ampliado.
O acúmulo desenha no chão a cartografia da minha exaustão.
Cada objeto fora do lugar me aponta que falhei em existir.
E, ainda assim, entre a louça e o cansaço, às vezes encontro um gesto respirável:
um copo lavado.
Um fio de cabelo preso.
Uma toalha estendida como bandeira branca.
São pequenos tratados de paz com o dia.


Eu não sou o centro do mundo — e isso, por vezes, me salva.
Penso no outro antes de pedir.
Não quero ser fardo, não quero ser vitrine, não quero ser caso.
Mas também aprendi: quem quer ajudar, chega sem barulho,
senta no chão da minha sala, não corrige meus mapas,
e, se nada puder fazer, empresta o silêncio — aquele que não julga.


Escrevo para não me perder de mim.
Se um dia eu cair, que esta página seja pista: lutei mais do que pude.
Se eu ficar, que estas linhas sejam prova: a esperança, mesmo minúscula, ainda alimenta.
E se amanhã for só um pouquinho mais macio do que hoje,
já terá sido milagre suficiente.


Não prometo grandiosidades.
Prometo o próximo gesto possível:
abrir a janela;
encostar a testa no azulejo frio;
deixar a água tocar a nuca como quem batiza;
pentear um nó;
lavar um prato;
responder “talvez” a um convite;
aceitar um abraço que não pergunta nada.


Eu caminho dentro de uma fé tímida — às vezes vacilo, às vezes desacredito.
Olho para o céu e digo: “Se houver um Deus, que me veja quando eu não consigo.”
E quando não sinto nada, ainda assim repito — por teimosia, por pequena ousadia.


Se amanhã eu não chegar inteira, me perdoa.
Se eu chegar, celebra comigo esse quase invisível triunfo:
o fio de vida que atravessa a noite e acende um ponto no escuro.


No fim, é simples e é imenso:
o que me nutre é a esperança.
Por mais minúscula que seja.






Jorgeane Borges
06 de Setembro 2025

Bota na conta do amanhã.
O que não pude sentir, o que não coube no peito, o que doeu demais para existir no hoje.
Talvez o amanhã saiba carregar melhor do que eu, talvez o tempo encontre lugar para o que agora me sufoca.


Porque há dias em que viver já é pagar caro demais, e sobreviver se torna a única forma de não quebrar por completo.
Então, deixo que o amanhã seja meu credor, mesmo sem garantia de que eu esteja lá para quitar.


E se eu não chegar, ao menos deixo registrado: não foi preguiça de viver, foi excesso de sentir.

Pedagogia do Acolher


Chegou mais um setembro e, com ele, a vitrine de frases prontas que me atravessam sem me enxergar. Falam para eu falar — como se a minha voz não estivesse há tempos espalhada em palavras, imagens, silêncios e olhares. Eu avisei. Não busco atenção; busco sentido, presença, mãos que não soltam.


O que me revolta não é a cor do mês, é a direção do dedo. Campanhas apontam para quem está afundando, quando quem precisa de formação é quem está na margem. O depressivo não precisa de cartaz; precisa de quem saiba ler sinais: o brilho que apaga, o sorriso que desencaixa, o corpo que fala — cabelo que cai, peso que some, vitalidade que se ausenta. Precisa de quem saiba chegar sem invadir, ouvir sem consertar, acolher sem prescrever. Às vezes, salvar é só sentar ao lado e dizer com o corpo: “estou aqui”.


Falar nem sempre é possível. Por dentro, a mente é um labirinto: ideias desordenadas, sentimentos sem moldura, cansaço que pede anestesia da dor — não o fim da vida. O que nos sustenta, muitas vezes, é o descanso de um abraço, o cuidado que não cobra explicação, o silêncio que não abandona. Ensinem isso: a presença que não exige performance de melhora; a escuta que não transforma confissão em sermão; a delicadeza de perguntar “como posso estar com você?” e aceitar que, naquele dia, a resposta seja apenas chorar.


Também me fere a homenagem tardia. Velórios cheios, redes lotadas de amores eternos — e o vazio de tudo o que não foi dito quando ainda dava tempo de ouvir. Eu não quero discursos depois. Quero humanidade antes. Se houver propósito em minha voz, que seja tocar uma pessoa que esteja aqui agora, e não multidões quando eu já for ausência.


Setembro, para mim, só fará sentido quando deixar de treinar o depressivo para “se explicar” e começar a educar o entorno para reconhecer, acolher e agir. Ensinem a identificar sinais, a construir rede, a acompanhar até o serviço, a ligar no dia seguinte, a cozinhar um prato simples, a varrer o chão do quarto, a segurar a mão — e não soltar. Ensinem que “força” não é cobrança, é companhia. Que fé não é atalho, é abrigo. Que esperança, às vezes, cabe em vinte minutos de silêncio compartilhado.


Eu sigo deixando vestígios — nas pessoas, nos cantos, no papel, nas imagens. Minha voz não precisa de multidões para cumprir seu propósito. Se alcançar um coração e lhe oferecer descanso por um instante, já valeu a jornada. E, enquanto eu estiver aqui, repito: não é fraqueza, é exaustão; não é espetáculo, é sobrevivência; não é drama, é dor. O que peço não é palco. É presença.




#setembroamarelo

Morri E ninguém percebeu.

Não foi uma vez só, foram várias, em silêncios que ninguém percebeu.
Morrer, às vezes, é apenas calar por dentro, deixar que pedaços se apaguem em meio ao barulho do mundo.


Escrevo porque ainda me resta esse fio, essa voz que insiste em existir, mesmo quando o corpo pede descanso e a alma se retrai.
Escrevo para me deixar — pedaços de mim, sementes de memória, rastros do que fui e do que sou.
Escrevo porque sei que, um dia, talvez eu suma de vez, e não quero que o nada seja a única herança do meu existir.


Que as palavras fiquem como quem acende uma vela na escuridão: não para espantar a morte, mas para que a vida ainda seja lembrada em sua delicadeza e em sua dor.

Não adianta entreabrir a porta se o medo ainda impede os olhos de encarar a luz que insiste em entrar. A claridade não pede licença, ela apenas espera que você permita que ela invada e transforme.


Também não adianta convidar quem nunca teve a intenção de permanecer. Há pessoas que batem à porta apenas de passagem, como visitas que deixam rastros leves, mas não constroem morada. São presenças breves — e é preciso aprender a deixá-las partir, sem pesar, sem cobrança, apenas com a gratidão do instante que trouxeram.


Cada um tem seus próprios caminhos a trilhar. E, talvez um dia, alguém chegue não apenas para visitar, mas para ficar. Esse alguém trará consigo o tom da saudade, como se sempre tivesse pertencido àquele espaço, mesmo antes de chegar. Será presença que não pesa, que não se anuncia como novidade, mas como reencontro.


Porque há chegadas que são como retorno, e almas que parecem nunca ter estado ausentes.

Assim como as velas se abrem ao vento, deixo-me guiar pelo invisível que move o visível, certa de que cada travessia encontra seu destino.

Ser referência é mais do que ser visto.
É lançar sementes silenciosas, tocar vidas sem perceber.
É força e fraqueza entrelaçadas, esperança que inspira quem se afoga em seus próprios dias.
Rafael Fernando transformou meu olhar em arte — e, nesse gesto, me lembrou que tudo que vivemos reverbera.
Ser referência é isso: florescer, mesmo sem saber quem colhe.

Um troféu não é apenas um troféu.


Ele é memória viva. É a prova de que você superou seus medos, venceu suas limitações e alcançou um lugar que, talvez, um dia tenha parecido impossível.


Esse objeto, que muitos chamam de simples tralha, carrega dentro de si noites mal dormidas, lágrimas escondidas, renúncias silenciosas e aquela força que você descobriu em si quando pensava não ter mais nenhuma. Ele não brilha apenas por estar em uma estante; ele brilha porque é reflexo do seu esforço, da sua entrega, da sua persistência.


Um troféu é a lembrança palpável de que você pode ir além.
Em dias de desânimo, basta um olhar para ele e tudo volta: o frio na barriga, o coração acelerado, o sabor da vitória, o abraço recebido, o orgulho nos olhos de quem acreditou em você. Ele é símbolo de quem você já foi capaz de ser — e, portanto, é promessa do que ainda pode conquistar.


Troféus, medalhas, diplomas… nada disso é entulho.
São marcas da sua caminhada, lembranças que te lembram de si mesmo. Eles não falam de objetos, mas de histórias. Histórias que dizem: você conseguiu.


E quando duvidar de novo, basta lembrar: você já foi capaz. E pode ser ainda mais.
O Valor de uma Conquista

A fotografia é mais do que o instante congelado — é um pedaço de alma revelado em luz.
Ela não guarda apenas cenários, mas imprime sentimentos, desperta memórias e conecta olhares.
Quem vê além da imagem percebe: cada detalhe carrega histórias, silêncios e emoções que pedem para ser sentidas.
É nesse espaço entre a visão e a sensibilidade que a fotografia se torna poesia para a alma.


E você, o que sente quando olha através desses olhos?

Crer sem ver é como dar um passo sem enxergar um palmo diante do nariz.
É caminhar sem visibilidade, sem clareza do que será o daqui a pouco, e ainda assim plantar algo no agora, acreditando que talvez, amanhã, você possa desfrutar.


Mas até para fazer o mínimo no presente é preciso força em meio à fraqueza, confiança em meio à dúvida, e fé — mesmo quando ela parece desfalecer, pequena como um grão quase invisível.


Ainda assim, digo: quem já foi alcançado pelo amor de Deus nunca se esquece de sua potência. Esses sobrevivem até no automático, como eu, que hoje sou sustentada pela fé e acolhida em um lugar que só Deus sabe explicar.


Passar pela escuridão da alma faz com que a luz do sol seja ainda mais preciosa. Faz parar para apreciar ou simplesmente revisitar imagens guardadas numa galeria de memórias únicas, que apenas meus olhos presenciaram.


Olhar uma fotografia é reviver cada emoção ali contida, congelada para sempre.
E ao mergulhar na magnitude de cada momento, percebemos, com delicadeza e dor, que o tempo… ah, o tempo… esse não volta.

Costurar o Tempo


Se a vida fosse tecido, eu escolheria linhas invisíveis para bordar os dias. Cada ponto seria memória, cada nó, resistência. Costurar o tempo é remendar o que a vida rasgou, é unir o ontem ao amanhã sem perder a delicadeza do agora.


Às vezes, o fio se parte e minhas mãos cansam. Mas ainda assim insisto — porque sei que o bordado só existe no processo, nesse gesto de refazer, de alinhar, de acreditar que o tecido pode sustentar o peso da história.


Se eu pudesse, costuraria o tempo com calma, deixando espaço entre as linhas para que a esperança respirasse. Assim, mesmo que o hoje doa, haveria sempre a chance de o amanhã se encaixar sem pressa, como peça que se completa no avesso da vida.


E no fim, talvez eu descubra que costurar o tempo não é prender instantes… é libertá-los para que continuem existindo em mim.

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Um troféu não é apenas um troféu.


Ele é memória viva. É a prova de que você superou seus medos, venceu suas limitações e alcançou um lugar que, talvez, um dia tenha parecido impossível.


Esse objeto, que muitos chamam de simples tralha, carrega dentro de si noites mal dormidas, lágrimas escondidas, renúncias silenciosas e aquela força que você descobriu em si quando pensava não ter mais nenhuma. Ele não brilha apenas por estar em uma estante; ele brilha porque é reflexo do seu esforço, da sua entrega, da sua persistência.


Um troféu é a lembrança palpável de que você pode ir além.
Em dias de desânimo, basta um olhar para ele e tudo volta: o frio na barriga, o coração acelerado, o sabor da vitória, o abraço recebido, o orgulho nos olhos de quem acreditou em você. Ele é símbolo de quem você já foi capaz de ser — e, portanto, é promessa do que ainda pode conquistar.


Troféus, medalhas, diplomas… nada disso é entulho.
São marcas da sua caminhada, lembranças que te lembram de si mesmo. Eles não falam de objetos, mas de histórias. Histórias que dizem: você conseguiu.


E quando duvidar de novo, basta lembrar: você já foi capaz. E pode ser ainda mais.
O Valor de uma Conquista

Ser referência é mais do que ser visto.
É lançar sementes silenciosas, tocar vidas sem perceber.
É força e fraqueza entrelaçadas, esperança que inspira quem se afoga em seus próprios dias.
Rafael Fernando transformou meu olhar em arte — e, nesse gesto, me lembrou que tudo que vivemos reverbera.
Ser referência é isso: florescer, mesmo sem saber quem colhe.

Assim como as velas se abrem ao vento, deixo-me guiar pelo invisível que move o visível, certa de que cada travessia encontra seu destino.

Não adianta entreabrir a porta se o medo ainda impede os olhos de encarar a luz que insiste em entrar. A claridade não pede licença, ela apenas espera que você permita que ela invada e transforme.


Também não adianta convidar quem nunca teve a intenção de permanecer. Há pessoas que batem à porta apenas de passagem, como visitas que deixam rastros leves, mas não constroem morada. São presenças breves — e é preciso aprender a deixá-las partir, sem pesar, sem cobrança, apenas com a gratidão do instante que trouxeram.


Cada um tem seus próprios caminhos a trilhar. E, talvez um dia, alguém chegue não apenas para visitar, mas para ficar. Esse alguém trará consigo o tom da saudade, como se sempre tivesse pertencido àquele espaço, mesmo antes de chegar. Será presença que não pesa, que não se anuncia como novidade, mas como reencontro.


Porque há chegadas que são como retorno, e almas que parecem nunca ter estado ausentes.

Sempre foi pra sempre. Há encontros que o tempo não desgasta, correntes que seguem firmes mesmo quando invisíveis. O que é verdadeiro não precisa de pressa: per... Frase de Jorgeane Borges.

Sempre foi pra sempre.
Há encontros que o tempo não desgasta, correntes que seguem firmes mesmo quando invisíveis. O que é verdadeiro não precisa de pressa: permanece, atravessa, retorna.

Como te aconselhar senão pelas palavras que escutei aqui dentro de mim?
Hoje percebi que há coisas que não se resolvem com pressa. Existem silêncios que não aceitam atalhos, e processos que só o tempo sabe conduzir. Esperar, às vezes, é o único caminho, mesmo quando a ansiedade tenta nos empurrar para frente.


Aprendi que atropelar o ritmo natural das coisas traz arrependimentos depois. O que é forçado volta a cobrar paciência; o que é ignorado se transforma em peso. Permitir que a vida tenha seu próprio compasso é, no fundo, um ato de coragem.


Cheguei a essa conclusão depois de muito me ouvir. Talvez não sirva para você. Mas, se em algum momento essas palavras encontrarem eco no seu coração, já terão cumprido seu destino.

Nos detalhes habita a sutil beleza,
Que a olhos nus nem sempre se revela;
Só quem traz alma em seu olhar, com certeza,
Percebe o que a vida silenciosa sela.


O tempo passa e esconde sua leveza,
Entre gestos, suspiros e aquarela;
Mas o coração atento à sutileza
Transforma o instante em eterna janela.


Pois há segredos que só o sentir descobre,
E segredos que só o olhar sabe tocar;
A vida inteira é arte que se cobre,


E nos pequenos sinais vem se mostrar.
Quem vê com alma entende, não se encobre:
Nos detalhes, a beleza quer se doar.

O Lar que Carrego


Não sou ponte para todos atravessarem, nem porto seguro para cada vento.
Meu caminho se mede em detalhes, e é nos detalhes que alguém se aproxima ou se perde.
Há quem tente pousar sem perceber que não me posso dividir; sou inteira, como rio que não aceita leito pela metade.


Entrego-me aos que vêm com coragem de tocar a profundidade, de sentir o invisível no silêncio de um olhar.
Minha presença não é apenas companhia, é chão e abrigo, sombra e luz, algo que se reconhece e se respeita.


Não se prende quem me encontra, mas se escolhe quem se atreve a navegar meu território de leveza e paz.
Quem insiste sem ver, desvia; quem entende, permanece.
Não carrego culpa nem fardo, carrego lar—porque lar não é lugar, é essência, e minha essência é rara.


E aqueles que merecem meu tempo, meu riso e meu abraço, sabem: o paraíso não se dá, se descobre.

Morri E ninguém percebeu.

Não foi uma vez só, foram várias, em silêncios que ninguém percebeu.
Morrer, às vezes, é apenas calar por dentro, deixar que pedaços se apaguem em meio ao barulho do mundo.


Escrevo porque ainda me resta esse fio, essa voz que insiste em existir, mesmo quando o corpo pede descanso e a alma se retrai.
Escrevo para me deixar — pedaços de mim, sementes de memória, rastros do que fui e do que sou.
Escrevo porque sei que, um dia, talvez eu suma de vez, e não quero que o nada seja a única herança do meu existir.


Que as palavras fiquem como quem acende uma vela na escuridão: não para espantar a morte, mas para que a vida ainda seja lembrada em sua delicadeza e em sua dor.

Hoje eu coloco diante de Ti, Deus que governa o Universo, cada centímetro do lar que preparo em meu coração.
Que a varanda seja abrigo de brisa e orações, rede que acolhe silêncios, plantas que respiram a Tua criação.
Que a sala tenha o aconchego de um abraço: sofá claro, luz amarela, cortinas dançando com o vento, perfume que anuncia paz.
Que a cozinha seja mesa posta para encontros, onde eu e meu filho partilhamos risos, músicas e gratidão.
Que os quartos sejam refúgios de descanso, com janelas abertas para a vida e para a Tua presença.
Que a casa inteira exale limpeza, alegria, cheiro de começo.


Profetizo liberdade para meu filho: que ele caminhe seguro, que conquiste a habilitação, que o automóvel chegue como símbolo de novas estradas e possibilidades.
Que nada do antigo peso permaneça, nem poeira de memórias que feriram.
Que cada dia nesta morada provisória seja etapa de cura, preparando-nos para a casa definitiva — erguida do zero, estruturada pela Tua mão, testemunho vivo da Tua Palavra.


Declaro, em fé, que o Universo ecoa o Teu comando.
Que os anjos digam amém, que as portas se abram, que a vida floresça.
Tudo vem de Ti, Dono do ouro e da prata, Aquele que constrói e recria.
Recebe este sonho, Senhor, e devolve-me em realidade.
Que este lar, presente e futuro, seja morada de luz, de paz, de recomeço, para sempre.

Pedagogia do Acolher


Chegou mais um setembro e, com ele, a vitrine de frases prontas que me atravessam sem me enxergar. Falam para eu falar — como se a minha voz não estivesse há tempos espalhada em palavras, imagens, silêncios e olhares. Eu avisei. Não busco atenção; busco sentido, presença, mãos que não soltam.


O que me revolta não é a cor do mês, é a direção do dedo. Campanhas apontam para quem está afundando, quando quem precisa de formação é quem está na margem. O depressivo não precisa de cartaz; precisa de quem saiba ler sinais: o brilho que apaga, o sorriso que desencaixa, o corpo que fala — cabelo que cai, peso que some, vitalidade que se ausenta. Precisa de quem saiba chegar sem invadir, ouvir sem consertar, acolher sem prescrever. Às vezes, salvar é só sentar ao lado e dizer com o corpo: “estou aqui”.


Falar nem sempre é possível. Por dentro, a mente é um labirinto: ideias desordenadas, sentimentos sem moldura, cansaço que pede anestesia da dor — não o fim da vida. O que nos sustenta, muitas vezes, é o descanso de um abraço, o cuidado que não cobra explicação, o silêncio que não abandona. Ensinem isso: a presença que não exige performance de melhora; a escuta que não transforma confissão em sermão; a delicadeza de perguntar “como posso estar com você?” e aceitar que, naquele dia, a resposta seja apenas chorar.


Também me fere a homenagem tardia. Velórios cheios, redes lotadas de amores eternos — e o vazio de tudo o que não foi dito quando ainda dava tempo de ouvir. Eu não quero discursos depois. Quero humanidade antes. Se houver propósito em minha voz, que seja tocar uma pessoa que esteja aqui agora, e não multidões quando eu já for ausência.


Setembro, para mim, só fará sentido quando deixar de treinar o depressivo para “se explicar” e começar a educar o entorno para reconhecer, acolher e agir. Ensinem a identificar sinais, a construir rede, a acompanhar até o serviço, a ligar no dia seguinte, a cozinhar um prato simples, a varrer o chão do quarto, a segurar a mão — e não soltar. Ensinem que “força” não é cobrança, é companhia. Que fé não é atalho, é abrigo. Que esperança, às vezes, cabe em vinte minutos de silêncio compartilhado.


Eu sigo deixando vestígios — nas pessoas, nos cantos, no papel, nas imagens. Minha voz não precisa de multidões para cumprir seu propósito. Se alcançar um coração e lhe oferecer descanso por um instante, já valeu a jornada. E, enquanto eu estiver aqui, repito: não é fraqueza, é exaustão; não é espetáculo, é sobrevivência; não é drama, é dor. O que peço não é palco. É presença.




#setembroamarelo

Eu deixo a maré subir até cobrir tudo.
Não me apresso a segurar o que a água leva.
Deixo que o sal lave o que não serve mais,
mesmo que, por um instante, pareça que nada reste.


Quando a água recua,
vejo o que brilha no fundo:
fragmentos de conchas, pequenos lampejos de vida,
tesouros que só aparecem depois da tormenta.


Não é preciso contar o que a corrente arrastou.
Basta o que ficou,
a beleza simples que resiste
e que só se revela quando o mar se acalma.

Bota na conta do amanhã.
O que não pude sentir, o que não coube no peito, o que doeu demais para existir no hoje.
Talvez o amanhã saiba carregar melhor do que eu, talvez o tempo encontre lugar para o que agora me sufoca.


Porque há dias em que viver já é pagar caro demais, e sobreviver se torna a única forma de não quebrar por completo.
Então, deixo que o amanhã seja meu credor, mesmo sem garantia de que eu esteja lá para quitar.


E se eu não chegar, ao menos deixo registrado: não foi preguiça de viver, foi excesso de sentir.

O que me nutre é a esperança
(mesmo minúscula)




Há dias em que a mente para e o corpo permanece aceso — aceso de impossibilidade.
Penso com precisão cirúrgica, mas não atravesso o quarto.
O chuveiro vira montanha, o cabelo vira florestas que não domino,
a pia é um mapa de guerras que não escolhi lutar.
Abro a geladeira e nada combina com nada;
as panelas, como constelações desconhecidas, me olham de volta.


Eu sei o que fazer.
Eu só não consigo começar.


De fora, pedem senha: “Fala. Pede ajuda. Sorri.”
Quando falo, dizem que me exponho; quando calo, dizem que me escondo.
Se aceito convite, tenho medo de ser peso; se recuso, pareço descaso.
Não é orgulho. Não é ingratidão.
É que o corpo virou freio de mão num carro em descida.
E eu, para não atropelar ninguém, puxo mais forte — e paro.


Meu avô sussurra de um lugar antigo:
“Veja onde deposita a confiança.
O melhor amigo do seu melhor amigo… não é você.”
Aprendi a guardar as palavras para que não me devolvam em lâminas.
Mas guardar também dói — o silêncio incha, aperta, afoga.


Dentro, uma assembleia: anjos e demônios.
Os anjos falam baixo: “Respira. Existe um depois.”
Os demônios gritam com provas: a bagunça, o atraso, a lista de não feitos.
E eu, no meio, tentando não me perder dos dois.
Não são eles que me nutrem; se algo me sustenta, é outra coisa —
um fio de luz quase microscópico,
uma esperança que cabe entre a unha e a pele,
mas que ainda assim puxa o meu nome de volta para mim.


Às vezes olho para frente e só vejo um eco.
Não me reconheço no futuro que inventaram para eu caber.
A estrada é reta, sem desvios: seguir — arrastando ou não.
E, na beira da estrada, um abismo bonito demais.
O desejo de pular tem cores. A vista é linda.
Eu sei. Eu vejo.
Mas fico.
Fico pelo quase, pelo mínimo, pelo que ainda pode nascer do pó.


Há também a casa — esse espelho ampliado.
O acúmulo desenha no chão a cartografia da minha exaustão.
Cada objeto fora do lugar me aponta que falhei em existir.
E, ainda assim, entre a louça e o cansaço, às vezes encontro um gesto respirável:
um copo lavado.
Um fio de cabelo preso.
Uma toalha estendida como bandeira branca.
São pequenos tratados de paz com o dia.


Eu não sou o centro do mundo — e isso, por vezes, me salva.
Penso no outro antes de pedir.
Não quero ser fardo, não quero ser vitrine, não quero ser caso.
Mas também aprendi: quem quer ajudar, chega sem barulho,
senta no chão da minha sala, não corrige meus mapas,
e, se nada puder fazer, empresta o silêncio — aquele que não julga.


Escrevo para não me perder de mim.
Se um dia eu cair, que esta página seja pista: lutei mais do que pude.
Se eu ficar, que estas linhas sejam prova: a esperança, mesmo minúscula, ainda alimenta.
E se amanhã for só um pouquinho mais macio do que hoje,
já terá sido milagre suficiente.


Não prometo grandiosidades.
Prometo o próximo gesto possível:
abrir a janela;
encostar a testa no azulejo frio;
deixar a água tocar a nuca como quem batiza;
pentear um nó;
lavar um prato;
responder “talvez” a um convite;
aceitar um abraço que não pergunta nada.


Eu caminho dentro de uma fé tímida — às vezes vacilo, às vezes desacredito.
Olho para o céu e digo: “Se houver um Deus, que me veja quando eu não consigo.”
E quando não sinto nada, ainda assim repito — por teimosia, por pequena ousadia.


Se amanhã eu não chegar inteira, me perdoa.
Se eu chegar, celebra comigo esse quase invisível triunfo:
o fio de vida que atravessa a noite e acende um ponto no escuro.


No fim, é simples e é imenso:
o que me nutre é a esperança.
Por mais minúscula que seja.






Jorgeane Borges
06 de Setembro 2025

Lamento


As noites me atravessam como lâminas cegas.
Não cortam de uma vez, mas deixam a carne cansada.
Fico imóvel, presa num corpo que respira
sem me perguntar se ainda quero estar aqui.


A dor não grita mais.
Ela se aquietou como fera domesticada,
um silêncio úmido que escorre pelas paredes.
Choro sem lágrimas, sangro sem ferida,
vivo sem presença.


Há um vazio que pesa.
E pesa tanto que até o gesto mais simples,levantar a mão, virar a chave, abrir a boca
parece impossível.
O tempo me olha e ri:
sou prisioneira de segundos que nunca passam.


Não há música, não há claridade,
não há nem mesmo o consolo do choro.
Só a anestesia.
Um torpor que me segura pela garganta
e me faz existir em estado suspenso,
como quem vive de ausências.


Ainda assim, respiro.
E talvez esse seja o maior dos lamentos:
continuar aqui,
mesmo quando já me despedi tantas vezes de mim.




Jorgeane Borges
8 de Setembro de 2025

Amanheceu.
E o dia, indiferente, abriu as janelas do mundo como quem não sabe da ausência.
As pedras da rua não guardaram os passos de ontem; a feira já se enchia de vozes, e o barulho dos sacos plásticos abafava qualquer lembrança.
Ninguém reparou que havia um vazio a mais no caminho — o vazio nunca chama atenção, ele apenas existe.


A vida não para para velar dores.
Ela mastiga rápido, engole em seco, e segue adiante como se nada tivesse acontecido.
O coração que ontem batia, hoje não pulsa mais, mas os relógios continuam impassíveis, ticando segundos.
É cruel: o tempo não tem luto.


Há quem espere que a memória seja abrigo, mas a memória também cansa.
Logo, o nome se perde no meio de tantos outros, o rosto se dissolve em poeira de esquina, e o silêncio se torna o único registro.
Tudo volta ao fluxo, como se nunca tivesse sido.


Talvez seja essa a verdade mais dura:
ninguém é insubstituível na pressa do mundo.
E, ainda assim, dói pensar que um gesto tão definitivo se apague com a mesma facilidade que uma pegada na areia.

A cada esquina da alma, existe um território sem mapa.
Lá não chegam bússolas, nem calendários, nem vozes apressadas.
É um lugar onde o instante se desfaz antes mesmo de ser lembrança.


Quem ousa atravessar esse espaço percebe:
não há chão firme, apenas fragmentos suspensos, como se o tempo tivesse desaprendido a andar.
E nesse intervalo, entre o que se é e o que já não cabe, o corpo respira uma ausência que não tem nome.


A vida continua do lado de fora — carros, pregões, crianças, a pressa de sempre.
Mas aqui dentro tudo corre em outra velocidade, como se o relógio tivesse se cansado.
Nada dói e nada cura, apenas permanece, num silêncio espesso que se confunde com ar.


É curioso como o mundo insiste em pedir certezas,
quando, na verdade, somos feitos de incertezas que se costuram mal.
Talvez o único gesto verdadeiro seja aceitar a própria incompletude,
como quem carrega uma cicatriz invisível que ainda assim pulsa, mesmo quando ninguém vê.

Eu deixo a maré subir até cobrir tudo.
Não me apresso a segurar o que a água leva.
Deixo que o sal lave o que não serve mais,
mesmo que, por um instante, pareça que nada reste.


Quando a água recua,
vejo o que brilha no fundo:
fragmentos de conchas, pequenos lampejos de vida,
tesouros que só aparecem depois da tormenta.


Não é preciso contar o que a corrente arrastou.
Basta o que ficou,
a beleza simples que resiste
e que só se revela quando o mar se acalma.

É sobre ser cacto, resistente, valente, no meio de gente que resiste amar. É sobre ser cacto e poder florescer quando o mundo quer te ver secar.... Frase de Felipe Rodri.

É sobre ser cacto, resistente, valente, no meio de gente que resiste amar.
É sobre ser cacto e poder florescer quando o mundo quer te ver secar.

⁠A Escolha de Quem Tocamos

Não acredito que o sexo seja algo para se compartilhar com qualquer pessoa. Não consigo me entregar ao acaso, porque para mim, não é apenas um ato — é uma troca. E nem toda troca vale a pena.

Deixar-se no outro é mais do que um instante de prazer; é entregar um pedaço de si, carregar em si um pedaço do outro. E nem toda energia merece ser recebida, nem toda presença deve ser levada adiante.

Não consigo me entregar apenas ao desejo do corpo. Se não desejar antes a alma, se não sentir a conexão além da pele, o toque se torna vazio, a presença se esvazia, e o sexo deixa de ser encontro para ser apenas passagem.

Quero o que transcende. O que preenche. O que une para além do instante. Porque no fim, não é o corpo que me satisfaz, mas a alma que me acolhe.

⁠Carta Aberta

Para quem se permitir sentir, refletir, conectar.

Aqui estou eu, uma mulher que carrega dentro de si a busca incessante pela profundidade e autenticidade. Não sou uma alma que se perde na superficialidade das interações fugazes, nem nas palavras vazias que muitas vezes nos cercam. Eu busco a essência, a alma do outro, como se a verdadeira dança da vida estivesse na entrega silenciosa e na sintonia que não se explica, mas se sente.

Se algo define minha jornada, é a busca por uma conexão genuína. Às vezes, penso que a solidão é necessária para que a verdadeira conexão aconteça. Sou do tipo que se recolhe até sentir que vale a pena abrir a porta, até encontrar um olhar que se atreva a tocar a minha alma.

Na fotografia, eu me encontro. Cada click é uma tentativa de capturar o invisível, de revelar aquilo que mora nos cantos mais ocultos do ser humano e da vida. Acredito que a sensibilidade de quem fotografa tem o poder de transitar entre o visível e o invisível, entre o que é e o que poderia ser, fazendo com que o outro veja o mundo através de uma nova perspectiva. Cada imagem que crio carrega um pedaço da minha alma, esperando ser vista, sentida, compreendida. E é assim que vejo a vida: uma fotografia em movimento, cheia de momentos efêmeros que pedem para serem eternizados no olhar atento de quem sabe enxergar.

Hoje, me permito escrever, não para expor, mas para partilhar. Porque, como sempre busquei nas palavras e nas imagens, talvez o que realmente desejo é que minha essência encontre eco no mundo. Que, de alguma forma, minha busca por profundidade se revele como algo comum a todos que também têm fome de autenticidade e de verdade.

Aos que, como eu, não se contentam com o raso, aos que acreditam que há beleza na entrega silenciosa e na quietude que precede a verdadeira conexão, deixo estas palavras: seguimos. Continuamos nossa busca, nossa dança. Porque no fim, é a dança que importa, o encontro verdadeiro, onde corpo e alma se entrelaçam. E é isso que me move: acreditar que, no fundo, todos buscamos algo mais. Algo que só o verdadeiro olhar consegue captar.

Com carinho e sinceridade,
Jorgeane Borges

RETICÊNCIA


Ainda acredito no amor,
um amor que chega sorrateiro,
invadindo espaços que nem sabia serem meus;


  instala-se sem pedir licença,
  bagunça o que parecia tão certo,
  derruba certezas;


às vezes vem para acalmar,
ou para inquietar,
para fazer sentir o que estava adormecido;


  adianta se fechar?
  quando ele quer, ele entra
  e transforma tudo em morada;


como seria a vida sem ele?
sem o colo que acolhe,
sem o olhar que diz mais que palavras;


  quem, pela vida, não quer provar
  o gosto de gostar,
  com calma, desejo e permanência?


ficar no silêncio dos braços,
na pausa de um suspiro,
no instante em que dois corações se escolhem;


  amar também é isso:
  continuar e confiar,
  mesmo quando parece fim,
  como quem abre janelas.

⁠Primeiros Erros


Meus erros não me definem
Mas a mim transformam
Não posso ser rotulada por um erro, ou algumas escolhas erradas em uma fase ruim da minha vida!
Não posso exigir do meu antigo eu algo que só as péssimas experiências a mim trouxeram.
A maturidade vem com toda nossa vivência, seja ela boa ou ruim!
Meu processo de transformação e superação é quem pode falar por mim o quanto precisei ressignificar e evoluir

Quantas vezes precisarei me refazer?
Não sei. Sei que posso mudar de ideia amanhã sobre algo que penso hoje e tá tudo bem! Aprendi isso ontem, quando precisei mudar e me transformar no que hoje sou!

⁠O Propósito da Minha Voz

Minha voz não precisa ecoar por multidões para ser significativa. Não é a quantidade de ouvidos que a escutam que determina seu valor, mas a profundidade com que alcança um coração.

Se minhas palavras tocarem uma pessoa — apenas uma — e fizerem com que ela se sinta compreendida, acolhida ou inspirada, então já terei cumprido meu propósito. Porque acredito que propósito não é sobre números, mas sobre conexão verdadeira.

A vida é feita desses encontros sutis, quase invisíveis, onde uma alma encontra outra e algo se transforma. E se minhas palavras deixarem uma marca, mesmo que pequena, então minha voz terá encontrado seu caminho, seu sentido.

Não preciso de aplausos para saber que estou seguindo meu propósito. Basta saber que, em algum lugar, alguém sentiu que não está sozinho. E isso, por si só, já é grandioso.

⁠ Vestígios Se um dia eu desistir, saiba que lutei todos os segundos; mas se um dia eu partir, deixo um pouco de mim em cada canto — nas palavras que escrevi, n... Frase de Jorgeane borges.

⁠ Vestígios


Se um dia eu desistir, saiba que lutei todos os segundos; mas se um dia eu partir, deixo um pouco de mim em cada canto — nas palavras que escrevi, nas imagens que capturei e, sobretudo, nas pessoas que encontrei.

⁠Carta Aberta: Cansei, Lutei Até Meu Limite

A quem ainda se importa,

Eu lutei. Lutei com tudo o que tinha, com tudo o que restava de mim. Dia após dia, me levantei quando queria ficar no chão, sorri quando minha vontade era desmoronar, fui forte até quando a força me abandonou. Mas agora, cansei.

Cansei de fingir que estou bem para não incomodar, de carregar um peso que ninguém vê, de gritar sem que ninguém ouça. Cansei de ouvir que tudo é fase, que vai passar, que basta ter fé. Porque não é assim tão simples. Nunca foi.

Não peço que me entendam. Apenas que saibam que eu tentei. Tentei ser quem esperavam, tentei encontrar um lugar no mundo, tentei carregar minha dor sem transbordar. Mas há batalhas que não se vencem, há cansaços que não se curam com descanso.

Se eu partir, saibam que foi depois de uma longa guerra, não de um único dia ruim. Se eu ficar, saibam que estou além do limite, e só preciso que alguém perceba sem que eu precise explicar.

Cansei, mas ainda estou aqui. Até quando, não sei.

[JB]

⁠O silêncio pode curar ou ferir — tudo depende de como é ouvido.... Frase de Jorgeane borges.

⁠O silêncio pode curar ou ferir — tudo depende de como é ouvido.

⁠Não é o toque que me prende, nem o desejo que me arrasta. Se a alma não me chama antes, o corpo nunca me basta.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Não é o toque que me prende,
nem o desejo que me arrasta.
Se a alma não me chama antes,
o corpo nunca me basta.

Memórias



⁠Criar memórias é uma forma de viver plenamente. Cada instante, cada rosto, cada sorriso ou lágrima carrega uma história única que merece ser lembrada. A vida acontece de forma efêmera, e por isso precisamos aprender a direcionar nosso olhar para os detalhes que fazem cada momento valer a pena.

A fotografia tem esse poder mágico: congelar o tempo, capturar sentimentos e preservar emoções que talvez a memória sozinha não consiga reter. Um abraço afetuoso, um pôr do sol vibrante, o brilho nos olhos de quem amamos — todos esses fragmentos de vida se tornam eternos quando registrados.

Mais do que imagens, fotografias são pedaços da nossa história deixados para aqueles que nos amam. São uma maneira de continuar presente, mesmo quando já não estivermos por perto. Cada clique é um convite para recordar, reviver e sentir de novo a essência do momento vivido.

Por isso, valorize cada instante e tenha a coragem de congelá-lo em imagens. No fim, são essas memórias visuais que atravessam gerações e mantêm vivas as histórias que nos conectam. Afinal, o que seria da vida sem as lembranças que nos aquecem o coração?
As memórias que criamos não são apenas para nós, mas principalmente para aqueles que ficam. O tempo, implacável, leva nossos dias, mas deixa marcas que resistem em forma de histórias, fotografias e lembranças. Quando partimos, o que permanece são os fragmentos de quem fomos, guardados com carinho por aqueles que nos amaram.

Criar memórias vai além de simplesmente registrar momentos. É sobre construir um legado emocional. Como gostaríamos de ser lembrados? Pela leveza de um sorriso, pelo brilho nos olhos ao contar uma boa história, pelos gestos de amor e cuidado? Quando deixamos essas marcas em forma de imagens, palavras ou simples momentos vividos intensamente, estamos oferecendo a quem fica uma ponte para nos reencontrar sempre que precisarem.

As fotografias, por exemplo, não são apenas pedaços de papel ou arquivos digitais; elas são cápsulas do tempo. Nelas, nossas expressões, olhares e emoções se eternizam, permitindo que futuras gerações conheçam não apenas como éramos por fora, mas quem éramos por dentro.
Assim, viver criando memórias é um ato de amor. É pensar em como queremos ser lembrados e garantir que aqueles que ficam tenham sempre um pedaço de nós para segurar quando a saudade apertar. Porque, no fim, nossas histórias continuam vivas nas lembranças que deixamos.

O Descanso Que Nunca Vem

Às vezes, só queremos nos esconder do mundo. Trancar a porta, apagar as luzes e desligar de tudo. Não queremos ver ninguém, explicar nada, nem sorrir como se nada estivesse acontecendo. Só queremos um intervalo da vida — um descanso genuíno, onde a dor cesse por um instante.

Não é sobre querer morrer, mas sobre não querer sentir. Porque a dor é um peso constante, insuportável, e tudo o que desejamos é uma pausa, uma anestesia que nos devolva ao mundo sem carregar essa exaustão na alma.

Mas não há remédio para isso. Não há solução que nos permita continuar sendo nós mesmos, conscientes, e ainda assim livres dessa dor que grita por dentro. Então, em nossa busca desesperada por alívio, às vezes a morte parece a única resposta possível. Não porque queremos partir, mas porque queremos que a dor pare.

E isso é o mais difícil de explicar: não desejamos deixar um rastro de sofrimento para quem amamos. Só queríamos que eles entendessem que não é fraqueza, não é abandono. É apenas cansaço.

E, no fundo, talvez tudo o que esperamos é que alguém segure nossa mão e diga: "Eu estou aqui. Não vou soltar." Porque, às vezes, esse simples gesto é o que nos impede de buscar um descanso definitivo.

⁠⁠ Tolerância consigo


Todo o seu conhecimento de hoje e sua experiência de vida, lhe custou seu velho eu.
Então seja gentil consigo mesma, tenha tolerância com suas decisões e erros passados, eles lhe trouxeram habilidades, conhecimentos e poder de decisão para que mude seu futuro.
O amanhã se constrói hoje! Não pare no tempo
O passado é um lugar onde nada pode ser mudado

Não sufoque seu antigo eu, saiba viver como nova criatura e não esqueça o preço que lhe custou essa transformação.

Cobre menos do seu antigo eu, viva seu presente e usufrua das experiências para que aja menos lamento no seu futuro bem próximo

⁠Inaudível

Eu avisei. Nunca tentei chamar atenção, mas gritei em silêncio por meio das palavras e das imagens que deixei pelo caminho. Algumas pessoas disseram: "Pare com isso, não demonstre suas fraquezas." Outras, com olhos que não sabiam ver além do superficial, soltaram um: "Nossa, isso dói tanto." Houve aquelas que simplesmente ignoraram, fingindo não ver, passando por cima como se eu fosse um borrão despercebido.

Mas eu continuei. Me registrei em cada fragmento de existência, deixando partes de mim em cada texto, cada fotografia, cada história contada com alma. Não porque eu esperava aplausos, mas porque queria apenas ser — inteira, genuína, presente.

Lamento, apenas, imaginar que o dia em que eu partir minhas publicações possam encher de curtidas tardias. Não quero esperar a ausência para ser vista, nem que a valorização venha quando meus olhos já não puderem contemplar.

Eu vivi para me deixar em todos os lugares e em todas as pessoas, ainda que nem sempre percebam. E se a vida é feita de encontros e desencontros, que meu rastro permaneça — não para ser aclamada, mas para ser sentida. Inaudível, talvez, mas eterna.

⁠O Tempo em Fragmentos

A fotografia é um fragmento do tempo, de um lugar, um momento que jamais será o mesmo, não com o mesmo tempo.
Ao visitar um lugar, lembre-se de que aquele tempo permanece vivo apenas na lembrança e fragmentado em fotografia.

Tudo muda: as águas não voltam, as nuvens não formarão a mesma figura, o soprar dos ventos altera as formas, as folhas se renovam e tudo se faz novo.
E, talvez, seja isso que acredito: o tempo fica fragmentado.

Mas, em cada fragmento, há uma parte do todo que nos transforma. A fotografia não é só memória, é um reflexo daquilo que não se vê à primeira vista, daquilo que se sente no silêncio entre o olhar e o gesto. Ela revela o que o olho não percebe no movimento da vida, guardando para sempre aquilo que, de outra forma, se perderia na vastidão do tempo.

⁠Pretérito

Um dia no futuro não muito distante , você ainda vai olhar pra trás e perceber que lá não é mais o seu lugar.

Vai perceber que os problemas foram degraus que você ultrapassou

Montanhas em que escalou
E que houveram muralhas, que com bravura você as derrubou.

E os dias tempestuosos, mesmo com medo você os enfrentou

Naqueles dias em que pensou que fracassou ou de fato você falhou.


Então rastejou-se!
Sofreu, chorou!
Silenciou, gritou até ruiu de se mesma e seguiu...

... mas não permaneceu no mesmo lugar.

Nunca, jamais em hipótese alguma, deixe de olhar para trás. para que não se esqueças que tudo vai passar e pra frente se deve andar, mesmo quando o chão lhe faltar.

Pra frente que se anda!
Te vejo lá.

Fotografar é Ver Com a Alma


Eu vejo o mundo de uma maneira única, como se houvesse sempre uma nova perspectiva sobre a mesma coisa. Para mim, a fotografia não é apenas capturar uma imagem; é sobre enxergar o que os outros não conseguem ver. Acredito que o olhar de um fotógrafo tem a capacidade de transformar algo simples em algo valioso, essencial, e é isso que tento passar em cada clique.

Minha sensibilidade me permite ver além do óbvio, e é essa percepção que tento compartilhar com o mundo. Quando vejo uma cena, busco encontrar a alma daquele momento, algo que muitas vezes passa despercebido, mas que, para mim, é o que dá significado à imagem. É como se eu estivesse dando voz àquilo que só eu consigo enxergar, tentando transmitir um pouco da minha alma através do meu olhar.

Eu quero que as pessoas, ao olharem minhas fotos, consigam enxergar aquilo que elas mesmas não conseguem ver, que sintam a essência do momento. Acredito que a verdadeira beleza está na percepção, e é isso que tento capturar – uma nova maneira de olhar para o mundo.

Caminhando na Chuva

Na vastidão do ser, o desejo de ser luz,
deixar o corpo se transformar em sol,
de não deixar marcas no chão,
caminhar livre, sem rastros,
apenas a pureza do agora.

Mas, em cada passo,
a chuva insiste em cair,
a tempestade de erros e escolhas
se faz presente, como um peso
que não se apaga,
não se apaga, mesmo no desejo de renascer.

É na dança do fogo da alma
e na chama da mente que busco fugir,
mas a chuva continua, incessante,
como se a dor não soubesse descansar.

E eu, que procuro entender o que fui,
que busco apagar o peso do ontem,
me vejo perdida nas correntes da memória,
nos primeiros erros que me definiram,
e ainda assim, a chuva cai.

Mas então, aprendo a aceitar,
a deixar o vento secar meus olhos,
a me encontrar na calma que vem com o tempo,
na serenidade que surge
não pela fuga das tempestades,
mas pela compreensão de que elas são parte de mim.

E, ao fim, encontro a paz,
não porque a chuva tenha cessado,
mas porque aprendi a caminhar na chuva,
sem medo de ser, sem medo de errar.

⁠O silêncio pode curar, mas também ferir Tudo depende de como é acolhido.... Frase de Jorgeane borges.

⁠O silêncio pode curar, mas também ferir
Tudo depende de como é acolhido.

⁠O Beijo: Portal Entre o Corpo e a Alma

O beijo, para mim, é mais do que um toque de lábios. É um portal entre duas dimensões, a passagem que conduz ao outro, a chave que abre o corpo e a alma.

Ele é a senha de todos os gatilhos, acende chamas, desperta desejos. Mas, mais do que isso, é conexão. É o arrepio que denuncia a entrega, a profundidade que dissolve barreiras, a fusão que antecede o infinito.

Por isso, não dá para tocar qualquer boca sem desejar se aprofundar por inteiro. Um beijo sem alma é um gesto vazio, um desencontro. Mas quando há entrega, ele se torna passagem, arrepio, fusão. Ele dá profundidade ao instante e transforma o desejo em algo maior.

Um beijo nunca é só um beijo. É a porta de entrada para tudo que pode ser.

⁠Quando o Amor Silencia

O amor não grita quando se vai,
desvanece em passos sutis,
se esconde na rotina que dói,
nos gestos que já não são gentis.

É o toque que não arrepia,
o olhar que desvia ao passar,
palavras que caem vazias,
silêncios que vêm pra ficar.

Previsíveis são os caminhos,
sempre iguais, sem emoção,
corações viram vizinhos
num mesmo corpo em solidão.

Então, sinto falta de mim,
da alegria que já foi morada,
do brilho que chegou ao fim,
dessa presença cansada.

Prefiro partir e me encontrar,
ser leve, ser meu próprio sol,
pois o amor que faz morar
não vive preso em lençol.

Pétalas De mal quereres e bem te quero, deixei de ser flor ao entregar-lhe todas as minhas pétalas!... Frase de Jorgeane borges.

Pétalas

De mal quereres e bem te quero, deixei de ser flor ao entregar-lhe todas as minhas pétalas!

Janelas da Alma: A Conexão Entre Imagens e Palavras


⁠A fotografia tem o poder de transformar uma simples imagem em uma janela para o mundo. Através dela, conseguimos enxergar além do óbvio, trazendo à tona uma nova perspectiva, uma que conecta nossa alma ao olhar do outro. Eu acredito que a sensibilidade do fotógrafo é o que torna a imagem mais valiosa. É como se, através do clique, eu transmitisse um pouco da minha essência, permitindo que os outros vejam o que, muitas vezes, está oculto.

Cada foto é uma história que, assim como as palavras, tem o poder de tocar profundamente. E é isso que busco em minha arte: fazer com que você, que está do outro lado, sinta e viva um pouco do que eu experimento, como se estivéssemos em uma mesma jornada emocional. Como escritora, também busco essa conexão. Os meus textos são mais do que palavras, são sentimentos que dançam no papel, buscando ecoar no coração de quem os lê.

Seja nas imagens ou nas palavras, meu desejo é simples: que você se veja nas histórias e nos momentos que compartilho, que as palavras e as imagens revelem algo sobre você também. Porque, no final, todos estamos juntos nesse caminho de descobertas e de sentimentos, e é através dessa troca que a arte ganha vida.

⁠Tudo que for forçado deixa de ser laço e vira forca!... Frase de Jorgeane borges.

⁠Tudo que for forçado deixa de ser laço e vira forca!

⁠O convite da essência


Há algo no meu olhar que é um convite silencioso, uma porta aberta para quem deseja se aprofundar na minha alma. Algo que conecta, que atrai, que decifra. E então, alguns se deixam levar, se ligam à minha essência sem que uma única palavra seja dita, compreendendo quem sou no silêncio. Outros se perdem, talvez não consigam ver o que é tão simples, tão claro, tão direto. Eu sou feita da simplicidade, da transparência, daquelas palavras que são ditas com clareza, e das que não precisam de som, porque se revelam nas atitudes — sempre objetivas, sempre claras.

Quando me encontro perdida nas dúvidas, me recolho. Mergulho dentro de mim, me redescubro, busco entender o que há de mais profundo, o que precisa ser revelado. Não desejo apenas passar pela vida; quero deixar nela minha marca. Quero deixar um pedaço de mim em cada pessoa que cruzar meu caminho, em cada lugar que visitar, em cada olhar que encontrar.

E, ao final, quem se conectar a mim, de alguma forma, saberá que um pedacinho ficou. Em algum canto, um pouco de mim permanecerá, como uma lembrança compartilhada.

Desvelando a Morte: O Caír das Cortinas

A morte há de ser como
O cair das cortinas entre a cria e a criatura,
A parede invisível que nos separa da eternidade,
Podendo assim estar diante do Criador.

O rasgar do tecido fino que separa o agora do infinito,
Revelando a nudez do ser humano,
Deixando para trás todas as bagagens e tesouros
Que acumulamos em vida,
Mas que ali não têm utilidade alguma.

Nesse momento, tarde demais,
Percebe-se o quão fútil pode ser a vida,
E que talvez a morte não seja o problema.
Ela há de ser uma solução,
Uma passagem para o eterno e o desconhecido,
Onde o peso do viver finalmente se dissolve.

Eu deixo a maré subir até cobrir tudo.
Não me apresso a segurar o que a água leva.
Deixo que o sal lave o que não serve mais,
mesmo que, por um instante, pareça que nada reste.


Quando a água recua,
vejo o que brilha no fundo:
fragmentos de conchas, pequenos lampejos de vida,
tesouros que só aparecem depois da tormenta.


Não é preciso contar o que a corrente arrastou.
Basta o que ficou,
a beleza simples que resiste
e que só se revela quando o mar se acalma.

Hoje eu coloco diante de Ti, Deus que governa o Universo, cada centímetro do lar que preparo em meu coração.
Que a varanda seja abrigo de brisa e orações, rede que acolhe silêncios, plantas que respiram a Tua criação.
Que a sala tenha o aconchego de um abraço: sofá claro, luz amarela, cortinas dançando com o vento, perfume que anuncia paz.
Que a cozinha seja mesa posta para encontros, onde eu e meu filho partilhamos risos, músicas e gratidão.
Que os quartos sejam refúgios de descanso, com janelas abertas para a vida e para a Tua presença.
Que a casa inteira exale limpeza, alegria, cheiro de começo.


Profetizo liberdade para meu filho: que ele caminhe seguro, que conquiste a habilitação, que o automóvel chegue como símbolo de novas estradas e possibilidades.
Que nada do antigo peso permaneça, nem poeira de memórias que feriram.
Que cada dia nesta morada provisória seja etapa de cura, preparando-nos para a casa definitiva — erguida do zero, estruturada pela Tua mão, testemunho vivo da Tua Palavra.


Declaro, em fé, que o Universo ecoa o Teu comando.
Que os anjos digam amém, que as portas se abram, que a vida floresça.
Tudo vem de Ti, Dono do ouro e da prata, Aquele que constrói e recria.
Recebe este sonho, Senhor, e devolve-me em realidade.
Que este lar, presente e futuro, seja morada de luz, de paz, de recomeço, para sempre.

É sobre ser cacto, resistente, valente, no meio de gente que resiste amar. É sobre ser cacto e poder florescer quando o mundo quer te ver secar.... Frase de Felipe Rodri.

É sobre ser cacto, resistente, valente, no meio de gente que resiste amar.
É sobre ser cacto e poder florescer quando o mundo quer te ver secar.

Quando a Energia Vai Embora


O fim de tudo começa quando a energia se vai.
Sem ela, não há vitalidade, não há impulso, não há motivação para nada.
Tudo perde o sentido.
Tudo perde a graça.
A comida não tem mais sabor, o que antes era prazer vira obrigação.
E, de repente, tudo se confunde com preguiça aos olhos de quem vê de fora.


Nada parece bom o suficiente para valer o esforço.
Tomar banho vira uma batalha silenciosa.
Escolher uma roupa, passar um hidratante, parecem tarefas gigantes.
Abrir a geladeira e sentir que nada combina com nada.
Olhar para as panelas e perceber que você já nem sabe o que fazer com elas.


A cama se torna refúgio e prisão.
Levantar é difícil.
E quando consegue, encara o espelho e não se reconhece.
Olha ao redor e tudo parece um reflexo distorcido da sua própria realidade.
O acúmulo grita: coisas empilhadas, objetos esquecidos, poeira que reflete o que está dentro de você.


E então percebe:
Você acumula mais do que coisas.
Acumula o que não te faz bem.
Acumula a bagunça que não é só física, mas emocional.


E o pior é não ter energia para remover nada disso, nem do ambiente, nem da alma.


É como assistir sua vida de fora, trancada dentro de um corpo que não acompanha o mundo.
Querendo mudar tudo, mas sem força sequer para começar.

⁠Silenciosa

Quantas vezes eu falei com meu olhar, gritei com o meu silêncio e até com um sorriso que escondia o que as palavras não conseguiam dizer? Tantas tentativas de me expressar de forma discreta, até que o brilho dos meus olhos se apagou e o sorriso perdeu a graça.

Silenciei, mas também gritei com um comportamento que não era meu. Meu corpo, que antes sustentava forças, começou a falar por mim: perdi peso, meu cabelo caiu, minha vitalidade se esvaiu. Tudo porque me esforcei para silenciar a minha dor, tentando não ferir aqueles que nunca estão preparados para escutar — não genuinamente.

Ninguém está realmente pronto para ouvir sobre a escuridão da depressão. Porque ninguém compreende de verdade, a não ser que já tenha mergulhado nas mesmas águas turvas.

Mas eu não desejo que ninguém me entenda. Pedir isso a Deus seria cruel, seria pedir que outros sentissem essa dor em suas próprias experiências. Não, eu não quero que ninguém afunde nesse abismo. Desejo apenas que meu silêncio seja ouvido, mesmo que eu não precise mais gritar.

⁠Olhar que Ecoa no Tempo A fotografia é o silêncio que fala do tempo, congelando o que escapa ao olhar e preservando o que a memória se recusa a perder. Um olha... Frase de Jorgeane borges.

⁠Olhar que Ecoa no Tempo

A fotografia é o silêncio que fala do tempo, congelando o que escapa ao olhar e preservando o que a memória se recusa a perder. Um olhar que ecoa no tempo, ressoando o passado e eternizando o presente.

⁠A Arte de Se Cuidar: Encontre a Paz no Seu Próprio Toque

Às vezes, é necessário desacelerar e se priorizar.
Desligue as notificações ou coloque no modo avião.
Não atenda à porta e finja demência para cada chamado.

É importante ter momentos de autocuidado sem encontro marcado ou a cobrança de um compromisso pré-agendado.

Não, não é para os outros!
Um ato de carinho necessário de você para você.
Não podemos esperar atitudes mínimas de amor, carinho, atenção e zelo de outra pessoa que você mesmo não se dá e nem se permite ter.

Lembre-se de despir-se de tudo negativo e não apenas das roupas e dos brincos.
Coloque sua playlist favorita.
Faça sua depilação ou esfoliação.
Faça skin care ou comece uma.
Tome um banho prolongado com todos os seus produtos favoritos e, se não tiver, providencie.
Lave o cabelo sem pressa, você não tem hora marcada.
Então faça cada etapa sem permitir que a ansiedade te atrapalhe.

Se observe atentamente e olhe para dentro de você com carinho.
Não julgue as imperfeições do seu corpo, entenda a necessidade dele e não esqueça tudo o que ele tem passado.
Não pense com tristeza e nem caia no choro.
Sorria e planeje o próximo passo para se curar.

Não ouse se comparar com ninguém e muito menos com seu eu do passado.
Só você sabe o que tem enfrentado.
Ainda é maravilhosa com tudo o que tem vencido.
Se permita tomar atitudes de reconstrução com calma e comece a construir seu novo eu, agora.
E não espere ver o resultado imediato sem que haja constância.
Não espere o reconhecimento de quem não conhece suas lutas, só reaja.

Aproveite cada música enquanto reflete em tudo que precisa ser mudado positivamente.
Não brigue com seu cabelo ou sua pele, lembre-se de que eles estão pedindo sua atenção e te dizendo que tem algo errado.
E você precisa se cuidar.

Agradeça a ele por tudo o que tem suportado pela falta de zelo e diga o quão ele tem sido resistente.
E mesmo debilitado, te mantém de pé!

Aproveite o perfume e a textura de cada produto como um carinho profundo, e não apenas como higiene.
Sinta a espuma do sabonete, o shampoo.
Use seu melhor óleo corporal ou hidratante, massageando cada sentimento de pele.

Seque seu cabelo, se perfume e escolha algo que te encha de paz, algo acolhedor para fazer.

Sugestão:
Enquanto faz tudo isso, permita-se refletir sobre o quanto você merece esse cuidado, e lembre-se de que o amor próprio é o primeiro passo para qualquer transformação verdadeira.

⁠Efêmero e Infinito

Quando eu for, um dia desses,
poeira, levada pelo vento,
quero ser como as estrelas—
que mesmo quando morrem,
não se apagam.

Que meu brilho, mesmo distante,
ainda toque olhares,
ainda ilumine caminhos,
ainda ecoe na memória
de quem um dia me viu brilhar.

Que eu permaneça,
não apenas na lembrança,
mas no sentir.


#AtravésDoMeuOlhar

A cada esquina da alma, existe um território sem mapa.
Lá não chegam bússolas, nem calendários, nem vozes apressadas.
É um lugar onde o instante se desfaz antes mesmo de ser lembrança.


Quem ousa atravessar esse espaço percebe:
não há chão firme, apenas fragmentos suspensos, como se o tempo tivesse desaprendido a andar.
E nesse intervalo, entre o que se é e o que já não cabe, o corpo respira uma ausência que não tem nome.


A vida continua do lado de fora — carros, pregões, crianças, a pressa de sempre.
Mas aqui dentro tudo corre em outra velocidade, como se o relógio tivesse se cansado.
Nada dói e nada cura, apenas permanece, num silêncio espesso que se confunde com ar.


É curioso como o mundo insiste em pedir certezas,
quando, na verdade, somos feitos de incertezas que se costuram mal.
Talvez o único gesto verdadeiro seja aceitar a própria incompletude,
como quem carrega uma cicatriz invisível que ainda assim pulsa, mesmo quando ninguém vê.

⁠A Visão do Beijo: Conexão Além do Toque

Imagine que, ao beijar, você não apenas toca outro corpo, mas atravessa uma porta invisível. A primeira sensação não é de um simples contato físico, mas de um mergulho profundo nas camadas da alma. É como se, por um breve momento, o mundo ao redor desaparecesse, e tudo o que restasse fosse a energia pura entre duas pessoas.

Nesse instante, cada movimento, cada suspiro, carrega em si uma troca silenciosa. Não é apenas o desejo que se acende, mas a consciência de que algo maior se faz presente. O beijo é uma troca de essências, um momento onde o corpo não tem fronteiras, onde os corações falam uma língua secreta.

Ali, o que importa não é o impulso, mas a entrega genuína. Não é o prazer imediato que buscamos, mas a profundidade de estar com o outro, de se deixar conhecer e de conhecer. O beijo é, então, o reflexo de tudo o que está guardado dentro, um convite à vulnerabilidade e à união.

É por isso que, ao beijar de verdade, você não pode simplesmente tocar qualquer pessoa. Só se você sentir que a alma do outro também está disposta a se mostrar, a se entregar. Quando isso acontece, o beijo se transforma. Ele não é só o movimento de lábios, mas o encontro de duas almas dispostas a se encontrar além da pele, a se tocar em um nível mais profundo.

Esse é o poder do beijo: a capacidade de nos levar a um lugar onde somos mais do que corpos, mais do que a materialidade do momento. Somos alma, energia, conexão.

⁠Nos Detalhes

Nos detalhes é onde as pessoas me ganham, e é nos detalhes que também me perdem. Não dá para exigir o que deveria ser simples, como reciprocidade, respeito e um tratamento básico. Forçar algo que desgasta não faz sentido, nem se prender a alguém que só traz peso e distância. Quando as relações nos machucam, é preciso parar de culpar o outro pelo que aceitamos delas. Elas sempre mostram, nos pequenos sinais, aquilo que, um dia, vai tirar nossa paz. Mas, muitas vezes, fechamos os olhos acreditando que o amor é capaz de sustentar tudo, que as pessoas vão mudar.

Não podemos exigir respeito, carinho ou atenção. O que realmente importa é saber o que sacia nossa alma e não negociar isso por menos do que merecemos. Precisamos manter ao nosso lado pessoas que nos tragam paz e prazer, sem precisar de lembretes para lembrar o que é essencial.

⁠Silêncio da Partida: Quando Só Para Mim Tinha Importância


Às vezes, chego a um ponto em que finjo estar tolerando tudo. Tenho preguiça de argumentar, de tentar explicar. Calo-me, mas não engulo. Apenas me preparo para partir. A decisão já está tomada, mesmo que a tristeza ainda me acompanhe. Porque, ao longo do caminho, percebo que aquilo que para mim tinha tanta importância, para o outro não significava nada. E isso dói. A dor não vem do afastamento em si, mas da constatação de que, mesmo quando entregamos o nosso melhor, muitas vezes somos deixados para trás.

A tristeza não é uma fraqueza, mas um reflexo de tudo o que tentamos construir, das esperanças que alimentamos, e das promessas que não se cumpriram. O que resta agora é seguir em frente, mesmo com os olhos ainda voltados para o passado. Porque, mesmo sabendo que só para mim tinha importância, há algo mais forte dentro de mim, algo que me permite seguir. A liberdade vem da escolha de ir, mesmo quando a partida se faz silenciosa, e a dor é uma lembrança do que não foi recíproco.

E, com o tempo, essa dor se transforma. Não mais como um peso, mas como a sabedoria de quem se escolhe, de quem aprende a se dar valor, mesmo que o outro não tenha visto. O fim não é o fim, mas o começo de algo que só a mim importa agora.

Amanheceu.
E o dia, indiferente, abriu as janelas do mundo como quem não sabe da ausência.
As pedras da rua não guardaram os passos de ontem; a feira já se enchia de vozes, e o barulho dos sacos plásticos abafava qualquer lembrança.
Ninguém reparou que havia um vazio a mais no caminho — o vazio nunca chama atenção, ele apenas existe.


A vida não para para velar dores.
Ela mastiga rápido, engole em seco, e segue adiante como se nada tivesse acontecido.
O coração que ontem batia, hoje não pulsa mais, mas os relógios continuam impassíveis, ticando segundos.
É cruel: o tempo não tem luto.


Há quem espere que a memória seja abrigo, mas a memória também cansa.
Logo, o nome se perde no meio de tantos outros, o rosto se dissolve em poeira de esquina, e o silêncio se torna o único registro.
Tudo volta ao fluxo, como se nunca tivesse sido.


Talvez seja essa a verdade mais dura:
ninguém é insubstituível na pressa do mundo.
E, ainda assim, dói pensar que um gesto tão definitivo se apague com a mesma facilidade que uma pegada na areia.

Consciência é Papel


Escrevo porque, às vezes, falar não basta.
Porque minha voz se perde no ar, mas as palavras escritas… elas permanecem.
Cada linha é um pedaço meu, uma confissão silenciosa que não precisa de plateia.


Aqui, não existe medo de julgamento.
Aqui, eu não preciso sorrir para suavizar minha dor nem me explicar para ninguém.
O que deixo escrito é a minha consciência escancarada, crua, nua.
É o reflexo do que penso quando tudo silencia, quando ninguém está olhando.


E não, não é drama.
Não é exagero.
É apenas o retrato de existir com o peso que carrego, tentando não incomodar, tentando caber no mundo sem fazer barulho demais.


Escrevo porque é o que me resta quando falar não funciona.
Porque aqui, neste papel, posso ser inteira.
Posso admitir o cansaço, a confusão, o vazio.
Posso dizer que às vezes a vida dói mais do que deveria, e que seguir em frente parece uma vitória silenciosa que ninguém vê.


Se você lê, talvez se reconheça.
Talvez sinta que essas palavras também são suas.
E, nesse instante, é como se eu não estivesse tão sozinha dentro delas.


No fim, é isso:
O que deixo escrito não é só texto.
Sou eu, inteira, existindo em palavras.
Mesmo quando o mundo prefere que eu me cale.

⁠Memórias Imortalizadas

A fotografia é um portal silencioso, onde o tempo se dobra e o instante é retido. Como um eco suave, ela resiste às marés da existência, conservando fragmentos do que fomos e do que ainda somos. Cada imagem capturada é uma memória que não se perde, um testemunho de uma realidade que se recusa a desaparecer.

Ela é a ponte entre o presente e o passado, permitindo que o olhar viaje para um tempo distante, onde as emoções, os cheiros e as cores ainda vibram. Ao revisitar essas imagens, somos transportados para um lugar onde a realidade se mistura com a lembrança, e o tempo parece parar, deixando-nos imersos em cada detalhe.

Mas é no eco da fotografia que encontramos sua verdadeira força. O tempo pode passar, as paisagens podem mudar, mas aquele momento, aquele olhar, jamais será esquecido. A fotografia carrega consigo a resistência de um eco que se repete, como uma melodia atemporal, lembrando-nos do que foi e do que sempre será parte de nós.

Em cada clique, a memória se eterniza. Não importa o quanto o mundo mude, os fragmentos do passado permanecem imortais, prontos para serem revisitados sempre que necessário, como um refúgio onde o tempo não ousa entrar.

⁠Gratidão: O Caminho que Transforma

A gratidão é uma chave que abre portas para a verdadeira felicidade. Quanto mais sou grata, mais beleza encontro nos pequenos detalhes da vida, nas simples interações e em cada passo dado ao longo da jornada.

Agradeço a Deus todos os dias, pois é Ele quem me guia e me fortalece, me permitindo crescer e me tornar uma versão melhor de mim mesma a cada amanhecer. Sou grata por cada pessoa que cruza meu caminho, pois, através de cada uma delas, aprendo, ensino e compartilho momentos que transformam o meu ser.

Meus olhos se abrem para a magia de cada instante vivido, para a energia das experiências que me fazem sentir viva, e é com um coração pleno de gratidão que celebro tudo o que me é dado. Cada memória construída ao lado de vocês, cada encontro, cada aprendizado compartilhado, é uma benção que carrego comigo.

Agradeço pelos sorrisos, pelas conversas profundas, pelos abraços e até pelas lágrimas, pois todas essas vivências, em sua totalidade, são o que me tornam quem sou hoje.

Hoje, olho para o meu caminho com os olhos da gratidão, porque sei que tudo o que vivi e vivo me prepara para um amanhã ainda mais incrível. Obrigada a todos que fizeram parte dessa jornada. Continuo trilhando com o coração grato e aberto para o que está por vir.

⁠Março chega, as águas se elevam e me tocam.

Março chegou, mês de marés altas, de chuvas que lavam o verão e preparam o tempo para o que vem.
Os rios transbordam, o mar varre tudo, refazendo margens, moldando caminhos.

Coincidência ou não, aqui, no meu lugar favorito, onde as águas tocam os meus pés e me reconhecem, enquanto beijam a ponte.
Gosto de pensar que há algo nisso—não destino, não mistério oculto, apenas o próprio ciclo da natureza, em seu eterno movimento.

Dizem que há quem pertença às águas. Que sente o fluxo antes que ele chegue, que lê os sinais na dança das marés.
Talvez seja isso. Talvez seja só a forma como o vento muda, como a chuva cai, como a terra respira depois da tempestade.

Só sei que me encontro aqui, onde tudo se refaz.

Assim como as velas se abrem ao vento, deixo-me guiar pelo invisível que move o visível, certa de que cada travessia encontra seu destino.

⁠⁠ Tolerância consigo


Todo o seu conhecimento de hoje e sua experiência de vida, lhe custou seu velho eu.
Então seja gentil consigo mesma, tenha tolerância com suas decisões e erros passados, eles lhe trouxeram habilidades, conhecimentos e poder de decisão para que mude seu futuro.
O amanhã se constrói hoje! Não pare no tempo
O passado é um lugar onde nada pode ser mudado

Não sufoque seu antigo eu, saiba viver como nova criatura e não esqueça o preço que lhe custou essa transformação.

Cobre menos do seu antigo eu, viva seu presente e usufrua das experiências para que aja menos lamento no seu futuro bem próximo

Reconstruir-se

Reconstruir-se não é voltar a ser o que era, mas tornar-se quem se precisa ser. É olhar para os escombros e, em vez de lamentar o que caiu, escolher o que ainda pode florescer.

É entender que algumas partes se perderam porque não cabiam mais, que algumas dores moldaram caminhos e que cada rachadura carrega uma história.

Não é um processo rápido, nem sempre é leve. Mas é necessário. Porque recomeçar não é fraqueza, é coragem. É decidir, todos os dias, que a própria história ainda vale a pena ser escrita.

Essência



Eu queria mergulhar em um poço de palavras inexistentes, um universo onde cada termo fosse moldado exatamente para carregar o peso e a leveza dos meus sentimentos. Palavras que se encaixassem perfeitamente, ocupando todos os espaços vazios da comunicação, como água preenchendo cada canto de uma fenda.

Sonho com letras que não apenas descrevam, mas respirem — que tragam no sopro de cada sílaba a essência do que sou e sinto. Que falem de coração para coração, sem deixar margem para dúvida, sem arestas que cortem a compreensão.

Que cada palavra escolhida seja um reflexo límpido de um pensamento decifrado. Que cada frase construída seja uma ponte direta para a alma. E, acima de tudo, que esse mergulho profundo permita um amor compartilhado, onde nada precise ser dito além do que já foi perfeitamente sentido.

Caminhando na Chuva

Na vastidão do ser, o desejo de ser luz,
deixar o corpo se transformar em sol,
de não deixar marcas no chão,
caminhar livre, sem rastros,
apenas a pureza do agora.

Mas, em cada passo,
a chuva insiste em cair,
a tempestade de erros e escolhas
se faz presente, como um peso
que não se apaga,
não se apaga, mesmo no desejo de renascer.

É na dança do fogo da alma
e na chama da mente que busco fugir,
mas a chuva continua, incessante,
como se a dor não soubesse descansar.

E eu, que procuro entender o que fui,
que busco apagar o peso do ontem,
me vejo perdida nas correntes da memória,
nos primeiros erros que me definiram,
e ainda assim, a chuva cai.

Mas então, aprendo a aceitar,
a deixar o vento secar meus olhos,
a me encontrar na calma que vem com o tempo,
na serenidade que surge
não pela fuga das tempestades,
mas pela compreensão de que elas são parte de mim.

E, ao fim, encontro a paz,
não porque a chuva tenha cessado,
mas porque aprendi a caminhar na chuva,
sem medo de ser, sem medo de errar.

⁠Reflexões e Questionamentos de Uma Mulher em Busca de Seu Espaço

Às vezes, me pego questionando o que realmente significa ser mulher em um mundo que constantemente exige de nós mais do que somos. Como posso ser eu mesma sem que os outros decidam o que sou ou o que posso ser? Será que sou refém das expectativas alheias ou tenho o poder de ressignificar minha existência?

Quantas vezes me vi diante de uma mulher brilhante e, em vez de celebrar sua conquista, senti o peso da comparação? O que acontece em nós que, ao invés de apoiar, nos sentimos ameaçadas? Onde está a linha entre a inspiração e a inveja? Por que esse ciclo nos enfraquece, quando poderia nos unir?

O olhar crítico, muitas vezes, não vem de fora. Ele nasce dentro de nós, alimentado por uma sociedade que faz da competição entre mulheres algo natural. Somos ensinadas a ver o sucesso de outra como uma ameaça e não como uma oportunidade de crescimento. E, ao nos compararmos, deixamos de enxergar a força que poderia nos conectar.

Mas percebo que toda essa insegurança, essa luta interna, não precisa ser minha prisão. Acredito que posso transformar esses questionamentos em forças, em ferramentas para redefinir minha relação com o mundo. Cada insegurança é um passo em direção à compreensão de quem eu sou e do que sou capaz de alcançar. O autoconhecimento que nasce da dúvida pode se tornar minha maior aliada, me levando a espaços onde a confiança floresce.

Agora, mais do que nunca, sinto que devemos parar de olhar a outra mulher com medo e começar a vê-la com admiração. Precisamos nos unir, trocar forças e entender que não há espaço para competição, mas sim para crescimento conjunto. Quando uma mulher sobe, todas nós subimos. Quando uma mulher se fortalece, todas nós somos mais fortes.

A verdadeira força feminina não reside na comparação, mas na colaboração. Quando começarmos a apoiar umas às outras, em vez de nos sentirmos ameaçadas, criaremos uma rede onde o sucesso de uma é o reflexo da possibilidade de todas.

⁠Sabe o que me corrói?


Me perceber fria,
apática,
triste.
E ainda saber que desconheço
outro ser que, como eu,
carrega uma alma amorosa,
doce,
intensa,
acolhedora,
e de sorriso fácil.

Me sinto vazia,
como se tivesse me perdido
em algo que não sei mais nomear.
Onde está a minha essência?
Onde está o amor que eu sempre dei?
O sorriso que eu não conseguia esconder?

Isso me consome,
porque sei que posso ser tudo isso de novo,
mas ainda não encontrei o caminho de volta.

⁠A Graça que Me Alcança, Me Basta e Me Abastece

A graça de Deus não apenas me basta, mas me abastece, me renova e me fortalece quando sinto que não há mais forças. Não é sobre merecimento, sobre ser digna ou perfeita. É sobre um amor que me alcança no meio do caos, que me segura quando tudo parece desmoronar.

Ela preenche os vazios, acalma as inquietações e me lembra que não estou sozinha. Mesmo quando minha pressa grita e minha ansiedade tenta tomar o controle, Sua graça já é suficiente. O segredo é confiar, mas confiar é também o mais difícil. Queremos as coisas no nosso tempo, do nosso jeito, com respostas rápidas e certezas imediatas.

Vivemos cheios de urgências, de expectativas, mas Deus nos convida a descansar, a lembrar que Ele está no controle. E quando olho para trás, percebo: Ele sempre cuidou de tudo. Até nos momentos que não entendi, até nos silêncios que pesaram, Sua bondade nunca falhou.

Estou sobre essa graça que me alcança. Ela me sustenta, me molda e me ensina que, mesmo quando parece que falta algo, n’Ele eu já tenho tudo.

⁠O Abismo do Sentir

Será que o verdadeiro temor das pessoas em se conectar com alguém que tem depressão ou transtornos emocionais é apenas a incapacidade de saber o que fazer? Ou talvez seja algo mais profundo: o medo de mergulhar em territórios extraordinários, onde o sentir é avassalador e pleno?

Quem sente em excesso carrega uma consciência afiada, uma percepção quase divina — refletindo sobre tudo e todos, tocando o invisível que outros ignoram. Mas essa profundidade também pesa. E, sendo humanos, não compreendemos completamente essa intensidade, que nos faz constantemente julgar nossas falhas, buscando desesperadamente acertar.

Queremos seguir a vontade de Deus, amar e compreender a humanidade, mas acabamos nos perdendo de nós mesmos. Questionamos nossas fraquezas e nos culpamos por não sermos melhores para nós, para os outros e, principalmente, para Deus. Esse fardo, essa culpa silenciosa, vai além do sofrimento emocional: é a dúvida que dilacera a fé, a existência e o amor divino.

E talvez seja isso que as pessoas temem ao se aproximar: perceber que há um abismo dentro delas também, onde a fragilidade humana encontra a necessidade incessante de redenção

⁠Olhar Que Recua no Tempo

O olhar é uma janela para o passado, um portal silencioso que nos permite voltar, ainda que por um instante, ao que já foi. Cada fotografia é um elo com o tempo, uma chance de recuar para uma memória distante, mas vívida, que se mantém viva dentro de nós. As imagens não são apenas representações do que vimos, mas sim fragmentos do que sentimos, capturados para resistir ao esquecimento.

Ao olhar para uma fotografia, não estamos apenas observando o que foi; estamos revivendo. O lugar, as pessoas, a atmosfera, tudo aquilo que estava presente naquele instante, ressurge no olhar que agora se aprofunda. O recuar no tempo é mais do que uma simples lembrança, é a reconstrução emocional de um momento que nos marcou, que ficou registrado não apenas na imagem, mas na alma.

As memórias, por sua natureza, são feitas para isso: para que possamos retorná-las quando desejamos, para que possamos reviver as experiências que nos moldaram. A fotografia nos dá a oportunidade de revisitá-las, de voltar a sentir o que sentimos, a ver o que vimos e a reviver o que nos tocou. Ela não apenas preserva o passado, mas nos dá o poder de retornar a ele sempre que necessário.

Imortalizados pela imagem, aqueles que foram capturados naquela fração de tempo permanecem conosco. E, por meio do olhar, nós também, como testemunhas e fotógrafos, nos tornamos parte dessa eternidade, imortalizando não só o momento, mas a essência que ele carrega. O olhar que recua no tempo não busca apenas o que foi, mas o que permanece, o que nunca se apaga, e nos lembra que a memória é, de fato, o que nos faz reviver.

⁠Cores de um Amor Transbordante

Em terra caída, cai de amores. Feito tela pintada à mão, em tons de azul e rosa, o amor transbordou através dos meus olhos e fez de cais meu coração.

Cada toque da vida, cada nuance do sentimento, pinta no meu peito uma obra única. O amor não se limita a um único traço, ele se espalha, se funde, se torna infinito como a combinação perfeita entre as cores do céu e da terra.

Nas cores que o amor me oferece, vejo a beleza de um coração que se entrega sem medo, que se permite fluir como tinta sobre uma tela que nunca foi tão viva. O que é o amor, senão um retrato de quem somos, pintado com os tons que mais ressoam na alma?

Cada movimento do coração é uma pincelada que a vida faz, e em cada cor, vejo o quanto posso me perder para depois me encontrar.

⁠Renacente

És raiz que o vento não arranca, mesmo quando o tempo insiste em testar tua fé. És mar que se refaz em ondas, sendo força, sendo entrega, sendo tudo o que quiser.

Tens no olhar o peso dos séculos, memórias que ecoam além do corpo e da pele, mas na tua essência, há um brilho inquebrantável, um lume que nem a sombra repele.

Caminhas entre destroços e ainda assim constróis beleza, transformas dor em poesia, silêncio em canção. És feita de alma que não se dobra, de ternura que é resistência, de amor que é revolução.

Persistes, porque és feita de verbo e coragem, de fotografia e palavras que nunca se apagam. És mulher que sente e não se rende, mulher que é inteira, mesmo quando o mundo tenta partir em farrapos a tua estrada.

És tempo que recua e avança, és entrega e refúgio, és pulsar e calmaria. És mulher que não se desfaz, porque és, simplesmente, poesia.

Feliz teu dia, feliz tua existência.

Reflexos da Alma: A Arte de Capturar e Expressar

⁠Cada imagem é uma janela aberta para o íntimo, uma fração de alma capturada em um instante. A fotografia, como uma linguagem silenciosa, fala ao coração de quem a observa, conectando sentimentos que palavras às vezes não conseguem. Mas, assim como uma imagem, as palavras também carregam o peso do que não se vê, traduzindo o invisível em sentimentos tangíveis. Quando unimos esses dois mundos — a visão e a expressão escrita —, criamos uma ponte entre o visível e o intangível, onde as emoções se encontram e se revelam.

⁠Onde a admiração desfalece, onde o respeito silencia, o amor não respira. Parta antes que reste apenas a sombra do que foi.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Onde a admiração desfalece, onde o respeito silencia, o amor não respira. Parta antes que reste apenas a sombra do que foi.

⁠O Peso da Presença: Quando o Medo de Ser Incômoda Nos Faz Ausência

Ao meu medo de ser incômoda, atribuo meus afastamentos e ausências.
Já fui aquela pessoa extremamente presente, que ao menor sinal estava lá, de prontidão.
Ainda sou, mas hoje me blindo de informações — uma pausa do mundo para não exceder meus limites,
os quais já foram exaustivamente ultrapassados.

Se for realmente urgente, coloco minhas dores no bolso, me faço forte e estarei lá, presente.
Mas o receio de ser incômoda, de parecer forçar algo, inclusive a presença,
me faz recuar de imediato.
Ainda que meu desejo seja permanecer, escolho me afastar, recolher-me, curar-me.

De alguma maneira, encontro força na solidão escolhida,
para não me tornar um peso na vida de quem amo.

E assim, me torno ausência antes que me tornem excesso.

⁠Disseram-me para não desistir.
Se for morrer, que seja tentando.

Se for pra fraquejar, que seja apenas por uma noite — que as lágrimas lavem o medo, que o desespero se despeça com a escuridão. E ao amanhecer, que eu me erga, não como quem sobrevive, mas como quem renasce.

Que eu me torne parte do espetáculo.

⁠Ouvir Também Salva

Setembro Amarelo é um mês que me deixa inquieta. A intenção é genuína, mas parece que a luta é contra o depressivo, não contra a depressão. Falar é importante? Sim. Mas falar só funciona quando há ouvidos preparados para ouvir de verdade.

O problema é que, na maioria das vezes, as pessoas não sabem como lidar. Dizem palavras que, em vez de ajudar, empurram ainda mais fundo no abismo. "Você precisa ser forte", "Isso é falta de fé", "Todo mundo tem problemas." Essas frases são golpes invisíveis que aumentam a dor.

O que falta, então? Conscientização. Não para quem tem depressão, mas para quem convive com essas pessoas. Setembro Amarelo deveria ser um mês para ensinar como ouvir sem julgamento, como identificar os sinais silenciosos de alguém pedindo socorro, como se posicionar com empatia e dizer as palavras certas — ou simplesmente ficar em silêncio e estar presente.

Porque muitas vezes não é o falar que salva, mas o saber ouvir. E ouvir, de verdade, também é uma forma de amor.

⁠Sozinhas, mas não ameaçadoras

Desde quando uma mulher sozinha representa mais risco para outra do que aquela que anda em grupo? Desde quando optar por menos companhia é sinônimo de desconfiança ou um atestado de solidão e sofrimento?

Somos observadoras, sensíveis à nossa própria percepção. Valorizamos conexões leves e verdadeiras. Não nos forçamos a laços apenas para pertencer a um grupo, porque não buscamos existir em bando – buscamos existir em verdade.

Isso não significa que não temos amigos ou que não somos leais. Apenas escolhemos o silêncio ao invés do ruído desnecessário. E essa escolha não deveria incomodar ninguém.

⁠Ecos de Luz: O Brilho que Perdura


As estrelas nascem do abraço silencioso da poeira e do gás, incendiando o vazio com a força da criação. Ardendo em sua própria luz, sustentam o céu com um brilho que desafia o tempo, como promessas feitas ao infinito.

Mas até mesmo as estrelas têm um fim. Algumas se apagam suavemente, outras explodem em despedidas grandiosas, espalhando fragmentos de si pelo universo. E, no entanto, seu brilho persiste. Atravessa a escuridão, corta o tempo, alcança nossos olhos como um sussurro do passado. Vemos luzes que já não existem, rastros de um existir que se recusa a ser esquecido.

Porque estrelas nunca morrem por completo. Deixam sua marca nas galáxias, nos corpos celestes, em nós. Somos feitos delas — de pó estelar, de ecos de brilho, de resquícios de um fogo que um dia ardeu para iluminar o desconhecido.

⁠Rio de Gente

O rio corre, mas não é de água,
é de passos, vozes, multidão,
deságua em esquinas, sobe calçadas,
se espalha em ondas pelo chão.

O tempo escorre sem despedida,
como quem parte sem olhar,
mais um dia que se dissolve
nas luzes pálidas do lugar.

Mas há um sonho que não se apaga,
uma chama acesa a resistir,
pois tudo que é vivo se refaz,
e tudo que é rio aprende a seguir.

⁠O silêncio pode curar, mas também ferir Tudo depende de como é acolhido.... Frase de Jorgeane borges.

⁠O silêncio pode curar, mas também ferir
Tudo depende de como é acolhido.

⁠Profundidade e Entrega

Sou uma mulher que não se apressa em se entregar, porque sei que o verdadeiro encontro exige mais do que o superficial. Busco sempre o genuíno, o que vai além das aparências, o que conecta as almas. Para mim, o corpo é só o início; a alma é onde tudo acontece.

Não temo a solidão, ela me permite me encontrar e entender o que realmente desejo. Prefiro esperar, até que a dança certa se apresente, até que alguém com a mesma sintonia cruze o meu caminho.

Quando me entrego, faço-o por inteiro — não apenas com o corpo, mas com a alma. Sei que o valor real das conexões está na profundidade, na entrega mútua e no espaço onde as energias se encontram e se fundem.

⁠Para Quem Ousa Sentir

Eu sei que não sou para todo mundo. Nem todo lugar me merece, porque não sei estar sem presença, e nem todo sentimento merece minha atenção. Nem toda conexão vale o meu investimento, porque não entro pela metade.

Sou para aqueles que sabem reconhecer boas e raras companhias, para quem valoriza vínculos verdadeiros e sentimentos profundos. Fui feita para a leveza, para a paz, para a sensação de estar em casa—porque eu me faço lar.

Fui feita para quem tem coragem de sentir e demonstrar, para aqueles que ousam colocar o coração em mim, porque eu também o deixo ali. Minha companhia não é para preencher vazios, mas para tornar o caminho mais bonito, mais intenso, mais verdadeiro.

Que tudo o que combina com isso me encontre.

⁠Às vezes, me perco
na imensidão do que sinto.
Há em mim um sentir que transborda,
que atravessa o infinito,
que ecoa em vazios desconhecidos.

Luto para me conquistar,
mas sou terra em tempestade,
vento que se dobra ao tempo
e ainda assim resiste.

Carrego o peso de mil batalhas,
a exaustão de quem sempre luta,
mas também a força de quem,
mesmo em ruínas,
se reconstrói.

À Margem de Mim


Está tudo aqui. Vivo. Latejante.
Eu sei o peso de cada coisa que não fiz, sei a dimensão do caos ao meu redor, sei exatamente o que precisa ser feito.
E, mesmo assim, estou parada.
Imóvel.
À margem da minha própria vida.


É agonizante estar consciente de tudo e, ao mesmo tempo, incapaz de mover um único passo.
Minha mente corre, grita, pede mudança.
Mas meu corpo não acompanha.
É como estar presa dentro de mim mesma, olhando o tempo escorrer pelas mãos que não consigo levantar.


Querer e não conseguir.
Saber e não fazer.
Viver aprisionada em um corpo exausto, sem vida ativa, sem impulso.


O desejo de mudar é real, mas a energia… desapareceu.
E isso corrói.
Corrói de um jeito que palavras mal conseguem descrever.


É um conflito que desgasta, que sufoca, que mata por dentro devagar.
Um silêncio que ecoa mais alto que qualquer grito.
Um cansaço que não é só físico — é existencial.


E a esperança … já cansou.
Já desistiu de tentar.
Não porque queira, mas porque lutar contra si mesma todos os dias também tem um limite.
E o meu, eu já encontrei.


Agora só resta esse vazio lúcido.
Essa consciência cruel de quem vê a própria vida passar, e não tem mais forças para alcançá-la.

Redenção Às vezes, a maior batalha não está em sentir demais, mas em carregar a culpa por não ser suficiente para nós mesmos, para os outros e para Deus. É o pe... Frase de Jorgeane borges.

Redenção

Às vezes, a maior batalha não está em sentir demais, mas em carregar a culpa por não ser suficiente para nós mesmos, para os outros e para Deus. É o peso de tentar acertar em tudo, enquanto nos perdemos na dúvida de sermos dignos de amor — inclusive o divino.

⁠O convite da essência


Há algo no meu olhar que é um convite silencioso, uma porta aberta para quem deseja se aprofundar na minha alma. Algo que conecta, que atrai, que decifra. E então, alguns se deixam levar, se ligam à minha essência sem que uma única palavra seja dita, compreendendo quem sou no silêncio. Outros se perdem, talvez não consigam ver o que é tão simples, tão claro, tão direto. Eu sou feita da simplicidade, da transparência, daquelas palavras que são ditas com clareza, e das que não precisam de som, porque se revelam nas atitudes — sempre objetivas, sempre claras.

Quando me encontro perdida nas dúvidas, me recolho. Mergulho dentro de mim, me redescubro, busco entender o que há de mais profundo, o que precisa ser revelado. Não desejo apenas passar pela vida; quero deixar nela minha marca. Quero deixar um pedaço de mim em cada pessoa que cruzar meu caminho, em cada lugar que visitar, em cada olhar que encontrar.

E, ao final, quem se conectar a mim, de alguma forma, saberá que um pedacinho ficou. Em algum canto, um pouco de mim permanecerá, como uma lembrança compartilhada.

⁠O Sexo Como Encontro de Almas

Sexo, para mim, sempre foi mais que um ato, mais que um instante de prazer ou um impulso do corpo. Sempre acreditei que Deus não o fez apenas para a procriação, mas para a fusão — um encontro que vai além do toque, que transpõe a matéria e alcança a alma.

Quando dois corpos se entregam por inteiro, algo maior acontece. Não é apenas carne sobre carne, é energia se misturando, essências se reconhecendo. É um ritual silencioso onde nos tornamos um, transcendendo o tempo, o espaço e tudo o que nos separa.

Penetrar o outro não é apenas um ato físico; é entrar em sua alma, explorar suas profundezas, desvendar mistérios guardados na pele e na respiração. É um convite à entrega total, onde não há barreiras, apenas o desejo de sentir e ser sentido.

Na comunhão dos corpos, as almas conversam. Sussurram segredos em cada arrepio, se reconhecem na sintonia dos gestos, se perdem e se encontram no pulsar do desejo. E quando o silêncio chega, não é vazio — é plenitude. Porque o verdadeiro sexo não termina quando os corpos se afastam, mas permanece na energia trocada, no que um deixou no outro, no que se tornou juntos.

E é nisso que eu acredito: no sexo como portal, como transcendência, como um sagrado diálogo entre almas.

⁠Entre Inspirações e Desafios: O Que Nos Impede de Nos Apoiar?

Me sinto uma mulher privilegiada por trabalhar ao lado de tantas mulheres brilhantes, talentosas, competentes e profissionais inspiradoras. Elas me motivam com suas vidas, tanto pessoais quanto profissionais, e me mostram, dia após dia, o que significa ser dedicada, forte e comprometida com aquilo que amam. São esposas sábias, mães que equilibram a vida familiar com o trabalho, mulheres que são responsáveis por moldar e educar a nossa sociedade, inclusive no meu município.

Ao longo da minha vida, minhas amizades sempre foram com mulheres que me inspiram: professoras, empreendedoras, lojistas, cabeleireiras, manicures, médicas – mulheres bem-sucedidas e que, com muito esforço, conquistaram seu espaço em um mundo que muitas vezes não facilita a caminhada.

No entanto, vejo uma diferença importante entre essas mulheres. Algumas formam redes de apoio entre si, se tornam amigas, clientes e incentivadoras. Elas não se abandonam, sabem a importância de se fortalecerem juntas e caminham lado a lado em busca de crescimento mútuo. Esse tipo de união é um exemplo claro de como podemos transformar o espaço à nossa volta, tornando-o mais colaborativo e mais inclusivo.

Mas, infelizmente, a realidade é que a maior parte das mulheres não age assim. Em vez de apoiar, muitas se tornam concorrência desleal. Observando ao meu redor, percebo como a competição, os julgamentos e as intrigas acabam tomando conta. Elas não se preocupam em buscar o próprio crescimento, mas em ver a outra fracassar. Falar mal, derrubar e competir de maneira desleal se tornam atitudes recorrentes.

E por que isso acontece? Por que tantas mulheres não se apoiam e, ao invés disso, se colocam como barreiras umas para as outras? O que nos impede de entender que o sucesso de uma não diminui o da outra? Talvez seja o medo, a insegurança, ou talvez o reflexo de uma sociedade que nos ensina a ver a outra como uma ameaça. Mas, no fundo, sabemos que juntas somos muito mais fortes.

Precisamos lembrar que o verdadeiro empoderamento vem da união. Que, ao nos apoiarmos, criamos uma rede que nos fortalece e que nos eleva. Só assim conseguiremos quebrar as barreiras da competição desleal e construir um espaço onde todas possam prosperar.

⁠Sem Reembolso

O tempo não espera troco,
não aceita devolução.
Cada segundo gasto
é um passo sem retorno,
um eco que some no vão.

Ou se vive, ou se perde.
Ou se lança ao agora,
ou fica contando migalhas
do que não foi.

A vida não se guarda em bolsos fundos,
não se deixa para depois.
É fogo que pede sopro,
rio que exige corpo,
vento que chama voz.

O relógio não faz acordos,
nem as horas dão desconto.
A urgência é hoje.
O tempo,
esse, já foi.

⁠Brincar de Viver, Amar de Verdade

Bora brincar?

Brincar de viver, de rir até a barriga doer, de correr sem pressa, de sentir sem medo.

Mas amar… ah, amar a gente ama sem brincadeira. Ama por amar, sem regras, sem reservas, sem precisar medir. Ama porque transborda, porque faz sentido, porque é a essência que pulsa no peito e não pede permissão para ficar.

A gente ama como ama. Ama de verdade, de alma inteira, carregando no peito quem faz morada na gente. E carrega com um sorriso leve, daqueles que sabem a beleza exagerada de quem não tem medo de sentir.

Porque quem sabe brincar da vida, sabe também a grandeza de amar.

Desvelando a Morte: O Caír das Cortinas

A morte há de ser como
O cair das cortinas entre a cria e a criatura,
A parede invisível que nos separa da eternidade,
Podendo assim estar diante do Criador.

O rasgar do tecido fino que separa o agora do infinito,
Revelando a nudez do ser humano,
Deixando para trás todas as bagagens e tesouros
Que acumulamos em vida,
Mas que ali não têm utilidade alguma.

Nesse momento, tarde demais,
Percebe-se o quão fútil pode ser a vida,
E que talvez a morte não seja o problema.
Ela há de ser uma solução,
Uma passagem para o eterno e o desconhecido,
Onde o peso do viver finalmente se dissolve.

⁠Onde o Amor Não Sobrevive

O amor não sobrevive onde a admiração se desfaz. Onde o olhar já não brilha ao encontrar o outro, onde as palavras perdem o calor e se tornam apenas ruído de fundo. Sem admiração, o que antes era encanto vira hábito, e o hábito, com o tempo, se torna indiferença.

O amor não resiste onde a consideração se esvai. Quando a presença do outro se torna um detalhe, quando as dores não são escutadas e as alegrias não são celebradas. Onde não há consideração, o amor é deixado de lado, esquecido como um livro não lido, pegando poeira na estante do tempo.

O amor se apaga onde o carinho se torna escasso. Porque o amor não vive apenas de grandes gestos, mas dos pequenos toques, do cuidado que se expressa nos detalhes do dia a dia. Se o carinho se torna raro, o amor se sente sozinho, frio, e acaba encolhendo até desaparecer.

E, por fim, o amor morre onde o respeito é quebrado. Onde as palavras machucam mais do que acolhem, onde os limites não são respeitados, onde a presença se torna um fardo. Sem respeito, o amor deixa de ser refúgio e passa a ser exílio.

Por isso, se perceber que tudo isso se perdeu, não insista. Esqueça, silencie, saia. Não por orgulho, mas por amor a si mesma. Pois o amor que precisa implorar para existir já não é amor, é apenas lembrança. E você merece mais do que sobras.

Vá onde seu amor possa florescer. Fique onde ele possa respirar.


Limites Essenciais: A Jornada do Auto-respeito

A vida me ensinou que havia limites para tudo e que eu não podia ultrapassá-los.
Assim segui, extremamente cautelosa e obediente.

Mas nunca me disseram que meus próprios limites também precisavam ser respeitados.
Que dizer “não” ao outro seria, na verdade, honrar o limite mais importante de todos: o meu.
Que meu limite de tolerância precisava existir.
E que ser permissiva demais seria permitir que me invadissem constantemente.

Desrespeitar meus limites me custou um acúmulo de exaustão emocional, ressentimento e ansiedade,
além de uma perda gradual da minha identidade.
Ao ignorar minhas próprias necessidades, acabei me diluindo e perdendo o equilíbrio que tanto precisava para cuidar de mim.

Aprendi tarde, mas aprendi: meu limite não é um convite para ser testado.

⁠Carrego em Mim a Minha Gente

Quem disse que eu ando só?

Sou uma, mas trago em mim muitas. Carrego vozes que vieram antes de mim, risos que ecoam pelas ruas, olhares que enxergam além do que se vê. Minha caminhada não é solitária — ela é feita de memórias, de histórias contadas à beira do Rio Real, de passos que seguem o ritmo das tradições.

Minha arte não é apenas minha. Ela é reflexo do meu povo, das mãos que moldam, dos sabores que alimentam, dos gestos que traduzem um pertencimento. Em cada clique, há um pedaço da nossa identidade. Em cada imagem, um registro da essência que nos torna únicos.

Indiaroba não é só um lugar, é um sentimento. Está no cheiro da comida caseira, no colorido das feiras, na fé que nos une, no talento que se manifesta em cada detalhe. Sou feita dessas raízes e, através do meu olhar, levo comigo tudo o que somos.

Eu represento.
A arte, a cultura, a força do meu povo.

⁠A Presença Que Salva

Setembro Amarelo deveria ser mais do que um convite para falar. Porque nem sempre conseguimos. A mente de quem vive com depressão é um labirinto de pensamentos desordenados, onde encontrar as palavras certas para explicar o que se sente é quase impossível.

Muitas vezes, o que precisamos não é alguém nos dizendo "conte comigo" e depois desaparecendo, mas alguém que fique, mesmo no silêncio. Que segure nossa mão, sem soltar. Que entenda que às vezes não queremos falar, só precisamos de um abraço, de uma presença que não exija explicações, que apenas diga: "Estou aqui, com você. E não vou a lugar nenhum."

É essa ajuda silenciosa que salva. Um olhar que acolhe sem pressionar, uma companhia que não julga o choro, a tristeza ou a vontade de nada. Uma presença que transforma a solidão em algo suportável.

A campanha não deveria ser sobre pressionar o depressivo a falar, mas sobre ensinar as pessoas a estarem presentes, realmente presentes. Porque o que salva, muitas vezes, não é a palavra, mas o acolhimento. E há um tipo de amor que não precisa de som — só de presença.

⁠A prisão invisível

Fui uma criança limitada. Sem liberdade, sem escolhas. Criada para ser recatada, para me prender às crenças e ao coração. Cresci dentro dessas grades, e hoje ainda carrego a dificuldade de ressignificar aquilo que não me acrescenta, mas que se tornou uma prisão dentro de mim.

E, ao olhar para fora, me deparo com novas limitações – agora impostas por uma sociedade que ainda resiste a aceitar mulheres livres. Se sou bonita, meu mérito nunca é meu. Se conquisto algo, dizem que foi por um homem. Se sou casada, atribuem meu sucesso ao marido. Se não sou, sugerem que há alguém me bancando. Nunca basta ser eu.

Mas e as oportunidades que nos são negadas? Quem fala disso? Quem discute as portas fechadas porque uma mulher pode representar ameaça ao ego ou à segurança de alguém? Há um preconceito silencioso contra mulheres bonitas, seguras e independentes. O mercado de trabalho ainda favorece os homens. E entre as próprias mulheres, a insegurança alimenta rivalidades que nem deveriam existir.

A liberdade feminina ainda tem muitas barreiras – algumas impostas de fora, outras que aprendemos a carregar. Mas aos poucos, seguimos quebrando cada uma delas.

⁠A Natureza das Coisas

O curso de tudo acontece sem o controle dos envolvidos, mas há uma força que, de alguma forma, orquestra os encaixes com tanta precisão que nos faz acreditar que sempre esteve destinado a ser assim. A vida se desenrola em seu próprio ritmo, indiferente às nossas pressas e ansiedades.

A natureza daquilo que é – e do que há de ser – ensina que o amanhã pode trazer tudo, ou pode não trazer nada. E que lutar contra isso é como tentar segurar o vento. Há momentos de espera e momentos de transformação. O tempo não se adianta nem se atrasa, ele apenas segue, inexorável, como um rio que corre para o mar.

Cada passo dado é parte de um caminho maior, onde a subida exige esforço, mas também revela paisagens que antes não podiam ser vistas. Para chegar mais alto, é preciso atravessar o percurso, sentir a estrada sob os pés e entender que a verdadeira conquista está no movimento e não apenas no destino final.

⁠O Tempo que Ficou

Há um lugar dentro de mim, onde o tempo parece não ter passado. Ele ainda existe, como se os dias que vivi ao lado de meus avós estivessem apenas aguardando para serem revisitados. Eu os vejo, seus sorrisos, seus gestos, como se pudessem voltar ao meu lado a qualquer momento. Eu os vejo na quietude da noite, na luz suave da manhã, no som do vento que parece sussurrar seus nomes. E a saudade, essa saudade que aperta o peito, é o que me lembra que eles sempre estarão ali, mesmo que o corpo se tenha ido.

O amor deles por mim era puro, simples, sem exigências. Era um amor que não precisava de palavras, um amor que se mostrava nos pequenos detalhes: no café quente que me ofereciam, nas mãos calejadas que me acariciavam, no olhar atento que me guiava, me protegia. Não eram só meus avós, eram meus pais, meus pilares, minha razão de existir. Eu os carrego dentro de mim, como quem carrega um segredo precioso. Eles estão em tudo o que sou, nas decisões que tomo, nos momentos de quietude, na forma como vejo o mundo.

Ah, como eu queria voltar no tempo! Reviver aqueles instantes em que tudo o que importava era o calor do abraço, a segurança das palavras que me consolavam. O tempo, que agora me escapa entre os dedos, se torna um lamento doce, uma vontade de regressar àqueles dias onde a vida parecia mais gentil, mais devagar. Em cada canto, em cada cheiro, em cada lugar que me rodeia, existe a lembrança deles, e mesmo que o tempo tenha se levado suas vozes, a essência deles ainda vive em mim, vibrando com uma força que não cede.

A saudade que sinto não é um vazio; ela é um espaço preenchido de amor. É um amor que transcende a morte, que resiste ao tempo e que permanece, forte e constante, na minha alma. Eles são a parte de mim que nunca se vai, que nunca se apaga. Eu os carrego em cada passo, em cada sorriso, em cada gesto, pois sei que, no fundo, eles nunca me deixaram. Estão em tudo, em cada pedaço de memória que permanece comigo.

A vontade de voltar ao tempo, de reviver aqueles dias, é mais do que um desejo. É a certeza de que, apesar de tudo, o que construímos permanece. Eles continuam a viver, através do amor que não passa, da saudade que não morre, da presença que, embora ausente, nunca se vai.

⁠Passos Leves

Caminho com passos leves, pois é caminhando que se aprende a caminhar.
Mantendo a constância, mesmo nos passos lentos, o destino é chegar.
Mas nunca me permito desistir de seguir adiante.
Nem sempre a velocidade é o que nos leva a algum lugar.

Pauso quando necessário, para recalcular a rota,
e retocar o sonho que me impulsionou a caminhar.

Hoje sigo, e é bem provável que amanhã chegarei lá.

⁠A Escolha de Quem Tocamos

Não acredito que o sexo seja algo para se compartilhar com qualquer pessoa. Não consigo me entregar ao acaso, porque para mim, não é apenas um ato — é uma troca. E nem toda troca vale a pena.

Deixar-se no outro é mais do que um instante de prazer; é entregar um pedaço de si, carregar em si um pedaço do outro. E nem toda energia merece ser recebida, nem toda presença deve ser levada adiante.

Não consigo me entregar apenas ao desejo do corpo. Se não desejar antes a alma, se não sentir a conexão além da pele, o toque se torna vazio, a presença se esvazia, e o sexo deixa de ser encontro para ser apenas passagem.

Quero o que transcende. O que preenche. O que une para além do instante. Porque no fim, não é o corpo que me satisfaz, mas a alma que me acolhe.

⁠Orações Escritas

Um Clamor de Filha – Encontro com o Divino

Ah, Deus, queria um encontro contigo, e ser digna dele.

Poder estar em Sua presença, mesmo em silêncio, poder olhar para Ti e ter a certeza de que estaria sendo compreendida em totalidade.

Não, eu não falo no sentido de "passar pano" para minhas falhas, digo no sentido de ser o único que pode dizer: "Eu sei quem tu és e como se sentes."

Eu Te conheço e Te entendo, mesmo que só pela troca de olhares. Queria estar face a face contigo.

Queria desfrutar daquilo que não tive: o cuidado de um pai.

É muita ousadia, sendo eu pequenina, imperfeita e mortal?

Eu sei, muita audácia minha, pedir ao grande Rei, Senhor dos senhores, e soberano, majestoso Deus, o grande "Eu Sou", o El Shaddai, Javé.

Mas me coloco no lugar de filha que sou, e que filha não precisa do colo e abraço do seu pai?

Qual filho não corre para o pai quando machucado e com medo?

Qual filho não deseja a segurança da presença e da proteção de seu pai?

Eu Te quero aqui, pertinho de mim, mesmo em silêncio.

Não, eu não ouso Te pedir nada, imagino quantos pedidos Tenhas que atender.

Eu agradeço por tudo, não sou merecedora de nada e, ainda assim, sei que cuidas de mim, mesmo que eu não compreenda essa tal de provação ou preparação.

Mesmo na dor, eu Te agradeço, mesmo sem conseguir louvar em Teu nome.

Fica aqui, meu Pai, não solta minha mão.

⁠O Amor Como Se Revela Para Mim

O amor, para mim, é uma dança silenciosa entre duas almas, onde cada movimento é uma entrega, um entendimento que não precisa de palavras. Ele é um espaço de acolhimento, onde podemos ser inteiros e, ao mesmo tempo, aprender a nos desintegrar nas pequenas partes que nos fazem humanos. É aquele laço invisível que une, mas não aprisiona. É a liberdade de ser, com a segurança de pertencer.

Amar é estar. É cuidar. É perceber o outro nos gestos mais sutis e, ainda assim, enxergar grandeza neles. Porque o amor se revela naquilo que muitos poderiam considerar pequeno, mas que, para mim, são declarações inteiras:
"Deixa que eu resolvo."
"Eu cuido."
"Tô indo aí."

O amor também precisa ser dito. Ele se manifesta no toque, no olhar que sustenta, mas também na palavra que acolhe. Há amor no que é sussurrado ao vento, no que se ecoa no silêncio, no que se escreve para que permaneça. Mas o amor não se limita ao que se fala, ele vive no que se faz. Está no ato de estar perto sem necessidade de presença constante, no tempo dedicado sem ser cobrado, no abraço que cura sem que precise ser pedido.

O amor não pede mudança, mas naturalmente nos ajustamos ao outro porque queremos caber ali, porque o pertencimento não é imposição, mas um desejo que brota de dentro. E, assim, sem que haja perda, há encontro. Um encontro onde cada um pode ser por inteiro, mas também se permitir ser moldado pelo outro, não por necessidade, mas por vontade de caminhar junto.

E o amor, quando é genuíno, não exige. Ele é. Ele transborda sem esforço, se reflete nas ações e nas palavras, no que se doa e no que se recebe. O amor é esse cuidado que não pesa, essa presença que não sufoca, esse elo que não prende, mas sustenta.

Porque o amor, para mim, é isso: um sentir que não se mede, mas que se reconhece em cada detalhe.

O amor, um encontro de presença, cuidado e pertencimento.

Pétalas De mal quereres e bem te quero, deixei de ser flor ao entregar-lhe todas as minhas pétalas!... Frase de Jorgeane borges.

Pétalas

De mal quereres e bem te quero, deixei de ser flor ao entregar-lhe todas as minhas pétalas!

⁠O Propósito da Minha Voz

Minha voz não precisa ecoar por multidões para ser significativa. Não é a quantidade de ouvidos que a escutam que determina seu valor, mas a profundidade com que alcança um coração.

Se minhas palavras tocarem uma pessoa — apenas uma — e fizerem com que ela se sinta compreendida, acolhida ou inspirada, então já terei cumprido meu propósito. Porque acredito que propósito não é sobre números, mas sobre conexão verdadeira.

A vida é feita desses encontros sutis, quase invisíveis, onde uma alma encontra outra e algo se transforma. E se minhas palavras deixarem uma marca, mesmo que pequena, então minha voz terá encontrado seu caminho, seu sentido.

Não preciso de aplausos para saber que estou seguindo meu propósito. Basta saber que, em algum lugar, alguém sentiu que não está sozinho. E isso, por si só, já é grandioso.

⁠A fotografia como ponte entre o tempo e a memória

A fotografia é mais do que um simples registro, é um portal entre o passado e o presente. Cada imagem carrega não apenas cores e formas, mas histórias, sentimentos e fragmentos de tempo que poderiam se perder na correria do dia a dia.

Através da minha lente, busco capturar a essência da minha cidade, os detalhes que muitas vezes passam despercebidos, mas que são a alma do nosso povo. É sobre tornar visível o que já faz parte de nós, ressignificar espaços, rostos e momentos.

Quando uma fotografia resgata uma lembrança, ela prova que o tempo pode ser revivido. E é assim que construímos nossa identidade: entre memórias que resistem e imagens que nos fazem sentir.

⁠Nos braços da saudade

Acordei no meio da noite, sentindo um silêncio que pesava mais do que a escuridão.
Não era medo – ou talvez fosse, mas de um jeito diferente.
Um medo que não pede socorro, só escuta o eco do que já foi.

Fechei os olhos e vi você.
Seu abraço morava em mim, mesmo sem estar ali.
O tempo, teimoso, levou sua presença, mas não soube apagar o que ficou.

Porque amor de verdade não some, só muda de forma.
Vira cheiro no vento, calor no peito, voz na lembrança.
E mesmo quando a saudade aperta, há um consolo invisível
Que me embala como você fazia.

O passado não volta, mas sussurra.
E toda vez que a noite me encontra, eu escuto.
Fecho os olhos, respiro fundo
E me deixo levar por aquilo que nunca me deixou.

Para ela, que foi meu lar antes mesmo que eu entendesse o que era ter um.

⁠Teu Reflexo

No espelho, te olhas, mas sem te enxergar,
a vida tão dura fez tudo apagar.
Mas dentro do peito ainda há clarão,
bela, intensa—és furacão.

Teu riso esquecido, tua pele, o traço,
história bordada no tempo, no espaço.
És força que brilha, és flor que renasce,
és fogo que a vida jamais apaga-se.

Então te permita, volta a se ver,
no espelho, mulher, és puro viver!

⁠O silêncio pode curar ou ferir — tudo depende de como é ouvido.... Frase de Jorgeane borges.

⁠O silêncio pode curar ou ferir — tudo depende de como é ouvido.

⁠O Beijo: Quando Corpos se Tocam e Almas se Encontram

Um beijo nunca é apenas um beijo. Ele carrega em si a força de um portal, abrindo passagem entre dois mundos, duas essências, dois destinos que se cruzam. É a chave que destranca corpos e almas, um sussurro silencioso de tudo o que pode vir a ser.

Quando há verdade nele, cada toque de lábios acende chamas, desperta desejos e faz estremecer a pele. Mas mais do que fogo, um beijo é conexão. É sentir o outro sem pressa, percorrer seu universo na ponta da língua, decifrar sua alma em um único instante.

Não dá para tocar qualquer boca sem querer ir além. Porque um beijo não é só um gesto; é um mergulho. E para aqueles que sentem com profundidade, não há prazer no raso. É preciso desejo, mas não só do corpo—da alma. É preciso entrega, mas não só do momento—do ser inteiro.

No fim, um beijo verdadeiro não termina quando os lábios se afastam. Ele deixa marcas na pele, na memória, na energia que se troca e se carrega. Porque quando corpos se tocam, o instante pode acabar. Mas quando almas se encontram, o impacto permanece.

Moça e a Canção

Ela sorri ao ouvir os primeiros acordes. A melodia não é apenas uma música—é um espelho. Um retrato dela, pintado pelas palavras de alguém que a enxerga como ninguém.

— "Moça do cabelo bonito, da boca gostosa, da pele cheirosa..."

Ela ri, meio sem graça, meio encantada. Já ouviu elogios antes, mas ali, naquela canção, eles ganham outro peso. Não são apenas palavras soltas, são pedaços de sentimento embalados em ritmo.

— "Seu beijo é mais gostoso que pudim com leite moça."

— “Você exagera…” — diz ela, sem esconder o brilho nos olhos. Mas no fundo, sabe que ali não há exagero, apenas verdade.

Ele canta para ela, com a voz leve de quem se entrega sem medo. E ela, por mais que tente manter a compostura, já está entregue faz tempo.

— “Juro por Deus, eu não queria me envolver, mas já tô envolvido…”

Ela desvia o olhar por um instante. Também não planejou se perder naquele amor, mas agora, como sair? Como devolver o que já é dele, se no primeiro beijo seu coração foi morar com ele?

Suspira, balança a cabeça, finge não se importar. Mas ele percebe. Sempre percebe.

— "Moça, cê bagunçou com o meu juízo."

Ela cruza os braços e sorri de canto.

— "E o que eu faço com isso?" — provoca.

Ele não responde. Apenas puxa sua mão, aproximando-a no ritmo da música. Porque algumas respostas não precisam de palavras. E naquele instante, tudo que importa é que a canção os envolva, como se fosse feita apenas para eles.

⁠Moça, você é a razão de tantas músicas na minha cabeça e um sorriso no meu rosto. Desde o primeiro olhar, algo mudou em mim. Seu cabelo, sua pele, seu cheiro... tudo em você me leva a um paraíso que eu nunca soube que existia. Teu beijo? Ah, teu beijo é como o pudim mais doce, que me faz perder a noção do tempo e me deixa querendo mais. Não sei como, mas você entrou na minha vida de uma forma tão intensa, e agora não há mais volta. De alguma forma, você transformou meu mundo, e agora, toda vez que penso em você, é como se o paraíso fosse meu lugar de novo. Moça, você fez mais do que me seduzir... me fez acreditar no poder de um amor simples, mas infinito.

⁠Resiliente É sobre ser cacto e, no improvável, florescer. É sobre ser valente e resistente, sem perder a beleza por essência. É ter espinhos e, ainda assim, of... Frase de Jorgeane borges.

⁠Resiliente

É sobre ser cacto e, no improvável, florescer.
É sobre ser valente e resistente, sem perder a beleza por essência.
É ter espinhos e, ainda assim, oferecer flores.
É se nutrir na seca e, com generosidade, oferecer preciosos frutos.

Indiaroba - fragmentos da nossa história

A história de Indiaroba, como a de muitas cidades, é marcada por uma teia de vivências e transformações que refletem não apenas os acontecimentos, mas também os sentimentos e os desafios enfrentados ao longo dos tempos. Essa terra, entre os rios Sergipe e Real, foi palco de disputas e encontros, onde os povos nativos se uniram aos primeiros colonizadores, dando forma a uma história de resistência, adaptação e sobrevivência.

No início, os franceses, com a ajuda dos indígenas, adentraram as águas do rio Real, ainda em 1575, mas seus vestígios desapareceram como o eco de um tempo que se apaga na memória coletiva. O território, um cruzamento de destinos entre as províncias da Bahia e Sergipe, foi marcado pelas rivalidades entre os capitães-mores, e cada disputa territorial refletia a busca incessante por um lugar de pertencimento. O que se transformou em Indiaroba não nasceu de uma fundação simples, mas de um processo de construção coletiva, onde cada ação, cada decisão, moldava as raízes de uma identidade.

Em 1750, com a chegada dos padres jesuítas e a fundação da capela de Nossa Senhora do Carmo, a cidade começava a se desenhar de forma mais concreta, tornando-se um espaço de fé, tradição e cultura. A disputa pela sua organização administrativa, entre os municípios de Abadia e Santa Luzia, só confirmava a importância de Indiaroba como uma peça central nesse tabuleiro geográfico. Mas, como toda história, a luta pela definição da cidade não seria linear nem simples.

Na virada do século XIX para o XX, um novo marco se desenhou: em 1938, com a emancipação política, a cidade iniciou uma etapa de maior autonomia, e seu crescimento seria impulsionado pela industrialização do camarão e pelo turismo. Sua posição geográfica, entre Sergipe e Bahia, tornou Indiaroba uma porta de entrada para o Estado sergipano, e o que antes parecia uma luta por reconhecimento, agora se tornava uma celebração de suas conquistas e particularidades.

Indiaroba é uma cidade que respira as marcas de sua história — um povo que resistiu ao tempo, que preservou a cultura e que se reinventou. Hoje, a cidade reflete não apenas as lutas e vitórias do passado, mas também a esperança do futuro, com um povo que conhece o valor da sua terra e da sua identidade, buscando preservar o que é mais precioso: suas raízes.

©Jorgeane_borges

⁠Autorretrato em Palavras

Sou intensa, profunda e sensível. Carrego dentro de mim uma força que resiste, mesmo quando o peso das emoções tenta me soterrar. Vivo em uma busca constante por significado — questiono o mundo, a mim mesma, minhas escolhas, minhas dores, minha fé e as falhas humanas que me habitam.

Sinto tudo em excesso e, por isso, reflito sobre tudo. Tento compreender a vida além da superfície, mesmo sabendo que nem todos estão dispostos a mergulhar tão fundo. Busco conexões genuínas, verdadeiras, que muitas vezes parecem raras.

Carrego em mim uma mistura delicada de vulnerabilidade e resistência. Deixo pedaços de mim em palavras e imagens, porque desejo que algo de minha alma permaneça. Quero acertar, mesmo quando me perco nesse desejo.

Talvez seja essa busca incessante por sentido que me define: uma tentativa de compreender a mim mesma e ao mundo, sem jamais deixar de ser humana — profundamente humana.

⁠⁠Resiliência em Flor Ser cacto é ser forte, resistente ao toque das adversidades, mas, mesmo sob o peso do mundo, florescer é uma escolha que ninguém pode tira... Frase de Jorgeane borges.

⁠⁠Resiliência em Flor

Ser cacto é ser forte, resistente ao toque das adversidades, mas, mesmo sob o peso do mundo, florescer é uma escolha que ninguém pode tirar. Ainda é sobre ser cactos.

⁠Deixe Que o Amor Transborde

Deixe que o amor transborde,
como um rio que não tem fim,
pintando a vida de cores
que o coração nunca viu assim.

Deixe que cada gesto seja um traço,
cada palavra, uma cor no ar,
pinte a alma com o abraço
que só o amor sabe entregar.

Não tema as tintas que se espalham,
não tenha medo de se perder,
pois só quando o amor transborda
é que podemos realmente entender.

Deixe que o amor transborde,
sem medo, sem pressa de parar,
ele vai colorir os caminhos,
e ensinar a beleza de amar.

⁠A Alma da Mulher

A alma da mulher não se mede em passos,
mas na profundidade do que sente.
É oceano que transborda em marés de silêncio,
mas que nunca deixa de ser corrente.

Guarda em si os ventos de todas as estações,
as folhas que caem, as flores que renascem.
É feita de pausas e recomeços,
de memórias que o tempo não desfaz.

A alma da mulher é feita de entrega,
mas nunca de rendição.
Sabe ser abrigo e tempestade,
ser luz e sombra na mesma canção.

Carrega consigo histórias não ditas,
cicatrizes que se tornaram poesia.
E mesmo quando o mundo a tenta apagar,
ela se refaz,
como chama que nunca se esfria.

Fotografar é Ver Com a Alma


Eu vejo o mundo de uma maneira única, como se houvesse sempre uma nova perspectiva sobre a mesma coisa. Para mim, a fotografia não é apenas capturar uma imagem; é sobre enxergar o que os outros não conseguem ver. Acredito que o olhar de um fotógrafo tem a capacidade de transformar algo simples em algo valioso, essencial, e é isso que tento passar em cada clique.

Minha sensibilidade me permite ver além do óbvio, e é essa percepção que tento compartilhar com o mundo. Quando vejo uma cena, busco encontrar a alma daquele momento, algo que muitas vezes passa despercebido, mas que, para mim, é o que dá significado à imagem. É como se eu estivesse dando voz àquilo que só eu consigo enxergar, tentando transmitir um pouco da minha alma através do meu olhar.

Eu quero que as pessoas, ao olharem minhas fotos, consigam enxergar aquilo que elas mesmas não conseguem ver, que sintam a essência do momento. Acredito que a verdadeira beleza está na percepção, e é isso que tento capturar – uma nova maneira de olhar para o mundo.

⁠Se a alma não me tocar primeiro, o corpo jamais me será suficiente — nem me arrisco a tentar.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Se a alma não me tocar primeiro, o corpo jamais me será suficiente — nem me arrisco a tentar.

⁠O Peso do Esquecimento

Dói. Dói ver as promessas se desfazendo no ar, como se nunca tivessem sido ditas. Dói perceber que o olhar que antes brilhava ao me encontrar agora desliza por mim sem se deter. Como se eu tivesse deixado de ser alguém e me tornado apenas um detalhe no fundo da cena.

Dói a fuga silenciosa de quem não quer mais ouvir, de quem se esconde atrás da indiferença como quem diz, sem palavras, que o amor acabou. Porque se ainda existisse amor, se ainda existisse um mínimo de cuidado, não haveria esse machucar consciente, essa escolha fria de ignorar o que fere.

O que mais pesa não é a ausência, mas a lembrança do que já foi. Porque eu fui transparente. Desnudei minha alma, mostrei minhas cicatrizes, confiei o mapa das minhas dores e ensinei como não me ferir. Você ouviu, aprendeu, cuidou. E agora, usa tudo isso contra mim.

Como alguém que um dia foi tão gentil se torna esse estranho indiferente? Como a mão que um dia segurou a minha com tanto carinho agora apenas solta, sem sequer hesitar?

O amor foi abrigo, foi promessa, foi cuidado. Hoje é ausência, frieza, silêncio. E nesse vácuo, só restam saudades e dúvidas ocupando um espaço que antes era cheio de nós.

Será que, um dia, você vai lembrar? Será que vai sentir falta daquilo que deixou para trás?

Ou sou eu quem precisa aceitar que, para alguns, o amor nunca foi casa, apenas passagem?

⁠. O Risco de Não Viver

Queria segurar minhas urgências com as mãos,
domá-las, dar-lhes um nome,
fazer delas caminho seguro.
Mas urgências não se seguram—
elas queimam, correm,
exigem entrega sem garantias.

Tenho sede de viver,
mas o medo me segura os pulsos.
Diz que é arriscado,
que o erro pesa,
que o tempo não devolve o que se gasta errado.

Mas e se o erro for parte?
E se o maior risco for não tentar?
Se nunca souber,
o que me restará além do vazio do que não foi?

A vida me chama na borda do precipício.
E eu hesito, mas sei:
não viver seria o pior dos tombos.

⁠Moça: Inteira em Tudo que Sente

Moça que não sabe ser metade, que não aceita meio-termo.
Que ama com força, mas sem se perder.
Que insiste até ter certeza, mas parte sem olhar para trás quando entende que já não há caminho.
Que não se prende onde o coração não responde, nem aceita um amor que não consegue devolver.
Que retribui na mesma medida—se recebe tudo, entrega tudo; se sente pouco, recolhe-se sem desafeto.

Moça de alma grande, que não quer ser segurada, quer ser escolhida.

⁠Organizando a Casa Interna

Talvez, ao tirar tudo de dentro, eu consiga entender melhor a bagunça que se formou em mim.
Desarrumar para depois arrumar,
como quem limpa o pó de velhas memórias,
abre os armários da alma,
e se permite ver o que estava escondido, guardado no canto mais escuro.

Cada sentimento guardado,
cada medo não dito,
cada desejo reprimido,
tudo vem à tona,
como uma tempestade que exige passagem.

Mas é necessário.
Só assim posso organizar a casa.
Deixar que as emoções ocupem o espaço que merecem,
sem medo de bagunçar,
sem vergonha de mostrar as partes quebradas,
pois elas fazem parte da construção.

E, no final, talvez eu encontre a paz de saber que a casa é minha,
que ela reflete cada pedaço de mim,
e que, mesmo em desordem,
ainda posso viver nela com a liberdade de ser quem sou.

⁠Oceano de Desejo

Meu corpo é maré alta, um oceano que se agita, sempre à espera de algo que o toque, que traga a calma ou o caos. Não são todas as mãos que sabem navegar esse mar profundo. Algumas apenas afundam, outras seguem sem perceber a profundidade. E eu espero por quem tenha coragem de mergulhar, por quem entenda que desejo não é só pele, mas a união de duas almas que se reconhecem no abismo e se elevam juntas, sem medo de se perder, mas prontas para se encontrar.

⁠Indelével

Se um dia eu desistir, saiba que lutei com cada parte de mim, enfrentando os ventos mais ferozes e os silêncios mais pesados. Mas, se um dia eu partir, não diga que não sabia. Eu me espalhei pelo mundo, deixei fragmentos meus por onde passei.

Estou nas palavras que escrevi, nas imagens que capturei com a alma, nos olhares que toquei com ternura. Me registrei em cada gesto, em cada história compartilhada, em cada canto onde deixei um rastro silencioso de quem sou.

Não se trata de me lembrar com pesar, mas de reconhecer que estive aqui, inteira, presente, viva. Eu fui — e sempre serei — uma presença que não se dissolve, apenas se transforma em memória.

⁠O Tempo em Fragmentos

A fotografia é um fragmento do tempo, de um lugar, um momento que jamais será o mesmo, não com o mesmo tempo.
Ao visitar um lugar, lembre-se de que aquele tempo permanece vivo apenas na lembrança e fragmentado em fotografia.

Tudo muda: as águas não voltam, as nuvens não formarão a mesma figura, o soprar dos ventos altera as formas, as folhas se renovam e tudo se faz novo.
E, talvez, seja isso que acredito: o tempo fica fragmentado.

Mas, em cada fragmento, há uma parte do todo que nos transforma. A fotografia não é só memória, é um reflexo daquilo que não se vê à primeira vista, daquilo que se sente no silêncio entre o olhar e o gesto. Ela revela o que o olho não percebe no movimento da vida, guardando para sempre aquilo que, de outra forma, se perderia na vastidão do tempo.

⁠Cerimônia de Premiação dos Melhores do Ano de 2023

Realizada no período de 29/11/23 a 22/12/23, através do perfil @aloindiaroba, em enquete de votação popular.

Sábado, 27/04/2024, será um dia eternamente marcado no meu coração: a realização da incrível cerimônia de premiação dos melhores do ano de 2023.

Não me canso de repetir: Deus nunca coloca um sonho em nosso coração sem que ele seja possível. Quando Ele planta algo em nós, é porque Ele já preparou o caminho para que isso se torne realidade.

Hoje, não quero falar sobre os obstáculos que enfrentei. Hoje, quero que cada palavra reverberada aqui seja apenas gratidão. Gratidão por cada momento, por cada passo dado e por todos que fizeram parte dessa jornada.

A minha gratidão é imensa e, por mais simples que seja este gesto, espero que ele toque o coração de cada um de vocês, como um abraço apertado, cheio de carinho e calor.

Agradeço à equipe do @aloindiaroba, em especial a Ruan Nonato Doroteia e sua família, assim como aos colaboradores e patrocinadores, por acreditarem neste projeto que valoriza e incentiva o comércio local.
Este trabalho vai além de um prêmio. Ele é um motor para o crescimento, para a capacitação e para o fortalecimento da autoestima e confiança de cada comerciante e empreendedor. Ele é uma verdadeira celebração da dedicação e da coragem de todos nós.

E como não agradecer a todos os meus amigos, clientes, admiradores e apoiadores? Vocês são a razão de mais este marco em minha trajetória.
Muito obrigada às 861 pessoas que, com tanto carinho e confiança, dedicaram seu tempo e seu voto. Vocês não apenas participaram de uma votação; vocês tornaram-se parte dessa história, com um engajamento que tocou meu coração e me emocionou profundamente. 👏👏👏
Eu sei o quanto é difícil, o quanto exige paciência e tempo. Por isso, e por muito mais, valorizo e celebro cada gesto de carinho de vocês.

Deixo aqui o meu abraço, repleto de amor e gratidão 🥰

⁠Foco também é dizer não!

Dizer não é um ato de coragem. É traçar limites, proteger sua energia e manter o olhar firme no que realmente importa. Foco não é apenas sobre o que você escolhe fazer, mas também sobre o que decide deixar para trás.

Mantenha-se conectada àquilo que te faz crescer. Cultive uma visão positiva que te impulsione, que te leve além. Cada dia é uma nova chance de ser melhor do que ontem, de lapidar sua essência, de construir a melhor versão de si mesma.

Priorize-se.
Valorize seu tempo, sua paz e seus sonhos. A meta não é aceitar menos do que você merece, mas sim reconhecer o seu valor e se posicionar à altura dele.

E, no caminho, lembre-se: foco não é apenas persistência, é também saber quando é hora de soltar, de recusar, de escolher-se.

"Resiliência e Fé: Uma Jornada de Sobrevivência e Esperança"



⁠Flertar com a morte por mais de dois mil dias não é uma experiência que qualquer alma suporte sem cicatrizes profundas. Cada dia vivido, cada fôlego tomado, é uma vitória silenciosa, embora nem sempre celebrada. Em alguns momentos, a morte parece uma amante tentadora, sussurrando promessas de descanso e alívio. Ainda assim, não me deixei seduzir por ela.

Tenho um relacionamento regado pela fé com o Eterno, que, mesmo nos dias mais sombrios, não deixou de me embalar com promessas de dias melhores. Confesso que, em meio a esse caminho tortuoso, minha alma já se sentiu frágil, minha voz trêmula diante das tempestades internas. Mas fraqueza não é sinônimo de desistência.

Por mais que parecesse uma mulher fraca aos olhos de quem não conhece minhas batalhas, sou forte. Fui forte por mais de 48 mil horas. Tenho enfrentado um processo que parece infinito, mas sigo aqui — de pé, mesmo que com os joelhos trêmulos. Porque há algo em mim que se recusa a ceder, algo que insiste em acreditar que o amanhã pode ser melhor.

E assim sigo, um dia de cada vez, carregando cicatrizes que contam histórias, mas com a fé de que, ao final, a luz há de prevalecer sobre todas as sombras.



⁠Quando o Amor Silencia

O amor não grita quando se vai,
desvanece em passos sutis,
se esconde na rotina que dói,
nos gestos que já não são gentis.

É o toque que não arrepia,
o olhar que desvia ao passar,
palavras que caem vazias,
silêncios que vêm pra ficar.

Previsíveis são os caminhos,
sempre iguais, sem emoção,
corações viram vizinhos
num mesmo corpo em solidão.

Então, sinto falta de mim,
da alegria que já foi morada,
do brilho que chegou ao fim,
dessa presença cansada.

Prefiro partir e me encontrar,
ser leve, ser meu próprio sol,
pois o amor que faz morar
não vive preso em lençol.

⁠Desabafo: O medo silencioso de ser vista

Eu sei o que é se sentir refém de uma construção que fizeram de mim. Uma construção que, por muito tempo, me prendeu a um medo constante de ser quem eu sou, de ocupar os espaços ao meu redor. O medo de ser vista, de ser notada, e de como, ao estar em ambientes cheios, os olhares parecem pesados demais para carregar.

Sinto que, em muitos momentos, a insegurança me paralisa. É como se toda minha essência fosse transformada em algo que precisa se esconder. Tento desviar os olhares, encontrar os cantos mais discretos, aqueles onde posso me perder sem ser observada. Onde a pressão de ser vista não me sufoca.

E quem, entre nós, nunca se sentiu assim? Quem, entre nós, nunca se desconfortou com o peso de ser mulher, de ser vista e julgada? O desconforto de estar em um espaço cheio e, mesmo assim, se sentir sozinha, impotente.

Eu sei que esse medo não é só meu. Sei que há outras mulheres que também preferem a invisibilidade, que também buscam lugares silenciosos e discretos, longe dos olhares que nos desconstroem, que nos fazem sentir pequenas. Mas o que me dá esperança é saber que, ao escrever isso, estou falando em voz alta o que tantas de nós guardam. E, ao fazer isso, me permito ser verdadeira, e quem sabe, dar espaço para que outras também possam se permitir.

O que quero agora não é mais me esconder. O que busco é entender esse medo, aceitar que ele existe e, aos poucos, me fortalecer para que ele não me defina mais. E, talvez, juntas, possamos construir um espaço onde todas nós possamos ser vistas sem medo, sem julgamentos, sem a pressão de sermos algo que não somos. O mundo precisa entender que ser mulher, com todas as nossas complexidades e inseguranças, é, sim, uma força.

⁠O Peso de Sentir

Minhas palavras pesam. Às vezes, parecem lâminas afiadas, cortam no instante em que tocam o papel. Outras vezes, são vidro estilhaçado dentro de mim, cada tentativa de engolir me rasga por dentro. Dói tentar filtrar, tentar suavizar, tentar escolher apenas o que não assusta, o que não incomoda.

Mas a dor não desaparece só porque escolhemos ignorá-la. Ainda que eu me cale, ela continua aqui, latejando, sufocando, esperando o momento de transbordar. E quando transborda, incomoda. Porque falar sobre dor exige que o outro a enxergue.

"Não diga isso."
"Não pense assim."
"Apaga esse texto."

Como se a dor precisasse ser varrida para debaixo do tapete, escondida para não constranger. Como se o silêncio curasse. Como se não fosse exatamente esse silenciamento que nos adoece ainda mais.

As pessoas querem ignorar o sofrimento do outro para manter sua paz, para não se sentirem desconfortáveis, para não enfrentarem a própria culpa. Mas e eu? O que faço com tudo isso que insiste em existir dentro de mim? Com o que transborda, com o que escapa mesmo quando tento conter?

Eu sinto. E sentir, às vezes, pesa mais do que eu consigo carregar.

⁠Sempiterno

Há memórias que não se apagam,
sentimentos que nunca partem.
Resistem ao tempo, ao vento,
ecoam onde o silêncio arde.

Um instante, um toque, um nome,
gravados na pele da alma.
Não é o tempo que os consome,
mas o que o coração acalma.

O eterno não mora no tempo,
nem se mede em dias ou horas.
É presença que nunca se ausenta,
mesmo quando a vida vai embora.

⁠Registrando-me em papel

Sinto uma necessidade urgente de me descrever, de me tornar transparente, cristalina,
como se, ao colocar minhas palavras no papel, pudesse finalmente me entender.
Há um desejo intenso dentro de mim: que as pessoas se permitam ser assim também —
sem medo de revelar seus sentimentos, suas dúvidas e pensamentos mais íntimos.

A busca pelo autoconhecimento me guia,
uma jornada silenciosa em direção a todo o meu sentir.
Com a caneta na mão e o papel à minha frente,
não tenho receio de me deixar ali, nua em cada palavra.

Cada rabisco se torna uma entrega,
um reflexo da minha consciência,
onde cabem meus medos, dores, amores, desejos e até orações.

Escrever é meu refúgio, minha forma de existir.
No silêncio das palavras, me encontro,
descobrindo, sem pressa, quem sou.

E quando eu partir, que essas palavras sejam mais do que tinta sobre papel.
Que quem as ler possa me sentir,
mergulhar na profundidade de quem fui,
mas com leveza e compreensão.

Porque é aqui, no papel, que me registro —
inteira, consciente e eterna.

⁠Carta Aberta

Àqueles que buscam profundidade nas palavras e sensibilidade na vida,

Este é um convite para olhar além da superfície, para perceber o que a vida e a morte têm a nos ensinar. Em meio à jornada de autodescoberta e expressão, encontrei um caminho onde as palavras não são apenas formadas, mas sentidas. Onde cada frase é uma dança entre o corpo e a alma, e cada pensamento se entrelaça com a essência do ser.

A fotografia, essa arte tão delicada, é a minha forma de traduzir o mundo. A sensibilidade da lente me permite revelar a alma do que é visto, tornando as pequenas coisas em preciosidades. Não se trata apenas de capturar uma imagem, mas de traduzir sentimentos, histórias e conexões invisíveis. Como fotógrafa, busco olhar através de novos olhos, e convido outros a verem a vida de uma maneira mais pura, mais intensa.

Em meus textos, procuro desvelar o oculto. A morte, por exemplo, é mais que o fim de uma jornada. Ela é a cortina que se abre para a eternidade, revelando aquilo que sempre esteve além de nossa compreensão. A vida, com suas complicações e acúmulos, nos leva a crer em muitas coisas. Mas, quando a morte chega, ela nos liberta de tudo o que não serve. E é nesse momento que podemos entender o verdadeiro peso do viver, da transição que nos leva do visível para o invisível, da carne para o espírito.

Tudo o que escrevo e fotografo reflete meu desejo de conectar. Conectar com o íntimo de cada ser, com os sentimentos mais profundos que muitas vezes preferimos esconder. Busco um encontro genuíno, onde as palavras e imagens não sejam apenas expressões de um ego, mas uma forma de tocar a alma. Afinal, o verdadeiro encontro vai além do superficial; é uma dança silenciosa entre quem somos e o que podemos compartilhar.

Meu propósito é claro: transmitir a essência daquilo que vejo, daquilo que sinto. Acredito que, ao fazer isso, posso ajudar outros a se encontrarem também, a verem a beleza do que está diante de nós. A fotografia e a palavra, quando bem utilizadas, podem transformar o simples em algo essencial, algo que toca profundamente.

E assim, sigo criando, escrevendo, fotografando e buscando a verdade nas entrelinhas da vida, da morte e do que reside em nós, em cada momento. Que possamos todos encontrar a nossa própria maneira de nos expressar, de nos conectar com o mundo e com os outros, de entender e de sentir. Pois, ao final, é isso que nos torna verdadeiramente vivos.

Com todo o meu ser,
Jorgeane Borges

⁠Infinitos em Mim

Fecho os olhos e sinto,
dentro de mim, infinitos.
Há uma canção não cantada,
um soneto nunca escrito,
versos que se constroem no silêncio,
frases soltas que bailam no vento.

Uma coreografia à espera da melodia,
uma dança que aguarda nossos passos.

Nem tudo o que carrego em mim me pertence,
não posso guardar—preciso encontrar destinos.
Em mim, carrego também muitas faltas,
daquilo que precisa urgentemente me achar.

Não há possibilidade de ser feliz sem me permitir,
sem me deixar ser—em mim, me encontro.

Respiro fundo, tão fundo,
que me perco na imensidão.
Não compreendo—sou tão pequena, mortal.
Como não transbordar?
Quantos infinitos cabem em mim?

Lembro-me: não sou deste mundo,
apenas passo,
uma estação, um instante.
Mas tenho urgências—
meu tempo escorre entre os dedos,
e cada instante é um reflexo de mim.

E no vazio, cheia de infinitos, sou.
Buscando me permitir ser.

⁠Indiaroba, Terra de História e Afeto

Há um olhar que ultrapassa o óbvio, que enxerga além das paisagens e dos cartões-postais. Um olhar que se detém nos detalhes, nas expressões, nas mãos que trabalham, nas risadas que ecoam pelas ruas, no cheiro da comida que traz lembranças de casa.

Minha gente é feita de força e delicadeza. Das águas do Rio Real que nos banham e dos passos que marcam a terra. São rostos que contam histórias, vozes que preservam tradições, gestos que carregam gerações inteiras. E eu, com minha lente e meu coração, me faço parte disso tudo— registrando, contando, preservando.

Cada clique é um abraço na memória, um jeito de dizer: olhem para nós, para o que somos, para o que temos. Nossa cultura pulsa na feira livre, no trabalho dos pescadores, na dança que embala as festas, na fé que nos une. Indiaroba é mais que um lugar, é sentimento, é pertencimento, é raiz.

E quando alguém me pergunta o que me faz ter tanto orgulho de viver aqui, eu respondo sem hesitar: é a minha gente.

⁠Primeiros Erros


Meus erros não me definem
Mas a mim transformam
Não posso ser rotulada por um erro, ou algumas escolhas erradas em uma fase ruim da minha vida!
Não posso exigir do meu antigo eu algo que só as péssimas experiências a mim trouxeram.
A maturidade vem com toda nossa vivência, seja ela boa ou ruim!
Meu processo de transformação e superação é quem pode falar por mim o quanto precisei ressignificar e evoluir

Quantas vezes precisarei me refazer?
Não sei. Sei que posso mudar de ideia amanhã sobre algo que penso hoje e tá tudo bem! Aprendi isso ontem, quando precisei mudar e me transformar no que hoje sou!

Além da Imagem: O Olhar que Transcende

A fotografia não é apenas uma imagem congelada no tempo. Não se trata apenas de uma foto; é a tradução visual de um sentimento, uma história que vai além do que o olho pode ver. É um olhar profundo sobre o mundo, uma forma de revelar aquilo que muitas vezes escapa à percepção cotidiana. Cada fotografia carrega uma parte da minha alma, uma expressão única de como vejo e sinto o mundo ao meu redor.

⁠Não é o toque que me prende, nem o desejo que me arrasta. Se a alma não me chama antes, o corpo nunca me basta.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Não é o toque que me prende,
nem o desejo que me arrasta.
Se a alma não me chama antes,
o corpo nunca me basta.

⁠A Dor do Esquecimento

Lembro-me das conversas longas, daquelas em que o tempo não existia, onde as palavras fluíam como se cada uma fosse uma promessa, uma descoberta. O brilho no olhar, o interesse genuíno, como se cada frase minha fosse uma novidade que valia a pena ser ouvida. Havia uma admiração que preenchia o espaço, onde as horas se tornavam invisíveis e a presença se tornava tudo.

Era uma troca constante, um cuidado silencioso, onde a preocupação com o outro se via em gestos pequenos, mas imensos. Como foi seu dia? Como posso ser o seu colo quando o mundo se torna pesado? O outro se tornava parte de nós, um reflexo de amor e carinho que parecia eterno.

Mas então, algo foi se perdendo. O olhar já não brilha da mesma forma. As conversas se tornam vazias, as palavras se dissipam no ar, como se já não houvesse mais interesse, nem admiração. O que antes era constante, tornou-se silêncio. E o amor, que deveria ser vivo e pulsante, começa a cair no esquecimento. Será que caímos no abismo do esquecimento de quem realmente nos amou de verdade?

O que acontece quando a presença já não é sentida? Quando a ausência, que antes era apenas uma pausa necessária, se transforma em um vazio sem fim? Será que, ao longo do tempo, a memória do amor se apaga, como as lembranças de um sonho esquecido ao amanhecer?

Medo O medo é um guardião do desconhecido. Ele segura sua mão no limiar daquilo que você ainda não viveu, como se quisesse te proteger. Mas às vezes, ele proteg... Frase de Jorgeane borges.

Medo

O medo é um guardião do desconhecido. Ele segura sua mão no limiar daquilo que você ainda não viveu, como se quisesse te proteger. Mas às vezes, ele protege tanto que te impede de sentir o gosto da vida.

⁠A Doçura que a Vida Devolve

A vida sempre encontra um jeito de devolver leveza a quem semeia doçura. O que oferecemos ao mundo, de alguma forma, retorna para nós.

Um gesto gentil, uma palavra suave, um olhar acolhedor — tudo isso cria um ciclo onde a ternura se espalha e, no tempo certo, volta como brisa leve, como um abraço inesperado.

Seja doce, mesmo quando o mundo parecer áspero. A suavidade é uma força silenciosa, um jeito bonito de resistir.

E Quando a Morte me Encontrar?

Desejo que a morte me encontre viva.
Porque viver é diferente de apenas existir.

Há tempos me pergunto o que é vida, pois o que tenho não passa de um eco vazio, uma sucessão de dias sem cor, sem pulsação. Se viver for apenas isso — sobreviver sem sentir — talvez o encontro com a morte não seja tão assustador.

Mas se ela demorar, que me encontre desperta, de alma incendiada, com olhos brilhando pelo peso e a beleza dos instantes. Que ela veja em mim alguém que, mesmo entre abismos, soube amar, sonhar e se permitir sentir.

Se a vida quiser me manter aqui, que me devolva o direito de ser plenamente viva.


⁠Carta Aberta de Quem Decidiu Partir (E Ainda Está Aqui)

A quem importa,

Eu ainda estou aqui, mas não sei por quanto tempo. Já tomei minha decisão, embora o corpo continue presente. Sigo respirando, caminhando entre vocês, respondendo quando necessário, sorrindo quando esperado. Mas, por dentro, algo já se despediu faz tempo.

Não quero que sintam pena, não quero ouvir que vai passar, porque eu mesma já me disse isso incontáveis vezes. Não passou. Apenas aprendi a carregar o peso sem deixar transparecer tanto. Às vezes, ele fica insuportável.

Sei que muitos me amam, e é por eles que permaneci até agora. Mas amar não significa entender. E a solidão de não ser compreendido é um abismo que engole pouco a pouco.

Eu não busco atenção, não quero alarmar ninguém. Só quero que saibam que tentei. Que lutei cada dia como pude. Que se um dia eu não estiver mais, não foi por fraqueza, mas por exaustão.

Até lá, continuo. Não sei até quando. Apenas… continuo.

[JB]

⁠A Força que Me Sustenta

Às vezes, é preciso ser Mulher-Maravilha, mesmo quando estamos quebradas. Colocamos a armadura, escondemos as feridas e seguimos em frente.
Guardamos a vulnerabilidade no bolso, vestimos o sorriso e encaramos os holofotes, as mídias, os stories.
Não por sermos imbatíveis, mas porque sabemos quem tem nos sustentado de pé, e porque ainda há um propósito a ser cumprido.

Minha fé está em Deus, e nele encontro descanso.
Permito-me viver sob Sua graça, que me alcança com generosidade, carinho e proteção.

E se um dia eu decidir parar, lembre-se: lutei até o fim.

⁠Que tal conhecer meu quintal?

Aqui, cada caminho guarda histórias, cada paisagem tem alma, e cada rosto carrega a força da nossa gente. Indiaroba-SE não é apenas um lugar no mapa, é um lar, um abraço de natureza e tradição, um refúgio onde a cultura pulsa e a vida acontece com simplicidade e grandeza.

O Rio Real nos banha, o sabor do aratu nos reúne à mesa, as ruas sussurram memórias e os olhares se encontram na cumplicidade de quem pertence. Aqui, viver é sentir, celebrar e preservar.

Se ainda não conhece, venha! Se já conhece, sempre há algo novo para ver e sentir.

Orgulho de vivermos aqui!

⁠Pretérito

Um dia no futuro não muito distante , você ainda vai olhar pra trás e perceber que lá não é mais o seu lugar.

Vai perceber que os problemas foram degraus que você ultrapassou

Montanhas em que escalou
E que houveram muralhas, que com bravura você as derrubou.

E os dias tempestuosos, mesmo com medo você os enfrentou

Naqueles dias em que pensou que fracassou ou de fato você falhou.


Então rastejou-se!
Sofreu, chorou!
Silenciou, gritou até ruiu de se mesma e seguiu...

... mas não permaneceu no mesmo lugar.

Nunca, jamais em hipótese alguma, deixe de olhar para trás. para que não se esqueças que tudo vai passar e pra frente se deve andar, mesmo quando o chão lhe faltar.

Pra frente que se anda!
Te vejo lá.

O Descanso Que Nunca Vem

Às vezes, só queremos nos esconder do mundo. Trancar a porta, apagar as luzes e desligar de tudo. Não queremos ver ninguém, explicar nada, nem sorrir como se nada estivesse acontecendo. Só queremos um intervalo da vida — um descanso genuíno, onde a dor cesse por um instante.

Não é sobre querer morrer, mas sobre não querer sentir. Porque a dor é um peso constante, insuportável, e tudo o que desejamos é uma pausa, uma anestesia que nos devolva ao mundo sem carregar essa exaustão na alma.

Mas não há remédio para isso. Não há solução que nos permita continuar sendo nós mesmos, conscientes, e ainda assim livres dessa dor que grita por dentro. Então, em nossa busca desesperada por alívio, às vezes a morte parece a única resposta possível. Não porque queremos partir, mas porque queremos que a dor pare.

E isso é o mais difícil de explicar: não desejamos deixar um rastro de sofrimento para quem amamos. Só queríamos que eles entendessem que não é fraqueza, não é abandono. É apenas cansaço.

E, no fundo, talvez tudo o que esperamos é que alguém segure nossa mão e diga: "Eu estou aqui. Não vou soltar." Porque, às vezes, esse simples gesto é o que nos impede de buscar um descanso definitivo.

⁠O Valor que Vem de Dentro

A necessidade de validação está enraizada em nós porque, desde cedo, aprendemos que nosso valor é medido pelo olhar do outro. Somos seres sociais, e o reconhecimento externo pode, de fato, reforçar nossa autoestima, nos oferecendo a sensação de pertencimento e aceitação.

No entanto, essa busca pela validação externa pode se transformar em uma prisão quando se torna mais importante do que a nossa própria percepção. Especialmente nós, mulheres, somos ensinadas a nos moldar para agradar, para corresponder às expectativas dos outros – seja na aparência, no comportamento ou nas conquistas.

Precisamos de validação porque fomos condicionadas a acreditar que só existimos plenamente quando somos vistas e aprovadas. No entanto, a verdadeira liberdade surge quando aprendemos a nos validar primeiro, quando percebemos que nosso valor não está no olhar alheio, mas no que construímos e somos por dentro.

⁠A Sabedoria da Natureza: Aceitação e Fluxo

A natureza, em sua imensidão silenciosa, ensina que a verdadeira aceitação está na fluidez do tempo. Como as ondas que tocam a areia, somos convidados a nos entregar ao que é, sem pressa de mudar, sem medo de ser. É na quietude de um momento natural que encontramos a chave para a aceitação – de nós mesmos, do outro e do processo da vida.

⁠Impressões do Tempo

Há momentos que escapam aos olhos, não porque são rápidos, mas porque carregam o peso de tudo o que já foi e tudo o que poderia ter sido. Eles se encolhem no peito, se tornam memória antes mesmo de se tornarem reais, como se o tempo já os estivesse preservando. Não são os dias que permanecem, mas os sentimentos que se escondem entre suas frestas.

Eu não busco registrar a mim mesma, mas o que escapa de mim—o que não posso segurar, mas que se derrama de forma silenciosa nas coisas que toco. Um olhar que atravessa a janela, o suspiro de uma folha que se entrega ao vento, o silêncio que respira entre as palavras não ditas. É nisso que estou. Não na imagem que a câmera captura, mas no que ela não pode revelar: o que pulsa além da pele, além do instante.

As memórias não são fotografias. Elas são ecos. São risos que ainda ressoam nas paredes de uma casa vazia. São promessas sussurradas entre o amanhecer e a noite, palavras que se tornam raízes na alma, mesmo quando não temos consciência delas. E é nelas que fico. Não na forma como o mundo me vê, mas na forma como o mundo me sente.

Quando alguém olha para uma foto e sente um arrepio sem saber o porquê, é porque aquela memória, aquela emoção, encontrou um espelho no coração dele. Não somos feitos de imagens. Somos feitos de vivências, de ressonâncias que, mesmo distantes no tempo, ainda têm poder de tocar, de mover, de transformar.

E no fim, é isso que me torna eterna. Não as fotos, não as palavras, mas a sensação de que algo em mim permanece, sem precisar ser guardado.

⁠O Peso do Sentir

Meu erro talvez seja pesar os sentimentos dos outros com a mesma balança que uso para os meus,
imaginando que têm o mesmo peso, a mesma medida, as mesmas dimensões.
Uso uma régua única para dimensionar algo que nunca é igual.
Acredito, ingenuamente, que os sentimentos sempre preenchem os espaços vazios com precisão.

Mas esqueço que transbordo.
E, no outro, quase nunca me encaixo — não por inteiro, não de forma completa.
Tenho excessos.
E, ainda assim, ofereço tudo.

E talvez seja exatamente isso que me salva:
não saber amar pela metade.

⁠A Parte Intocável da Liberdade

Existe um território onde ninguém toca, onde nem mesmo as amarras do tempo podem prender. Um espaço que não se mede em metros, nem se dobra às regras do visível. Esse território é a essência da liberdade — aquela que reside na imaginação.

Na vastidão do pensamento, não há fronteiras que impeçam a criação de mundos, nem correntes que limitem os voos mais altos. A imaginação é a fuga e a morada, o refúgio e a explosão. É nela que a realidade se curva diante do possível, e o possível se expande além do que ousamos prever.

Ser livre, no mais puro sentido, é poder fechar os olhos e enxergar além. É transformar ausências em presenças, dores em arte, silêncios em poesia. É construir castelos onde antes havia ruínas, e dar vida ao que o mundo insiste em chamar de impossível.

Há uma liberdade que ninguém pode tirar. Uma que se move entre as palavras, que dança entre os devaneios e se eterniza no que criamos. E enquanto houver imaginação, haverá sempre um espaço intocável onde somos infinitamente livres.


Orações Escritas
O Peso de Compreender – Entre a Razão e a Entrega

Ah, Senhor, sempre fui essa mínima que busca ter entendimento.
Que tento fazer uso da compreensão, que tenta se colocar no lugar de todos, mesmo quando falham comigo e me machucam.
Recolho-me em minha dor. Claro, sou humana, tenho o desejo de esbravejar, mas me calo e vou analisar, porque me pergunto: por que isso? Então saio de mim e me coloco no lugar do outro, tentando entender seus motivos e razões.
Assim, de uma perspectiva diferente, fazendo aquilo que o outro não se deu o trabalho de fazer, tentando justificar o outro para mim mesma.

Mas o que me justifica? Quem se coloca no meu lugar? Às vezes, quase sempre, me pergunto se estou fazendo o certo, o justo.
Mas como equilibrar, se muitas vezes falamos e agimos de maneira contraditória, querendo acertar? Se não falhamos com o outro, falhamos conosco.

Eu não tive tempo para errar, Deus, para aprender com os erros, constantemente cobrada, observada e manipulada a ser como sou.
Porque o direcionamento, na maioria das vezes, é isso: você segue caminhos, escolhas e toma decisões que nem sempre foram sua vontade.
Alguém plantou uma semente de medo, um desejo e até limites.

"E no fim, me pergunto: quem me justifica, quem me acolhe, quem me vê? Que ao menos Tu, Senhor, enxergues o que há em mim."

⁠A Arte Secreta de Partir

Não ficaremos presos ao sofrimento para sempre. Haverá um momento em que o cansaço vencerá o choro, em que o silêncio será resposta, e a aceitação, descanso.

Aceitaremos que chegou ao fim. Que nada mais mudará.

Mas não partiremos de qualquer jeito. A despedida precisa de tempo, de rito, de memória.

Então, nos ergueremos. Nos arrumaremos. Sorriremos para que fiquem as melhores lembranças, para que até o perfume da pele se transforme em saudade boa.

Arrumaremos a casa. Veremos os amigos. Daremos abraços longos— daqueles que dizem, sem palavra alguma, que ali, naquele calor, se pudéssemos escolher, ficaríamos para sempre.

E talvez gargalhemos, para que o som ecoe na eternidade.

Antes de partir, a gente se deixa. Porque, embora a decisão já tenha sido tomada, o desejo é ficar.

Ficar no olhar de quem nos viu, no toque de quem nos sentiu, nas memórias de quem nos amou.

E ser lembrada da melhor forma possível.

Sorrindo.

Guia de Série: Espontaneidade – A Alma da Imagem


A fotografia é mais do que técnica; é experiência, é emoção, é vida. Cada imagem que capturamos carrega um instante único, uma história que merece ser sentida, não apenas observada.


Este guia apresenta uma sequência de textos que exploram a essência da fotografia, refletindo sobre luz, composição, movimento, cor, narrativa e, acima de tudo, a espontaneidade que dá alma à imagem. Cada título é um convite para mergulhar em um aspecto específico da fotografia, permitindo que você experimente e absorva o olhar por trás da lente.


1. Espontaneidade: A Alma da Imagem


2. A Importância da Luz Natural


3. Composição: O Silêncio que Guia o Olhar


4. O Retrato e a Verdade do Olhar


5. Tempo e Memória em Uma Imagem


6. Perspectiva e Profundidade


7. Cores e Sentimentos


8. Fotografia e Conexão Humana


9. Narrativa Visual: Contando Histórias com a Lente


10. Texturas e Atmosfera: Sentir a Imagem


11. Movimento e Emoção na Fotografia


12. Detalhes que Contam Histórias


13. Reflexos e Simetria: Olhar Além do Óbvio


14. Entre Luzes e Sombras: O Drama da Composição


15. O Momento Decisivo: O Instante que Não Volta


16. Retrato e Alma: O Olhar que Fala


17. Fotografia em Movimento: Congelar e Fluir


18. Contrastes e Emoções: O Impacto do Oposto


19. A Luz e Seus Segredos: Difusa, Dura, Quente ou Fria


20. Direção e Intenção: Guiando o Olhar e a Experiência




(Observação: a série foi numerada do primeiro ao vigésimo texto. No Pensador, por questões de postagem cronológica, os textos aparecem do último ao primeiro.)

Lamento


As noites me atravessam como lâminas cegas.
Não cortam de uma vez, mas deixam a carne cansada.
Fico imóvel, presa num corpo que respira
sem me perguntar se ainda quero estar aqui.


A dor não grita mais.
Ela se aquietou como fera domesticada,
um silêncio úmido que escorre pelas paredes.
Choro sem lágrimas, sangro sem ferida,
vivo sem presença.


Há um vazio que pesa.
E pesa tanto que até o gesto mais simples,levantar a mão, virar a chave, abrir a boca
parece impossível.
O tempo me olha e ri:
sou prisioneira de segundos que nunca passam.


Não há música, não há claridade,
não há nem mesmo o consolo do choro.
Só a anestesia.
Um torpor que me segura pela garganta
e me faz existir em estado suspenso,
como quem vive de ausências.


Ainda assim, respiro.
E talvez esse seja o maior dos lamentos:
continuar aqui,
mesmo quando já me despedi tantas vezes de mim.




Jorgeane Borges
8 de Setembro de 2025

⁠Inaudível

Eu avisei. Nunca tentei chamar atenção, mas gritei em silêncio por meio das palavras e das imagens que deixei pelo caminho. Algumas pessoas disseram: "Pare com isso, não demonstre suas fraquezas." Outras, com olhos que não sabiam ver além do superficial, soltaram um: "Nossa, isso dói tanto." Houve aquelas que simplesmente ignoraram, fingindo não ver, passando por cima como se eu fosse um borrão despercebido.

Mas eu continuei. Me registrei em cada fragmento de existência, deixando partes de mim em cada texto, cada fotografia, cada história contada com alma. Não porque eu esperava aplausos, mas porque queria apenas ser — inteira, genuína, presente.

Lamento, apenas, imaginar que o dia em que eu partir minhas publicações possam encher de curtidas tardias. Não quero esperar a ausência para ser vista, nem que a valorização venha quando meus olhos já não puderem contemplar.

Eu vivi para me deixar em todos os lugares e em todas as pessoas, ainda que nem sempre percebam. E se a vida é feita de encontros e desencontros, que meu rastro permaneça — não para ser aclamada, mas para ser sentida. Inaudível, talvez, mas eterna.

⁠Tempo Fragmentado A fotografia é poesia e canção, composta por sombra, luz, sentimentos e sensações. Um momento que, em fração de segundos, congela um olhar no... Frase de Jorgeane borges.

⁠Tempo Fragmentado

A fotografia é poesia e canção, composta por sombra, luz, sentimentos e sensações.
Um momento que, em fração de segundos, congela um olhar no tempo eterno, para que não caia no esquecimento.

⁠Cansada de tudo!

A dor e o sofrimento se confundem com poesia.

Mas há uma insistência em dizer: você está tão linda!
E se, pelo avesso, eu estivesse agora?
Quanto de beleza ainda sobraria em mim?

Quem consegue enxergar bondade em mim?
E se arrancassem meu coração do peito?
Certamente, a dor seria interrompida... mas, junto com ela, as coisas boas também deixariam de existir.
Será que, ao menos, eu seria lembrada com carinho?

Dizem que enxergamos o mundo como somos por dentro, que nosso olhar reflete nossa luz.

Já olhou através do meu olhar?
Quanto de beleza e bondade eu transmito no meu silêncio?
Ou preferem me ver com os olhos deles?

Mundo insano...
Deixamos as pessoas partirem para, só então, enxergá-las e desvendar suas almas.

⁠Olhar não tira pedaço, mas mexer causa embaraço.


Nem tudo precisa ser tocado, explorado ou decifrado. Há coisas que existem para serem admiradas à distância, sem a necessidade de interferência. O olhar pode ser curioso, contemplativo, até mesmo invasivo, mas é no toque – na ação impensada – que se criam os verdadeiros desencontros.

Respeitar o espaço do outro, compreender limites e reconhecer que nem tudo precisa ser desvendado é um gesto de sabedoria. Porque, no fim, o problema nunca esteve no olhar, mas na intenção por trás do movimento.

Memórias



⁠Criar memórias é uma forma de viver plenamente. Cada instante, cada rosto, cada sorriso ou lágrima carrega uma história única que merece ser lembrada. A vida acontece de forma efêmera, e por isso precisamos aprender a direcionar nosso olhar para os detalhes que fazem cada momento valer a pena.

A fotografia tem esse poder mágico: congelar o tempo, capturar sentimentos e preservar emoções que talvez a memória sozinha não consiga reter. Um abraço afetuoso, um pôr do sol vibrante, o brilho nos olhos de quem amamos — todos esses fragmentos de vida se tornam eternos quando registrados.

Mais do que imagens, fotografias são pedaços da nossa história deixados para aqueles que nos amam. São uma maneira de continuar presente, mesmo quando já não estivermos por perto. Cada clique é um convite para recordar, reviver e sentir de novo a essência do momento vivido.

Por isso, valorize cada instante e tenha a coragem de congelá-lo em imagens. No fim, são essas memórias visuais que atravessam gerações e mantêm vivas as histórias que nos conectam. Afinal, o que seria da vida sem as lembranças que nos aquecem o coração?
As memórias que criamos não são apenas para nós, mas principalmente para aqueles que ficam. O tempo, implacável, leva nossos dias, mas deixa marcas que resistem em forma de histórias, fotografias e lembranças. Quando partimos, o que permanece são os fragmentos de quem fomos, guardados com carinho por aqueles que nos amaram.

Criar memórias vai além de simplesmente registrar momentos. É sobre construir um legado emocional. Como gostaríamos de ser lembrados? Pela leveza de um sorriso, pelo brilho nos olhos ao contar uma boa história, pelos gestos de amor e cuidado? Quando deixamos essas marcas em forma de imagens, palavras ou simples momentos vividos intensamente, estamos oferecendo a quem fica uma ponte para nos reencontrar sempre que precisarem.

As fotografias, por exemplo, não são apenas pedaços de papel ou arquivos digitais; elas são cápsulas do tempo. Nelas, nossas expressões, olhares e emoções se eternizam, permitindo que futuras gerações conheçam não apenas como éramos por fora, mas quem éramos por dentro.
Assim, viver criando memórias é um ato de amor. É pensar em como queremos ser lembrados e garantir que aqueles que ficam tenham sempre um pedaço de nós para segurar quando a saudade apertar. Porque, no fim, nossas histórias continuam vivas nas lembranças que deixamos.

⁠O Peso Invisível da Decisão

Não duvide de alguém que já tomou a decisão de tirar a própria vida. Essa pessoa pode buscar ajuda, seguir todos os tratamentos, não faltar a uma única consulta ou sessão de terapia, tomar seus remédios no horário certo e afirmar para todos ao seu redor que está bem. Pode até tentar retornar a uma rotina que, no fundo, já não faz mais sentido.

Mas, por trás desse esforço aparente, há uma determinação silenciosa, fria e invisível: a decisão de partir. É uma decisão que, uma vez tomada, transforma essa pessoa em alguém que vaga entre nós, como uma sombra de si mesma, já distante da vida, mas ainda presente fisicamente.

Essa determinação não é sobre fraqueza ou falta de vontade de lutar. Pelo contrário, muitos lutam até o limite do que podem suportar. Tentam se encaixar, suportar a dor, fazer com que tudo volte a ter sentido. Mas, para alguns, essa batalha já foi perdida internamente.

O que muitos não compreendem é que o sofrimento emocional profundo não é algo que se resolve com simples palavras de incentivo ou com uma rotina ajustada. Ele precisa de algo mais: de presença genuína, de escuta sem julgamentos, de um espaço seguro para existir sem precisar mascarar a dor.

Então, nunca duvide. Preste atenção nos silêncios, nos sorrisos forçados, na aparente normalidade. Porque às vezes, quem já decidiu partir está apenas esperando o momento certo, enquanto perambula invisível entre todos nós, com um coração que já se despediu em silêncio.

Seja essa presença, segure essa mão, e talvez você possa ser o motivo pelo qual alguém decida continuar.

⁠Força em Rede: O Poder de Se Apoiar

Nos ensinaram que o sucesso de uma mulher é muitas vezes uma competição. Quando uma de nós brilha, a comparação parece ser o reflexo imediato. Somos levadas a nos medir contra outra, a questionar nosso valor quando vemos a prosperidade da outra. Em vez de celebrar a conquista, muitos de nós sentimos o peso da insegurança e, às vezes, da inveja.

Mas por que isso acontece? Por que em vez de sermos uma rede de apoio, muitas vezes nos tornamos obstáculos umas para as outras? A verdade é que fomos condicionadas a ver o sucesso feminino como algo raro, algo que tira o nosso próprio lugar. Mas, se pararmos para refletir, podemos ver que, ao apoiar a outra, ao celebrar as vitórias umas das outras, estamos, na verdade, criando um espaço onde todas podemos prosperar.

Enquanto os homens constroem redes de apoio e se ajudam a alcançar mais, muitas vezes sem a mesma pressão que sentimos, nós, mulheres, precisamos aprender a fazer o mesmo. Precisamos entender que o sucesso de uma não diminui o valor da outra. Que quando uma mulher conquista algo, todas nós conquistamos algo. Quando uma mulher sobe, ela nos lembra de que também podemos chegar lá. O sucesso de uma deve ser visto como a vitória de todas.

Precisamos parar de olhar para as outras com os olhos da comparação e começar a olhar com os olhos da solidariedade. Se uma mulher está crescendo, acredite, o crescimento dela é um reflexo de que o nosso também é possível. Não podemos permitir que o medo da competição nos afaste da verdadeira força que temos quando nos unimos.

Vamos ser a mão amiga que ergue outra mulher. Vamos ser a rede que se apoia, que se protege e que se fortalece em qualquer circunstância. O poder de cada uma de nós é multiplicado quando estamos juntas, e isso é algo que nenhuma sociedade ou comparação pode destruir.

Deixando-me Ir

Estou me deixando aos poucos,
como quem deixa rastros no caminho,
sinais de uma despedida silenciosa,
sem palavras,
mas com a marca de cada passo dado.

Estou me permitindo, lentamente,
mergulhar no vazio e no silêncio,
como quem vai,
se entregando ao fluxo da vida,
sem resistência,
apenas deixando o que vem me conduzir.

⁠A Bondade que Nos Escapa, Mas Nunca Falha

Queremos enxergar a bondade de Deus nas bênçãos óbvias: nas portas abertas, nas respostas rápidas, nos dias de alegria. Mas e quando Ele nos conduz por caminhos que doem? Quando a resposta é um silêncio que pesa? Quando o que achamos que era certo não acontece?

A bondade de Deus não é medida apenas pelo que conseguimos compreender. Ela está presente até nas perdas, nos adiamentos, nos recomeços forçados. Porque Ele não nos dá apenas o que queremos, mas o que realmente precisamos.

Às vezes, olhamos para trás e percebemos que aquilo que nos feriu foi também o que nos fortaleceu. Que o "não" que doeu foi um livramento. Que o tempo de espera foi, na verdade, um tempo de preparação.

Essa é a bondade difícil de entender, mas que nos sustenta. Uma bondade que não mima, mas amadurece. Que não atende caprichos, mas molda o coração. E que, mesmo quando não faz sentido, continua sendo real.

Janelas da Alma: A Conexão Entre Imagens e Palavras


⁠A fotografia tem o poder de transformar uma simples imagem em uma janela para o mundo. Através dela, conseguimos enxergar além do óbvio, trazendo à tona uma nova perspectiva, uma que conecta nossa alma ao olhar do outro. Eu acredito que a sensibilidade do fotógrafo é o que torna a imagem mais valiosa. É como se, através do clique, eu transmitisse um pouco da minha essência, permitindo que os outros vejam o que, muitas vezes, está oculto.

Cada foto é uma história que, assim como as palavras, tem o poder de tocar profundamente. E é isso que busco em minha arte: fazer com que você, que está do outro lado, sinta e viva um pouco do que eu experimento, como se estivéssemos em uma mesma jornada emocional. Como escritora, também busco essa conexão. Os meus textos são mais do que palavras, são sentimentos que dançam no papel, buscando ecoar no coração de quem os lê.

Seja nas imagens ou nas palavras, meu desejo é simples: que você se veja nas histórias e nos momentos que compartilho, que as palavras e as imagens revelem algo sobre você também. Porque, no final, todos estamos juntos nesse caminho de descobertas e de sentimentos, e é através dessa troca que a arte ganha vida.

⁠Carta Aberta

Para quem se permitir sentir, refletir, conectar.

Aqui estou eu, uma mulher que carrega dentro de si a busca incessante pela profundidade e autenticidade. Não sou uma alma que se perde na superficialidade das interações fugazes, nem nas palavras vazias que muitas vezes nos cercam. Eu busco a essência, a alma do outro, como se a verdadeira dança da vida estivesse na entrega silenciosa e na sintonia que não se explica, mas se sente.

Se algo define minha jornada, é a busca por uma conexão genuína. Às vezes, penso que a solidão é necessária para que a verdadeira conexão aconteça. Sou do tipo que se recolhe até sentir que vale a pena abrir a porta, até encontrar um olhar que se atreva a tocar a minha alma.

Na fotografia, eu me encontro. Cada click é uma tentativa de capturar o invisível, de revelar aquilo que mora nos cantos mais ocultos do ser humano e da vida. Acredito que a sensibilidade de quem fotografa tem o poder de transitar entre o visível e o invisível, entre o que é e o que poderia ser, fazendo com que o outro veja o mundo através de uma nova perspectiva. Cada imagem que crio carrega um pedaço da minha alma, esperando ser vista, sentida, compreendida. E é assim que vejo a vida: uma fotografia em movimento, cheia de momentos efêmeros que pedem para serem eternizados no olhar atento de quem sabe enxergar.

Hoje, me permito escrever, não para expor, mas para partilhar. Porque, como sempre busquei nas palavras e nas imagens, talvez o que realmente desejo é que minha essência encontre eco no mundo. Que, de alguma forma, minha busca por profundidade se revele como algo comum a todos que também têm fome de autenticidade e de verdade.

Aos que, como eu, não se contentam com o raso, aos que acreditam que há beleza na entrega silenciosa e na quietude que precede a verdadeira conexão, deixo estas palavras: seguimos. Continuamos nossa busca, nossa dança. Porque no fim, é a dança que importa, o encontro verdadeiro, onde corpo e alma se entrelaçam. E é isso que me move: acreditar que, no fundo, todos buscamos algo mais. Algo que só o verdadeiro olhar consegue captar.

Com carinho e sinceridade,
Jorgeane Borges

⁠Prefiro ser ausência que sufoca do que presença que pesa.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Prefiro ser ausência que sufoca do que presença que pesa.

⁠Rio Real – O Inesquecível em Suas Águas

Às vezes, buscamos palavras para descrever o que simplesmente se sente. Tentamos traduzir em frases aquilo que transborda no olhar, no toque da brisa, no reflexo da luz dançando sobre as águas.

O Rio Real não é apenas um curso d’água, é testemunha silenciosa da história do nosso povo. É espelho de quem somos, guardião de memórias, caminho que leva e traz vidas. Suas margens contam histórias que não precisam de explicação, apenas de vivência.

Há coisas que não se explicam, apenas se sentem. E quem já se deixou envolver por essas águas sabe: o Rio Real não passa, ele permanece.

⁠⁠
Pingos de Chuva

Dias chuvosos nos desacelera!
Independente da pressa precisamos reduzir.
Nos permitindo pausar!
Ouvindo o som que acalma até a alma, os pingos de Chuva.

Entre uma gota e outra há um intervalo de tempo em que conseguimos olhar para dentro, colecionar e reviver memórias com cheiro, som e sabor.

A perfeita calmaria que nos permite reiniciar e reconectar-se com a vida que se refaz gota a gota.

⁠O Silêncio Que Grita

O que me revolta, o que me aperta a garganta, é essa comoção tardia. É quando alguém se vai, consumido por uma dor que o mundo ignorou, que as multidões surgem: velórios lotados, declarações de amor transbordando pelas redes sociais, palavras que só chegam quando já não podem ser ouvidas.

Dizem que não sabiam, que não perceberam. Mas a verdade é que uma pessoa com depressão grita o tempo todo, só que nem sempre com palavras diretas. Ela fala com o olhar vazio, com o sorriso que perdeu o brilho, com o corpo que desiste pouco a pouco.

E mesmo assim, o mundo se faz de surdo. Então, quando a despedida é definitiva, todos correm para dizer o que nunca tiveram coragem de expressar em vida. É como se precisassem do fim para reconhecer o valor da existência.

Isso me magoa profundamente. Porque essas declarações de amor tardias não alcançam mais quem precisava delas. Elas morreram sem saber que eram amadas, sem perceber que suas presenças faziam diferença. E isso não deveria ser assim.

Se há algo que esse nó na minha garganta me ensina, é que o amor deve ser dito enquanto ainda pode ser ouvido.

⁠Fotografia: Resgatando a Memória de Nossa Gente

Cada clique é uma conversa com o passado. A fotografia é minha maneira de conectar o presente ao que não queremos esquecer, de revelar as histórias que muitas vezes ficam escondidas no cotidiano. Em minha cidade, cada detalhe, cada rosto e cada canto guardam uma história esperando para ser contada.

Através das minhas lentes, tento mostrar que a beleza está nos pequenos momentos, nos costumes que fazem parte da nossa identidade. A fotografia é minha maneira de eternizar o que é efêmero, criando um elo entre as gerações e tornando nossa cultura visível para o mundo.

É assim que quero que você veja: a fotografia não é apenas uma imagem, é uma memória viva, carregada de emoção e significado. E, ao olhar para ela, espero que você também sinta a força das nossas raízes e a beleza de nossa gente.

⁠As estrelas não morrem, apenas se transformam em luz que atravessa o tempo, sussurrando ao infinito que um dia brilharam.

⁠Por Só Sol

O sol se põe,
mas nunca é só um pôr do sol.
Ele dança na linha do horizonte,
escorrega lento pelo céu,
como quem promete sumir,
mas nunca parte de verdade.

Pisca em tons de ouro,
derrama fogo sobre o mar,
e, num sussurro de luz,
diz que amanhã volta.

Nunca se perde,
nunca se esquece de ser sol.
Brilha onde os olhos não alcançam,
suspira calor em outras terras,
ilumina, mesmo quando não o vemos.

Porque ser sol
é mais que estar à vista—
é existir,
ardendo eterno
em si.

⁠O Ônus e o Bônus do Silêncio

O silêncio pode ser uma arte — uma escolha sábia quando as palavras seriam navalhas afiadas. Mas já parou para pensar no turbilhão de pensamentos de quem espera, desesperadamente, ouvir ao menos uma palavra?

Há uma tortura cruel em tentar decifrar o que se esconde nesse vazio. O que se passa no outro lado do silêncio? Talvez seja um ato inteligente calar-se quando tudo o que temos a dizer reflete dor ou ressentimento. Mas será que já pensamos no quanto esse silêncio pode ferir profundamente quem escolhe sufocar suas palavras, engolindo cada sentimento como se fossem cacos de vidro?

Existe toxicidade no silêncio? Sim, quando ele se torna uma prisão que sufoca experiências não verbalizadas e necessidades não atendidas. Quando não dizemos o que nos incomoda, essas emoções se acumulam até explodirem de forma destrutiva.

Silenciar e esperar que o tempo resolva tudo é uma ilusão cômoda. É angustiante esperar que o tempo cure feridas que poderiam ser tratadas com um diálogo consciente e empático. Às vezes, bastaria a vontade de escutar — e ser escutado.

Por outro lado, o silêncio pode ser transformado em arma. O tratamento de silêncio é uma forma cruel de manipulação, abuso e punição. Ele faz com que o outro se sinta inseguro, ansioso, rejeitado, invisível e, muitas vezes, culpado por algo que nem compreende.

É preciso sabedoria para respeitar o silêncio do outro, mas também coragem para verbalizar esse respeito, validando os sentimentos de ambos.

Então, o silêncio é sabedoria ou covardia? Depende. O mérito está em saber quando calar — e quando falar, pode libertar.

⁠ Vestígios Se um dia eu desistir, saiba que lutei todos os segundos; mas se um dia eu partir, deixo um pouco de mim em cada canto — nas palavras que escrevi, n... Frase de Jorgeane borges.

⁠ Vestígios


Se um dia eu desistir, saiba que lutei todos os segundos; mas se um dia eu partir, deixo um pouco de mim em cada canto — nas palavras que escrevi, nas imagens que capturei e, sobretudo, nas pessoas que encontrei.

O Silêncio Que Fala

Existe algo divino nas palavras silenciosas que habitam a fala do olhar.
Um idioma que não se aprende nos livros, mas no sentir.

É preciso que haja um acordo sutil entre quem vê e quem transmite,
um pacto invisível onde a verdade não pode se esconder.

Assim como moldamos nossa fala e afiamos nossa escrita,
deveríamos ter em mãos a cartilha da linguagem das almas: o olhar.
Olhar que acolhe, que desnuda, que grita em silêncio.

Há olhares que embalam, há os que ferem,
há os que são porto seguro, e os que são tempestade.
Alguns são abismos, outros, pontes.

Mas poucos sabem realmente escutar o que os olhos dizem.
Poucos compreendem que, antes da palavra,
foi o olhar que desenhou o primeiro poema do mundo.

⁠Entre Marcas e Promessas

A história um dia será contada, pois ela já está escrita no livro da vida. Aqui, chega o fim dessa página, que compõe um longo e extraordinário capítulo da minha jornada.

Sobre este momento, ainda me faltam palavras para expressar tudo o que vivi. Sei que não é hora de me pronunciar, porque entendo que tudo tem um propósito. Deus tem grandes planos para o meu falar, num futuro não muito distante.

Aqui está o retrato de alguém em desconstrução, implodindo por dentro, literalmente, e vivendo a exaltação da glória de Deus, diante dos olhos de todos, como promessa.

Chegar a uma nova versão de si mesma não é fácil. É um processo lento, doloroso e transformador, que deixará marcas irreparáveis. Mas essas marcas forjarão um novo caráter, preparando-me para o próximo capítulo da vida — uma nova história.

⁠Seja sempre você mesma, mas nunca a mesma.

Carregue consigo suas virtudes e imperfeições, pois são elas que te fazem única. Mas não se prenda a uma versão fixa de si mesma, pois a vida é movimento, aprendizado e transformação. Permita-se evoluir, expandir-se, desdobrar-se em novas versões sem perder sua essência.

E quando sentir que o mundo ao redor parece desalinhado, que os outros erram em suas palavras e atitudes, que tudo parece fora do lugar, não se apresse em julgar. Antes de tentar mudar o que está fora, volte-se para dentro. Há momentos em que a mudança que buscamos no outro é, na verdade, um chamado para reinventar a nós mesmas.

Reinvente-se quantas vezes for preciso. Não por imposição, não para agradar, mas para crescer. Para se tornar, a cada dia, uma versão mais verdadeira, mais alinhada com quem você realmente é.

⁠Tudo que for forçado deixa de ser laço e vira forca!... Frase de Jorgeane borges.

⁠Tudo que for forçado deixa de ser laço e vira forca!

⁠O Fim Silencioso do Amor

O amor não termina com gritos ou despedidas dramáticas. Ele se desfaz no silêncio, nos gestos repetidos que já não emocionam. Acaba quando você percebe que o outro se tornou um roteiro previsível, um ciclo exaustivo onde cada ação já tem um desfecho conhecido.

Você sabe quando ele vai se calar, em qual ponto irá fugir, mergulhando no vácuo de silêncio para, mais tarde, retornar como se nada tivesse acontecido. E é nesse padrão que a esperança morre, sufocada pela certeza de que nada vai mudar.

Então começa o processo mais cruel: sentir falta de si mesma. Lembrar que já foi mais feliz, que seu coração já bateu forte por motivos simples. Agora, a presença que deveria ser companhia se tornou peso, roubando seu tempo e sua essência.

Você se vê sugada por uma monotonia que apaga o encanto das palavras e silencia o diálogo. O ânimo escapa, e o amor, antes vibrante, agora se dissolve em indiferença.

Talvez o amor acabe assim: não com um ato final, mas com a ausência de surpresa, quando você entende que a vida é curta demais para amar apenas por hábito.

⁠A liberdade que ainda não temos

A tão aclamada liberdade de ir e vir não funciona para todas. Podemos até ter o direito, mas não a segurança.

Uma mulher sozinha sempre será alvo de olhares e julgamentos. Se viajamos, vamos a bares, restaurantes, praias ou caminhamos sem companhia, logo nos questionam: por que está sozinha? Supõem solidão ou até mesmo um problema de caráter. Para os homens, essas são atividades comuns. Para nós, um ato de resistência.

Sentar-se à mesa sem companhia não pode ser apenas uma escolha? Uma experiência consigo mesma? Mas não. O mundo insiste em nos colocar numa posição de espera – de alguém, de algo. Como se estar só fosse um sinal de disponibilidade, um convite a abordagens invasivas e cantadas baratas.

Estar só não é estar perdida. Muitas vezes, é apenas uma pausa. Um momento para silenciar o barulho externo e organizar a mente. Mas até isso nos é negado. Se caminhamos sozinhas, somos alvo de comentários maldosos. Se nos recolhemos, somos chamadas de frias. Se nos valorizamos, incomodamos.

Enquanto homens andam livres, nós calculamos riscos. Precisamos de segurança para viver a liberdade que já deveria ser nossa. Até lá, seguimos – sozinhas, mas não solitárias.

⁠A Dor do Julgamento

Falar sobre depressão ainda dói mais pelo peso do julgamento do que pela própria doença. Dói porque a ignorância insiste em apontar dedos, em questionar aquilo que já nos fere. Dói porque a compreensão parece um favor, quando deveria ser o mínimo.

Dizem que nos falta fé. Como se acreditar em Deus fosse uma blindagem contra o sofrimento, como se a dor invalidasse a nossa devoção. Mas que fé é essa que só vale quando a vida está em ordem? Não foi também o Padre Fábio de Melo, homem de fé inquestionável, quem enfrentou essa mesma sombra? E tantos outros, de oração fervorosa, que ainda assim sentiram o peso da escuridão? A depressão não escolhe apenas os que duvidam. Ela vem, sem distinção, e muitas vezes é na fé que encontramos a força para continuar.

⁠Sempiterno

Há coisas que o tempo não apaga. Elas resistem ao desgaste dos dias, atravessam silêncios, sobrevivem às ausências. São memórias que se recusam a se dissipar, sentimentos que se enraízam tão profundamente que se tornam parte de nós.

O instante capturado por um olhar atento, a palavra dita no momento certo, o toque que aqueceu uma despedida—tudo isso continua a ecoar, mesmo quando o tempo tenta impor sua lógica de esquecimento. Porque aquilo que é verdadeiramente vivido não se dissolve.

Há quem pense que a eternidade está no que nunca se desfaz. Mas talvez ela resida, na verdade, naquilo que, mesmo findo, permanece. No que escolhemos guardar, no que nos permitimos sentir, no que cultivamos para além do agora.

O sempiterno não se mede pelo tempo. Mede-se pelo impacto.

⁠Registro-me em palavras para que, ao partir, quem ler me sinta por inteiro.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Registro-me em palavras para que, ao partir, quem ler me sinta por inteiro.

⁠Liberdade e Alma

Acredito que a verdadeira liberdade não se encontra na ausência de regras, mas na capacidade de se entregar sem reservas. Não é a falta de amarras que me define, mas a escolha consciente de ser quem sou, de buscar o que realmente ressoa com minha essência.

Liberdade é poder estar em meu próprio espaço, sem pressa de me adaptar a expectativas alheias. Ela está na coragem de me mostrar por inteira, de me conectar de forma genuína, sem temer o que o outro possa pensar.

Ser livre é saber que posso me entregar sem perder minha essência, que posso amar, desejar e me conectar sem me perder. A verdadeira liberdade está na entrega do que sou, no poder de ser sem restrições, onde alma e corpo se alinham sem medo do que virá.

Conexão além de Mim

Há algo que me chama,
não é o eco de meus próprios passos,
mas o suspiro de algo que está distante,
como um farol que pisca no horizonte,
sussurrando meu nome,
não em palavras, mas em silêncio.

Carrego, talvez, o peso de um abraço
que ainda não sei dar.
E no meu peito, um campo vasto,
um vazio que pulsa, não como falta,
mas como uma promessa que ainda não se cumpriu.

Eu me entrego ao que não vejo,
à dança que não sei se já começamos,
mas sinto os seus ritmos chegando
como uma maré que inevitavelmente alcança
a terra seca da minha alma.

E no infinito do que sou,
surgem novas camadas,
como ecos que se multiplicam,
onde cada um é um mundo,
onde cada um é um ponto de partida
para algo mais vasto.

Em cada respiração, encontro um fragmento,
um universo que se expande dentro de mim,
tão grande quanto o que está por vir,
tão pequeno quanto o que já me pertence.

Há infinitos em tudo que toco,
em tudo que olho, em tudo que sinto.
E talvez, seja isso:
o movimento incessante de encontrar e ser encontrada
no eco de todos os universos que criamos juntos.

⁠Extensão dos meus pulmões, aqui respiro fundo e sigo adiante.

Em um mundo que corre apressado, onde os dias parecem escapar por entre os dedos, há algo precioso em simplesmente parar. Respirar fundo. Sentir o ar preencher os pulmões e lembrar que viver não é apenas passar pelo tempo, mas permitir que o tempo passe por nós.

A vida não é uma corrida. Nem tudo precisa ser imediato, instantâneo, descartável. Há beleza na pausa, no silêncio entre um passo e outro, na delicadeza de um olhar que se demora sobre a paisagem.

Permita-se observar. Sinta a brisa tocar sua pele, note os detalhes ao seu redor, aprecie a luz que dança sobre as coisas simples. E registre. Não apenas com fotos, mas com a alma. As memórias mais bonitas são aquelas que guardamos com presença, com entrega, com o coração aberto.

Saiba apreciar e registrar suas memórias sem pressa.
Viva cada instante como se fosse único — porque ele é.

A felicidade ocupa muito espaço. Sendo assim não sobra espaço ou muito menos tempo para sentimentos ruins ou a vida alheia . Ocupe-se em ser feliz!... Frase de Jorgeane borges.

A felicidade ocupa muito espaço.
Sendo assim não sobra espaço ou muito menos tempo para sentimentos ruins ou a vida alheia .


Ocupe-se em ser feliz!

⁠O Sentido que Não Ouvi

Lamento profundamente que talvez eu nunca saiba, verdadeiramente, o impacto da minha vida. Não vou ouvir o que minha presença significou para os que me conheceram — familiares, amigos, todos aqueles que cruzaram meu caminho.

Sei que um dia, quando eu partir, minhas palavras serão lidas com mais atenção, minhas fotografias serão vistas com outro olhar, e alguém dirá: "Agora entendo o que ela quis dizer." Talvez nesse momento reconheçam a profundidade do que eu tentei transmitir, mas eu não estarei lá para escutar.

E esse é o peso que carrego: saber que muitas coisas só farão sentido tarde demais. Que aquilo que dei de mim — cada palavra, cada imagem, cada pedaço do meu ser — será valorizado apenas na minha ausência.

Mas, ainda assim, eu continuo. Deixo minha alma registrada nesses fragmentos, porque acredito que viver é também espalhar pedaços de significado, mesmo que nunca saibamos exatamente onde eles florescerão.

⁠OCUPANDO-ME COMIGO MESMA

A busca pela minha felicidade ocupa um imenso espaço dentro de mim,
toma todo o meu tempo e energia.

Meu foco está concentrado em um único propósito: ser e estar feliz.
Fazer da felicidade uma escolha diária, um compromisso constante comigo mesma.
É um processo que exige atenção, mas que se torna uma jornada de autodescoberta, onde o amor-próprio floresce e a paz se encontra.

⁠Ecos de uma Presença Permanente Carrego teu nome no peito, mesmo sabendo que o eco já não encontra resposta. Algumas presenças são assim—partem, mas nunca vão.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Ecos de uma Presença Permanente

Carrego teu nome no peito, mesmo sabendo que o eco já não encontra resposta. Algumas presenças são assim—partem, mas nunca vão.

⁠Mulher, Reencontre-se

Você já se olhou hoje? Não com os olhos cansados da rotina, não com a pressa de quem se esqueceu no espelho. Mas com a alma, com o cuidado de quem merece ser vista?

O tempo pode ter levado sua leveza, a vida pode ter apagado a poesia dos seus lábios, mas nunca, jamais, tirou sua beleza. Porque beleza não é sobre medidas, não é sobre idade, não é sobre o que o mundo insiste em dizer. Beleza é sobre presença. E você ainda está aqui.

Dentro de você há uma mulher que pulsa, que sente, que um dia sonhou e que talvez tenha esquecido como se reconhecer. Mas eu vejo. Vejo no brilho sutil dos seus olhos, no gesto delicado das suas mãos, na força que carrega mesmo quando pensa que não há mais nada.

Se permita olhar para si com gentileza. Se permita se enxergar além das marcas do tempo, além do que te disseram que você deveria ser. A mulher que você busca nunca foi embora. Ela apenas espera ser chamada de volta.

E quando você se encontrar novamente, prometo: você vai se surpreender com quem sempre foi.

Fotografia: A Alma no Olhar


Fotografar, para mim, é a arte de perceber o mundo de forma única e sensível. A fotografia não é apenas sobre capturar uma imagem, mas sobre transformar a maneira como as coisas são vistas. Busco mostrar o que muitas vezes passa despercebido pelo coletivo, revelando o que falta nos olhos comuns: uma conexão emocional, uma alma no olhar.

Essa sensibilidade me permite enxergar as camadas ocultas de cada cena, trazendo à tona a essência do que está sendo fotografado. Cada clique é uma forma de compartilhar com o outro o que a visão cotidiana não alcança, uma maneira de mostrar que a beleza está muitas vezes escondida na simplicidade, na luz, na sombra, no ângulo. Ofereço aos espectadores uma nova perspectiva, algo que não poderiam ver por si mesmos, pois, minha visão está imbuída de alma e significado.

Uma imagem vai além da técnica; nela, estão contidas histórias e sentimentos. Nela também reside o poder de comunicar sem palavras. Contém experiências e é um convite para que o outro se conecte com a visão mais profunda e sensível do mundo.

⁠O Beijo: Portal Entre o Corpo e a Alma

O beijo, para mim, é mais do que um toque de lábios. É um portal entre duas dimensões, a passagem que conduz ao outro, a chave que abre o corpo e a alma.

Ele é a senha de todos os gatilhos, acende chamas, desperta desejos. Mas, mais do que isso, é conexão. É o arrepio que denuncia a entrega, a profundidade que dissolve barreiras, a fusão que antecede o infinito.

Por isso, não dá para tocar qualquer boca sem desejar se aprofundar por inteiro. Um beijo sem alma é um gesto vazio, um desencontro. Mas quando há entrega, ele se torna passagem, arrepio, fusão. Ele dá profundidade ao instante e transforma o desejo em algo maior.

Um beijo nunca é só um beijo. É a porta de entrada para tudo que pode ser.

Quando o Mar é Você


Há dias em que não é o mundo que me engole — sou eu que me afundo em mim.
A superfície parece perto, mas é como vidro: vejo o sol lá em cima, sinto o calor à distância, e ainda assim não consigo atravessar.


Seria simples nadar, se o peso não estivesse costurado nos meus ossos.
Seria fácil pedir socorro, se a voz não se dissolvesse antes de chegar à boca.
E assim fico, boiando no sal da minha própria tristeza,
enquanto os outros, da praia, acenam como se fosse só mais um mergulho.


Dizem para nadar até a areia, mas não sabem que a areia já não existe para mim.
Que a ideia de “voltar” é tão distante quanto um porto que nunca conheci.
O mar é fundo, frio, e tem o mesmo nome que eu.


E no silêncio submerso, percebo:
às vezes não é que a gente queira se perder.
É que o cansaço de tentar se salvar
parece mais letal do que simplesmente deixar-se afundar.

O que me nutre é a esperança
(mesmo minúscula)




Há dias em que a mente para e o corpo permanece aceso — aceso de impossibilidade.
Penso com precisão cirúrgica, mas não atravesso o quarto.
O chuveiro vira montanha, o cabelo vira florestas que não domino,
a pia é um mapa de guerras que não escolhi lutar.
Abro a geladeira e nada combina com nada;
as panelas, como constelações desconhecidas, me olham de volta.


Eu sei o que fazer.
Eu só não consigo começar.


De fora, pedem senha: “Fala. Pede ajuda. Sorri.”
Quando falo, dizem que me exponho; quando calo, dizem que me escondo.
Se aceito convite, tenho medo de ser peso; se recuso, pareço descaso.
Não é orgulho. Não é ingratidão.
É que o corpo virou freio de mão num carro em descida.
E eu, para não atropelar ninguém, puxo mais forte — e paro.


Meu avô sussurra de um lugar antigo:
“Veja onde deposita a confiança.
O melhor amigo do seu melhor amigo… não é você.”
Aprendi a guardar as palavras para que não me devolvam em lâminas.
Mas guardar também dói — o silêncio incha, aperta, afoga.


Dentro, uma assembleia: anjos e demônios.
Os anjos falam baixo: “Respira. Existe um depois.”
Os demônios gritam com provas: a bagunça, o atraso, a lista de não feitos.
E eu, no meio, tentando não me perder dos dois.
Não são eles que me nutrem; se algo me sustenta, é outra coisa —
um fio de luz quase microscópico,
uma esperança que cabe entre a unha e a pele,
mas que ainda assim puxa o meu nome de volta para mim.


Às vezes olho para frente e só vejo um eco.
Não me reconheço no futuro que inventaram para eu caber.
A estrada é reta, sem desvios: seguir — arrastando ou não.
E, na beira da estrada, um abismo bonito demais.
O desejo de pular tem cores. A vista é linda.
Eu sei. Eu vejo.
Mas fico.
Fico pelo quase, pelo mínimo, pelo que ainda pode nascer do pó.


Há também a casa — esse espelho ampliado.
O acúmulo desenha no chão a cartografia da minha exaustão.
Cada objeto fora do lugar me aponta que falhei em existir.
E, ainda assim, entre a louça e o cansaço, às vezes encontro um gesto respirável:
um copo lavado.
Um fio de cabelo preso.
Uma toalha estendida como bandeira branca.
São pequenos tratados de paz com o dia.


Eu não sou o centro do mundo — e isso, por vezes, me salva.
Penso no outro antes de pedir.
Não quero ser fardo, não quero ser vitrine, não quero ser caso.
Mas também aprendi: quem quer ajudar, chega sem barulho,
senta no chão da minha sala, não corrige meus mapas,
e, se nada puder fazer, empresta o silêncio — aquele que não julga.


Escrevo para não me perder de mim.
Se um dia eu cair, que esta página seja pista: lutei mais do que pude.
Se eu ficar, que estas linhas sejam prova: a esperança, mesmo minúscula, ainda alimenta.
E se amanhã for só um pouquinho mais macio do que hoje,
já terá sido milagre suficiente.


Não prometo grandiosidades.
Prometo o próximo gesto possível:
abrir a janela;
encostar a testa no azulejo frio;
deixar a água tocar a nuca como quem batiza;
pentear um nó;
lavar um prato;
responder “talvez” a um convite;
aceitar um abraço que não pergunta nada.


Eu caminho dentro de uma fé tímida — às vezes vacilo, às vezes desacredito.
Olho para o céu e digo: “Se houver um Deus, que me veja quando eu não consigo.”
E quando não sinto nada, ainda assim repito — por teimosia, por pequena ousadia.


Se amanhã eu não chegar inteira, me perdoa.
Se eu chegar, celebra comigo esse quase invisível triunfo:
o fio de vida que atravessa a noite e acende um ponto no escuro.


No fim, é simples e é imenso:
o que me nutre é a esperança.
Por mais minúscula que seja.






Jorgeane Borges
06 de Setembro 2025

⁠Carta Aberta: Cansei, Lutei Até Meu Limite

A quem ainda se importa,

Eu lutei. Lutei com tudo o que tinha, com tudo o que restava de mim. Dia após dia, me levantei quando queria ficar no chão, sorri quando minha vontade era desmoronar, fui forte até quando a força me abandonou. Mas agora, cansei.

Cansei de fingir que estou bem para não incomodar, de carregar um peso que ninguém vê, de gritar sem que ninguém ouça. Cansei de ouvir que tudo é fase, que vai passar, que basta ter fé. Porque não é assim tão simples. Nunca foi.

Não peço que me entendam. Apenas que saibam que eu tentei. Tentei ser quem esperavam, tentei encontrar um lugar no mundo, tentei carregar minha dor sem transbordar. Mas há batalhas que não se vencem, há cansaços que não se curam com descanso.

Se eu partir, saibam que foi depois de uma longa guerra, não de um único dia ruim. Se eu ficar, saibam que estou além do limite, e só preciso que alguém perceba sem que eu precise explicar.

Cansei, mas ainda estou aqui. Até quando, não sei.

[JB]

⁠O mérito é dela, e o apoio não a diminui

Por que, quando uma mulher é bem-sucedida, insistem em dar o crédito a um homem? Como se ela não fosse capaz de trilhar seu próprio caminho sem que alguém a conduzisse.

Durante séculos, fomos ensinadas que nosso valor estava atrelado a uma figura masculina – ao pai, ao marido, ao chefe. Quando conquistamos algo grande, muitos tentam justificar: “Deve ter alguém por trás”, “Teve sorte”, “Alguém abriu as portas para ela”. Como se esforço, competência e resiliência não bastassem.

Isso não significa que o apoio masculino não tenha valor. Pelo contrário, um homem que respeita e incentiva uma mulher fortalece sua caminhada. O problema está na ideia de que uma mulher só alcança o sucesso porque um homem permitiu, e não porque ela lutou por isso. Um parceiro, um pai, um mentor podem ser aliados importantes – mas o mérito de suas conquistas ainda é dela.

O homem pode ser provedor, pode estar ao lado, pode ser suporte. Isso não anula a força da mulher. E a mulher, ao ser independente, também não invalida o papel do homem. O que precisamos é equilíbrio: reconhecimento sem subestimação, apoio sem apagamento.

Porque, no fim, sucesso não deveria ter gênero – mas sim mérito.

⁠Liberdade e Alma

Acredito que a verdadeira liberdade não se encontra na ausência de regras, mas na capacidade de se entregar sem reservas. Não é a falta de amarras que me define, mas a escolha consciente de ser quem sou, de buscar o que realmente ressoa com minha essência.

Liberdade é poder estar em meu próprio espaço, sem pressa de me adaptar a expectativas alheias. Ela está na coragem de me mostrar por inteira, de me conectar de forma genuína, sem temer o que o outro possa pensar.

Ser livre é saber que posso me entregar sem perder minha essência, que posso amar, desejar e me conectar sem me perder. A verdadeira liberdade está na entrega do que sou, no poder de ser sem restrições, onde alma e corpo se alinham sem medo do que virá.

⁠⁠Resiliência em Flor Ser cacto é ser forte, resistente ao toque das adversidades, mas, mesmo sob o peso do mundo, florescer é uma escolha que ninguém pode tira... Frase de Jorgeane borges.

⁠⁠Resiliência em Flor

Ser cacto é ser forte, resistente ao toque das adversidades, mas, mesmo sob o peso do mundo, florescer é uma escolha que ninguém pode tirar. Ainda é sobre ser cactos.

O Silêncio Que Fala

Existe algo divino nas palavras silenciosas que habitam a fala do olhar.
Um idioma que não se aprende nos livros, mas no sentir.

É preciso que haja um acordo sutil entre quem vê e quem transmite,
um pacto invisível onde a verdade não pode se esconder.

Assim como moldamos nossa fala e afiamos nossa escrita,
deveríamos ter em mãos a cartilha da linguagem das almas: o olhar.
Olhar que acolhe, que desnuda, que grita em silêncio.

Há olhares que embalam, há os que ferem,
há os que são porto seguro, e os que são tempestade.
Alguns são abismos, outros, pontes.

Mas poucos sabem realmente escutar o que os olhos dizem.
Poucos compreendem que, antes da palavra,
foi o olhar que desenhou o primeiro poema do mundo.

⁠A Visão do Beijo: Conexão Além do Toque

Imagine que, ao beijar, você não apenas toca outro corpo, mas atravessa uma porta invisível. A primeira sensação não é de um simples contato físico, mas de um mergulho profundo nas camadas da alma. É como se, por um breve momento, o mundo ao redor desaparecesse, e tudo o que restasse fosse a energia pura entre duas pessoas.

Nesse instante, cada movimento, cada suspiro, carrega em si uma troca silenciosa. Não é apenas o desejo que se acende, mas a consciência de que algo maior se faz presente. O beijo é uma troca de essências, um momento onde o corpo não tem fronteiras, onde os corações falam uma língua secreta.

Ali, o que importa não é o impulso, mas a entrega genuína. Não é o prazer imediato que buscamos, mas a profundidade de estar com o outro, de se deixar conhecer e de conhecer. O beijo é, então, o reflexo de tudo o que está guardado dentro, um convite à vulnerabilidade e à união.

É por isso que, ao beijar de verdade, você não pode simplesmente tocar qualquer pessoa. Só se você sentir que a alma do outro também está disposta a se mostrar, a se entregar. Quando isso acontece, o beijo se transforma. Ele não é só o movimento de lábios, mas o encontro de duas almas dispostas a se encontrar além da pele, a se tocar em um nível mais profundo.

Esse é o poder do beijo: a capacidade de nos levar a um lugar onde somos mais do que corpos, mais do que a materialidade do momento. Somos alma, energia, conexão.

⁠Moça: Inteira em Tudo que Sente

Moça que não sabe ser metade, que não aceita meio-termo.
Que ama com força, mas sem se perder.
Que insiste até ter certeza, mas parte sem olhar para trás quando entende que já não há caminho.
Que não se prende onde o coração não responde, nem aceita um amor que não consegue devolver.
Que retribui na mesma medida—se recebe tudo, entrega tudo; se sente pouco, recolhe-se sem desafeto.

Moça de alma grande, que não quer ser segurada, quer ser escolhida.

⁠Desabafo: O medo silencioso de ser vista

Eu sei o que é se sentir refém de uma construção que fizeram de mim. Uma construção que, por muito tempo, me prendeu a um medo constante de ser quem eu sou, de ocupar os espaços ao meu redor. O medo de ser vista, de ser notada, e de como, ao estar em ambientes cheios, os olhares parecem pesados demais para carregar.

Sinto que, em muitos momentos, a insegurança me paralisa. É como se toda minha essência fosse transformada em algo que precisa se esconder. Tento desviar os olhares, encontrar os cantos mais discretos, aqueles onde posso me perder sem ser observada. Onde a pressão de ser vista não me sufoca.

E quem, entre nós, nunca se sentiu assim? Quem, entre nós, nunca se desconfortou com o peso de ser mulher, de ser vista e julgada? O desconforto de estar em um espaço cheio e, mesmo assim, se sentir sozinha, impotente.

Eu sei que esse medo não é só meu. Sei que há outras mulheres que também preferem a invisibilidade, que também buscam lugares silenciosos e discretos, longe dos olhares que nos desconstroem, que nos fazem sentir pequenas. Mas o que me dá esperança é saber que, ao escrever isso, estou falando em voz alta o que tantas de nós guardam. E, ao fazer isso, me permito ser verdadeira, e quem sabe, dar espaço para que outras também possam se permitir.

O que quero agora não é mais me esconder. O que busco é entender esse medo, aceitar que ele existe e, aos poucos, me fortalecer para que ele não me defina mais. E, talvez, juntas, possamos construir um espaço onde todas nós possamos ser vistas sem medo, sem julgamentos, sem a pressão de sermos algo que não somos. O mundo precisa entender que ser mulher, com todas as nossas complexidades e inseguranças, é, sim, uma força.

⁠Memórias Imortalizadas

A fotografia é um portal silencioso, onde o tempo se dobra e o instante é retido. Como um eco suave, ela resiste às marés da existência, conservando fragmentos do que fomos e do que ainda somos. Cada imagem capturada é uma memória que não se perde, um testemunho de uma realidade que se recusa a desaparecer.

Ela é a ponte entre o presente e o passado, permitindo que o olhar viaje para um tempo distante, onde as emoções, os cheiros e as cores ainda vibram. Ao revisitar essas imagens, somos transportados para um lugar onde a realidade se mistura com a lembrança, e o tempo parece parar, deixando-nos imersos em cada detalhe.

Mas é no eco da fotografia que encontramos sua verdadeira força. O tempo pode passar, as paisagens podem mudar, mas aquele momento, aquele olhar, jamais será esquecido. A fotografia carrega consigo a resistência de um eco que se repete, como uma melodia atemporal, lembrando-nos do que foi e do que sempre será parte de nós.

Em cada clique, a memória se eterniza. Não importa o quanto o mundo mude, os fragmentos do passado permanecem imortais, prontos para serem revisitados sempre que necessário, como um refúgio onde o tempo não ousa entrar.

⁠Reflexões e Questionamentos de Uma Mulher em Busca de Seu Espaço

Às vezes, me pego questionando o que realmente significa ser mulher em um mundo que constantemente exige de nós mais do que somos. Como posso ser eu mesma sem que os outros decidam o que sou ou o que posso ser? Será que sou refém das expectativas alheias ou tenho o poder de ressignificar minha existência?

Quantas vezes me vi diante de uma mulher brilhante e, em vez de celebrar sua conquista, senti o peso da comparação? O que acontece em nós que, ao invés de apoiar, nos sentimos ameaçadas? Onde está a linha entre a inspiração e a inveja? Por que esse ciclo nos enfraquece, quando poderia nos unir?

O olhar crítico, muitas vezes, não vem de fora. Ele nasce dentro de nós, alimentado por uma sociedade que faz da competição entre mulheres algo natural. Somos ensinadas a ver o sucesso de outra como uma ameaça e não como uma oportunidade de crescimento. E, ao nos compararmos, deixamos de enxergar a força que poderia nos conectar.

Mas percebo que toda essa insegurança, essa luta interna, não precisa ser minha prisão. Acredito que posso transformar esses questionamentos em forças, em ferramentas para redefinir minha relação com o mundo. Cada insegurança é um passo em direção à compreensão de quem eu sou e do que sou capaz de alcançar. O autoconhecimento que nasce da dúvida pode se tornar minha maior aliada, me levando a espaços onde a confiança floresce.

Agora, mais do que nunca, sinto que devemos parar de olhar a outra mulher com medo e começar a vê-la com admiração. Precisamos nos unir, trocar forças e entender que não há espaço para competição, mas sim para crescimento conjunto. Quando uma mulher sobe, todas nós subimos. Quando uma mulher se fortalece, todas nós somos mais fortes.

A verdadeira força feminina não reside na comparação, mas na colaboração. Quando começarmos a apoiar umas às outras, em vez de nos sentirmos ameaçadas, criaremos uma rede onde o sucesso de uma é o reflexo da possibilidade de todas.

⁠Onde a admiração desfalece, onde o respeito silencia, o amor não respira. Parta antes que reste apenas a sombra do que foi.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Onde a admiração desfalece, onde o respeito silencia, o amor não respira. Parta antes que reste apenas a sombra do que foi.

⁠Sozinhas, mas não ameaçadoras

Desde quando uma mulher sozinha representa mais risco para outra do que aquela que anda em grupo? Desde quando optar por menos companhia é sinônimo de desconfiança ou um atestado de solidão e sofrimento?

Somos observadoras, sensíveis à nossa própria percepção. Valorizamos conexões leves e verdadeiras. Não nos forçamos a laços apenas para pertencer a um grupo, porque não buscamos existir em bando – buscamos existir em verdade.

Isso não significa que não temos amigos ou que não somos leais. Apenas escolhemos o silêncio ao invés do ruído desnecessário. E essa escolha não deveria incomodar ninguém.

⁠A Parte Intocável da Liberdade

Existe um território onde ninguém toca, onde nem mesmo as amarras do tempo podem prender. Um espaço que não se mede em metros, nem se dobra às regras do visível. Esse território é a essência da liberdade — aquela que reside na imaginação.

Na vastidão do pensamento, não há fronteiras que impeçam a criação de mundos, nem correntes que limitem os voos mais altos. A imaginação é a fuga e a morada, o refúgio e a explosão. É nela que a realidade se curva diante do possível, e o possível se expande além do que ousamos prever.

Ser livre, no mais puro sentido, é poder fechar os olhos e enxergar além. É transformar ausências em presenças, dores em arte, silêncios em poesia. É construir castelos onde antes havia ruínas, e dar vida ao que o mundo insiste em chamar de impossível.

Há uma liberdade que ninguém pode tirar. Uma que se move entre as palavras, que dança entre os devaneios e se eterniza no que criamos. E enquanto houver imaginação, haverá sempre um espaço intocável onde somos infinitamente livres.

⁠Olhar que Ecoa no Tempo A fotografia é o silêncio que fala do tempo, congelando o que escapa ao olhar e preservando o que a memória se recusa a perder. Um olha... Frase de Jorgeane borges.

⁠Olhar que Ecoa no Tempo

A fotografia é o silêncio que fala do tempo, congelando o que escapa ao olhar e preservando o que a memória se recusa a perder. Um olhar que ecoa no tempo, ressoando o passado e eternizando o presente.

⁠Onde o Amor Não Sobrevive

O amor não sobrevive onde a admiração se desfaz. Onde o olhar já não brilha ao encontrar o outro, onde as palavras perdem o calor e se tornam apenas ruído de fundo. Sem admiração, o que antes era encanto vira hábito, e o hábito, com o tempo, se torna indiferença.

O amor não resiste onde a consideração se esvai. Quando a presença do outro se torna um detalhe, quando as dores não são escutadas e as alegrias não são celebradas. Onde não há consideração, o amor é deixado de lado, esquecido como um livro não lido, pegando poeira na estante do tempo.

O amor se apaga onde o carinho se torna escasso. Porque o amor não vive apenas de grandes gestos, mas dos pequenos toques, do cuidado que se expressa nos detalhes do dia a dia. Se o carinho se torna raro, o amor se sente sozinho, frio, e acaba encolhendo até desaparecer.

E, por fim, o amor morre onde o respeito é quebrado. Onde as palavras machucam mais do que acolhem, onde os limites não são respeitados, onde a presença se torna um fardo. Sem respeito, o amor deixa de ser refúgio e passa a ser exílio.

Por isso, se perceber que tudo isso se perdeu, não insista. Esqueça, silencie, saia. Não por orgulho, mas por amor a si mesma. Pois o amor que precisa implorar para existir já não é amor, é apenas lembrança. E você merece mais do que sobras.

Vá onde seu amor possa florescer. Fique onde ele possa respirar.

Pedagogia do Acolher


Chegou mais um setembro e, com ele, a vitrine de frases prontas que me atravessam sem me enxergar. Falam para eu falar — como se a minha voz não estivesse há tempos espalhada em palavras, imagens, silêncios e olhares. Eu avisei. Não busco atenção; busco sentido, presença, mãos que não soltam.


O que me revolta não é a cor do mês, é a direção do dedo. Campanhas apontam para quem está afundando, quando quem precisa de formação é quem está na margem. O depressivo não precisa de cartaz; precisa de quem saiba ler sinais: o brilho que apaga, o sorriso que desencaixa, o corpo que fala — cabelo que cai, peso que some, vitalidade que se ausenta. Precisa de quem saiba chegar sem invadir, ouvir sem consertar, acolher sem prescrever. Às vezes, salvar é só sentar ao lado e dizer com o corpo: “estou aqui”.


Falar nem sempre é possível. Por dentro, a mente é um labirinto: ideias desordenadas, sentimentos sem moldura, cansaço que pede anestesia da dor — não o fim da vida. O que nos sustenta, muitas vezes, é o descanso de um abraço, o cuidado que não cobra explicação, o silêncio que não abandona. Ensinem isso: a presença que não exige performance de melhora; a escuta que não transforma confissão em sermão; a delicadeza de perguntar “como posso estar com você?” e aceitar que, naquele dia, a resposta seja apenas chorar.


Também me fere a homenagem tardia. Velórios cheios, redes lotadas de amores eternos — e o vazio de tudo o que não foi dito quando ainda dava tempo de ouvir. Eu não quero discursos depois. Quero humanidade antes. Se houver propósito em minha voz, que seja tocar uma pessoa que esteja aqui agora, e não multidões quando eu já for ausência.


Setembro, para mim, só fará sentido quando deixar de treinar o depressivo para “se explicar” e começar a educar o entorno para reconhecer, acolher e agir. Ensinem a identificar sinais, a construir rede, a acompanhar até o serviço, a ligar no dia seguinte, a cozinhar um prato simples, a varrer o chão do quarto, a segurar a mão — e não soltar. Ensinem que “força” não é cobrança, é companhia. Que fé não é atalho, é abrigo. Que esperança, às vezes, cabe em vinte minutos de silêncio compartilhado.


Eu sigo deixando vestígios — nas pessoas, nos cantos, no papel, nas imagens. Minha voz não precisa de multidões para cumprir seu propósito. Se alcançar um coração e lhe oferecer descanso por um instante, já valeu a jornada. E, enquanto eu estiver aqui, repito: não é fraqueza, é exaustão; não é espetáculo, é sobrevivência; não é drama, é dor. O que peço não é palco. É presença.




#setembroamarelo

Bota na conta do amanhã.
O que não pude sentir, o que não coube no peito, o que doeu demais para existir no hoje.
Talvez o amanhã saiba carregar melhor do que eu, talvez o tempo encontre lugar para o que agora me sufoca.


Porque há dias em que viver já é pagar caro demais, e sobreviver se torna a única forma de não quebrar por completo.
Então, deixo que o amanhã seja meu credor, mesmo sem garantia de que eu esteja lá para quitar.


E se eu não chegar, ao menos deixo registrado: não foi preguiça de viver, foi excesso de sentir.

⁠A Escolha de Quem Tocamos

Não acredito que o sexo seja algo para se compartilhar com qualquer pessoa. Não consigo me entregar ao acaso, porque para mim, não é apenas um ato — é uma troca. E nem toda troca vale a pena.

Deixar-se no outro é mais do que um instante de prazer; é entregar um pedaço de si, carregar em si um pedaço do outro. E nem toda energia merece ser recebida, nem toda presença deve ser levada adiante.

Não consigo me entregar apenas ao desejo do corpo. Se não desejar antes a alma, se não sentir a conexão além da pele, o toque se torna vazio, a presença se esvazia, e o sexo deixa de ser encontro para ser apenas passagem.

Quero o que transcende. O que preenche. O que une para além do instante. Porque no fim, não é o corpo que me satisfaz, mas a alma que me acolhe.

⁠A liberdade que ainda não temos

A tão aclamada liberdade de ir e vir não funciona para todas. Podemos até ter o direito, mas não a segurança.

Uma mulher sozinha sempre será alvo de olhares e julgamentos. Se viajamos, vamos a bares, restaurantes, praias ou caminhamos sem companhia, logo nos questionam: por que está sozinha? Supõem solidão ou até mesmo um problema de caráter. Para os homens, essas são atividades comuns. Para nós, um ato de resistência.

Sentar-se à mesa sem companhia não pode ser apenas uma escolha? Uma experiência consigo mesma? Mas não. O mundo insiste em nos colocar numa posição de espera – de alguém, de algo. Como se estar só fosse um sinal de disponibilidade, um convite a abordagens invasivas e cantadas baratas.

Estar só não é estar perdida. Muitas vezes, é apenas uma pausa. Um momento para silenciar o barulho externo e organizar a mente. Mas até isso nos é negado. Se caminhamos sozinhas, somos alvo de comentários maldosos. Se nos recolhemos, somos chamadas de frias. Se nos valorizamos, incomodamos.

Enquanto homens andam livres, nós calculamos riscos. Precisamos de segurança para viver a liberdade que já deveria ser nossa. Até lá, seguimos – sozinhas, mas não solitárias.

⁠O Peso de Sentir

Minhas palavras pesam. Às vezes, parecem lâminas afiadas, cortam no instante em que tocam o papel. Outras vezes, são vidro estilhaçado dentro de mim, cada tentativa de engolir me rasga por dentro. Dói tentar filtrar, tentar suavizar, tentar escolher apenas o que não assusta, o que não incomoda.

Mas a dor não desaparece só porque escolhemos ignorá-la. Ainda que eu me cale, ela continua aqui, latejando, sufocando, esperando o momento de transbordar. E quando transborda, incomoda. Porque falar sobre dor exige que o outro a enxergue.

"Não diga isso."
"Não pense assim."
"Apaga esse texto."

Como se a dor precisasse ser varrida para debaixo do tapete, escondida para não constranger. Como se o silêncio curasse. Como se não fosse exatamente esse silenciamento que nos adoece ainda mais.

As pessoas querem ignorar o sofrimento do outro para manter sua paz, para não se sentirem desconfortáveis, para não enfrentarem a própria culpa. Mas e eu? O que faço com tudo isso que insiste em existir dentro de mim? Com o que transborda, com o que escapa mesmo quando tento conter?

Eu sinto. E sentir, às vezes, pesa mais do que eu consigo carregar.

⁠A Graça que Me Alcança, Me Basta e Me Abastece

A graça de Deus não apenas me basta, mas me abastece, me renova e me fortalece quando sinto que não há mais forças. Não é sobre merecimento, sobre ser digna ou perfeita. É sobre um amor que me alcança no meio do caos, que me segura quando tudo parece desmoronar.

Ela preenche os vazios, acalma as inquietações e me lembra que não estou sozinha. Mesmo quando minha pressa grita e minha ansiedade tenta tomar o controle, Sua graça já é suficiente. O segredo é confiar, mas confiar é também o mais difícil. Queremos as coisas no nosso tempo, do nosso jeito, com respostas rápidas e certezas imediatas.

Vivemos cheios de urgências, de expectativas, mas Deus nos convida a descansar, a lembrar que Ele está no controle. E quando olho para trás, percebo: Ele sempre cuidou de tudo. Até nos momentos que não entendi, até nos silêncios que pesaram, Sua bondade nunca falhou.

Estou sobre essa graça que me alcança. Ela me sustenta, me molda e me ensina que, mesmo quando parece que falta algo, n’Ele eu já tenho tudo.

⁠O Olhar que Toca a Alma

Não é apenas sobre ver, é sobre sentir. Sobre enxergar além do óbvio, dar voz ao que se esconde nos detalhes, iluminar aqueles que passam despercebidos. Minha arte não é só um registro, é um grito silencioso, um chamado à percepção, um convite à sensibilidade.

Minha paixão sempre foi essa: capturar o que os olhos distraídos deixam escapar. A força de um pescador ao lançar a rede, a marisqueira que madruga para sustentar sua casa, as crianças correndo entre ruas e histórias que ninguém escreve. Meu olhar se volta para eles, para os que fazem o dia acontecer, para os que moldam a identidade do meu povo com mãos firmes e corações cheios de esperança.

Agora, mais do que nunca, minha busca se intensifica. Meu compromisso é trazer à luz o que parece invisível, tornar grandioso o que muitos ignoram. Porque Indiaroba pulsa, vive, respira cultura, memória e luta. Cada imagem que faço, cada palavra que escrevo, é uma forma de eternizar sua essência, de revelar a alma que habita nesse chão.

Sigo nessa jornada, com a câmera na mão e o coração aberto, pronta para dar voz ao que precisa ser dito, para que nenhum olhar se perca e nenhuma história seja esquecida.
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⁠A Última Oportunidade

Se este fosse o último instante, se esta fosse a última oportunidade, que ninguém duvidasse do que sinto. Que cada olhar meu carregasse a verdade do que quero deixar. Que cada palavra dita fosse uma certeza de afeto, um pedaço de mim eternizado em quem me escutou.

O amanhã pertence a Deus. O depois é um mistério que não posso tocar. Mas o hoje... O hoje é meu. É aqui que me entrego, que me espalho em fragmentos de amor, que faço questão de ser presença inteira. É agora que eu amo, sem reservas, sem medo, sem medidas.

Porque nada mais importa além desse instante. Nada pesa mais do que o afeto que ofereço, do que a companhia que sou, do que o amor que espalho. E se há algo que quero deixar, é essa certeza: fui inteira para quem me encontrou no caminho.

Se amanhã eu não estiver, que me guardem assim—eterna, doce, companheira, delicada, presente. Porque amar agora é a única forma que tenho de ser para sempre.

Orações Escritas


O Peso de Compreender – Entre a Razão e a Entrega


Ah, Senhor, sempre fui essa menina que busca ter entendimento.
Que tenta fazer uso da compreensão, que se esforça para se colocar no lugar de todos, mesmo quando falham comigo e me machucam.
Recolho-me em minha dor. Claro, sou humana, tenho o desejo de esbravejar, mas me calo e vou analisar, porque me pergunto: por que isso? Então saio de mim e me coloco no lugar do outro, tentando entender seus motivos e razões.
Assim, de uma perspectiva diferente, faço aquilo que o outro não se deu o trabalho de fazer, tentando justificar o outro para mim mesma.


Mas o que me justifica? Quem se coloca no meu lugar? Às vezes, quase sempre, me pergunto se estou fazendo o certo, o justo.
Mas como equilibrar, se muitas vezes falamos e agimos de maneira contraditória, querendo acertar? Se não falhamos com o outro, falhamos conosco.


Eu não tive tempo para errar, Deus, para aprender com os erros; constantemente cobrada, observada e manipulada a ser como sou.
Porque o direcionamento, na maioria das vezes, é isso: você segue caminhos, escolhas e toma decisões que nem sempre foram sua vontade.
Alguém plantou uma semente de medo, um desejo e até limites.


E no fim, me pergunto: quem me justifica, quem me acolhe, quem me vê? Que sejas o Senhor a me justificar. Que me enxergues como sou e tudo que há em mim. Essa é a minha prece.

A Dor Invisível


Às vezes, sinto que a depressão e os transtornos que nos afligem precisavam ser visíveis.
Se sangrassem, se mostrassem a gravidade do ferimento, talvez as pessoas não minimizassem.
Talvez a dor não fosse tão fácil de ignorar.
Talvez o sofrimento não fosse tão questionado.


Mas, por serem invisíveis, permanecem no silêncio.
E no silêncio, somos julgados, incompreendidos, e ainda mais sozinhos.
Como se fosse uma escolha, como se fosse uma fraqueza,
como se a dor pudesse ser apagada por palavras que não conhecem o peso do que sentimos.


O cansaço mental, o desgaste, a sensação de que a mente está mais para um labirinto sem saída,
isso é invisível. Mas é real. Tão real quanto qualquer ferimento que sangra e precisa de cuidado.
E talvez, se as feridas da mente fossem visíveis, o mundo seria mais acolhedor, mais atento,
sem tanto julgamento, sem tanta ignorância.

⁠Olhar Que Recua no Tempo

O olhar é uma janela para o passado, um portal silencioso que nos permite voltar, ainda que por um instante, ao que já foi. Cada fotografia é um elo com o tempo, uma chance de recuar para uma memória distante, mas vívida, que se mantém viva dentro de nós. As imagens não são apenas representações do que vimos, mas sim fragmentos do que sentimos, capturados para resistir ao esquecimento.

Ao olhar para uma fotografia, não estamos apenas observando o que foi; estamos revivendo. O lugar, as pessoas, a atmosfera, tudo aquilo que estava presente naquele instante, ressurge no olhar que agora se aprofunda. O recuar no tempo é mais do que uma simples lembrança, é a reconstrução emocional de um momento que nos marcou, que ficou registrado não apenas na imagem, mas na alma.

As memórias, por sua natureza, são feitas para isso: para que possamos retorná-las quando desejamos, para que possamos reviver as experiências que nos moldaram. A fotografia nos dá a oportunidade de revisitá-las, de voltar a sentir o que sentimos, a ver o que vimos e a reviver o que nos tocou. Ela não apenas preserva o passado, mas nos dá o poder de retornar a ele sempre que necessário.

Imortalizados pela imagem, aqueles que foram capturados naquela fração de tempo permanecem conosco. E, por meio do olhar, nós também, como testemunhas e fotógrafos, nos tornamos parte dessa eternidade, imortalizando não só o momento, mas a essência que ele carrega. O olhar que recua no tempo não busca apenas o que foi, mas o que permanece, o que nunca se apaga, e nos lembra que a memória é, de fato, o que nos faz reviver.

⁠Deixe Que o Amor Transborde

Deixe que o amor transborde,
como um rio que não tem fim,
pintando a vida de cores
que o coração nunca viu assim.

Deixe que cada gesto seja um traço,
cada palavra, uma cor no ar,
pinte a alma com o abraço
que só o amor sabe entregar.

Não tema as tintas que se espalham,
não tenha medo de se perder,
pois só quando o amor transborda
é que podemos realmente entender.

Deixe que o amor transborde,
sem medo, sem pressa de parar,
ele vai colorir os caminhos,
e ensinar a beleza de amar.

⁠Teu Reflexo

No espelho, te olhas, mas sem te enxergar,
a vida tão dura fez tudo apagar.
Mas dentro do peito ainda há clarão,
bela, intensa—és furacão.

Teu riso esquecido, tua pele, o traço,
história bordada no tempo, no espaço.
És força que brilha, és flor que renasce,
és fogo que a vida jamais apaga-se.

Então te permita, volta a se ver,
no espelho, mulher, és puro viver!

⁠Na Completude da Troca

Te sinto antes mesmo de te tocar.
És presença em mim, feito chama que arde sem consumir.
Quando nossos corpos se encontram, não é apenas pele contra pele,
é o universo inteiro se realinhando no instante de um beijo.

Nossos lábios se buscam, não apenas pelo desejo,
mas pela sede de um encaixe que vai além da carne.
É alma que transita, que se derrama, que se faz morada.
É um chamado mudo, um reconhecimento antigo,
como se, entre tantas vidas, sempre tivéssemos nos escolhido.

E nesse beijo, onde o tempo se desfaz,
nada mais importa além da completude do agora,
do arrepio que percorre, da respiração entrecortada,
da certeza de que, por um instante eterno,
somos um só.

Indiaroba - fragmentos da nossa história

A história de Indiaroba, como a de muitas cidades, é marcada por uma teia de vivências e transformações que refletem não apenas os acontecimentos, mas também os sentimentos e os desafios enfrentados ao longo dos tempos. Essa terra, entre os rios Sergipe e Real, foi palco de disputas e encontros, onde os povos nativos se uniram aos primeiros colonizadores, dando forma a uma história de resistência, adaptação e sobrevivência.

No início, os franceses, com a ajuda dos indígenas, adentraram as águas do rio Real, ainda em 1575, mas seus vestígios desapareceram como o eco de um tempo que se apaga na memória coletiva. O território, um cruzamento de destinos entre as províncias da Bahia e Sergipe, foi marcado pelas rivalidades entre os capitães-mores, e cada disputa territorial refletia a busca incessante por um lugar de pertencimento. O que se transformou em Indiaroba não nasceu de uma fundação simples, mas de um processo de construção coletiva, onde cada ação, cada decisão, moldava as raízes de uma identidade.

Em 1750, com a chegada dos padres jesuítas e a fundação da capela de Nossa Senhora do Carmo, a cidade começava a se desenhar de forma mais concreta, tornando-se um espaço de fé, tradição e cultura. A disputa pela sua organização administrativa, entre os municípios de Abadia e Santa Luzia, só confirmava a importância de Indiaroba como uma peça central nesse tabuleiro geográfico. Mas, como toda história, a luta pela definição da cidade não seria linear nem simples.

Na virada do século XIX para o XX, um novo marco se desenhou: em 1938, com a emancipação política, a cidade iniciou uma etapa de maior autonomia, e seu crescimento seria impulsionado pela industrialização do camarão e pelo turismo. Sua posição geográfica, entre Sergipe e Bahia, tornou Indiaroba uma porta de entrada para o Estado sergipano, e o que antes parecia uma luta por reconhecimento, agora se tornava uma celebração de suas conquistas e particularidades.

Indiaroba é uma cidade que respira as marcas de sua história — um povo que resistiu ao tempo, que preservou a cultura e que se reinventou. Hoje, a cidade reflete não apenas as lutas e vitórias do passado, mas também a esperança do futuro, com um povo que conhece o valor da sua terra e da sua identidade, buscando preservar o que é mais precioso: suas raízes.

©Jorgeane_borges

⁠Depois, quando tudo passar, não venha culpar o vento pela bagunça.
Você sabia onde estava cada coisa.
Sabia quem era importante, o que merecia cuidado,
o que precisava de abrigo.

O vento passou por todos nós,
mas só bagunçou o que foi deixado de lado.
Você segurou o que tinha prioridade para você.

Cinza


Há fases que chegam como um sopro frio.
Momentos que parecem longos demais, silenciosos demais.
A vida continua, mas tudo ao redor parece coberto por uma mesma cor: cinza.


Não é um tempo de sorrisos fáceis nem de calor no peito.
É o tempo das pausas, das esperas, das perguntas que não têm resposta.
O tempo em que a alma aprende a caminhar devagar.


E, mesmo assim, existe beleza aqui.
Ela não grita, não se exibe, é discreta, quase tímida.
Só é vista por quem olha com mais do que os olhos.


Porque até nos dias sem brilho,
há algo que se move, que resiste, que permanece vivo.
E é isso que, um dia, prepara o coração
para reconhecer o sol quando ele voltar.

Carta aberta ao meu eu de amanhã


Eu não sei se consigo. Está difícil — tão difícil que até as palavras me pesam no peito. Mas saiba: estou indo além de todos os limites que imaginei suportar.


Se, por acaso, eu desistir no meio do caminho, não entenda como fraqueza. Entenda que lutei cada segundo com a esperança de te entregar algo melhor do que sou hoje. O eu de ontem é testemunha de quantas vezes precisei ser mais forte do que conseguia, mais firme do que podia, mais resistente do que acreditava ser.


Se amanhã eu não chegar inteira, me perdoa.
Perdoa por não ter sustentado todos os sonhos, por não ter conseguido carregar o peso que me exigiram, por não ter sido suficiente. Se eu desistir, você nunca chegará a ler esta carta — porque terei perdido a guerra dentro de mim.


Mas, se por acaso eu resistir só mais um pouco, saiba que foi por você. Para que viva o extraordinário que eu não me permiti viver.


Porque, mesmo cansada, ainda acredito que o amanhã pode me acolher com mais ternura do que o hoje.

⁠A Dor do Esquecimento

Lembro-me das conversas longas, daquelas em que o tempo não existia, onde as palavras fluíam como se cada uma fosse uma promessa, uma descoberta. O brilho no olhar, o interesse genuíno, como se cada frase minha fosse uma novidade que valia a pena ser ouvida. Havia uma admiração que preenchia o espaço, onde as horas se tornavam invisíveis e a presença se tornava tudo.

Era uma troca constante, um cuidado silencioso, onde a preocupação com o outro se via em gestos pequenos, mas imensos. Como foi seu dia? Como posso ser o seu colo quando o mundo se torna pesado? O outro se tornava parte de nós, um reflexo de amor e carinho que parecia eterno.

Mas então, algo foi se perdendo. O olhar já não brilha da mesma forma. As conversas se tornam vazias, as palavras se dissipam no ar, como se já não houvesse mais interesse, nem admiração. O que antes era constante, tornou-se silêncio. E o amor, que deveria ser vivo e pulsante, começa a cair no esquecimento. Será que caímos no abismo do esquecimento de quem realmente nos amou de verdade?

O que acontece quando a presença já não é sentida? Quando a ausência, que antes era apenas uma pausa necessária, se transforma em um vazio sem fim? Será que, ao longo do tempo, a memória do amor se apaga, como as lembranças de um sonho esquecido ao amanhecer?

⁠Força em Rede: O Poder de Se Apoiar

Nos ensinaram que o sucesso de uma mulher é muitas vezes uma competição. Quando uma de nós brilha, a comparação parece ser o reflexo imediato. Somos levadas a nos medir contra outra, a questionar nosso valor quando vemos a prosperidade da outra. Em vez de celebrar a conquista, muitos de nós sentimos o peso da insegurança e, às vezes, da inveja.

Mas por que isso acontece? Por que em vez de sermos uma rede de apoio, muitas vezes nos tornamos obstáculos umas para as outras? A verdade é que fomos condicionadas a ver o sucesso feminino como algo raro, algo que tira o nosso próprio lugar. Mas, se pararmos para refletir, podemos ver que, ao apoiar a outra, ao celebrar as vitórias umas das outras, estamos, na verdade, criando um espaço onde todas podemos prosperar.

Enquanto os homens constroem redes de apoio e se ajudam a alcançar mais, muitas vezes sem a mesma pressão que sentimos, nós, mulheres, precisamos aprender a fazer o mesmo. Precisamos entender que o sucesso de uma não diminui o valor da outra. Que quando uma mulher conquista algo, todas nós conquistamos algo. Quando uma mulher sobe, ela nos lembra de que também podemos chegar lá. O sucesso de uma deve ser visto como a vitória de todas.

Precisamos parar de olhar para as outras com os olhos da comparação e começar a olhar com os olhos da solidariedade. Se uma mulher está crescendo, acredite, o crescimento dela é um reflexo de que o nosso também é possível. Não podemos permitir que o medo da competição nos afaste da verdadeira força que temos quando nos unimos.

Vamos ser a mão amiga que ergue outra mulher. Vamos ser a rede que se apoia, que se protege e que se fortalece em qualquer circunstância. O poder de cada uma de nós é multiplicado quando estamos juntas, e isso é algo que nenhuma sociedade ou comparação pode destruir.

⁠Sem Reembolso

O tempo não espera troco,
não aceita devolução.
Cada segundo gasto
é um passo sem retorno,
um eco que some no vão.

Ou se vive, ou se perde.
Ou se lança ao agora,
ou fica contando migalhas
do que não foi.

A vida não se guarda em bolsos fundos,
não se deixa para depois.
É fogo que pede sopro,
rio que exige corpo,
vento que chama voz.

O relógio não faz acordos,
nem as horas dão desconto.
A urgência é hoje.
O tempo,
esse, já foi.

⁠A Doçura que a Vida Devolve

A vida sempre encontra um jeito de devolver leveza a quem semeia doçura. O que oferecemos ao mundo, de alguma forma, retorna para nós.

Um gesto gentil, uma palavra suave, um olhar acolhedor — tudo isso cria um ciclo onde a ternura se espalha e, no tempo certo, volta como brisa leve, como um abraço inesperado.

Seja doce, mesmo quando o mundo parecer áspero. A suavidade é uma força silenciosa, um jeito bonito de resistir.

⁠O que Me Move

Depois de falar sobre o olhar que me define, venho agora compartilhar um pouco mais sobre o que realmente me move.

Meu olhar sempre foi um caminho para além do óbvio. Não vejo apenas o instante, mas o que ele carrega. Cada imagem que registro e cada palavra que escrevo são fragmentos de tempo que se recusam a ser esquecidos. Gosto de capturar o que pulsa, o que sussurra histórias na sutileza dos detalhes.

Minha fotografia não é apenas sobre o que está diante de mim, mas sobre o que ecoa dentro. Busco o que resiste ao tempo, o que guarda essência, o que conecta. Escrevo para dar voz ao que se esconde nas entrelinhas, para transformar sensações em palavras que acolhem e despertam.

Mais do que um ofício, meu trabalho é um reflexo de quem sou. Um convite para ver com mais sensibilidade, sentir com mais verdade e reconhecer, na imagem e na palavra, um pedaço de si.

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⁠Entre o Ímpeto e o Silêncio

Hoje é um daqueles dias em que as palavras querem saltar, atropelando o tempo e a razão. Elas pesam no peito, se acumulam na garganta, ansiosas para serem ditas. Mas minha mente está inquieta, desorganizada, e eu não posso confiar nelas agora.

Não quero falar no calor da emoção e depois me arrepender. Não quero que a pressa transforme sentimento em ruído ou que uma palavra mal colocada machuque quem não merece. Então, respiro fundo. Seguro o ímpeto. Não por medo de sentir, mas por respeito ao que sinto.

Às vezes, o silêncio é a pausa necessária para que a verdade se alinhe dentro de nós. Estou tentando organizar o que há em mim antes de transformar em voz.

Orações Escritas
Quando a Alma Silencia


Vazio de pensamentos, na vida, no amor.
Paralisia na alma de um ser sofredor.


Ah, Senhor, há dias em que até sentir parece pesado demais.
Em que as palavras fogem e o coração, cansado, se cala.
Nesses momentos, só me resta Te olhar, mesmo sem forças, e esperar que me sustentes.


Carrego dentro de mim esse silêncio que não é paz, mas um grito contido.
É estranho, Senhor, porque mesmo aqui, quebrada, continuo Te buscando.
Talvez porque no fundo eu saiba que só em Ti existe o abrigo que preciso.


Diante de Ti, deposito minhas ausências, meus medos e a esperança que insiste em não morrer.
Não Te peço respostas, só Te peço presença.
Que sejas o sopro que devolve vida à minha alma e luz aos caminhos que não vejo.


Remove, Senhor, o que me imobiliza; há em mim, lá no fundo, uma vontade de movimento, de ir…
Mas onde irei, se não consigo sair?


Meu respirar, hoje, é a oração mais sincera que consigo Te direcionar.

Entre Silêncios e Vestígios

Há um peso que carrego, invisível aos olhos alheios, mas constante em cada batida do meu peito. Vivo entre olhares que não compreendem, sorrisos que escondem cansaço e palavras que jamais alcançam a profundidade do que sinto. A cada dia, tento organizar a mente, colocar sentimentos em ordem, enquanto o mundo espera uma versão minha que já não existe.

Não busco atenção, nem aplausos. Apenas a compreensão de que existir, para mim, é um esforço silencioso e contínuo. Já gritei em silêncio, já falei com o olhar, já tentei expressar-me pelo gesto, pela imagem, pelo texto, e mesmo assim muitos passam sem perceber. Alguns dizem que não sabiam, outros desviam o olhar, e o que resta é o eco de uma presença que luta para ser sentida.

Às vezes, desejo apenas descansar, me desligar do peso que se acumula sem solução, anestesiar a dor sem deixar de existir. Não se trata de desistir da vida, mas de sobreviver à intensidade de sentir tudo em excesso. É um cansaço que ninguém vê, uma batalha invisível que consome e exige resistência.

Sei que posso tocar alguém, mesmo que seja só um coração. Um gesto silencioso, uma mão estendida, um olhar que acolhe sem julgar. Isso é o que salva, mais do que palavras tardias, mais do que multidões de reconhecimento depois da ausência.

Minha existência deixa rastros em palavras, em imagens, em pequenos pedaços de mim espalhados pelo mundo. Cada fragmento é um vestígio de luta, de presença, de tentativa de conexão. E mesmo que jamais eu veja o impacto total, acredito que há propósito nesse caminhar, na honestidade de sentir e de me expressar, na coragem de permanecer sendo humana, apesar de tudo.

Porque, no fim, o que realmente importa não é ser compreendida por todos, mas ser fiel a mim mesma, ao meu sentir, e deixar que quem estiver pronto para enxergar, veja.

Retrato e Alma: O Olhar que Fala


No retrato, mais do que rostos, o que se busca é a alma. Um olhar, quando capturado com verdade, pode dizer mais que mil palavras — pode contar histórias, revelar silêncios, expor fragilidades e, ao mesmo tempo, guardar mistérios.


A fotografia de retrato não se limita à superfície. Ela atravessa a pele e chega ao invisível. É a tentativa de traduzir em imagem o que não pode ser tocado: a essência.


Por isso, diante da câmera, não basta posar. É preciso se permitir ser visto — mesmo que em partes, mesmo que nas frestas de um olhar distraído ou numa expressão que escapa sem querer.


O retrato verdadeiro não é apenas sobre quem é fotografado, mas também sobre quem fotografa. É o encontro entre dois mundos: o da lente que busca e o da alma que, por um instante, se deixa revelar.


Um olhar pode ser espelho, pode ser janela, pode ser abismo. No retrato, ele é tudo isso ao mesmo tempo.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

⁠Carta Aberta

Para quem se permitir sentir, refletir, conectar.

Aqui estou eu, uma mulher que carrega dentro de si a busca incessante pela profundidade e autenticidade. Não sou uma alma que se perde na superficialidade das interações fugazes, nem nas palavras vazias que muitas vezes nos cercam. Eu busco a essência, a alma do outro, como se a verdadeira dança da vida estivesse na entrega silenciosa e na sintonia que não se explica, mas se sente.

Se algo define minha jornada, é a busca por uma conexão genuína. Às vezes, penso que a solidão é necessária para que a verdadeira conexão aconteça. Sou do tipo que se recolhe até sentir que vale a pena abrir a porta, até encontrar um olhar que se atreva a tocar a minha alma.

Na fotografia, eu me encontro. Cada click é uma tentativa de capturar o invisível, de revelar aquilo que mora nos cantos mais ocultos do ser humano e da vida. Acredito que a sensibilidade de quem fotografa tem o poder de transitar entre o visível e o invisível, entre o que é e o que poderia ser, fazendo com que o outro veja o mundo através de uma nova perspectiva. Cada imagem que crio carrega um pedaço da minha alma, esperando ser vista, sentida, compreendida. E é assim que vejo a vida: uma fotografia em movimento, cheia de momentos efêmeros que pedem para serem eternizados no olhar atento de quem sabe enxergar.

Hoje, me permito escrever, não para expor, mas para partilhar. Porque, como sempre busquei nas palavras e nas imagens, talvez o que realmente desejo é que minha essência encontre eco no mundo. Que, de alguma forma, minha busca por profundidade se revele como algo comum a todos que também têm fome de autenticidade e de verdade.

Aos que, como eu, não se contentam com o raso, aos que acreditam que há beleza na entrega silenciosa e na quietude que precede a verdadeira conexão, deixo estas palavras: seguimos. Continuamos nossa busca, nossa dança. Porque no fim, é a dança que importa, o encontro verdadeiro, onde corpo e alma se entrelaçam. E é isso que me move: acreditar que, no fundo, todos buscamos algo mais. Algo que só o verdadeiro olhar consegue captar.

Com carinho e sinceridade,
Jorgeane Borges

⁠Carta Aberta

Àqueles que buscam profundidade nas palavras e sensibilidade na vida,

Este é um convite para olhar além da superfície, para perceber o que a vida e a morte têm a nos ensinar. Em meio à jornada de autodescoberta e expressão, encontrei um caminho onde as palavras não são apenas formadas, mas sentidas. Onde cada frase é uma dança entre o corpo e a alma, e cada pensamento se entrelaça com a essência do ser.

A fotografia, essa arte tão delicada, é a minha forma de traduzir o mundo. A sensibilidade da lente me permite revelar a alma do que é visto, tornando as pequenas coisas em preciosidades. Não se trata apenas de capturar uma imagem, mas de traduzir sentimentos, histórias e conexões invisíveis. Como fotógrafa, busco olhar através de novos olhos, e convido outros a verem a vida de uma maneira mais pura, mais intensa.

Em meus textos, procuro desvelar o oculto. A morte, por exemplo, é mais que o fim de uma jornada. Ela é a cortina que se abre para a eternidade, revelando aquilo que sempre esteve além de nossa compreensão. A vida, com suas complicações e acúmulos, nos leva a crer em muitas coisas. Mas, quando a morte chega, ela nos liberta de tudo o que não serve. E é nesse momento que podemos entender o verdadeiro peso do viver, da transição que nos leva do visível para o invisível, da carne para o espírito.

Tudo o que escrevo e fotografo reflete meu desejo de conectar. Conectar com o íntimo de cada ser, com os sentimentos mais profundos que muitas vezes preferimos esconder. Busco um encontro genuíno, onde as palavras e imagens não sejam apenas expressões de um ego, mas uma forma de tocar a alma. Afinal, o verdadeiro encontro vai além do superficial; é uma dança silenciosa entre quem somos e o que podemos compartilhar.

Meu propósito é claro: transmitir a essência daquilo que vejo, daquilo que sinto. Acredito que, ao fazer isso, posso ajudar outros a se encontrarem também, a verem a beleza do que está diante de nós. A fotografia e a palavra, quando bem utilizadas, podem transformar o simples em algo essencial, algo que toca profundamente.

E assim, sigo criando, escrevendo, fotografando e buscando a verdade nas entrelinhas da vida, da morte e do que reside em nós, em cada momento. Que possamos todos encontrar a nossa própria maneira de nos expressar, de nos conectar com o mundo e com os outros, de entender e de sentir. Pois, ao final, é isso que nos torna verdadeiramente vivos.

Com todo o meu ser,
Jorgeane Borges

⁠Infinitos em Mim

Fecho os olhos e sinto,
dentro de mim, infinitos.
Há uma canção não cantada,
um soneto nunca escrito,
versos que se constroem no silêncio,
frases soltas que bailam no vento.

Uma coreografia à espera da melodia,
uma dança que aguarda nossos passos.

Nem tudo o que carrego em mim me pertence,
não posso guardar—preciso encontrar destinos.
Em mim, carrego também muitas faltas,
daquilo que precisa urgentemente me achar.

Não há possibilidade de ser feliz sem me permitir,
sem me deixar ser—em mim, me encontro.

Respiro fundo, tão fundo,
que me perco na imensidão.
Não compreendo—sou tão pequena, mortal.
Como não transbordar?
Quantos infinitos cabem em mim?

Lembro-me: não sou deste mundo,
apenas passo,
uma estação, um instante.
Mas tenho urgências—
meu tempo escorre entre os dedos,
e cada instante é um reflexo de mim.

E no vazio, cheia de infinitos, sou.
Buscando me permitir ser.

⁠Carrego em Mim a Minha Gente

Quem disse que eu ando só?

Sou uma, mas trago em mim muitas. Carrego vozes que vieram antes de mim, risos que ecoam pelas ruas, olhares que enxergam além do que se vê. Minha caminhada não é solitária — ela é feita de memórias, de histórias contadas à beira do Rio Real, de passos que seguem o ritmo das tradições.

Minha arte não é apenas minha. Ela é reflexo do meu povo, das mãos que moldam, dos sabores que alimentam, dos gestos que traduzem um pertencimento. Em cada clique, há um pedaço da nossa identidade. Em cada imagem, um registro da essência que nos torna únicos.

Indiaroba não é só um lugar, é um sentimento. Está no cheiro da comida caseira, no colorido das feiras, na fé que nos une, no talento que se manifesta em cada detalhe. Sou feita dessas raízes e, através do meu olhar, levo comigo tudo o que somos.

Eu represento.
A arte, a cultura, a força do meu povo.

⁠Sede de Ser

Há uma sede em mim, que cresce a cada dia. Sede de ser beijada, acariciada, valorizada. Sede de me sentir viva, de ser tocada de uma maneira que só quem sabe amar sabe fazer. O calor dos dias parece aquecer ainda mais essa vontade, e o vento que sopra traz com ele o anseio por algo mais. Algo que não seja passageiro, algo que vá fundo.

Mas eu espero. Esperar é o que me resta. Porque sei que o tempo passa, e minha juventude se transforma, meu corpo também. As inseguranças batem à porta, e cada nova pessoa que surge me faz questionar se sou suficiente. Mas a verdade é que eu não quero qualquer toque, não quero apenas um beijo. Eu quero ser amada, devorada, desejada de uma forma única, verdadeira, que vá além do físico.

Eu queria me entregar a esses desejos, me perder neles, sentir o calor que vem de um abraço que não me solta. Mas a espera... ela me ensina. A cada dia que passa, fico mais certa de que a entrega só vale quando é completa, quando é genuína, quando não há dúvida, só entrega.

⁠Lambe-Sujo: Manifestação Cultural e Artística Indiarobense

Com raízes na Marujada, o Lambe-Sujo Samba Nego é uma tradição centenária do município de Indiaroba, marcada pela pele pintada com uma tinta orgânica feita de mel de cabau (melaço da cana) e carvão de umbaúba, preparado momentos antes da apresentação.

Empunhando espadas de madeira e usando o tradicional gorro – um adereço de palha de buri confeccionado por eles durante a preparação –, os integrantes são acompanhados pela figura da Boneca, uma personagem vestida com traje de quadrilha, maquiagem e acessórios. Equilibrando um cesto na cabeça, recheado com produtos naturais da nossa terra, como frutas decoradas com folhas, ela carrega nos braços uma boneca de pano. Seu papel é animar o grupo, dançando entre os integrantes e a plateia, além de recolher alguns trocados para apoiar a manifestação.

Com sua musicalidade e dança vibrante, o grupo representa a alegria dos negros libertos. Um dos participantes se caracteriza como Princesa Isabel, simbolizando a abolição da escravatura no Brasil.

A tradição se mantém viva em datas importantes como o domingo de Páscoa, o Dia do Índio e festividades do município e das cidades vizinhas. O encerramento da brincadeira acontece nas águas do Rio Real, onde os participantes se banham em um clima de descontração, risos e a autenticidade da sua musicalidade.

"Meu papagaio das asas douradas
Quem tem namorada fica
Meu papagaio
Quem não tem fica sem nada
Meu papagaio"

"Dá-lhe Tom, Nego da Bahia
E que dá e que dá, eu também quero dá"

O grupo é formado por vinte integrantes, entre eles figuras importantes como Chupinha, Cabelo Fino e Gean Carlos, que carregam consigo a tradição e a essência dessa manifestação cultural única.

Foto e Texto: Jorgeane Borges

⁠Antes que o tempo leve a chance de mostrar

Sinto que há algo entre nós e o sentir pleno.
Como um véu suspenso no tempo.
Um tecido invisível que nos impede de ver com clareza os sentimentos, as pessoas, a essência.
Nos acostumamos a olhar pela metade, a amar pela metade, a entregar menos do que o coração sente.
E deixamos o resto guardado, como se sempre houvesse tempo.

Mas o tempo… não espera.

Quando alguém parte, esse véu cai.
Aí, sim, a enxergamos.
Aí, sim, sentimos.
Aí, sim, verdadeiramente notamos e percebemos o que sempre esteve diante do nosso olhar — e não enxergamos.
E o que transborda é uma dor sem nome —
a dor do que não foi dito, do que não foi oferecido, do que não foi vivido.
O abraço negado pelo costume.
O "eu te amo" que ficou para depois.
O gesto de afeto sufocado pela ideia de que o outro sempre vai estar ali.

Eu não quero isso pra mim.
Não quero ser compreendida só depois da partida.
Não quero ser vista quando meus olhos já não puderem mais devolver o olhar.
Tenho um desejo profundo:
Transcender esse véu.
Que as pessoas me enxerguem enquanto eu ainda estiver aqui.
Que possam dizer, tocar, sentir, entregar.

E quando eu for…
Ah, quando eu não estiver mais aqui…
Eu queria, só por um instante, ver.
Olho no olho.
Tudo aquilo que foi reservado pra mim, mas que o medo, o tempo ou o orgulho não permitiram que chegasse.
Porque eu sei: tem tanta coisa linda dentro das pessoas, pronta pra ser dada.
Mas, quase sempre... elas esperam demais.

A Miragem


Há caminhos que só os olhos da alma conseguem ver.
À distância, parecem tão nítidos quanto um sonho desperto,
mas quando nos aproximamos, dissolvem-se,
como areia levada pelo vento.


A miragem não engana, ela revela.
Mostra a sede que carregamos,
o desejo escondido por trás do horizonte, um destino que criamos aqui dentro do peito.
Ela é o reflexo do que buscamos,
mesmo quando não temos nome para o que sentimos.


Talvez não seja sobre chegar até ela,
mas sobre o quanto caminhamos por acreditar que existe.
Porque é no percurso, entre o real e o ilusório,
que descobrimos nossa própria essência:
somos feitos de passos e esperanças,
mesmo quando o chão parece infinito
e o oásis nunca chega.


A miragem é um lembrete silencioso:
há beleza também naquilo que não se toca,
há verdade até mesmo na ilusão
que nos faz continuar a andar.

⁠Fotografia: Resgatando a Memória de Nossa Gente

Cada clique é uma conversa com o passado. A fotografia é minha maneira de conectar o presente ao que não queremos esquecer, de revelar as histórias que muitas vezes ficam escondidas no cotidiano. Em minha cidade, cada detalhe, cada rosto e cada canto guardam uma história esperando para ser contada.

Através das minhas lentes, tento mostrar que a beleza está nos pequenos momentos, nos costumes que fazem parte da nossa identidade. A fotografia é minha maneira de eternizar o que é efêmero, criando um elo entre as gerações e tornando nossa cultura visível para o mundo.

É assim que quero que você veja: a fotografia não é apenas uma imagem, é uma memória viva, carregada de emoção e significado. E, ao olhar para ela, espero que você também sinta a força das nossas raízes e a beleza de nossa gente.

⁠As estrelas não morrem, apenas se transformam em luz que atravessa o tempo, sussurrando ao infinito que um dia brilharam.

Um troféu não é apenas um troféu.


Ele é memória viva. É a prova de que você superou seus medos, venceu suas limitações e alcançou um lugar que, talvez, um dia tenha parecido impossível.


Esse objeto, que muitos chamam de simples tralha, carrega dentro de si noites mal dormidas, lágrimas escondidas, renúncias silenciosas e aquela força que você descobriu em si quando pensava não ter mais nenhuma. Ele não brilha apenas por estar em uma estante; ele brilha porque é reflexo do seu esforço, da sua entrega, da sua persistência.


Um troféu é a lembrança palpável de que você pode ir além.
Em dias de desânimo, basta um olhar para ele e tudo volta: o frio na barriga, o coração acelerado, o sabor da vitória, o abraço recebido, o orgulho nos olhos de quem acreditou em você. Ele é símbolo de quem você já foi capaz de ser — e, portanto, é promessa do que ainda pode conquistar.


Troféus, medalhas, diplomas… nada disso é entulho.
São marcas da sua caminhada, lembranças que te lembram de si mesmo. Eles não falam de objetos, mas de histórias. Histórias que dizem: você conseguiu.


E quando duvidar de novo, basta lembrar: você já foi capaz. E pode ser ainda mais.
O Valor de uma Conquista

Ser referência é mais do que ser visto.
É lançar sementes silenciosas, tocar vidas sem perceber.
É força e fraqueza entrelaçadas, esperança que inspira quem se afoga em seus próprios dias.
Rafael Fernando transformou meu olhar em arte — e, nesse gesto, me lembrou que tudo que vivemos reverbera.
Ser referência é isso: florescer, mesmo sem saber quem colhe.

Assim como as velas se abrem ao vento, deixo-me guiar pelo invisível que move o visível, certa de que cada travessia encontra seu destino.

Não adianta entreabrir a porta se o medo ainda impede os olhos de encarar a luz que insiste em entrar. A claridade não pede licença, ela apenas espera que você permita que ela invada e transforme.


Também não adianta convidar quem nunca teve a intenção de permanecer. Há pessoas que batem à porta apenas de passagem, como visitas que deixam rastros leves, mas não constroem morada. São presenças breves — e é preciso aprender a deixá-las partir, sem pesar, sem cobrança, apenas com a gratidão do instante que trouxeram.


Cada um tem seus próprios caminhos a trilhar. E, talvez um dia, alguém chegue não apenas para visitar, mas para ficar. Esse alguém trará consigo o tom da saudade, como se sempre tivesse pertencido àquele espaço, mesmo antes de chegar. Será presença que não pesa, que não se anuncia como novidade, mas como reencontro.


Porque há chegadas que são como retorno, e almas que parecem nunca ter estado ausentes.


Limites Essenciais: A Jornada do Auto-respeito

A vida me ensinou que havia limites para tudo e que eu não podia ultrapassá-los.
Assim segui, extremamente cautelosa e obediente.

Mas nunca me disseram que meus próprios limites também precisavam ser respeitados.
Que dizer “não” ao outro seria, na verdade, honrar o limite mais importante de todos: o meu.
Que meu limite de tolerância precisava existir.
E que ser permissiva demais seria permitir que me invadissem constantemente.

Desrespeitar meus limites me custou um acúmulo de exaustão emocional, ressentimento e ansiedade,
além de uma perda gradual da minha identidade.
Ao ignorar minhas próprias necessidades, acabei me diluindo e perdendo o equilíbrio que tanto precisava para cuidar de mim.

Aprendi tarde, mas aprendi: meu limite não é um convite para ser testado.

A fotografia é mais do que o instante congelado — é um pedaço de alma revelado em luz.
Ela não guarda apenas cenários, mas imprime sentimentos, desperta memórias e conecta olhares.
Quem vê além da imagem percebe: cada detalhe carrega histórias, silêncios e emoções que pedem para ser sentidas.
É nesse espaço entre a visão e a sensibilidade que a fotografia se torna poesia para a alma.


E você, o que sente quando olha através desses olhos?

⁠Gratidão: O Caminho que Transforma

A gratidão é uma chave que abre portas para a verdadeira felicidade. Quanto mais sou grata, mais beleza encontro nos pequenos detalhes da vida, nas simples interações e em cada passo dado ao longo da jornada.

Agradeço a Deus todos os dias, pois é Ele quem me guia e me fortalece, me permitindo crescer e me tornar uma versão melhor de mim mesma a cada amanhecer. Sou grata por cada pessoa que cruza meu caminho, pois, através de cada uma delas, aprendo, ensino e compartilho momentos que transformam o meu ser.

Meus olhos se abrem para a magia de cada instante vivido, para a energia das experiências que me fazem sentir viva, e é com um coração pleno de gratidão que celebro tudo o que me é dado. Cada memória construída ao lado de vocês, cada encontro, cada aprendizado compartilhado, é uma benção que carrego comigo.

Agradeço pelos sorrisos, pelas conversas profundas, pelos abraços e até pelas lágrimas, pois todas essas vivências, em sua totalidade, são o que me tornam quem sou hoje.

Hoje, olho para o meu caminho com os olhos da gratidão, porque sei que tudo o que vivi e vivo me prepara para um amanhã ainda mais incrível. Obrigada a todos que fizeram parte dessa jornada. Continuo trilhando com o coração grato e aberto para o que está por vir.

⁠A prisão invisível

Fui uma criança limitada. Sem liberdade, sem escolhas. Criada para ser recatada, para me prender às crenças e ao coração. Cresci dentro dessas grades, e hoje ainda carrego a dificuldade de ressignificar aquilo que não me acrescenta, mas que se tornou uma prisão dentro de mim.

E, ao olhar para fora, me deparo com novas limitações – agora impostas por uma sociedade que ainda resiste a aceitar mulheres livres. Se sou bonita, meu mérito nunca é meu. Se conquisto algo, dizem que foi por um homem. Se sou casada, atribuem meu sucesso ao marido. Se não sou, sugerem que há alguém me bancando. Nunca basta ser eu.

Mas e as oportunidades que nos são negadas? Quem fala disso? Quem discute as portas fechadas porque uma mulher pode representar ameaça ao ego ou à segurança de alguém? Há um preconceito silencioso contra mulheres bonitas, seguras e independentes. O mercado de trabalho ainda favorece os homens. E entre as próprias mulheres, a insegurança alimenta rivalidades que nem deveriam existir.

A liberdade feminina ainda tem muitas barreiras – algumas impostas de fora, outras que aprendemos a carregar. Mas aos poucos, seguimos quebrando cada uma delas.

⁠A Natureza das Coisas

O curso de tudo acontece sem o controle dos envolvidos, mas há uma força que, de alguma forma, orquestra os encaixes com tanta precisão que nos faz acreditar que sempre esteve destinado a ser assim. A vida se desenrola em seu próprio ritmo, indiferente às nossas pressas e ansiedades.

A natureza daquilo que é – e do que há de ser – ensina que o amanhã pode trazer tudo, ou pode não trazer nada. E que lutar contra isso é como tentar segurar o vento. Há momentos de espera e momentos de transformação. O tempo não se adianta nem se atrasa, ele apenas segue, inexorável, como um rio que corre para o mar.

Cada passo dado é parte de um caminho maior, onde a subida exige esforço, mas também revela paisagens que antes não podiam ser vistas. Para chegar mais alto, é preciso atravessar o percurso, sentir a estrada sob os pés e entender que a verdadeira conquista está no movimento e não apenas no destino final.

⁠Sempiterno

Há coisas que o tempo não apaga. Elas resistem ao desgaste dos dias, atravessam silêncios, sobrevivem às ausências. São memórias que se recusam a se dissipar, sentimentos que se enraízam tão profundamente que se tornam parte de nós.

O instante capturado por um olhar atento, a palavra dita no momento certo, o toque que aqueceu uma despedida—tudo isso continua a ecoar, mesmo quando o tempo tenta impor sua lógica de esquecimento. Porque aquilo que é verdadeiramente vivido não se dissolve.

Há quem pense que a eternidade está no que nunca se desfaz. Mas talvez ela resida, na verdade, naquilo que, mesmo findo, permanece. No que escolhemos guardar, no que nos permitimos sentir, no que cultivamos para além do agora.

O sempiterno não se mede pelo tempo. Mede-se pelo impacto.

⁠Moça

Ela é liberdade contida, uma ventania presa em uma janela entreaberta. Tem asas, mas ainda mede a altura antes de voar.

Ela tem um olhar que alcança longe, que enxerga o que muitos deixam passar. Mas nem sempre sente que é vista como realmente é.

Carrega no peito um coração intenso, que bate forte por tudo que acredita. Se entrega com profundidade, sente com verdade, mas nem sempre encontra quem compreenda sua forma de sentir o mundo.

Ela é feita de contrastes—leveza e intensidade, coragem e receio, força e sensibilidade. Ora quer ir, ora hesita. Mas dentro dela arde um desejo incontido de se lançar, de ser inteira, de se permitir.

E quando finalmente abrir suas asas, o vento será apenas um detalhe, porque ela já nasceu pronta para voar.

⁠Indiaroba, Sergipe: História e Emancipação

Indiaroba, localizada no litoral sul de Sergipe, conquistou sua emancipação política em 28 de março de 1938, tendo como primeiro prefeito Antônio Ramos da Silva.

Um olhar sobre a história

Inicialmente, a região era conhecida como Feira da Ilha, pois se acreditava que suas terras formavam uma ilha.

20 de março de 1846 – A freguesia foi elevada à condição de vila, recebendo o nome de Vila do Espírito Santo do Rio Real.

9 de abril de 1870 – A sede da vila foi transferida para o povoado de Santo Antônio do Campinho (atual Preguiça de Cima).

24 de abril do mesmo ano – A lei foi revogada, e a sede da vila retornou às margens do Rio Real.

Março de 1938 – O então povoado foi elevado à categoria de cidade por Antônio Ramos da Silva.


Origem do nome

O nome Indiaroba tem raízes indígenas. Deriva de "Indaiá" – uma espécie de palmeira – e "Andiroba", que em tupi-guarani significa "óleo amargo".

Indiaroba carrega em seu nome e em sua história a força de um povo e a riqueza de sua cultura.

⁠Ao invés de braço, a saudade bem que poderia ter voz. Talvez assim não apertasse tanto, e, ao ecoar por aí, servisse para trazer de volta quem a gente ama.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Ao invés de braço, a saudade bem que poderia ter voz.
Talvez assim não apertasse tanto,
e, ao ecoar por aí, servisse para trazer de volta
quem a gente ama.

Tempo e Memória em Uma Imagem


A fotografia é uma máquina do tempo silenciosa. Cada clique captura não apenas uma cena, mas a memória de um instante, congelando emoções, gestos e atmosferas que jamais voltam a se repetir.


Tecnicamente, o fotógrafo precisa estar atento à composição, à luz e aos detalhes que carregam significado. Mas a verdadeira força da imagem está na capacidade de transmitir história, sentimento e lembrança, conectando o passado ao presente de quem observa.


Ao olhar para uma fotografia, revisitamos momentos que marcaram nossa vida, seja pela beleza, pela emoção ou pelo simples registro do cotidiano. Cada imagem é um portal que nos permite reviver sensações, perceber nuances que passaram despercebidas e sentir a intensidade do instante novamente.


A fotografia, quando feita com sensibilidade, transforma tempo em memória e memória em sentimento, tornando cada registro um legado único da vida que se desenrola diante das lentes.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

⁠Profundidade e Entrega

Sou uma mulher que não se apressa em se entregar, porque sei que o verdadeiro encontro exige mais do que o superficial. Busco sempre o genuíno, o que vai além das aparências, o que conecta as almas. Para mim, o corpo é só o início; a alma é onde tudo acontece.

Não temo a solidão, ela me permite me encontrar e entender o que realmente desejo. Prefiro esperar, até que a dança certa se apresente, até que alguém com a mesma sintonia cruze o meu caminho.

Quando me entrego, faço-o por inteiro — não apenas com o corpo, mas com a alma. Sei que o valor real das conexões está na profundidade, na entrega mútua e no espaço onde as energias se encontram e se fundem.

⁠Para Quem Ousa Sentir

Eu sei que não sou para todo mundo. Nem todo lugar me merece, porque não sei estar sem presença, e nem todo sentimento merece minha atenção. Nem toda conexão vale o meu investimento, porque não entro pela metade.

Sou para aqueles que sabem reconhecer boas e raras companhias, para quem valoriza vínculos verdadeiros e sentimentos profundos. Fui feita para a leveza, para a paz, para a sensação de estar em casa—porque eu me faço lar.

Fui feita para quem tem coragem de sentir e demonstrar, para aqueles que ousam colocar o coração em mim, porque eu também o deixo ali. Minha companhia não é para preencher vazios, mas para tornar o caminho mais bonito, mais intenso, mais verdadeiro.

Que tudo o que combina com isso me encontre.

⁠Extensão dos meus pulmões, aqui respiro fundo e sigo adiante.

Em um mundo que corre apressado, onde os dias parecem escapar por entre os dedos, há algo precioso em simplesmente parar. Respirar fundo. Sentir o ar preencher os pulmões e lembrar que viver não é apenas passar pelo tempo, mas permitir que o tempo passe por nós.

A vida não é uma corrida. Nem tudo precisa ser imediato, instantâneo, descartável. Há beleza na pausa, no silêncio entre um passo e outro, na delicadeza de um olhar que se demora sobre a paisagem.

Permita-se observar. Sinta a brisa tocar sua pele, note os detalhes ao seu redor, aprecie a luz que dança sobre as coisas simples. E registre. Não apenas com fotos, mas com a alma. As memórias mais bonitas são aquelas que guardamos com presença, com entrega, com o coração aberto.

Saiba apreciar e registrar suas memórias sem pressa.
Viva cada instante como se fosse único — porque ele é.

Morri E ninguém percebeu.

Não foi uma vez só, foram várias, em silêncios que ninguém percebeu.
Morrer, às vezes, é apenas calar por dentro, deixar que pedaços se apaguem em meio ao barulho do mundo.


Escrevo porque ainda me resta esse fio, essa voz que insiste em existir, mesmo quando o corpo pede descanso e a alma se retrai.
Escrevo para me deixar — pedaços de mim, sementes de memória, rastros do que fui e do que sou.
Escrevo porque sei que, um dia, talvez eu suma de vez, e não quero que o nada seja a única herança do meu existir.


Que as palavras fiquem como quem acende uma vela na escuridão: não para espantar a morte, mas para que a vida ainda seja lembrada em sua delicadeza e em sua dor.

⁠Carta Aberta de Quem Decidiu Partir (E Ainda Está Aqui)

A quem importa,

Eu ainda estou aqui, mas não sei por quanto tempo. Já tomei minha decisão, embora o corpo continue presente. Sigo respirando, caminhando entre vocês, respondendo quando necessário, sorrindo quando esperado. Mas, por dentro, algo já se despediu faz tempo.

Não quero que sintam pena, não quero ouvir que vai passar, porque eu mesma já me disse isso incontáveis vezes. Não passou. Apenas aprendi a carregar o peso sem deixar transparecer tanto. Às vezes, ele fica insuportável.

Sei que muitos me amam, e é por eles que permaneci até agora. Mas amar não significa entender. E a solidão de não ser compreendido é um abismo que engole pouco a pouco.

Eu não busco atenção, não quero alarmar ninguém. Só quero que saibam que tentei. Que lutei cada dia como pude. Que se um dia eu não estiver mais, não foi por fraqueza, mas por exaustão.

Até lá, continuo. Não sei até quando. Apenas… continuo.

[JB]

⁠A Força que Me Sustenta

Às vezes, é preciso ser Mulher-Maravilha, mesmo quando estamos quebradas. Colocamos a armadura, escondemos as feridas e seguimos em frente.
Guardamos a vulnerabilidade no bolso, vestimos o sorriso e encaramos os holofotes, as mídias, os stories.
Não por sermos imbatíveis, mas porque sabemos quem tem nos sustentado de pé, e porque ainda há um propósito a ser cumprido.

Minha fé está em Deus, e nele encontro descanso.
Permito-me viver sob Sua graça, que me alcança com generosidade, carinho e proteção.

E se um dia eu decidir parar, lembre-se: lutei até o fim.

⁠Olhar não tira pedaço, mas mexer causa embaraço.


Nem tudo precisa ser tocado, explorado ou decifrado. Há coisas que existem para serem admiradas à distância, sem a necessidade de interferência. O olhar pode ser curioso, contemplativo, até mesmo invasivo, mas é no toque – na ação impensada – que se criam os verdadeiros desencontros.

Respeitar o espaço do outro, compreender limites e reconhecer que nem tudo precisa ser desvendado é um gesto de sabedoria. Porque, no fim, o problema nunca esteve no olhar, mas na intenção por trás do movimento.

⁠O Desejo Não Se Satisfaz em Qualquer Toque

Hoje, sinto a falta de algo que não sei explicar completamente. Um desejo que vai além do corpo, que pulsa na alma e no peito, uma vontade de ser tocada, de dividir risos sem pressa de chegar ao fim. Quero ser vista em minha totalidade, ser amada, sem que isso se perca no superficial.

Mas, ao mesmo tempo, me nego a buscar essa satisfação qualquer. Não quero apenas um toque vazio, uma troca momentânea. Eu quero mais. E, ao me negar, meu corpo sente a ausência, sofre em silêncio, como se algo estivesse faltando, como se a falta fosse mais forte que o desejo.

E é nessa contradição que me encontro. Querendo, mas sabendo que o que busco não está em qualquer lugar. Eu espero, mesmo que a espera me consuma.

⁠Quando a Ajuda Vira Julgamento

Não pedir ajuda não significa que eu não precise. Talvez eu só tenha um jeito diferente de demonstrar que preciso de você.

Sempre estive disponível para quem necessitou, sem que precisassem pedir. Bastava um olhar, um suspiro, e eu já estava lá. Porque quem quer ajudar, faz. Chega, estende a mão, encontra um jeito. Não espera que o outro precise gritar por socorro.

Mas quando sou eu que preciso, dizem que não me ajudo. Que não quero ajuda, porque não peço.

Como se fosse simples assim. Como se eu nunca tivesse tentado. Como se o fato de me esforçar até a última gota, sem incomodar ninguém, fosse um atestado de que estou ótima.

A verdade é que, quando pedi, nem sempre encontrei. E precisei aprender a lidar com a frustração do “não”, que só se ouve uma vez, mas ecoa para sempre. Precisei compreender os motivos dos outros, aceitar os limites que me impunham, mesmo que doessem.

Então, antes de pedir, eu penso: será que essa pessoa pode? Será que ela quer? Ou vai fazer por obrigação, com pressa para se livrar de mim?

É mais fácil esperar. É mais fácil não precisar pedir. Porque quem realmente quer ajudar, percebe. Chega perto. Não precisa de um pedido formal. Às vezes, tudo o que alguém precisa é de um abraço silencioso, sem perguntas, sem julgamentos.

Então, antes de dizer que eu não me ajudo, tente entender quantas vezes eu já me ajudei sozinha. Quantas vezes lutei contra tudo, sem incomodar ninguém.

Talvez o problema nunca tenha sido eu não pedir. Talvez o problema seja que nem todo mundo sabe realmente estar presente.

E ter que lidar com opiniões e julgamentos de quem me desconhece me torna, dia após dia, mais bloqueada e inacessível.

⁠Habitar

Não quero ser apenas tocada.
Quero ser habitada.
Não por mãos que me percorrem com pressa,
mas por quem se perde em mim como quem encontra morada.

Quero ser sentida com os olhos fechados.
Com o coração aberto.
Com a calma de quem entende que o prazer mora na pausa —
na respiração contida, no quase, no que se prolonga.

Quero que cada parte minha seja descoberta como um território sagrado.
Como se você estivesse lendo meu corpo em braile,
palavra por palavra, pele por pele,
até entender minha linguagem.

Que o arrepio seja tua resposta,
e o silêncio entre nós, a oração.

Que você me toque como quem desvenda.
Como quem tem sede,
mas não se apressa.
Como quem entende que habitar alguém
não é sobre entrar,
é sobre permanecer.

Não quero ser o instante.
Quero ser o eco.
O sabor que fica mesmo depois da última mordida.
O cheiro que gruda mesmo depois da despedida.
A lembrança que acende só de fechar os olhos.

Quero que me sinta mesmo quando não estou.
E que deseje voltar — não pelo corpo,
mas pela paz que encontrou ao deitar no meu.

Carta aos Artistas


A vocês que mergulham onde poucos ousam entrar,
que transformam silêncio em palavra,
dor em poesia,
e notas soltas em melodias que curam.


Ser artista é viver com os sentidos à flor da pele,
perceber o que passa despercebido,
ouvir a música escondida no vento,
e enxergar cores que o mundo ainda não aprendeu a nomear.


Vocês conhecem a solidão criativa,
o peso doce da introspecção,
os mergulhos que parecem não ter fim.
E ainda assim, dessa profundidade,
trazem à tona o indizível,
e o fazem soar como verdade.


A arte é a prova de que a alma respira.
Seja pela pintura, pela dança,
pela palavra escrita ou pelo som que vibra no ar,
vocês eternizam sensações que não cabem na fala.


Sigam, artistas.
Continuem afinando sentimentos como cordas de um instrumento,
transformando fragmentos de vida em algo que ecoa.


Vocês não apenas criam.
Vocês revelam o invisível,
dão voz ao silêncio,
e nos lembram que sentir —
é, em si, um ato de resistência.




6 de Agosto de 2025

Meu olhar, sobre tudo, revela segredos que o silêncio guarda.
Não falo, apenas observo. E nesse gesto de ver, encontro coisas que não têm nome, mas existem. Há uma dor que insiste em se esconder nas frestas, há uma esperança tímida que se veste de sombra. O olhar recolhe o que os outros deixam escapar, aquilo que não cabe nas palavras, mas que grita em silêncio.


Olhar é quase tocar o que não pode ser tocado. É sentir o mundo por dentro, mesmo quando o mundo fere por fora.

⁠O Valor que Vem de Dentro

A necessidade de validação está enraizada em nós porque, desde cedo, aprendemos que nosso valor é medido pelo olhar do outro. Somos seres sociais, e o reconhecimento externo pode, de fato, reforçar nossa autoestima, nos oferecendo a sensação de pertencimento e aceitação.

No entanto, essa busca pela validação externa pode se transformar em uma prisão quando se torna mais importante do que a nossa própria percepção. Especialmente nós, mulheres, somos ensinadas a nos moldar para agradar, para corresponder às expectativas dos outros – seja na aparência, no comportamento ou nas conquistas.

Precisamos de validação porque fomos condicionadas a acreditar que só existimos plenamente quando somos vistas e aprovadas. No entanto, a verdadeira liberdade surge quando aprendemos a nos validar primeiro, quando percebemos que nosso valor não está no olhar alheio, mas no que construímos e somos por dentro.

⁠A Dor do Julgamento

Falar sobre depressão ainda dói mais pelo peso do julgamento do que pela própria doença. Dói porque a ignorância insiste em apontar dedos, em questionar aquilo que já nos fere. Dói porque a compreensão parece um favor, quando deveria ser o mínimo.

Dizem que nos falta fé. Como se acreditar em Deus fosse uma blindagem contra o sofrimento, como se a dor invalidasse a nossa devoção. Mas que fé é essa que só vale quando a vida está em ordem? Não foi também o Padre Fábio de Melo, homem de fé inquestionável, quem enfrentou essa mesma sombra? E tantos outros, de oração fervorosa, que ainda assim sentiram o peso da escuridão? A depressão não escolhe apenas os que duvidam. Ela vem, sem distinção, e muitas vezes é na fé que encontramos a força para continuar.

⁠A Bondade que Nos Escapa, Mas Nunca Falha

Queremos enxergar a bondade de Deus nas bênçãos óbvias: nas portas abertas, nas respostas rápidas, nos dias de alegria. Mas e quando Ele nos conduz por caminhos que doem? Quando a resposta é um silêncio que pesa? Quando o que achamos que era certo não acontece?

A bondade de Deus não é medida apenas pelo que conseguimos compreender. Ela está presente até nas perdas, nos adiamentos, nos recomeços forçados. Porque Ele não nos dá apenas o que queremos, mas o que realmente precisamos.

Às vezes, olhamos para trás e percebemos que aquilo que nos feriu foi também o que nos fortaleceu. Que o "não" que doeu foi um livramento. Que o tempo de espera foi, na verdade, um tempo de preparação.

Essa é a bondade difícil de entender, mas que nos sustenta. Uma bondade que não mima, mas amadurece. Que não atende caprichos, mas molda o coração. E que, mesmo quando não faz sentido, continua sendo real.


Entre Olhares e Palavras

Há um instante, entre o piscar dos olhos e o sussurro do pensamento, onde a vida se revela em sua forma mais pura. Um tempo suspenso entre o que sinto e o que expresso, entre a fotografia e a palavra, entre a imagem que congelo e a emoção que deixo fluir.

Sou feita de silêncios que gritam e de gestos que falam. Meu olhar recua no tempo, buscando histórias que resistem ao esquecimento, vestígios de quem fomos, ecos de quem ainda somos. Escrevo para dar voz ao que se cala, para traduzir a dança invisível entre o que se vê e o que se sente.

Meu caminho é feito de entrega – a mim mesma, ao instante, ao que me atravessa. Carrego a suavidade de quem sente fundo e a força de quem transforma dor em criação. Cada palavra que escolho, cada imagem que capto, é um convite para enxergar além do óbvio, para sentir além do esperado.

E assim sigo, costurando tempo e memória, conectando passado e presente, trazendo para perto aqueles que se permitem ver – e, quem sabe, se reconhecer.


_________________________________

Solitário Conhecido

⁠Visitam-me os olhares que me reconhecem na rua, os acenos que cruzam meu caminho, os nomes que me chamam como se me soubessem. Visitam-me as vozes que me cercam em diálogos breves, as presenças que dividem espaço, mas não profundidade.

Sou um solitário conhecido. Caminho entre muitos, mas pertenço a poucos. Estou onde me veem, mas nem sempre onde me encontram.

Visitam-me, mas quantos realmente ficam?

Cartas ao Céu




Oração escrita, poesia da alma calada.
Inteira, mesmo estando quebrada.
Há pedaços de mim espalhados em cada verso,
mas é na fragmentação que encontro forma.


Escrevo como quem costura rachaduras,
como quem transforma silêncio em cura.
Minha fé não grita, ela sussurra baixinho,
enquanto recolho os cacos
e descubro que ainda brilham.


Porque mesmo partida, sou inteira.
Inteira de sentimentos,
inteira de verdades,
inteira na esperança que me segura
quando tudo parece desabar.

Nem todo mundo quer que as coisas venham fácil.
Há quem lute.
Há quem enfrente cada dia como se fosse um campo de batalha, com cicatrizes invisíveis e dores que ninguém vê.
O que buscamos não é atalho, é merecimento.
O que queremos não é presente, é resultado.


De todas as quedas, levantamos.
De todas as feridas, seguimos.
E quando vencemos, não é sorte — é história.
História fortalecida e direcionada pela fé em Cristo Jesus.

Fotografia em Movimento: Congelar e Fluir


O movimento, quando registrado pela fotografia, é a dança do tempo diante da lente. Há nele duas possibilidades igualmente poéticas: congelar o instante ou deixá-lo fluir.


Ao congelar, a fotografia revela o detalhe invisível ao olhar comum, a gota suspensa no ar, o salto interrompido, o gesto que se eterniza. É como se o tempo fosse interrompido para mostrar a grandeza de um segundo.


Ao fluir, a imagem ganha suavidade, trilhas de luz, borrões de cor e formas que evocam a sensação de passagem. O movimento se torna memória em expansão, carregando a emoção do instante em vez de apenas sua forma.


Entre congelar e fluir, está a sensibilidade do fotógrafo em escolher como deseja contar a história. Às vezes, é preciso capturar a nitidez de um momento único; em outras, deixar que o olhar sinta o deslizar do tempo.


Fotografar o movimento é abraçar o paradoxo de parar o tempo e, ao mesmo tempo, deixá-lo seguir. É mostrar que cada instante tem sua beleza, seja na pausa que revela, seja na continuidade que emociona.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Texto de Introdução/Reflexão: A Experiência da Fotografia


A fotografia não é apenas sobre técnica ou conhecimento; ela é sobre presença, sensibilidade e conexão com o momento. Cada clique é uma escolha, um instante de entrega, uma oportunidade de capturar não apenas o que os olhos veem, mas o que o coração sente.


Ao longo desta série, você encontrará reflexões sobre luz, composição, movimento, cor, narrativa, direção e, acima de tudo, espontaneidade. São textos que unem prática e sensibilidade, conhecimento técnico e olhar poético, mostrando que a essência da fotografia está na experiência, na emoção e na alma que conseguimos revelar através da lente.


Cada imagem é um convite: perceba o instante, sinta o movimento, observe a luz, conecte-se com o assunto. O verdadeiro aprendizado não está apenas nas regras, mas na prática, na percepção e no olhar que se entrega à vida que se desenrola diante da câmera.


Esta série é um convite para explorar, sentir e viver a fotografia de forma completa. Não importa se você está começando ou já tem experiência: cada texto é um passo na descoberta de como capturar o que realmente importa, a essência, a emoção, a espontaneidade que dá alma à imagem.


Espontaneidade: A Alma da Imagem

Costurar o Tempo


Se a vida fosse tecido, eu escolheria linhas invisíveis para bordar os dias. Cada ponto seria memória, cada nó, resistência. Costurar o tempo é remendar o que a vida rasgou, é unir o ontem ao amanhã sem perder a delicadeza do agora.


Às vezes, o fio se parte e minhas mãos cansam. Mas ainda assim insisto — porque sei que o bordado só existe no processo, nesse gesto de refazer, de alinhar, de acreditar que o tecido pode sustentar o peso da história.


Se eu pudesse, costuraria o tempo com calma, deixando espaço entre as linhas para que a esperança respirasse. Assim, mesmo que o hoje doa, haveria sempre a chance de o amanhã se encaixar sem pressa, como peça que se completa no avesso da vida.


E no fim, talvez eu descubra que costurar o tempo não é prender instantes… é libertá-los para que continuem existindo em mim.

Guia de Série: Espontaneidade – A Alma da Imagem


A fotografia é mais do que técnica; é experiência, é emoção, é vida. Cada imagem que capturamos carrega um instante único, uma história que merece ser sentida, não apenas observada.


Este guia apresenta uma sequência de textos que exploram a essência da fotografia, refletindo sobre luz, composição, movimento, cor, narrativa e, acima de tudo, a espontaneidade que dá alma à imagem. Cada título é um convite para mergulhar em um aspecto específico da fotografia, permitindo que você experimente e absorva o olhar por trás da lente.


1. Espontaneidade: A Alma da Imagem


2. A Importância da Luz Natural


3. Composição: O Silêncio que Guia o Olhar


4. O Retrato e a Verdade do Olhar


5. Tempo e Memória em Uma Imagem


6. Perspectiva e Profundidade


7. Cores e Sentimentos


8. Fotografia e Conexão Humana


9. Narrativa Visual: Contando Histórias com a Lente


10. Texturas e Atmosfera: Sentir a Imagem


11. Movimento e Emoção na Fotografia


12. Detalhes que Contam Histórias


13. Reflexos e Simetria: Olhar Além do Óbvio


14. Entre Luzes e Sombras: O Drama da Composição


15. O Momento Decisivo: O Instante que Não Volta


16. Retrato e Alma: O Olhar que Fala


17. Fotografia em Movimento: Congelar e Fluir


18. Contrastes e Emoções: O Impacto do Oposto


19. A Luz e Seus Segredos: Difusa, Dura, Quente ou Fria


20. Direção e Intenção: Guiando o Olhar e a Experiência




(Observação: a série foi numerada do primeiro ao vigésimo texto. No Pensador, por questões de postagem cronológica, os textos aparecem do último ao primeiro.)

A Fotografia em Plenitude


Cada fotografia carrega dentro de si uma narrativa única. A espontaneidade revela a verdade do instante, a luz natural dá forma e atmosfera, e a composição guia o olhar sem perder a liberdade do momento.


O retrato traduz o que os olhos guardam, enquanto a memória capturada em cada clique mantém vivo o tempo que passou. Perspectiva, cores e sentimentos se entrelaçam, conectando o fotógrafo ao assunto e ao espectador, criando um diálogo silencioso.


A narrativa visual transforma cada cena em história, texturas e atmosfera permitem sentir a imagem, e o movimento imprime emoção. Detalhes pequenos contam histórias inteiras, reflexos e simetria expandem o olhar além do óbvio, e o drama entre luzes e sombras dá profundidade e contraste à experiência visual.


O momento decisivo é o instante que não volta, e cada retrato fala com a alma do assunto, seja ele humano, objeto ou cena. Congelar ou fluir, capturar o contraste e a emoção, tudo se torna uma dança coordenada entre técnica e sensibilidade.
A direção sutil do fotógrafo une todos esses elementos, conduzindo a cena sem perder a autenticidade, transformando cada imagem em registro vivo e inesquecível.


É assim que a fotografia se completa: espontânea, técnica, sensível e consciente, uma arte que toca e permanece.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Um pensamento é semente: se fértil, floresce; se contaminado, pode envenenar o solo da alma.

Anjos e Demônios


Dentro de nós existe um campo de batalha silencioso.
Os anjos, que sussurram fé, esperança e coragem, disputam espaço com os demônios, que se vestem de medo, dúvida e crenças que nos aprisionam.


É uma guerra que poucos têm coragem de enxergar, porque olhar para dentro é desvelar verdades que nem sempre queremos admitir. Mais fácil, às vezes, é fingir que não há conflito, como se o silêncio fosse ausência de luta. Mas o silêncio também grita.


Os anjos nos levantam quando tudo parece desabar, enquanto os demônios tentam nos convencer de que não vale a pena recomeçar.
E assim seguimos, entre quedas e ressurgimentos, descobrindo que talvez não exista vitória definitiva, mas sim um equilíbrio: reconhecer que ambos existem em nós e, ainda assim, escolher, todos os dias, o lado da esperança.


Porque não é a ausência dos demônios que nos torna fortes, mas a capacidade de ouvir os anjos apesar deles.

⁠Inaudível

Eu avisei. Nunca tentei chamar atenção, mas gritei em silêncio por meio das palavras e das imagens que deixei pelo caminho. Algumas pessoas disseram: "Pare com isso, não demonstre suas fraquezas." Outras, com olhos que não sabiam ver além do superficial, soltaram um: "Nossa, isso dói tanto." Houve aquelas que simplesmente ignoraram, fingindo não ver, passando por cima como se eu fosse um borrão despercebido.

Mas eu continuei. Me registrei em cada fragmento de existência, deixando partes de mim em cada texto, cada fotografia, cada história contada com alma. Não porque eu esperava aplausos, mas porque queria apenas ser — inteira, genuína, presente.

Lamento, apenas, imaginar que o dia em que eu partir minhas publicações possam encher de curtidas tardias. Não quero esperar a ausência para ser vista, nem que a valorização venha quando meus olhos já não puderem contemplar.

Eu vivi para me deixar em todos os lugares e em todas as pessoas, ainda que nem sempre percebam. E se a vida é feita de encontros e desencontros, que meu rastro permaneça — não para ser aclamada, mas para ser sentida. Inaudível, talvez, mas eterna.

Consciência em Papel


Escrevo porque, às vezes, falar não basta.
Porque minha voz se perde no ar, mas as palavras escritas… elas permanecem.
Cada linha é um pedaço meu, uma confissão silenciosa que não precisa de plateia.


Aqui, não existe medo de julgamento.
Aqui, eu não preciso sorrir para suavizar minha dor nem me explicar para ninguém.
O que deixo escrito é a minha consciência escancarada, crua, nua.
É o reflexo do que penso quando tudo silencia, quando ninguém está olhando.


E não, não é drama.
Não é exagero.
É apenas o retrato de existir com o peso que carrego, tentando não incomodar, tentando caber no mundo sem fazer barulho demais.


Escrevo porque é o que me resta quando falar não funciona.
Porque aqui, neste papel, posso ser inteira.
Posso admitir o cansaço, a confusão, o vazio.
Posso dizer que às vezes a vida dói mais do que deveria, e que seguir em frente parece uma vitória silenciosa que ninguém vê.


Se você lê, talvez se reconheça.
Talvez sinta que essas palavras também são suas.
E, nesse instante, é como se eu não estivesse tão sozinha dentro delas.


No fim, é isso:
O que deixo escrito não é só texto.
Sou eu, inteira, existindo em palavras.
Mesmo quando o mundo prefere que eu me cale.

Além da Imagem: O Olhar que Transcende

A fotografia não é apenas uma imagem congelada no tempo. Não se trata apenas de uma foto; é a tradução visual de um sentimento, uma história que vai além do que o olho pode ver. É um olhar profundo sobre o mundo, uma forma de revelar aquilo que muitas vezes escapa à percepção cotidiana. Cada fotografia carrega uma parte da minha alma, uma expressão única de como vejo e sinto o mundo ao meu redor.

Pétalas De mal quereres e bem te quero, deixei de ser flor ao entregar-lhe todas as minhas pétalas!... Frase de Jorgeane borges.

Pétalas

De mal quereres e bem te quero, deixei de ser flor ao entregar-lhe todas as minhas pétalas!

Movimento e Emoção na Fotografia


Capturar movimento é muito mais do que registrar ação; é transmitir energia, emoção e intensidade de um instante. Cada gesto, cada passo ou olhar em movimento carrega vida e história, transformando a fotografia em uma narrativa visual dinâmica.


Tecnicamente, é preciso dominar velocidade do obturador, foco e composição para congelar ou suavizar o movimento conforme o efeito desejado. Mas mais do que técnica, é sensibilidade: perceber o momento exato em que a ação se torna significativa, aquele instante que transmite a emoção real e desperta conexão no espectador.


O movimento cria fluxo e ritmo, conduzindo o olhar através da imagem e intensificando a experiência de quem observa. Quando combinado à espontaneidade, ele revela autenticidade, leveza e verdade, transformando simples cenas em fotografias cheias de alma.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Eu não sou o centro do mundo — e isso, por vezes, me salva.
Penso no outro antes de pedir.
Não quero ser fardo, não quero ser vitrine, não quero ser caso.
Mas também aprendi: quem quer ajudar, chega sem barulho,
senta no chão da minha sala, não corrige meus mapas,
e, se nada puder fazer, empresta o silêncio — aquele que não julga.

Reflexos e Simetria: Olhar Além do Óbvio


Reflexos e simetria transformam uma fotografia ao revelar perspectivas inesperadas e multiplicar a narrativa visual. Um espelho d’água, uma superfície refletiva ou a composição de elementos simétricos podem criar profundidade, ritmo e surpresa na imagem.


Tecnicamente, é necessário observar ângulos, luz e posicionamento, sabendo que cada detalhe influencia a percepção do espectador. Mas mais do que técnica, é sensibilidade: perceber o instante em que o reflexo ou a simetria revela algo que não é visível à primeira vista, trazendo emoção e significado à cena.


O uso consciente de reflexos e simetria permite que a fotografia vá além do óbvio, despertando curiosidade e atenção. Ele dá à imagem uma dimensão poética, conectando técnica, observação e sentimento em uma composição equilibrada e cheia de vida.


Reflexos e simetria não apenas ampliam a visão; eles imprimem alma e espontaneidade à fotografia, mostrando que o olhar atento transforma cada cena em narrativa viva.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Detalhes que Contam Histórias


Na fotografia, os detalhes muitas vezes carregam mais emoção do que a cena inteira. Um gesto sutil, uma textura, um brilho nos olhos ou uma sombra discreta pode transformar uma imagem comum em uma narrativa intensa.


Tecnicamente, observar detalhes exige atenção à composição, foco e profundidade de campo. É preciso escolher o que destacar, o que deixar em segundo plano, e como cada elemento dialoga com o restante da imagem.


Mais do que técnica, é sensibilidade: perceber que cada pequeno elemento conta uma história, revela caráter, emoção e contexto. O poder dos detalhes está em permitir que o espectador descubra camadas da cena, despertando memórias, sentimentos e conexões inesperadas.


Fotografar detalhes é capturar o invisível, aquilo que muitas vezes passa despercebido, mas que dá autenticidade e alma à fotografia. Cada minúcia contribui para a narrativa, tornando a imagem mais profunda e significativa.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Espontaneidade: A Alma da Imagem


Para uma boa fotografia, o indispensável é o espontâneo.
É nesse momento que a imagem ganha autenticidade e transmite a essência do retratado.


O espontâneo quebra a rigidez da pose, permitindo que expressões verdadeiras, gestos naturais e sentimentos reais sejam capturados. É o que dá leveza, movimento e humanidade à composição, transformando a fotografia em um registro vivo, e não apenas em uma reprodução estética.


Tecnicamente, o olhar do fotógrafo precisa estar atento a esses instantes: a postura descontraída, o brilho nos olhos, a interação natural com o ambiente ou com outras pessoas. Mais do que dominar luz, ângulo e enquadramento, o segredo está em perceber o instante em que a vida acontece diante da lente.


É nessa entrega que mora a espontaneidade, a alma da imagem, aquilo que torna cada fotografia única e inesquecível.




Autoral: Jorgeane Borges

Contrastes e Emoções: O Impacto do Oposto


Na fotografia, os contrastes são mais do que diferenças de luz e sombra, cores ou texturas. Eles são forças que dialogam entre si e despertam emoções intensas. O claro e o escuro, o suave e o áspero, o próximo e o distante — tudo isso se encontra para contar uma história mais profunda.


O contraste não apenas revela formas, mas também provoca sentimentos. Ele chama a atenção do olhar, conduz a narrativa e cria impacto visual. O que seria da luz sem a sombra que a revela? Ou do silêncio, sem o barulho que o antecede? Assim também é a fotografia: um jogo de opostos que realça a essência.


Ao trabalhar contrastes, não se trata apenas de técnica, mas de sensibilidade em saber equilibrar o peso de cada elemento. O impacto está na escolha: destacar, intensificar ou suavizar aquilo que se deseja transmitir.


Mais do que uma linguagem estética, o contraste é emoção traduzida em imagem. Ele dá voz ao invisível e intensidade ao que parecia comum, mostrando que os opostos, juntos, têm o poder de revelar verdades que o olhar sozinho não alcançaria.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Perspectiva e Profundidade


A maneira como vemos o mundo através da lente transforma completamente a narrativa de uma fotografia. Perspectiva e profundidade não são apenas conceitos técnicos: são ferramentas que guiam o olhar, revelam hierarquias e destacam o que realmente importa na cena.


Tecnicamente, explorar ângulos, linhas de fuga e planos diferentes permite criar dimensão e interesse visual. O uso da profundidade de campo, combinada à escolha de pontos de foco, faz com que o observador sinta espaço e contexto, como se estivesse dentro do momento capturado.


Mas mais do que técnica, perspectiva é sensibilidade: é perceber qual ângulo conta melhor a história, qual ponto de vista transmite emoção, e como a combinação de elementos no espaço comunica sensação e narrativa.


Quando utilizada com cuidado e percepção, a perspectiva transforma imagens planas em experiências visuais ricas, dando profundidade, movimento e vida à fotografia, mantendo a autenticidade do instante.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

A Importância da Luz Natural


A luz é a essência que dá vida a qualquer fotografia. Mais do que simplesmente iluminar, ela cria atmosfera, revela texturas e molda o olhar de quem observa. Entre todas as fontes de luz, a natural é a que mais confere autenticidade e emoção à imagem.


Fotografar com luz natural é aprender a perceber a mudança constante do ambiente: a suavidade da manhã, a intensidade do meio-dia, a delicadeza dourada do entardecer. Cada nuance transforma a percepção da cena, permitindo que o instante capturado seja vivido novamente pelo espectador.


Tecnicamente, o fotógrafo precisa observar a direção, a intensidade e a qualidade da luz. Saber aproveitar sombras, reflexos e contrastes naturais faz diferença na composição e transmite profundidade à imagem. Mais do que técnica, é sensibilidade: é sentir o instante e deixar que a luz revele a verdade do momento.


A luz natural não apenas ilumina; ela imprime alma, sentimento e narrativa à fotografia, conectando quem fotografa e quem observa em uma experiência única.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Fotografia em Movimento: Congelar e Fluir


O movimento, quando registrado pela fotografia, é a dança do tempo diante da lente. Há nele duas possibilidades igualmente poéticas: congelar o instante ou deixá-lo fluir.


Ao congelar, a fotografia revela o detalhe invisível ao olhar comum, a gota suspensa no ar, o salto interrompido, o gesto que se eterniza. É como se o tempo fosse interrompido para mostrar a grandeza de um segundo.


Ao fluir, a imagem ganha suavidade, trilhas de luz, borrões de cor e formas que evocam a sensação de passagem. O movimento se torna memória em expansão, carregando a emoção do instante em vez de apenas sua forma.


Entre congelar e fluir, está a sensibilidade do fotógrafo em escolher como deseja contar a história. Às vezes, é preciso capturar a nitidez de um momento único; em outras, deixar que o olhar sinta o deslizar do tempo.


Fotografar o movimento é abraçar o paradoxo de parar o tempo e, ao mesmo tempo, deixá-lo seguir. É mostrar que cada instante tem sua beleza, seja na pausa que revela, seja na continuidade que emociona.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Cores e Sentimentos


As cores têm o poder de transmitir emoção antes mesmo que qualquer forma ou gesto seja percebido. Elas comunicam sensações, destacam elementos e criam atmosfera, transformando uma fotografia em uma experiência sensorial completa.


Tecnicamente, compreender a relação entre cores, contraste, saturação e harmonia é essencial. Saber quando valorizar tons quentes ou frios, ou explorar combinações sutis, permite que cada imagem desperte sentimento e narrativa.


Mais do que regras, é sensibilidade: perceber como uma cor influencia a percepção de quem observa, como ela interage com a luz e o ambiente, e como reforça a essência do instante capturado.


Cores bem exploradas tornam a fotografia viva e conectam o espectador à emoção presente na cena, imprimindo personalidade, profundidade e autenticidade a cada clique.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Composição: O Silêncio que Guia o Olhar


A composição é o fio invisível que conduz o olhar dentro da fotografia. Mais do que regras ou técnicas rígidas, ela é sobre equilíbrio, harmonia e direcionamento da atenção. Cada elemento dentro do enquadramento conversa com os outros, criando ritmo e narrativa sem precisar de palavras.


Tecnicamente, a composição envolve a escolha do enquadramento, a posição dos sujeitos, linhas de força, pontos de interesse e o uso do espaço negativo. Mas a verdadeira maestria está em perceber quando menos é mais, quando o silêncio da cena destaca a emoção, e quando os detalhes sutis carregam todo o significado do momento.


Uma composição bem pensada permite que o espectador seja guiado naturalmente pelo olhar, descobrindo camadas e histórias que vão além do que é visível à primeira vista. Ela cria fluxo, foco e sentido, tornando a fotografia mais profunda e impactante.


A técnica serve à narrativa, mas é a sensibilidade do fotógrafo que transforma cada enquadramento em arte. É nesse cuidado que a composição se torna o silêncio que guia o olhar e transmite sentimento.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Entre Luzes e Sombras: O Drama da Composição


A fotografia nasce do diálogo entre a luz e a sombra. Uma não existe sem a outra, e é justamente nessa oposição que o olhar encontra o equilíbrio.


A luz revela, expõe, dá forma ao que estava oculto. Já a sombra guarda mistério, sugere o que não se mostra por completo, trazendo profundidade e silêncio à cena.


Quando se encontram em harmonia, luz e sombra compõem mais do que uma imagem: criam emoção. É o claro-escuro que dá intensidade a um retrato, que faz um olhar falar mais alto, que transforma um cenário comum em poesia visual.


Não há fotografia sem sombra, assim como não há vida sem contraste. É nesse jogo que se constrói o drama da composição — a escolha de mostrar ou esconder, de realçar ou suavizar.


Fotografar é compreender que a luz precisa da sombra para existir em sua plenitude. É aceitar que beleza e verdade se revelam no contraste, onde os extremos se tocam.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Retrato e Alma: O Olhar que Fala


No retrato, mais do que rostos, o que se busca é a alma. Um olhar, quando capturado com verdade, pode dizer mais que mil palavras — pode contar histórias, revelar silêncios, expor fragilidades e, ao mesmo tempo, guardar mistérios.


A fotografia de retrato não se limita à superfície. Ela atravessa a pele e chega ao invisível. É a tentativa de traduzir em imagem o que não pode ser tocado: a essência.


Por isso, diante da câmera, não basta posar. É preciso se permitir ser visto — mesmo que em partes, mesmo que nas frestas de um olhar distraído ou numa expressão que escapa sem querer.


O retrato verdadeiro não é apenas sobre quem é fotografado, mas também sobre quem fotografa. É o encontro entre dois mundos: o da lente que busca e o da alma que, por um instante, se deixa revelar.


Um olhar pode ser espelho, pode ser janela, pode ser abismo. No retrato, ele é tudo isso ao mesmo tempo.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

O Momento Decisivo: O Instante que Não Volta


A fotografia vive do instante. Há um segundo exato em que tudo se alinha: a luz, o gesto, o olhar, a atmosfera. É nesse ponto de encontro que nasce a imagem única, impossível de ser repetida.


O momento decisivo não é apenas técnica — é sensibilidade. É estar presente, atento, entregue ao que se revela diante de si. É confiar que, em meio ao fluxo da vida, há uma fração de tempo que guarda a eternidade.


Quando o clique acontece, não se captura apenas uma cena. Captura-se o irreversível: aquilo que não voltará a acontecer da mesma forma.


E é justamente por isso que a fotografia emociona. Ela congela a vida no exato ponto em que ela estava prestes a escapar.


A arte de fotografar é, então, a arte de estar pronto. Pronto para ver, sentir e decidir. Porque o tempo não espera — mas a imagem, uma vez feita, resiste ao esquecimento.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

⁠Pretérito

Um dia no futuro não muito distante , você ainda vai olhar pra trás e perceber que lá não é mais o seu lugar.

Vai perceber que os problemas foram degraus que você ultrapassou

Montanhas em que escalou
E que houveram muralhas, que com bravura você as derrubou.

E os dias tempestuosos, mesmo com medo você os enfrentou

Naqueles dias em que pensou que fracassou ou de fato você falhou.


Então rastejou-se!
Sofreu, chorou!
Silenciou, gritou até ruiu de se mesma e seguiu...

... mas não permaneceu no mesmo lugar.

Nunca, jamais em hipótese alguma, deixe de olhar para trás. para que não se esqueças que tudo vai passar e pra frente se deve andar, mesmo quando o chão lhe faltar.

Pra frente que se anda!
Te vejo lá.

Fotografia e Conexão Humana


A fotografia tem o poder de capturar mais do que imagens: ela registra vínculos, emoções e relações. A conexão entre as pessoas, ou entre o sujeito e o ambiente, é o que transforma uma cena em narrativa viva.


Tecnicamente, o fotógrafo precisa estar atento ao momento em que a interação acontece naturalmente. É preciso observar gestos, olhares, posturas e movimentos que revelam afeto, confiança ou cumplicidade. Mas mais do que técnica, a sensibilidade do fotógrafo é o que permite perceber a essência da conexão.


Fotografar relações humanas é capturar a autenticidade de sentimentos, transformando instantes cotidianos em imagens que tocam e inspiram quem observa. Cada clique se torna uma ponte entre quem é fotografado e quem vê a imagem, transmitindo emoção e memória de forma genuína.


A conexão humana torna a fotografia mais viva, carregada de alma e de história, mostrando que cada imagem é reflexo da vida e da espontaneidade que acontece em cada instante.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

⁠O Peso do Sentir

Meu erro talvez seja pesar os sentimentos dos outros com a mesma balança que uso para os meus,
imaginando que têm o mesmo peso, a mesma medida, as mesmas dimensões.
Uso uma régua única para dimensionar algo que nunca é igual.
Acredito, ingenuamente, que os sentimentos sempre preenchem os espaços vazios com precisão.

Mas esqueço que transbordo.
E, no outro, quase nunca me encaixo — não por inteiro, não de forma completa.
Tenho excessos.
E, ainda assim, ofereço tudo.

E talvez seja exatamente isso que me salva:
não saber amar pela metade.

⁠⁠ Tolerância consigo


Todo o seu conhecimento de hoje e sua experiência de vida, lhe custou seu velho eu.
Então seja gentil consigo mesma, tenha tolerância com suas decisões e erros passados, eles lhe trouxeram habilidades, conhecimentos e poder de decisão para que mude seu futuro.
O amanhã se constrói hoje! Não pare no tempo
O passado é um lugar onde nada pode ser mudado

Não sufoque seu antigo eu, saiba viver como nova criatura e não esqueça o preço que lhe custou essa transformação.

Cobre menos do seu antigo eu, viva seu presente e usufrua das experiências para que aja menos lamento no seu futuro bem próximo

O Retrato e a Verdade do Olhar


O olhar é a janela da alma, e no retrato ele revela aquilo que palavras não conseguem expressar. Capturar a verdade do olhar é captar o instante em que o sujeito se mostra inteiro, sem máscaras, permitindo que sua essência apareça na imagem.


Tecnicamente, é preciso atenção à proximidade, ao enquadramento e à profundidade de campo. Mas o segredo não está apenas na técnica: está na sensibilidade do fotógrafo em perceber quando o olhar é sincero, quando a expressão transmite emoção genuína e quando o silêncio da pose conta mais do que qualquer gesto.


Cada retrato é único porque reflete a individualidade do momento. O fotógrafo atua como um guia, criando conexão, respeito e confiança, mas sem interferir na naturalidade que torna o retrato verdadeiro.


É nesse equilíbrio entre técnica e sensibilidade que o olhar se transforma em narrativa, tornando a fotografia um reflexo autêntico da vida e da emoção.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Fotografar é Ver Com a Alma


Eu vejo o mundo de uma maneira única, como se houvesse sempre uma nova perspectiva sobre a mesma coisa. Para mim, a fotografia não é apenas capturar uma imagem; é sobre enxergar o que os outros não conseguem ver. Acredito que o olhar de um fotógrafo tem a capacidade de transformar algo simples em algo valioso, essencial, e é isso que tento passar em cada clique.

Minha sensibilidade me permite ver além do óbvio, e é essa percepção que tento compartilhar com o mundo. Quando vejo uma cena, busco encontrar a alma daquele momento, algo que muitas vezes passa despercebido, mas que, para mim, é o que dá significado à imagem. É como se eu estivesse dando voz àquilo que só eu consigo enxergar, tentando transmitir um pouco da minha alma através do meu olhar.

Eu quero que as pessoas, ao olharem minhas fotos, consigam enxergar aquilo que elas mesmas não conseguem ver, que sintam a essência do momento. Acredito que a verdadeira beleza está na percepção, e é isso que tento capturar – uma nova maneira de olhar para o mundo.

⁠ Vestígios Se um dia eu desistir, saiba que lutei todos os segundos; mas se um dia eu partir, deixo um pouco de mim em cada canto — nas palavras que escrevi, n... Frase de Jorgeane borges.

⁠ Vestígios


Se um dia eu desistir, saiba que lutei todos os segundos; mas se um dia eu partir, deixo um pouco de mim em cada canto — nas palavras que escrevi, nas imagens que capturei e, sobretudo, nas pessoas que encontrei.

⁠Tudo que for forçado deixa de ser laço e vira forca!... Frase de Jorgeane borges.

⁠Tudo que for forçado deixa de ser laço e vira forca!

Narrativa Visual: Contando Histórias com a Lente


Toda fotografia é uma história, mesmo que silenciosa. A narrativa visual surge quando cada elemento da cena – gesto, expressão, luz, sombra e ambiente – se combina para transmitir emoção e sentido.


Tecnicamente, o fotógrafo precisa dominar composição, enquadramento e perspectiva para guiar o olhar do espectador, mas a essência da narrativa está na sensibilidade de perceber o que realmente importa naquele instante. Cada detalhe contribui para a história: uma mão que toca, um olhar que se desvia, uma expressão que revela mais do que palavras poderiam.


Mais do que técnica, é sentir o momento, perceber o contexto e registrar a vida em sua autenticidade. Quando feito com atenção e entrega, cada clique se transforma em narrativa viva, capaz de envolver, emocionar e transportar quem observa para dentro da cena.


A narrativa visual é a ponte entre a técnica e a emoção, mostrando que a fotografia não é apenas sobre imagens, mas sobre contar histórias que permanecem na memória.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

⁠Registro-me em palavras para que, ao partir, quem ler me sinta por inteiro.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Registro-me em palavras para que, ao partir, quem ler me sinta por inteiro.

A felicidade ocupa muito espaço. Sendo assim não sobra espaço ou muito menos tempo para sentimentos ruins ou a vida alheia . Ocupe-se em ser feliz!... Frase de Jorgeane borges.

A felicidade ocupa muito espaço.
Sendo assim não sobra espaço ou muito menos tempo para sentimentos ruins ou a vida alheia .


Ocupe-se em ser feliz!

Tempo e Memória em Uma Imagem


A fotografia é uma máquina do tempo silenciosa. Cada clique captura não apenas uma cena, mas a memória de um instante, congelando emoções, gestos e atmosferas que jamais voltam a se repetir.


Tecnicamente, o fotógrafo precisa estar atento à composição, à luz e aos detalhes que carregam significado. Mas a verdadeira força da imagem está na capacidade de transmitir história, sentimento e lembrança, conectando o passado ao presente de quem observa.


Ao olhar para uma fotografia, revisitamos momentos que marcaram nossa vida, seja pela beleza, pela emoção ou pelo simples registro do cotidiano. Cada imagem é um portal que nos permite reviver sensações, perceber nuances que passaram despercebidas e sentir a intensidade do instante novamente.


A fotografia, quando feita com sensibilidade, transforma tempo em memória e memória em sentimento, tornando cada registro um legado único da vida que se desenrola diante das lentes.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Fotografia: A Alma no Olhar


Fotografar, para mim, é a arte de perceber o mundo de forma única e sensível. A fotografia não é apenas sobre capturar uma imagem, mas sobre transformar a maneira como as coisas são vistas. Busco mostrar o que muitas vezes passa despercebido pelo coletivo, revelando o que falta nos olhos comuns: uma conexão emocional, uma alma no olhar.

Essa sensibilidade me permite enxergar as camadas ocultas de cada cena, trazendo à tona a essência do que está sendo fotografado. Cada clique é uma forma de compartilhar com o outro o que a visão cotidiana não alcança, uma maneira de mostrar que a beleza está muitas vezes escondida na simplicidade, na luz, na sombra, no ângulo. Ofereço aos espectadores uma nova perspectiva, algo que não poderiam ver por si mesmos, pois, minha visão está imbuída de alma e significado.

Uma imagem vai além da técnica; nela, estão contidas histórias e sentimentos. Nela também reside o poder de comunicar sem palavras. Contém experiências e é um convite para que o outro se conecte com a visão mais profunda e sensível do mundo.

⁠Indelével

Se um dia eu desistir, saiba que lutei com cada parte de mim, enfrentando os ventos mais ferozes e os silêncios mais pesados. Mas, se um dia eu partir, não diga que não sabia. Eu me espalhei pelo mundo, deixei fragmentos meus por onde passei.

Estou nas palavras que escrevi, nas imagens que capturei com a alma, nos olhares que toquei com ternura. Me registrei em cada gesto, em cada história compartilhada, em cada canto onde deixei um rastro silencioso de quem sou.

Não se trata de me lembrar com pesar, mas de reconhecer que estive aqui, inteira, presente, viva. Eu fui — e sempre serei — uma presença que não se dissolve, apenas se transforma em memória.

"Resiliência e Fé: Uma Jornada de Sobrevivência e Esperança"



⁠Flertar com a morte por mais de dois mil dias não é uma experiência que qualquer alma suporte sem cicatrizes profundas. Cada dia vivido, cada fôlego tomado, é uma vitória silenciosa, embora nem sempre celebrada. Em alguns momentos, a morte parece uma amante tentadora, sussurrando promessas de descanso e alívio. Ainda assim, não me deixei seduzir por ela.

Tenho um relacionamento regado pela fé com o Eterno, que, mesmo nos dias mais sombrios, não deixou de me embalar com promessas de dias melhores. Confesso que, em meio a esse caminho tortuoso, minha alma já se sentiu frágil, minha voz trêmula diante das tempestades internas. Mas fraqueza não é sinônimo de desistência.

Por mais que parecesse uma mulher fraca aos olhos de quem não conhece minhas batalhas, sou forte. Fui forte por mais de 48 mil horas. Tenho enfrentado um processo que parece infinito, mas sigo aqui — de pé, mesmo que com os joelhos trêmulos. Porque há algo em mim que se recusa a ceder, algo que insiste em acreditar que o amanhã pode ser melhor.

E assim sigo, um dia de cada vez, carregando cicatrizes que contam histórias, mas com a fé de que, ao final, a luz há de prevalecer sobre todas as sombras.



Texturas e Atmosfera: Sentir a Imagem


A fotografia não captura apenas formas e cores; ela permite sentir o ambiente, perceber a textura dos elementos e experimentar a atmosfera de um instante. Cada superfície, cada detalhe do cenário contribui para a narrativa visual, conferindo profundidade e realismo à imagem.


Tecnicamente, a atenção à iluminação, ao foco e ao contraste é essencial para revelar detalhes e texturas. A escolha de ângulos e distâncias também influencia a percepção tátil e emocional do espectador. Mas mais do que técnica, é sensibilidade: perceber o que transmite a sensação de presença e autenticidade no momento capturado.


Texturas e atmosfera tornam a fotografia viva. Elas permitem que quem observa toque a superfície, sinta o peso, a suavidade ou a aspereza de uma cena, e mergulhe na emoção que ela carrega. Cada detalhe se transforma em ponto de conexão entre a imagem e a experiência humana.


A sensibilidade do fotógrafo transforma simples cenas em experiências sensoriais completas, conectando técnica, emoção e espontaneidade.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

⁠Registrando-me em papel

Sinto uma necessidade urgente de me descrever, de me tornar transparente, cristalina,
como se, ao colocar minhas palavras no papel, pudesse finalmente me entender.
Há um desejo intenso dentro de mim: que as pessoas se permitam ser assim também —
sem medo de revelar seus sentimentos, suas dúvidas e pensamentos mais íntimos.

A busca pelo autoconhecimento me guia,
uma jornada silenciosa em direção a todo o meu sentir.
Com a caneta na mão e o papel à minha frente,
não tenho receio de me deixar ali, nua em cada palavra.

Cada rabisco se torna uma entrega,
um reflexo da minha consciência,
onde cabem meus medos, dores, amores, desejos e até orações.

Escrever é meu refúgio, minha forma de existir.
No silêncio das palavras, me encontro,
descobrindo, sem pressa, quem sou.

E quando eu partir, que essas palavras sejam mais do que tinta sobre papel.
Que quem as ler possa me sentir,
mergulhar na profundidade de quem fui,
mas com leveza e compreensão.

Porque é aqui, no papel, que me registro —
inteira, consciente e eterna.

⁠Primeiros Erros


Meus erros não me definem
Mas a mim transformam
Não posso ser rotulada por um erro, ou algumas escolhas erradas em uma fase ruim da minha vida!
Não posso exigir do meu antigo eu algo que só as péssimas experiências a mim trouxeram.
A maturidade vem com toda nossa vivência, seja ela boa ou ruim!
Meu processo de transformação e superação é quem pode falar por mim o quanto precisei ressignificar e evoluir

Quantas vezes precisarei me refazer?
Não sei. Sei que posso mudar de ideia amanhã sobre algo que penso hoje e tá tudo bem! Aprendi isso ontem, quando precisei mudar e me transformar no que hoje sou!

Entre Luzes e Sombras: O Drama da Composição


A fotografia nasce do diálogo entre a luz e a sombra. Uma não existe sem a outra, e é justamente nessa oposição que o olhar encontra o equilíbrio.


A luz revela, expõe, dá forma ao que estava oculto. Já a sombra guarda mistério, sugere o que não se mostra por completo, trazendo profundidade e silêncio à cena.


Quando se encontram em harmonia, luz e sombra compõem mais do que uma imagem: criam emoção. É o claro-escuro que dá intensidade a um retrato, que faz um olhar falar mais alto, que transforma um cenário comum em poesia visual.


Não há fotografia sem sombra, assim como não há vida sem contraste. É nesse jogo que se constrói o drama da composição — a escolha de mostrar ou esconder, de realçar ou suavizar.


Fotografar é compreender que a luz precisa da sombra para existir em sua plenitude. É aceitar que beleza e verdade se revelam no contraste, onde os extremos se tocam.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Carta aberta ao meu eu de amanhã


Eu não sei se consigo. Está difícil — tão difícil que até as palavras me pesam no peito. Mas saiba: estou indo além de todos os limites que imaginei suportar.


Se, por acaso, eu desistir no meio do caminho, não entenda como fraqueza. Entenda que lutei cada segundo com a esperança de te entregar algo melhor do que sou hoje. O eu de ontem é testemunha de quantas vezes precisei ser mais forte do que conseguia, mais firme do que podia, mais resistente do que acreditava ser.


Se amanhã eu não chegar inteira, me perdoa.
Perdoa por não ter sustentado todos os sonhos, por não ter conseguido carregar o peso que me exigiram, por não ter sido suficiente. Se eu desistir, você nunca chegará a ler esta carta — porque terei perdido a guerra dentro de mim.


Mas, se por acaso eu resistir só mais um pouco, saiba que foi por você. Para que viva o extraordinário que eu não me permiti viver.


Porque, mesmo cansada, ainda acredito que o amanhã pode me acolher com mais ternura do que o hoje.

A arte de ver Deus em tudo.
Essa, eu tenho.


Está no vento que dança entre as folhas, no silêncio que repousa entre um pensamento e outro.
Está no olhar que me acolhe, na dor que me ensina, no riso que liberta.
Está no detalhe esquecido, na simplicidade das coisas pequenas, no instante que se repete e, ainda assim, nunca é igual.


Ver Deus em tudo é reconhecer que o divino não se esconde atrás de altares distantes, mas se revela na vida que pulsa, mesmo no que parece comum.
É compreender que cada passo é sagrado, cada encontro é propósito, cada despedida também é bênção.


E assim sigo: não porque sei demais, mas porque sinto.
E sentir é, para mim, a forma mais pura de oração.

Seus olhos para mim são como o céu, não apenas pela beleza que se revela, mas pela profundidade que guardam.
Há neles uma vastidão que não se explica, um silêncio que acolhe, como se cada olhar fosse um convite a me perder e, ao mesmo tempo, a me encontrar.


Quando os contemplo, sinto que há um universo escondido, um mistério que não pede pressa, apenas entrega.
E é nesse mergulho que descubro que não se trata só de você, mas também daquilo que desperta em mim.

Há um lugar dentro de mim que não tem nome.
Não é sombra nem luz — é um silêncio que pulsa, como se guardasse o segredo de todas as respostas que nunca tive coragem de perguntar.


Ali, as memórias não se mostram em ordem, mas em fragmentos que se repetem como ondas. Cada lembrança traz um peso diferente, e cada peso molda um pouco mais quem sou. É um território onde o tempo não existe, mas onde cada instante tem o peso de uma eternidade.


Não é um lugar para visitas apressadas.
É preciso entrar devagar, com a respiração contida, aceitando que algumas verdades não se dizem — apenas se sentem.
Ali, o choro não é tristeza, é purificação. A dor não é inimiga, é guia. E a solidão não é ausência, é presença ampliada de si.


Talvez, no fundo, essa profundidade seja o que me mantém viva.
Porque é ali que encontro a mim mesma antes que o mundo me peça para ser outra.

Anjos e Demônios


Dentro de nós existe um campo de batalha silencioso.
Os anjos, que sussurram fé, esperança e coragem, disputam espaço com os demônios, que se vestem de medo, dúvida e crenças que nos aprisionam.


É uma guerra que poucos têm coragem de enxergar, porque olhar para dentro é desvelar verdades que nem sempre queremos admitir. Mais fácil, às vezes, é fingir que não há conflito, como se o silêncio fosse ausência de luta. Mas o silêncio também grita.


Os anjos nos levantam quando tudo parece desabar, enquanto os demônios tentam nos convencer de que não vale a pena recomeçar.
E assim seguimos, entre quedas e ressurgimentos, descobrindo que talvez não exista vitória definitiva, mas sim um equilíbrio: reconhecer que ambos existem em nós e, ainda assim, escolher, todos os dias, o lado da esperança.


Porque não é a ausência dos demônios que nos torna fortes, mas a capacidade de ouvir os anjos apesar deles.

Anjos e demônios


Dentro de mim, uma assembleia secreta.
Os anjos falam baixo, quase em sussurro, como se não quisessem interromper o ruído dos demônios.
Estes, ao contrário, gritam, esfregam suas verdades ásperas, lembram-me daquilo que eu gostaria de esquecer.


E entre uns e outros, eu.
Um corpo que pulsa, uma mente que hesita.
Ora creio no céu que me habita, ora me afundo na terra escura que me chama pelo nome.


É estranho reconhecer: não sou inteira luz, nem inteira sombra.
Sou essa travessia.
Esse campo de guerra onde o silêncio é mais cortante que o grito.
Onde cada escolha me revela ou me condena.


Mas no fundo — tão fundo que às vezes temo não alcançar — sei que até os demônios carregam um vestígio de inocência, e até os anjos guardam o perigo da vaidade.
Talvez viver seja isso: decifrar o enigma que existe no intervalo entre asas e abismos.

Nutro-me de Esperança


Mas não são os demônios que me alimentam — ao contrário, são eles que devoram pedaços que não lhes ofereci.
Eu, frágil, me volto ao céu, onde imagino um socorro que me ultrapassa.
De mim mesma nada sei, senão o cansaço que me habita, mas ainda assim creio. Creio em um Deus que me sustenta sem que eu entenda, um Deus que transborda até o vazio.
E, no entanto, mesmo no meio da fé, eu tremo. Porque dentro de mim existem enigmas que não se dissolvem, pensamentos que me limitam, vozes que dizem: “Não és vista”.
E nesse instante sou humana demais – humana a ponto de duvidar, ainda que creia.
É nesse paradoxo que existo: esperança e descrença, fé e sombra, luz que insiste em nascer da noite.

Quando o Mar é Você


Há dias em que não é o mundo que me engole — sou eu que me afundo em mim.
A superfície parece perto, mas é como vidro: vejo o sol lá em cima, sinto o calor à distância, e ainda assim não consigo atravessar.


Seria simples nadar, se o peso não estivesse costurado nos meus ossos.
Seria fácil pedir socorro, se a voz não se dissolvesse antes de chegar à boca.
E assim fico, boiando no sal da minha própria tristeza,
enquanto os outros, da praia, acenam como se fosse só mais um mergulho.


Dizem para nadar até a areia, mas não sabem que a areia já não existe para mim.
Que a ideia de “voltar” é tão distante quanto um porto que nunca conheci.
O mar é fundo, frio, e tem o mesmo nome que eu.


E no silêncio submerso, percebo:
às vezes não é que a gente queira se perder.
É que o cansaço de tentar se salvar
parece mais letal do que simplesmente deixar-se afundar.

O Peso de Sentir em Silêncio


É difícil lidar com a dor e, ao mesmo tempo, ter consciência dela.
Difícil lutar contra a vontade de desistir e, ao mesmo tempo, querer seguir.
Difícil segurar o próprio peso sem querer ser um peso para ninguém.


Eu sei o que carrego. Sei da minha dor, da minha luta. Sei que não sou o centro do mundo e que todos têm seus próprios problemas. Por isso, me contenho. Por isso, me silencio. Por isso, engulo as palavras antes que pareçam um pedido de socorro inconveniente.


Não quero ser fardo, não quero ser vítima, não quero estar sempre no mesmo lugar de vulnerabilidade. Eu tento. Eu busco. Eu me movimento. Mesmo quando parece impossível, eu me esforço.


Mas o que é mais difícil nisso tudo?
Talvez seja entender todo mundo enquanto ninguém me entende.
Talvez seja cuidar para não incomodar enquanto ninguém percebe o quanto dói.
Talvez seja ser forte o suficiente para lutar contra a dor, mas não o bastante para ser compreendida.


E assim sigo: entre a vontade de sumir e a necessidade de continuar. Entre o silêncio e o grito que nunca sai. Entre a consciência de tudo e a sensação de que minimizam.


Se soubessem quantas vezes ouvi palavras de onde menos esperava…
E como, em certos momentos, a vontade de morrer se torna um sussurro persistente só para que, no fim de tudo, percebam que era real – cada suspiro das palavras ditas e das que foram sufocadas dentro de mim.

Meu olhar, sobre tudo, revela segredos que o silêncio guarda.
Não falo, apenas observo. E nesse gesto de ver, encontro coisas que não têm nome, mas existem. Há uma dor que insiste em se esconder nas frestas, há uma esperança tímida que se veste de sombra. O olhar recolhe o que os outros deixam escapar, aquilo que não cabe nas palavras, mas que grita em silêncio.


Olhar é quase tocar o que não pode ser tocado. É sentir o mundo por dentro, mesmo quando o mundo fere por fora.

Um pensamento é semente: se fértil, floresce; se contaminado, pode envenenar o solo da alma.

A arte de olhar é também a arte de resistir.
De não se afogar nas próprias marés,
de aprender a respirar mesmo quando o silêncio pesa,
de transformar dor em força,
sofrimento em poesia.
Porque até nos dias mais sombrios,
há sempre um modo de florescer.

Carrego no olhar a música das coisas simples,
faço da vida poesia,
e do instante, eternidade.

Pascásio Custódio da Costa e a Empada de Aratu: Um Patrimônio Vivo


Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial de Sergipe em 2021, a empada de aratu do povoado Terra Caída, em Indiaroba, transcende o sabor para tornar-se um símbolo de identidade e memória coletiva. Seu guardião é Pascásio Custódio da Costa, conhecido como "Mestre Pascásio", que há mais de meio século dedica sua vida a essa iguaria que hoje atrai turistas e fortalece a economia local.


O que muitos não veem, porém, é que essa tradição vai além da cozinha: envolve o trabalho silencioso das catadoras de aratu, mulheres que mantêm viva a técnica artesanal de coleta e preparo do crustáceo, transmitida entre gerações. É delas que nasce o catado minucioso, base não só da famosa empada, mas também de pratos como a moqueca defumada na palha de bananeira, outra joia da culinária local.


Essa rede de saberes — Pascásio, as catadoras e a comunidade de Terra Caída — compõe um ciclo cultural raro, onde gastronomia, memória e pertencimento se entrelaçam. Mais do que um prato, a empada de aratu é um eco do passado que insiste em permanecer no presente, como testemunho vivo da força e do orgulho de um povo.

Verso de Esperança Quem aprende a esperar, descobre que o tempo também sabe curar.... Frase de Jorgeane Borges.

Verso de Esperança


Quem aprende a esperar, descobre que o tempo também sabe curar.

De Marisqueira a Empreendedora: O Sabor que Nasce das Raízes




Anatalia Costa carrega em suas mãos a força das marisqueiras. Filha de marisqueira, cresceu entre os manguezais de Terra Caída, onde o aratu era mais que um crustáceo: era sustento, herança e identidade. Hoje, transformou essa história em inspiração.


À frente da lanchonete Mac Wilson, Anatalia elevou o aratu à categoria de estrela gastronômica, criando iguarias que dão ainda mais orgulho à nossa cultura local. Seu famoso hambúrguer de catado de aratu é prova viva de como tradição e inovação podem caminhar juntas.


Sua dedicação e talento a levaram a conquistar o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, reconhecimento que evidencia como suas raízes e coragem abriram portas e inspiraram outras mulheres da comunidade.


Mas Terra Caída não é feita apenas de uma delícia. É um verdadeiro berço de sabores, onde encontramos almôndegas de aratu, geleias, doces, caldos, moquecas, mariscadas e a já tradicional empada que há tempos encanta moradores e visitantes.


Com cada receita, Anatalia não apenas alimenta, mas celebra a memória das suas ancestrais, valoriza o trabalho das marisqueiras e fortalece a nossa gastronomia, reafirmando que, aqui, cada prato carrega um pedaço de história, afeto e pertencimento.






@jorgeane_borges


#TerraCaída #GastronomiaLocal #RaízesQueAlimentam #CulturaViva

Monumento Aratu: Onde o Pertencimento Ganha Voz


Nas margens de Indiaroba, onde os manguezais guardam histórias e sustento, ergue-se o Monumento Aratu.
Mais que um cartão postal, ele é um marco vivo da nossa identidade, um espelho onde o nosso povo se reconhece.


O aratu, pequeno crustáceo que habita nossos manguezais, carrega o sabor das tradições e o peso do trabalho diário.
Nas mãos das marisqueiras, ele é sustento e herança. Ao som dos cantos e assovios entoados durante a pesca, nasce uma melodia única — símbolo de resistência e pertencimento — transformando o trabalho em um ritual que celebra nossas raízes.


Erguer o Monumento Aratu foi muito mais do que criar um ponto turístico: foi um ato de reconhecimento e orgulho.
Foi afirmar que nossa cultura tem força, que nosso povo merece ser visto e celebrado. Cada morador que olha para esse monumento vê um pedaço de si: sua história, suas memórias e as mãos calejadas que alimentam nossa cidade.


Esse sentimento de valorização vai além da arte. Nossa própria economia carrega esse símbolo: a moeda social digital Aratu, movimentada por cartões e aplicativos, circula dentro do município para fortalecer o comércio local e apoiar as famílias. Cada transação reafirma o compromisso com nosso crescimento coletivo e o pertencimento à nossa terra.


O Monumento Aratu é mais que uma escultura:


✨ É representatividade.
✨ É o canto das marisqueiras ecoando no tempo.
✨ É o assovio que guia o olhar atento pelos manguezais.
✨ É a lembrança viva das gerações que vieram antes.
✨ É a marca das mãos retalhadas, quebrando o aratu para nos sustentar.


Que cada visita, cada registro e cada olhar lançado a esse monumento desperte em nós a certeza de que pertencemos.
Porque, aqui, nossa história não está apenas escrita: ela está viva, cantada e celebrada todos os dias.




@jorgeane_borges

Ainda Floresce
Mesmo no solo rachado, a semente guarda sua primavera.


Amanhã Chegará
E com ele, o sol que hoje se esconde atrás das nuvens.


Enquanto Houver Céu
Haverá asas para quem acredita no voo.


O Peso que se Torna Asa
É na travessia que a dor se transforma em impulso.


O Dia em que Choveram Estrelas
Foi quando a noite decidiu devolver luz ao mundo.


E Se For Amor
Que seja daquelas forças que reconstroem ruínas.

Versos de esperança Amanhecer é a prova de que até a noite mais longa se rende ao recomeço.... Frase de Jorgeane Borges.

Versos de esperança


Amanhecer é a prova de que até a noite mais longa se rende ao recomeço.

Versos de esperança Há sementes que parecem mortas no frio, mas florescem quando menos esperamos.... Frase de Jorgeane Borges.

Versos de esperança


Há sementes que parecem mortas no frio, mas florescem quando menos esperamos.

Versos de esperança Um sopro de vida sempre encontra brecha até nas fendas mais secas do deserto.... Frase de Jorgeane Borges.

Versos de esperança


Um sopro de vida sempre encontra brecha até nas fendas mais secas do deserto.

Sabores da Infância


Há canções que, ao tocarem, não se limitam ao ouvido.
Elas atravessam o tempo, abrem portas escondidas e nos devolvem à infância.
É como se cada nota fosse um fio invisível, puxando memórias guardadas no fundo da alma.


Há sabores que não morrem, mesmo que a receita tenha se perdido.
Um pedaço de bolo simples, o cheiro do café coado, o doce na panela de cobre,
tudo isso nos devolve a pessoas queridas, a risadas ao redor da mesa,
aos dias em que a vida parecia mais lenta e mais viva.


A nostalgia tem esse poder:
não apenas lembrar, mas fazer sentir de novo.
Sentir a mão que já não seguramos,
o colo que já não existe,
o carinho que o tempo não levou, porque ficou em nós.


Cada música que ecoa, cada sabor que retorna,
é também um reencontro com quem fomos
e com aqueles que deixaram marcas suaves em nossa história.
É memória, é afeto, é vida que insiste em permanecer dentro de nós.


Porque o passado, quando é bom, nunca vai embora.
Ele se transforma em eco, em cheiro, em gosto, em canção.
E nos lembra que somos feitos disso:
de pessoas, de instantes e de tudo o que nunca deixou de existir em nós.

Versos de esperança Mesmo quando a noite parece engolir os caminhos, a alma ainda carrega um lume secreto que insiste em acender a escuridão.... Frase de Jorgeane Borges.

Versos de esperança


Mesmo quando a noite parece engolir os caminhos, a alma ainda carrega um lume secreto que insiste em acender a escuridão.

Ainda Floresce
Mesmo no solo rachado, a semente guarda sua primavera.


Amanhã Chegará
E com ele, o sol que hoje se esconde atrás das nuvens.


Enquanto Houver Céu
Haverá asas para quem acredita no voo.


O Peso que se Torna Asa
É na travessia que a dor se transforma em impulso.


O Dia em que Choveram Estrelas
Foi quando a noite decidiu devolver luz ao mundo.


E Se For Amor
Que seja daquelas forças que reconstroem ruínas.

Entre Silêncios e Vestígios

Há um peso que carrego, invisível aos olhos alheios, mas constante em cada batida do meu peito. Vivo entre olhares que não compreendem, sorrisos que escondem cansaço e palavras que jamais alcançam a profundidade do que sinto. A cada dia, tento organizar a mente, colocar sentimentos em ordem, enquanto o mundo espera uma versão minha que já não existe.

Não busco atenção, nem aplausos. Apenas a compreensão de que existir, para mim, é um esforço silencioso e contínuo. Já gritei em silêncio, já falei com o olhar, já tentei expressar-me pelo gesto, pela imagem, pelo texto, e mesmo assim muitos passam sem perceber. Alguns dizem que não sabiam, outros desviam o olhar, e o que resta é o eco de uma presença que luta para ser sentida.

Às vezes, desejo apenas descansar, me desligar do peso que se acumula sem solução, anestesiar a dor sem deixar de existir. Não se trata de desistir da vida, mas de sobreviver à intensidade de sentir tudo em excesso. É um cansaço que ninguém vê, uma batalha invisível que consome e exige resistência.

Sei que posso tocar alguém, mesmo que seja só um coração. Um gesto silencioso, uma mão estendida, um olhar que acolhe sem julgar. Isso é o que salva, mais do que palavras tardias, mais do que multidões de reconhecimento depois da ausência.

Minha existência deixa rastros em palavras, em imagens, em pequenos pedaços de mim espalhados pelo mundo. Cada fragmento é um vestígio de luta, de presença, de tentativa de conexão. E mesmo que jamais eu veja o impacto total, acredito que há propósito nesse caminhar, na honestidade de sentir e de me expressar, na coragem de permanecer sendo humana, apesar de tudo.

Porque, no fim, o que realmente importa não é ser compreendida por todos, mas ser fiel a mim mesma, ao meu sentir, e deixar que quem estiver pronto para enxergar, veja.

O Peso de Sentir em Silêncio


É difícil lidar com a dor e, ao mesmo tempo, ter consciência dela.
Difícil lutar contra a vontade de desistir e, ao mesmo tempo, querer seguir.
Difícil segurar o próprio peso sem querer ser um peso para ninguém.


Eu sei o que carrego. Sei da minha dor, da minha luta. Sei que não sou o centro do mundo e que todos têm seus próprios problemas. Por isso, me contenho. Por isso, me silencio. Por isso, engulo as palavras antes que pareçam um pedido de socorro inconveniente.


Não quero ser fardo, não quero ser vítima, não quero estar sempre no mesmo lugar de vulnerabilidade. Eu tento. Eu busco. Eu me movimento. Mesmo quando parece impossível, eu me esforço.


Mas o que é mais difícil nisso tudo?
Talvez seja entender todo mundo enquanto ninguém me entende.
Talvez seja cuidar para não incomodar enquanto ninguém percebe o quanto dói.
Talvez seja ser forte o suficiente para lutar contra a dor, mas não o bastante para ser compreendida.


E assim sigo: entre a vontade de sumir e a necessidade de continuar. Entre o silêncio e o grito que nunca sai. Entre a consciência de tudo e a sensação de que minimizam.


Se soubessem quantas vezes ouvi palavras de onde menos esperava…
E como, em certos momentos, a vontade de morrer se torna um sussurro persistente só para que, no fim de tudo, percebam que era real – cada suspiro das palavras ditas e das que foram sufocadas dentro de mim.

"Resiliência e Fé: Uma Jornada de Sobrevivência e Esperança"



⁠Flertar com a morte por mais de dois mil dias não é uma experiência que qualquer alma suporte sem cicatrizes profundas. Cada dia vivido, cada fôlego tomado, é uma vitória silenciosa, embora nem sempre celebrada. Em alguns momentos, a morte parece uma amante tentadora, sussurrando promessas de descanso e alívio. Ainda assim, não me deixei seduzir por ela.

Tenho um relacionamento regado pela fé com o Eterno, que, mesmo nos dias mais sombrios, não deixou de me embalar com promessas de dias melhores. Confesso que, em meio a esse caminho tortuoso, minha alma já se sentiu frágil, minha voz trêmula diante das tempestades internas. Mas fraqueza não é sinônimo de desistência.

Por mais que parecesse uma mulher fraca aos olhos de quem não conhece minhas batalhas, sou forte. Fui forte por mais de 48 mil horas. Tenho enfrentado um processo que parece infinito, mas sigo aqui — de pé, mesmo que com os joelhos trêmulos. Porque há algo em mim que se recusa a ceder, algo que insiste em acreditar que o amanhã pode ser melhor.

E assim sigo, um dia de cada vez, carregando cicatrizes que contam histórias, mas com a fé de que, ao final, a luz há de prevalecer sobre todas as sombras.



RETICÊNCIA


Ainda acredito no amor,
um amor que chega sorrateiro,
invadindo espaços que nem sabia serem meus;


  instala-se sem pedir licença,
  bagunça o que parecia tão certo,
  derruba certezas;


às vezes vem para acalmar,
ou para inquietar,
para fazer sentir o que estava adormecido;


  adianta se fechar?
  quando ele quer, ele entra
  e transforma tudo em morada;


como seria a vida sem ele?
sem o colo que acolhe,
sem o olhar que diz mais que palavras;


  quem, pela vida, não quer provar
  o gosto de gostar,
  com calma, desejo e permanência?


ficar no silêncio dos braços,
na pausa de um suspiro,
no instante em que dois corações se escolhem;


  amar também é isso:
  continuar e confiar,
  mesmo quando parece fim,
  como quem abre janelas.

Sensível e convidativa


No encontro entre luz e sombra, capturo emoções que não se apagam.
Escrevo para dar vida ao que o silêncio não pode conter.
Meu olhar não registra apenas o visível, mas o sentido que o tempo não leva.
Fotografia e escrita entrelaçadas, convidando você a sentir.

Poética e profunda Eternizo olhares e sentimentos onde o tempo se dobra. Minhas fotografias são a ponte entre o instante e a eternidade; minhas palavras, a voz ... Frase de Jorgeane Borges.

Poética e profunda

Eternizo olhares e sentimentos onde o tempo se dobra.
Minhas fotografias são a ponte entre o instante e a eternidade;
minhas palavras, a voz que rompe o silêncio da alma.
Aqui, cada imagem e texto revelam a essência invisível do ser.

https://linktr.ee/Jorgeaneborges

⁠A Visão do Beijo: Conexão Além do Toque

Imagine que, ao beijar, você não apenas toca outro corpo, mas atravessa uma porta invisível. A primeira sensação não é de um simples contato físico, mas de um mergulho profundo nas camadas da alma. É como se, por um breve momento, o mundo ao redor desaparecesse, e tudo o que restasse fosse a energia pura entre duas pessoas.

Nesse instante, cada movimento, cada suspiro, carrega em si uma troca silenciosa. Não é apenas o desejo que se acende, mas a consciência de que algo maior se faz presente. O beijo é uma troca de essências, um momento onde o corpo não tem fronteiras, onde os corações falam uma língua secreta.

Ali, o que importa não é o impulso, mas a entrega genuína. Não é o prazer imediato que buscamos, mas a profundidade de estar com o outro, de se deixar conhecer e de conhecer. O beijo é, então, o reflexo de tudo o que está guardado dentro, um convite à vulnerabilidade e à união.

É por isso que, ao beijar de verdade, você não pode simplesmente tocar qualquer pessoa. Só se você sentir que a alma do outro também está disposta a se mostrar, a se entregar. Quando isso acontece, o beijo se transforma. Ele não é só o movimento de lábios, mas o encontro de duas almas dispostas a se encontrar além da pele, a se tocar em um nível mais profundo.

Esse é o poder do beijo: a capacidade de nos levar a um lugar onde somos mais do que corpos, mais do que a materialidade do momento. Somos alma, energia, conexão.

⁠⁠ Tolerância consigo


Todo o seu conhecimento de hoje e sua experiência de vida, lhe custou seu velho eu.
Então seja gentil consigo mesma, tenha tolerância com suas decisões e erros passados, eles lhe trouxeram habilidades, conhecimentos e poder de decisão para que mude seu futuro.
O amanhã se constrói hoje! Não pare no tempo
O passado é um lugar onde nada pode ser mudado

Não sufoque seu antigo eu, saiba viver como nova criatura e não esqueça o preço que lhe custou essa transformação.

Cobre menos do seu antigo eu, viva seu presente e usufrua das experiências para que aja menos lamento no seu futuro bem próximo

⁠A Queima do Mastro Indiarobense: Tradição, Fé e Coragem

A Queima do Mastro Indiarobense é uma tradição centenária que se mantém viva no coração da população local, celebrada anualmente no dia 24 de junho. Mais do que uma simples festividade, essa prática é uma manifestação cultural carregada de simbolismo, fé e desafios.

A Pega do Mastro: O Início da Jornada

A celebração tem início com a Pega do Mastro, um cortejo vibrante ao som do samba de coco. Antes mesmo do sol raiar, os pistoletes anunciam o começo da festa, ecoando pelos becos e ruas. Em cima de um pau de arara, os participantes percorrem a cidade ao ritmo da cuíca e do tambor, enquanto a população dança às portas de suas casas, envolvida pela magia do momento.

A Busca na Mata: Escolha e Retirada do Mastro

O verdadeiro desafio, contudo, acontece mata adentro. Sem medir esforços, os homens do cortejo adentram a floresta em busca da árvore perfeita – adulta, de tronco resistente e altura imponente. A escolha é minuciosa, pois o mastro precisa suportar o peso dos prêmios e resistir ao fogo na noite da queima.

Com machados afiados, o corte se inicia, exigindo força e destreza. Mas a parte mais árdua vem em seguida: o arrasto do mastro para fora da mata. O esforço conjunto de vários homens é essencial para transportar a árvore, e a cada avanço, gritos de conquista ressoam como uma validação de toda a dedicação empregada.

O Retorno Triunfal: Fé e Celebração

Após vencer a mata, a árvore é amarrada ao pau de arara. Com todos os participantes a bordo, a comitiva retorna ao município, embalados pelo ritmo do samba de coco. Unidos em uma só voz, entoam:

"Ô São João
Ô São João
Ô São João"

Enquanto seguem viagem, as folhagens do mastro arrastam-se pelo chão, sinalizando sua grandiosidade – tamanha que nem mesmo o transporte consegue comportá-lo completamente.

A Preparação do Mastro: O Desafio Final

De volta à cidade, a árvore é preparada para a grande noite. Com arame, os participantes prendem tabocas repletas de prêmios nos galhos, garantindo que fiquem firmes. O buraco no solo é escavado, e com um esforço coletivo, o mastro é erguido. Ao seu redor, uma fogueira é cuidadosamente montada, pois será ela a responsável por iniciar o aguardado espetáculo da queima.

A Noite da Queima: Coragem e Tradição

À medida que a escuridão toma conta, a população se reúne para assistir a um dos momentos mais esperados: a queima do mastro. Os fogueteiros entram em ação, lançando espadas de fogo e soltando buscapés em uma coreografia perigosa, mas fascinante. O brilho das chamas ilumina os rostos dos espectadores, que acompanham atentamente o desenrolar do evento.

Quando finalmente o mastro vem ao chão, inicia-se a disputa pelos prêmios. Sob uma chuva de buscapés incandescentes, os mais destemidos se lançam para recolher os itens amarrados aos galhos, enquanto grupos rivais atiram buscapés contra o tronco caído. No meio do caos, fogueteiros munidos de facões avançam na escuridão, iluminados apenas pelas chamas dos próprios artefatos que soltam.

Uma Tradição que Perpassa Gerações

A Queima do Mastro Indiarobense é uma tradição que atravessa gerações há mais de um século. A cada ano, novos participantes se somam àqueles que já carregam cicatrizes e histórias para contar. Embora alguns saiam queimados e acidentados, o espírito da festa permanece inabalável, e a paixão por esse ritual perigoso e emocionante faz com que todos retornem, ano após ano, para reviver a tradição.

Mais do que um evento, essa celebração representa a resistência cultural e a identidade de um povo que encontra na fé, na coragem e na união a força para manter viva uma das mais autênticas manifestações do folclore nordestino.

Cinza


Há fases que chegam como um sopro frio.
Momentos que parecem longos demais, silenciosos demais.
A vida continua, mas tudo ao redor parece coberto por uma mesma cor: cinza.


Não é um tempo de sorrisos fáceis nem de calor no peito.
É o tempo das pausas, das esperas, das perguntas que não têm resposta.
O tempo em que a alma aprende a caminhar devagar.


E, mesmo assim, existe beleza aqui.
Ela não grita, não se exibe, é discreta, quase tímida.
Só é vista por quem olha com mais do que os olhos.


Porque até nos dias sem brilho,
há algo que se move, que resiste, que permanece vivo.
E é isso que, um dia, prepara o coração
para reconhecer o sol quando ele voltar.

⁠⁠
Pingos de Chuva

Dias chuvosos nos desacelera!
Independente da pressa precisamos reduzir.
Nos permitindo pausar!
Ouvindo o som que acalma até a alma, os pingos de Chuva.

Entre uma gota e outra há um intervalo de tempo em que conseguimos olhar para dentro, colecionar e reviver memórias com cheiro, som e sabor.

A perfeita calmaria que nos permite reiniciar e reconectar-se com a vida que se refaz gota a gota.

⁠Efêmero e Infinito

Quando eu for, um dia desses,
poeira, levada pelo vento,
quero ser como as estrelas—
que mesmo quando morrem,
não se apagam.

Que meu brilho, mesmo distante,
ainda toque olhares,
ainda ilumine caminhos,
ainda ecoe na memória
de quem um dia me viu brilhar.

Que eu permaneça,
não apenas na lembrança,
mas no sentir.


#AtravésDoMeuOlhar

De Marisqueira a Empreendedora: O Sabor que Nasce das Raízes




Anatalia Costa carrega em suas mãos a força das marisqueiras. Filha de marisqueira, cresceu entre os manguezais de Terra Caída, onde o aratu era mais que um crustáceo: era sustento, herança e identidade. Hoje, transformou essa história em inspiração.


À frente da lanchonete Mac Wilson, Anatalia elevou o aratu à categoria de estrela gastronômica, criando iguarias que dão ainda mais orgulho à nossa cultura local. Seu famoso hambúrguer de catado de aratu é prova viva de como tradição e inovação podem caminhar juntas.


Sua dedicação e talento a levaram a conquistar o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, reconhecimento que evidencia como suas raízes e coragem abriram portas e inspiraram outras mulheres da comunidade.


Mas Terra Caída não é feita apenas de uma delícia. É um verdadeiro berço de sabores, onde encontramos almôndegas de aratu, geleias, doces, caldos, moquecas, mariscadas e a já tradicional empada que há tempos encanta moradores e visitantes.


Com cada receita, Anatalia não apenas alimenta, mas celebra a memória das suas ancestrais, valoriza o trabalho das marisqueiras e fortalece a nossa gastronomia, reafirmando que, aqui, cada prato carrega um pedaço de história, afeto e pertencimento.






@jorgeane_borges


#TerraCaída #GastronomiaLocal #RaízesQueAlimentam #CulturaViva

A PERMANÊNCIA DA ORIGINALIDADE E DA CULTURA LOCAL


A cultura de um povo é seu alicerce, sua identidade, aquilo que o torna único em meio a tantas influências externas. Manter essa originalidade não significa rejeitar referências de fora, mas preservar o que nos distingue, o que faz parte de nossa essência e de nossas tradições.


Em um mundo cada vez mais globalizado, é comum que elementos culturais se misturem e que novas influências cheguem até nós. No entanto, é fundamental compreender que valorizar o que é nosso não exige que nos moldemos ao que vem de outras cidades ou regiões para sermos reconhecidos. Pelo contrário, é no simples, bem feito, na constância e na organização que a verdadeira beleza das nossas raízes se fortalece.


A preservação cultural não é apenas uma questão de estética ou de manter costumes antigos por tradição. Ela é um ato de resistência e de identidade. Quando cuidamos das nossas práticas, festas populares, histórias e expressões artísticas, estamos assegurando que nossa essência continue viva e seja transmitida às próximas gerações.


Manter a originalidade é valorizar a memória coletiva, é reconhecer que cada canto do país tem suas próprias narrativas, símbolos e manifestações que merecem ser respeitados. A diversidade cultural brasileira é justamente o que a torna tão rica, e cada povo tem um papel essencial nesse mosaico.


Defender nossa cultura é investir em pertencimento, é criar laços entre passado, presente e futuro. É garantir que o que nos torna singulares não se perca em meio às influências passageiras. Ao respeitar e fortalecer nossas tradições, não apenas preservamos nossa identidade, mas também oferecemos ao mundo um exemplo genuíno de quem somos.


É essa permanência da originalidade que mantém viva a alma de um povo e dá sentido à sua história.

Monumento Aratu: Onde o Pertencimento Ganha Voz


Nas margens de Indiaroba, onde os manguezais guardam histórias e sustento, ergue-se o Monumento Aratu.
Mais que um cartão postal, ele é um marco vivo da nossa identidade, um espelho onde o nosso povo se reconhece.


O aratu, pequeno crustáceo que habita nossos manguezais, carrega o sabor das tradições e o peso do trabalho diário.
Nas mãos das marisqueiras, ele é sustento e herança. Ao som dos cantos e assovios entoados durante a pesca, nasce uma melodia única — símbolo de resistência e pertencimento — transformando o trabalho em um ritual que celebra nossas raízes.


Erguer o Monumento Aratu foi muito mais do que criar um ponto turístico: foi um ato de reconhecimento e orgulho.
Foi afirmar que nossa cultura tem força, que nosso povo merece ser visto e celebrado. Cada morador que olha para esse monumento vê um pedaço de si: sua história, suas memórias e as mãos calejadas que alimentam nossa cidade.


Esse sentimento de valorização vai além da arte. Nossa própria economia carrega esse símbolo: a moeda social digital Aratu, movimentada por cartões e aplicativos, circula dentro do município para fortalecer o comércio local e apoiar as famílias. Cada transação reafirma o compromisso com nosso crescimento coletivo e o pertencimento à nossa terra.


O Monumento Aratu é mais que uma escultura:


✨ É representatividade.
✨ É o canto das marisqueiras ecoando no tempo.
✨ É o assovio que guia o olhar atento pelos manguezais.
✨ É a lembrança viva das gerações que vieram antes.
✨ É a marca das mãos retalhadas, quebrando o aratu para nos sustentar.


Que cada visita, cada registro e cada olhar lançado a esse monumento desperte em nós a certeza de que pertencemos.
Porque, aqui, nossa história não está apenas escrita: ela está viva, cantada e celebrada todos os dias.




@jorgeane_borges

Carta aos que Sentem Demais


A vocês, que carregam o mundo nos ombros e o coração nas mãos, escrevo.
Sei como é viver à flor da pele, como se cada olhar fosse um poema, cada silêncio uma tempestade. Sentir demais é como ter uma alma sem pele: tudo toca, tudo invade, tudo dói, mas também é assim que vocês veem beleza onde ninguém vê.


Vocês, que transformam dor em arte, silêncio em música e lembrança em poesia, são feitos de um tecido raro, quase transparente. São o que o mundo não entende, mas precisa: profundidade em meio à pressa, delicadeza diante do caos.


Que nunca deixem que digam que "sentir demais" é fraqueza. É força. É o que move pincéis, afina instrumentos e acende palavras no papel. É o que mantém viva a chama de um espírito criativo que insiste em enxergar sentido até no que parece ruir.


Sigam. Sintam. Transformem.
Pois é da sensibilidade de vocês que o mundo bebe a esperança que esqueceu de cultivar.




6 de Agosto de 2025

⁠Camadas

Sou feita de camadas, e quem me vê de longe pode achar que sou fechada, difícil de alcançar. Mas a verdade é que cada camada tem um propósito, um tempo, um significado.

Não me entrego de imediato, porque sei que o que é profundo precisa ser descoberto pouco a pouco. Como um jogo onde cada nível revela algo novo, onde a cada avanço a intimidade cresce, a conexão se fortalece, o laço se estreita.

Alguns desistem antes de tentar. Outros se frustram porque acham que deveriam ter tudo de mim de uma vez. Mas aqueles que compreendem, que têm paciência para desbravar cada camada, descobrem que, no centro, há algo raro.

Porque meu amor não se dá pela metade. Meu sentir não é superfície. Para quem tiver coragem de ir além, há um mundo inteiro a ser explorado dentro de mim.

Moça e a Canção

Ela sorri ao ouvir os primeiros acordes. A melodia não é apenas uma música—é um espelho. Um retrato dela, pintado pelas palavras de alguém que a enxerga como ninguém.

— "Moça do cabelo bonito, da boca gostosa, da pele cheirosa..."

Ela ri, meio sem graça, meio encantada. Já ouviu elogios antes, mas ali, naquela canção, eles ganham outro peso. Não são apenas palavras soltas, são pedaços de sentimento embalados em ritmo.

— "Seu beijo é mais gostoso que pudim com leite moça."

— “Você exagera…” — diz ela, sem esconder o brilho nos olhos. Mas no fundo, sabe que ali não há exagero, apenas verdade.

Ele canta para ela, com a voz leve de quem se entrega sem medo. E ela, por mais que tente manter a compostura, já está entregue faz tempo.

— “Juro por Deus, eu não queria me envolver, mas já tô envolvido…”

Ela desvia o olhar por um instante. Também não planejou se perder naquele amor, mas agora, como sair? Como devolver o que já é dele, se no primeiro beijo seu coração foi morar com ele?

Suspira, balança a cabeça, finge não se importar. Mas ele percebe. Sempre percebe.

— "Moça, cê bagunçou com o meu juízo."

Ela cruza os braços e sorri de canto.

— "E o que eu faço com isso?" — provoca.

Ele não responde. Apenas puxa sua mão, aproximando-a no ritmo da música. Porque algumas respostas não precisam de palavras. E naquele instante, tudo que importa é que a canção os envolva, como se fosse feita apenas para eles.

⁠Moça, você é a razão de tantas músicas na minha cabeça e um sorriso no meu rosto. Desde o primeiro olhar, algo mudou em mim. Seu cabelo, sua pele, seu cheiro... tudo em você me leva a um paraíso que eu nunca soube que existia. Teu beijo? Ah, teu beijo é como o pudim mais doce, que me faz perder a noção do tempo e me deixa querendo mais. Não sei como, mas você entrou na minha vida de uma forma tão intensa, e agora não há mais volta. De alguma forma, você transformou meu mundo, e agora, toda vez que penso em você, é como se o paraíso fosse meu lugar de novo. Moça, você fez mais do que me seduzir... me fez acreditar no poder de um amor simples, mas infinito.

Versos de Esperança Que nunca falte luz nas mãos que moldam o invisível, nem coragem nos olhos que ousam sonhar. Pois cada traço, cada som, é uma janela aberta ... Frase de Jorgeane Borges.

Versos de Esperança


Que nunca falte luz nas mãos que moldam o invisível,
nem coragem nos olhos que ousam sonhar.
Pois cada traço, cada som,
é uma janela aberta
para o amanhã que insiste em nascer.


06 de agosto de 2025

Cartas ao Céu




Oração escrita, poesia da alma calada.
Inteira, mesmo estando quebrada.
Há pedaços de mim espalhados em cada verso,
mas é na fragmentação que encontro forma.


Escrevo como quem costura rachaduras,
como quem transforma silêncio em cura.
Minha fé não grita, ela sussurra baixinho,
enquanto recolho os cacos
e descubro que ainda brilham.


Porque mesmo partida, sou inteira.
Inteira de sentimentos,
inteira de verdades,
inteira na esperança que me segura
quando tudo parece desabar.

Orações Escritas


O Peso de Compreender – Entre a Razão e a Entrega


Ah, Senhor, sempre fui essa menina que busca ter entendimento.
Que tenta fazer uso da compreensão, que se esforça para se colocar no lugar de todos, mesmo quando falham comigo e me machucam.
Recolho-me em minha dor. Claro, sou humana, tenho o desejo de esbravejar, mas me calo e vou analisar, porque me pergunto: por que isso? Então saio de mim e me coloco no lugar do outro, tentando entender seus motivos e razões.
Assim, de uma perspectiva diferente, faço aquilo que o outro não se deu o trabalho de fazer, tentando justificar o outro para mim mesma.


Mas o que me justifica? Quem se coloca no meu lugar? Às vezes, quase sempre, me pergunto se estou fazendo o certo, o justo.
Mas como equilibrar, se muitas vezes falamos e agimos de maneira contraditória, querendo acertar? Se não falhamos com o outro, falhamos conosco.


Eu não tive tempo para errar, Deus, para aprender com os erros; constantemente cobrada, observada e manipulada a ser como sou.
Porque o direcionamento, na maioria das vezes, é isso: você segue caminhos, escolhas e toma decisões que nem sempre foram sua vontade.
Alguém plantou uma semente de medo, um desejo e até limites.


E no fim, me pergunto: quem me justifica, quem me acolhe, quem me vê? Que sejas o Senhor a me justificar. Que me enxergues como sou e tudo que há em mim. Essa é a minha prece.

Fragmentos que Ecoam


Há instantes que o tempo não leva.
Eles permanecem, suspensos,
como se aguardassem o toque de um olhar
para voltarem a existir.


Não é sobre a imagem em si.
É sobre quem escolheu parar,
sentir, priorizar e preservar um pedaço do mundo.
Sobre quem decidiu que aquele segundo
não poderia se perder no esquecimento.


Cada fotografia é uma ponte:
não liga apenas o passado ao presente,
mas reconecta o coração
às sensações que moldaram quem somos.


No fim, não é sobre a foto,
mas sobre o ato de lembrar.
Sobre guardar, dentro de si,
as marcas invisíveis das emoções
que insistem em ecoar.

Num instante, o olhar aprisiona o tempo, e a memória ganha eternidade.... Frase de Jorgeane Borges.

Num instante, o olhar aprisiona o tempo, e a memória ganha eternidade.

Carta aos Artistas


A vocês que mergulham onde poucos ousam entrar,
que transformam silêncio em palavra,
dor em poesia,
e notas soltas em melodias que curam.


Ser artista é viver com os sentidos à flor da pele,
perceber o que passa despercebido,
ouvir a música escondida no vento,
e enxergar cores que o mundo ainda não aprendeu a nomear.


Vocês conhecem a solidão criativa,
o peso doce da introspecção,
os mergulhos que parecem não ter fim.
E ainda assim, dessa profundidade,
trazem à tona o indizível,
e o fazem soar como verdade.


A arte é a prova de que a alma respira.
Seja pela pintura, pela dança,
pela palavra escrita ou pelo som que vibra no ar,
vocês eternizam sensações que não cabem na fala.


Sigam, artistas.
Continuem afinando sentimentos como cordas de um instrumento,
transformando fragmentos de vida em algo que ecoa.


Vocês não apenas criam.
Vocês revelam o invisível,
dão voz ao silêncio,
e nos lembram que sentir —
é, em si, um ato de resistência.




6 de Agosto de 2025

A Miragem


Há caminhos que só os olhos da alma conseguem ver.
À distância, parecem tão nítidos quanto um sonho desperto,
mas quando nos aproximamos, dissolvem-se,
como areia levada pelo vento.


A miragem não engana, ela revela.
Mostra a sede que carregamos,
o desejo escondido por trás do horizonte, um destino que criamos aqui dentro do peito.
Ela é o reflexo do que buscamos,
mesmo quando não temos nome para o que sentimos.


Talvez não seja sobre chegar até ela,
mas sobre o quanto caminhamos por acreditar que existe.
Porque é no percurso, entre o real e o ilusório,
que descobrimos nossa própria essência:
somos feitos de passos e esperanças,
mesmo quando o chão parece infinito
e o oásis nunca chega.


A miragem é um lembrete silencioso:
há beleza também naquilo que não se toca,
há verdade até mesmo na ilusão
que nos faz continuar a andar.

⁠A Presença Que Salva

Setembro Amarelo deveria ser mais do que um convite para falar. Porque nem sempre conseguimos. A mente de quem vive com depressão é um labirinto de pensamentos desordenados, onde encontrar as palavras certas para explicar o que se sente é quase impossível.

Muitas vezes, o que precisamos não é alguém nos dizendo "conte comigo" e depois desaparecendo, mas alguém que fique, mesmo no silêncio. Que segure nossa mão, sem soltar. Que entenda que às vezes não queremos falar, só precisamos de um abraço, de uma presença que não exija explicações, que apenas diga: "Estou aqui, com você. E não vou a lugar nenhum."

É essa ajuda silenciosa que salva. Um olhar que acolhe sem pressionar, uma companhia que não julga o choro, a tristeza ou a vontade de nada. Uma presença que transforma a solidão em algo suportável.

A campanha não deveria ser sobre pressionar o depressivo a falar, mas sobre ensinar as pessoas a estarem presentes, realmente presentes. Porque o que salva, muitas vezes, não é a palavra, mas o acolhimento. E há um tipo de amor que não precisa de som — só de presença.

⁠Me devore...
Mas não com pressa.
Com fome. Com intenção. Com a delicadeza de quem sabe que o toque começa antes dos dedos — começa no olhar, no pensamento, no arrepio que antecede o gesto.

Me devore com a boca, mas também com a presença.
Com o silêncio que escuta o que meu corpo não diz, mas implora.
Me devore nos detalhes — no canto da minha boca, no contorno da minha respiração, no som que faço quando me sinto segura.

Me devore sem pressa de acabar.
E quando achar que já me teve, queira mais.
Sinta fome de novo. E de novo.
Me descubra diferente a cada toque, me sinta nova mesmo depois de me despir mil vezes.

Me devore com alma.
Não me queira só para o prazer do corpo, mas para o prazer da presença.
Sinta desejo pelo que sou quando estou calada, quando estou entregue, quando estou ali, inteira, e ainda assim, misteriosa.

Me devore com os olhos, mesmo de longe.
Me deseje na ausência. Me saboreie na lembrança.
Que meu cheiro te embriague, que minha voz te acompanhe no silêncio do dia.
Que minha pele fique na tua, mesmo depois do banho.

Me devore em silêncio e em gritos.
Nos gestos mais suaves e nos instantes de descontrole.
E mesmo quando tudo parecer saciado, que ainda exista vontade.
Que exista sobremesa. Que exista manhã. Que exista depois.

Me devore...
Como quem sabe que fome assim, não se mata.
Se cultiva.

⁠Ao invés de braço, a saudade bem que poderia ter voz. Talvez assim não apertasse tanto, e, ao ecoar por aí, servisse para trazer de volta quem a gente ama.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Ao invés de braço, a saudade bem que poderia ter voz.
Talvez assim não apertasse tanto,
e, ao ecoar por aí, servisse para trazer de volta
quem a gente ama.

Pascásio Custódio da Costa e a Empada de Aratu: Um Patrimônio Vivo


Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial de Sergipe em 2021, a empada de aratu do povoado Terra Caída, em Indiaroba, transcende o sabor para tornar-se um símbolo de identidade e memória coletiva. Seu guardião é Pascásio Custódio da Costa, conhecido como "Mestre Pascásio", que há mais de meio século dedica sua vida a essa iguaria que hoje atrai turistas e fortalece a economia local.


O que muitos não veem, porém, é que essa tradição vai além da cozinha: envolve o trabalho silencioso das catadoras de aratu, mulheres que mantêm viva a técnica artesanal de coleta e preparo do crustáceo, transmitida entre gerações. É delas que nasce o catado minucioso, base não só da famosa empada, mas também de pratos como a moqueca defumada na palha de bananeira, outra joia da culinária local.


Essa rede de saberes — Pascásio, as catadoras e a comunidade de Terra Caída — compõe um ciclo cultural raro, onde gastronomia, memória e pertencimento se entrelaçam. Mais do que um prato, a empada de aratu é um eco do passado que insiste em permanecer no presente, como testemunho vivo da força e do orgulho de um povo.

A PERMANÊNCIA DA ORIGINALIDADE E DA CULTURA LOCAL


A cultura de um povo é seu alicerce, sua identidade, aquilo que o torna único em meio a tantas influências externas. Manter essa originalidade não significa rejeitar referências de fora, mas preservar o que nos distingue, o que faz parte de nossa essência e de nossas tradições.


Em um mundo cada vez mais globalizado, é comum que elementos culturais se misturem e que novas influências cheguem até nós. No entanto, é fundamental compreender que valorizar o que é nosso não exige que nos moldemos ao que vem de outras cidades ou regiões para sermos reconhecidos. Pelo contrário, é no simples, bem feito, na constância e na organização que a verdadeira beleza das nossas raízes se fortalece.


A preservação cultural não é apenas uma questão de estética ou de manter costumes antigos por tradição. Ela é um ato de resistência e de identidade. Quando cuidamos das nossas práticas, festas populares, histórias e expressões artísticas, estamos assegurando que nossa essência continue viva e seja transmitida às próximas gerações.


Manter a originalidade é valorizar a memória coletiva, é reconhecer que cada canto do país tem suas próprias narrativas, símbolos e manifestações que merecem ser respeitados. A diversidade cultural brasileira é justamente o que a torna tão rica, e cada povo tem um papel essencial nesse mosaico.


Defender nossa cultura é investir em pertencimento, é criar laços entre passado, presente e futuro. É garantir que o que nos torna singulares não se perca em meio às influências passageiras. Ao respeitar e fortalecer nossas tradições, não apenas preservamos nossa identidade, mas também oferecemos ao mundo um exemplo genuíno de quem somos.


É essa permanência da originalidade que mantém viva a alma de um povo e dá sentido à sua história.

De Marisqueira a Empreendedora: O Sabor que Nasce das Raízes




Anatalia Costa carrega em suas mãos a força das marisqueiras. Filha de marisqueira, cresceu entre os manguezais de Terra Caída, onde o aratu era mais que um crustáceo: era sustento, herança e identidade. Hoje, transformou essa história em inspiração.


À frente da lanchonete Mac Wilson, Anatalia elevou o aratu à categoria de estrela gastronômica, criando iguarias que dão ainda mais orgulho à nossa cultura local. Seu famoso hambúrguer de catado de aratu é prova viva de como tradição e inovação podem caminhar juntas.


Sua dedicação e talento a levaram a conquistar o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, reconhecimento que evidencia como suas raízes e coragem abriram portas e inspiraram outras mulheres da comunidade.


Mas Terra Caída não é feita apenas de uma delícia. É um verdadeiro berço de sabores, onde encontramos almôndegas de aratu, geleias, doces, caldos, moquecas, mariscadas e a já tradicional empada que há tempos encanta moradores e visitantes.


Com cada receita, Anatalia não apenas alimenta, mas celebra a memória das suas ancestrais, valoriza o trabalho das marisqueiras e fortalece a nossa gastronomia, reafirmando que, aqui, cada prato carrega um pedaço de história, afeto e pertencimento.






@jorgeane_borges


#TerraCaída #GastronomiaLocal #RaízesQueAlimentam #CulturaViva

Monumento Aratu: Onde o Pertencimento Ganha Voz


Nas margens de Indiaroba, onde os manguezais guardam histórias e sustento, ergue-se o Monumento Aratu.
Mais que um cartão postal, ele é um marco vivo da nossa identidade, um espelho onde o nosso povo se reconhece.


O aratu, pequeno crustáceo que habita nossos manguezais, carrega o sabor das tradições e o peso do trabalho diário.
Nas mãos das marisqueiras, ele é sustento e herança. Ao som dos cantos e assovios entoados durante a pesca, nasce uma melodia única — símbolo de resistência e pertencimento — transformando o trabalho em um ritual que celebra nossas raízes.


Erguer o Monumento Aratu foi muito mais do que criar um ponto turístico: foi um ato de reconhecimento e orgulho.
Foi afirmar que nossa cultura tem força, que nosso povo merece ser visto e celebrado. Cada morador que olha para esse monumento vê um pedaço de si: sua história, suas memórias e as mãos calejadas que alimentam nossa cidade.


Esse sentimento de valorização vai além da arte. Nossa própria economia carrega esse símbolo: a moeda social digital Aratu, movimentada por cartões e aplicativos, circula dentro do município para fortalecer o comércio local e apoiar as famílias. Cada transação reafirma o compromisso com nosso crescimento coletivo e o pertencimento à nossa terra.


O Monumento Aratu é mais que uma escultura:


✨ É representatividade.
✨ É o canto das marisqueiras ecoando no tempo.
✨ É o assovio que guia o olhar atento pelos manguezais.
✨ É a lembrança viva das gerações que vieram antes.
✨ É a marca das mãos retalhadas, quebrando o aratu para nos sustentar.


Que cada visita, cada registro e cada olhar lançado a esse monumento desperte em nós a certeza de que pertencemos.
Porque, aqui, nossa história não está apenas escrita: ela está viva, cantada e celebrada todos os dias.




@jorgeane_borges

A Miragem


Há caminhos que só os olhos da alma conseguem ver.
À distância, parecem tão nítidos quanto um sonho desperto,
mas quando nos aproximamos, dissolvem-se,
como areia levada pelo vento.


A miragem não engana, ela revela.
Mostra a sede que carregamos,
o desejo escondido por trás do horizonte, um destino que criamos aqui dentro do peito.
Ela é o reflexo do que buscamos,
mesmo quando não temos nome para o que sentimos.


Talvez não seja sobre chegar até ela,
mas sobre o quanto caminhamos por acreditar que existe.
Porque é no percurso, entre o real e o ilusório,
que descobrimos nossa própria essência:
somos feitos de passos e esperanças,
mesmo quando o chão parece infinito
e o oásis nunca chega.


A miragem é um lembrete silencioso:
há beleza também naquilo que não se toca,
há verdade até mesmo na ilusão
que nos faz continuar a andar.

Num instante, o olhar aprisiona o tempo, e a memória ganha eternidade.... Frase de Jorgeane Borges.

Num instante, o olhar aprisiona o tempo, e a memória ganha eternidade.

Fragmentos que Ecoam


Há instantes que o tempo não leva.
Eles permanecem, suspensos,
como se aguardassem o toque de um olhar
para voltarem a existir.


Não é sobre a imagem em si.
É sobre quem escolheu parar,
sentir, priorizar e preservar um pedaço do mundo.
Sobre quem decidiu que aquele segundo
não poderia se perder no esquecimento.


Cada fotografia é uma ponte:
não liga apenas o passado ao presente,
mas reconecta o coração
às sensações que moldaram quem somos.


No fim, não é sobre a foto,
mas sobre o ato de lembrar.
Sobre guardar, dentro de si,
as marcas invisíveis das emoções
que insistem em ecoar.

O Eco das Memórias


A fotografia é mais do que uma imagem estática. É um fragmento do tempo que ousou permanecer. Guardar uma memória revelada, é eternizar instantes que, de outra forma, escorreriam pelos dedos. Cada fotografia é uma história contada sem palavras, aberta a múltiplas interpretações, capaz de despertar lembranças e sentimentos únicos em quem a observa.


Mas a verdadeira narrativa, aquela que pulsa por trás da imagem, só pode ser desvelada pelo olhar que a capturou. Porque é nesse olhar que vive o instante exato em que a luz, o silêncio e a emoção se encontraram para formar um eco no tempo, um eco que resiste, que fala, que permanece.


Fotografar é mais do que registrar: é transformar momentos em eternidade e silêncios em memórias que nunca se calam.

⁠O diálogo é, antes de tudo, um pedido sutil de cuidado. Mesmo quando parece banal ou corriqueiro, há entrelinhas pedindo presença, escuta, consideração. Quando o silêncio chega, ele já não é mais paz — é ausência. É o eco do que foi ignorado, negligenciado, esquecido. O silêncio, nesse contexto, não é escolha, é cansaço. É o ponto final de muitas vírgulas não lidas. Ele sinaliza desistência, mostra que o outro já não enxerga sentido em tentar se fazer entender.

E quando isso acontece, você começa a perder. Perde o vínculo, perde a confiança, perde a chance de fazer diferente. Porque quem cala já gritou demais por dentro. E aqui, neste ponto, deixo de cuidar. Não por falta de amor, mas por amor próprio. Deixo de cuidar de quem não soube cuidar da minha tentativa de permanecer.

⁠Beija-me

Beija-me como quem chega em casa depois de muito tempo.
Como quem reconhece o sabor da alma no toque da boca.
Sem pressa. Sem ensaio.
Mas com aquela vontade que carrega o tempo todo.

Beija-me com os olhos também.
Com os dedos. Com o pensamento.
Beija as minhas dúvidas até que elas se rendam,
e os meus silêncios até que virem som.

Beija-me pra além da pele.
Entre as palavras não ditas,
nas pausas da respiração,
no espaço entre um suspiro e outro.

Quero um beijo que acolha, mas acenda.
Que abrace, mas incendeie.
Que não peça licença,
mas saiba o momento exato de invadir.

Beija-me como quem sabe que estou faminta,
mas que minha fome é de algo que só se encontra quando a alma também se abre.
Beija-me como se cada toque fosse um recomeço,
e cada fim, apenas uma promessa de mais.

E se for pra ser beijo,
que seja inteiro.
Que me cale.
Que me entregue.
Que me eleve.

Beija-me como quem entende
que a boca é só a porta —
e o desejo,
é tudo o que vem depois.

⁠Fujo do Amor (mas ainda espero por ele)

Eu fujo do amor.
E não é porque não acredito.
É porque, quando ele chega, eu tremo.
Tremo porque já acreditei antes…
E fiquei com as mãos cheias de nada.

Eu fujo do amor porque ele sabe entrar,
mas nem sempre sabe ficar.
E eu tenho medo.
Medo de ser mais uma vez abrigo temporário.
De ser casa que acolhe e depois vira lembrança.

Mas eu também quero.
Quero esse amor que não chega gritando,
mas se aproxima devagar e fica.
Que entende o meu silêncio.
Que não me cobra ser forte o tempo inteiro.

Fujo…
mas se me olham com verdade,
se me tocam com cuidado,
eu desarmo.
Porque, no fundo, eu ainda espero.

Espero por alguém que venha com presença,
com firmeza no gesto e leveza no olhar.
Que me beije como quem tem tempo.
Que me deseje, mas também me cuide.
Que não corra quando me encontrar vulnerável.

Então sim, eu fujo.
Mas se for amor de verdade…
pode vir atrás de mim devagar.
Pode me alcançar.
Pode me mostrar que amar não é sempre perder.
E que, dessa vez,
eu não vou precisar me despedir de novo.

⁠Visceral

Eu não quero alguém que simplesmente me deseje.
Que, depois do gozo, se afaste.
E só lembre de mim quando a necessidade física apertar.

Eu quero mais do que desejo.
Quero alguém que me devore por inteira —
e ainda assim, sinta fome.

Que, toda vez que lembrar de mim, se acenda.
E mesmo me tendo nos braços, esse fogo não se apague.

Eu não quero só um tesão físico.
Quero um tesão de alma.
Um tesão pela vida. Pela minha presença.
Pelo meu cheiro, pelo meu gosto, pelo som da minha voz.

Tesão até na minha ausência.

Quero cumplicidade.
Que a pessoa seja meu cúmplice — em todas as loucuras.
E vice-versa.

Que haja combinados e surpresas.
Mas que tudo seja saciedade.

Aquela saciedade de quem está satisfeito…
mas ainda tem fome.
E já pensa no depois.
Na sobremesa.
No jantar.
E no café da manhã.

Se é que você me entende.

Estou falando de desejo profundo.
Não de sexo casual, de uma, duas ou três vezes —
seguido de silêncio e arrependimentos.

Quero alguém que, a cada troca e intimidade,
tenha ainda mais certeza de que me deseja.

E que se aproxime involuntariamente,
só pra repousar no meu cheiro.

E que, mesmo querendo ficar quietinho,
se acenda… só de respirar perto.

Consciência em Papel


Escrevo porque, às vezes, falar não basta.
Porque minha voz se perde no ar, mas as palavras escritas… elas permanecem.
Cada linha é um pedaço meu, uma confissão silenciosa que não precisa de plateia.


Aqui, não existe medo de julgamento.
Aqui, eu não preciso sorrir para suavizar minha dor nem me explicar para ninguém.
O que deixo escrito é a minha consciência escancarada, crua, nua.
É o reflexo do que penso quando tudo silencia, quando ninguém está olhando.


E não, não é drama.
Não é exagero.
É apenas o retrato de existir com o peso que carrego, tentando não incomodar, tentando caber no mundo sem fazer barulho demais.


Escrevo porque é o que me resta quando falar não funciona.
Porque aqui, neste papel, posso ser inteira.
Posso admitir o cansaço, a confusão, o vazio.
Posso dizer que às vezes a vida dói mais do que deveria, e que seguir em frente parece uma vitória silenciosa que ninguém vê.


Se você lê, talvez se reconheça.
Talvez sinta que essas palavras também são suas.
E, nesse instante, é como se eu não estivesse tão sozinha dentro delas.


No fim, é isso:
O que deixo escrito não é só texto.
Sou eu, inteira, existindo em palavras.
Mesmo quando o mundo prefere que eu me cale.

Pascásio Custódio da Costa e a Empada de Aratu: Um Patrimônio Vivo


Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial de Sergipe em 2021, a empada de aratu do povoado Terra Caída, em Indiaroba, transcende o sabor para tornar-se um símbolo de identidade e memória coletiva. Seu guardião é Pascásio Custódio da Costa, conhecido como "Mestre Pascásio", que há mais de meio século dedica sua vida a essa iguaria que hoje atrai turistas e fortalece a economia local.


O que muitos não veem, porém, é que essa tradição vai além da cozinha: envolve o trabalho silencioso das catadoras de aratu, mulheres que mantêm viva a técnica artesanal de coleta e preparo do crustáceo, transmitida entre gerações. É delas que nasce o catado minucioso, base não só da famosa empada, mas também de pratos como a moqueca defumada na palha de bananeira, outra joia da culinária local.


Essa rede de saberes — Pascásio, as catadoras e a comunidade de Terra Caída — compõe um ciclo cultural raro, onde gastronomia, memória e pertencimento se entrelaçam. Mais do que um prato, a empada de aratu é um eco do passado que insiste em permanecer no presente, como testemunho vivo da força e do orgulho de um povo.

⁠Depois, quando tudo passar, não venha culpar o vento pela bagunça.
Você sabia onde estava cada coisa.
Sabia quem era importante, o que merecia cuidado,
o que precisava de abrigo.

O vento passou por todos nós,
mas só bagunçou o que foi deixado de lado.
Você segurou o que tinha prioridade para você.

Cartas ao Céu




Oração escrita, poesia da alma calada.
Inteira, mesmo estando quebrada.
Há pedaços de mim espalhados em cada verso,
mas é na fragmentação que encontro forma.


Escrevo como quem costura rachaduras,
como quem transforma silêncio em cura.
Minha fé não grita, ela sussurra baixinho,
enquanto recolho os cacos
e descubro que ainda brilham.


Porque mesmo partida, sou inteira.
Inteira de sentimentos,
inteira de verdades,
inteira na esperança que me segura
quando tudo parece desabar.

⁠Se a mulher é o carro que precisa de combustível, cuidado e manutenção diária para continuar funcionando com beleza, força e entrega…
o homem também tem seu motor interno — e ele precisa de abastecimento emocional.

O combustível do homem é a admiração.
É se sentir necessário, valorizado, reconhecido.
É saber que sua presença tem impacto, que seus gestos não passam despercebidos.

Ele funciona com respeito, com apoio silencioso que dá força,
com a leveza de um lar emocional onde ele não precisa vestir armaduras o tempo todo.
Ele precisa de espaço para ser vulnerável sem ser diminuído,
de uma mulher que o inspire a ser melhor, não pela cobrança, mas pela confiança que deposita nele.

O homem precisa sentir que é desejado, sim —
mas também que é importante, que é essencial na vida da mulher que escolheu amar.

Quando a mulher abastece com admiração e acolhimento,
e o homem abastece com presença, atenção e cuidado,
os dois seguem na estrada, intensos e inteiros.

Porque amor não é só sobre andar junto.
É sobre saber abastecer um ao outro, todos os dias.

⁠Habitar

Não quero ser apenas tocada.
Quero ser habitada.
Não por mãos que me percorrem com pressa,
mas por quem se perde em mim como quem encontra morada.

Quero ser sentida com os olhos fechados.
Com o coração aberto.
Com a calma de quem entende que o prazer mora na pausa —
na respiração contida, no quase, no que se prolonga.

Quero que cada parte minha seja descoberta como um território sagrado.
Como se você estivesse lendo meu corpo em braile,
palavra por palavra, pele por pele,
até entender minha linguagem.

Que o arrepio seja tua resposta,
e o silêncio entre nós, a oração.

Que você me toque como quem desvenda.
Como quem tem sede,
mas não se apressa.
Como quem entende que habitar alguém
não é sobre entrar,
é sobre permanecer.

Não quero ser o instante.
Quero ser o eco.
O sabor que fica mesmo depois da última mordida.
O cheiro que gruda mesmo depois da despedida.
A lembrança que acende só de fechar os olhos.

Quero que me sinta mesmo quando não estou.
E que deseje voltar — não pelo corpo,
mas pela paz que encontrou ao deitar no meu.

Quando a Energia Vai Embora


O fim de tudo começa quando a energia se vai.
Sem ela, não há vitalidade, não há impulso, não há motivação para nada.
Tudo perde o sentido.
Tudo perde a graça.
A comida não tem mais sabor, o que antes era prazer vira obrigação.
E, de repente, tudo se confunde com preguiça aos olhos de quem vê de fora.


Nada parece bom o suficiente para valer o esforço.
Tomar banho vira uma batalha silenciosa.
Escolher uma roupa, passar um hidratante, parecem tarefas gigantes.
Abrir a geladeira e sentir que nada combina com nada.
Olhar para as panelas e perceber que você já nem sabe o que fazer com elas.


A cama se torna refúgio e prisão.
Levantar é difícil.
E quando consegue, encara o espelho e não se reconhece.
Olha ao redor e tudo parece um reflexo distorcido da sua própria realidade.
O acúmulo grita: coisas empilhadas, objetos esquecidos, poeira que reflete o que está dentro de você.


E então percebe:
Você acumula mais do que coisas.
Acumula o que não te faz bem.
Acumula a bagunça que não é só física, mas emocional.


E o pior é não ter energia para remover nada disso, nem do ambiente, nem da alma.


É como assistir sua vida de fora, trancada dentro de um corpo que não acompanha o mundo.
Querendo mudar tudo, mas sem força sequer para começar.

Reflexos de Nós


Você já sentiu como se ninguém realmente te enxergasse?
Como se, por mais que tentasse explicar, suas palavras nunca alcançassem quem precisa ouvi-las?
É estranho… você fala, mas parece que só existe eco. Silêncio.


E então, você se cala.
Porque percebe que falar dói mais do que guardar.
Mas o silêncio também pesa, como uma mala cheia que ninguém sabe que você carrega.
E você segue. Sempre segue.


Segue sorrindo quando queria chorar.
Segue forte quando queria desmoronar.
Segue mostrando ao mundo uma versão sua que parece ser aceita mais facilmente do que a verdadeira.


No fundo, você sabe.
Sabe o quanto engole o nó na garganta para não se sentir fardo.
Sabe quantas vezes quis pedir ajuda, mas a voz morreu antes de sair.
Sabe o que é deitar a cabeça no travesseiro e conversar só com o teto, como se ele fosse o único que não te julga.


E é nesse instante que você entende:
Talvez não seja sobre ser ouvido, mas sobre continuar.
Mesmo com o peito apertado. Mesmo com os pensamentos gritando.
Mesmo com a sensação de que ninguém vê.


Você continua. Porque, lá dentro, ainda existe algo pequeno, mas insistente. Que, te faz acreditar que um dia, vai doer menos.
E, se você está aqui lendo isso, talvez seja porque, de alguma forma, você também sabe o que é segurar o mundo nas costas em silêncio.


Talvez… esse texto seja sobre mim.
Ou talvez seja sobre você.
Ou talvez seja sobre nós.

A Cor do Vazio


Sabe aquela sensação de estar rodeado de gente, mas ainda assim sentir um buraco por dentro?
É como gritar embaixo d’água: ninguém escuta, ninguém vê.
Acordar já cansado, não por dormir pouco, mas por carregar um peso que não se solta nem nos sonhos.


Você se olha no espelho e não se reconhece.
O sorriso está lá,, ensaiado, automático, quase um disfarce sem graça.
Por dentro, porém, tudo está silencioso demais…
Ou barulhento demais.
E você já nem sabe qual dos dois é pior.


As coisas que antes faziam sentido perdem a cor.
O mundo continua girando, as pessoas continuam vivendo, mas você sente como se estivesse parado…
Assistindo à própria vida como quem olha pela janela de um trem que não pode pegar.


E quando alguém pergunta: “Está tudo bem?”, você responde que sim.
Automatico.
Não porque está, mas porque é mais fácil do que tentar explicar algo que ninguém realmente vai entender.
Porque o medo do julgamento pesa mais que a própria dor.
Gastamos tanta energia, ao tentar expressar
A depressão não é só tristeza.
É se sentir vazio e, ao mesmo tempo, sufocado.
Sem forças, sem energia e vitalidade.
É lutar todos os dias contra você mesmo e ainda sorrir para não preocupar ninguém.


E no meio desse silêncio, você aprende a sobreviver.
Mesmo quando viver parece algo distante demais.

À Margem de Mim


Está tudo aqui. Vivo. Latejante.
Eu sei o peso de cada coisa que não fiz, sei a dimensão do caos ao meu redor, sei exatamente o que precisa ser feito.
E, mesmo assim, estou parada.
Imóvel.
À margem da minha própria vida.


É agonizante estar consciente de tudo e, ao mesmo tempo, incapaz de mover um único passo.
Minha mente corre, grita, pede mudança.
Mas meu corpo não acompanha.
É como estar presa dentro de mim mesma, olhando o tempo escorrer pelas mãos que não consigo levantar.


Querer e não conseguir.
Saber e não fazer.
Viver aprisionada em um corpo exausto, sem vida ativa, sem impulso.


O desejo de mudar é real, mas a energia… desapareceu.
E isso corrói.
Corrói de um jeito que palavras mal conseguem descrever.


É um conflito que desgasta, que sufoca, que mata por dentro devagar.
Um silêncio que ecoa mais alto que qualquer grito.
Um cansaço que não é só físico — é existencial.


E a esperança … já cansou.
Já desistiu de tentar.
Não porque queira, mas porque lutar contra si mesma todos os dias também tem um limite.
E o meu, eu já encontrei.


Agora só resta esse vazio lúcido.
Essa consciência cruel de quem vê a própria vida passar, e não tem mais forças para alcançá-la.

Entre o Silêncio e a Fé, há Espera.


Na quietude do tempo, a alma cala,
E aguarda, mesmo sem saber o dia.
O coração ansioso não se exala,
Sustenta em fé o fio que o guia.


A espera dói, mas também semeia,
Ensina o passo lento a florescer.
Na terra árida, a esperança ateia,
O lume oculto que insiste em viver.


É como o mar que aguarda a maré cheia,
Ou o céu, que espera a lua aparecer.
No vão dos dias, a dor que incendeia,
Também prepara o sol para nascer.


Pois quem espera, mesmo sem razão,
Encontra em Deus o pulso da estação.

Carta aos Românticos


A vocês, que ainda acreditam no amor, escrevo.
Não por ingenuidade, mas por coragem. Porque amar hoje é um ato de resistência.
É remar contra a maré do efêmero, do rápido, do descartável. É escolher permanecer quando tudo ao redor diz que sentir demais é fraqueza.


Ser romântico não é viver em contos de fadas; é acreditar que, apesar de tudo, vale a pena se entregar.
É enxergar poesia nos detalhes, mesmo quando o mundo parece cinza. É escrever cartas quando só enviam mensagens rápidas. É guardar flores secas entre as páginas de um livro que ninguém mais abre.


Românticos são aqueles que esperam. Que acreditam no toque genuíno, no abraço demorado, no olhar que diz mais que palavras. São aqueles que não têm medo de dizer "eu sinto", mesmo que a resposta seja o silêncio.


Escrevo a vocês porque sei o peso e a beleza de ser assim. Sei que, às vezes, o peito dói por sonhar alto demais, por esperar encontros raros em um mundo apressado demais.
Mas também sei que, quando dois românticos se encontram, o tempo para. E tudo que parecia desajustado, enfim, se encaixa.


Sigam acreditando. Sigam amando.
Porque o amor verdadeiro nunca foi para os fracos — sempre foi para quem carrega coragem no coração e esperança na alma.

Orações Escritas


O Peso de Compreender – Entre a Razão e a Entrega


Ah, Senhor, sempre fui essa menina que busca ter entendimento.
Que tenta fazer uso da compreensão, que se esforça para se colocar no lugar de todos, mesmo quando falham comigo e me machucam.
Recolho-me em minha dor. Claro, sou humana, tenho o desejo de esbravejar, mas me calo e vou analisar, porque me pergunto: por que isso? Então saio de mim e me coloco no lugar do outro, tentando entender seus motivos e razões.
Assim, de uma perspectiva diferente, faço aquilo que o outro não se deu o trabalho de fazer, tentando justificar o outro para mim mesma.


Mas o que me justifica? Quem se coloca no meu lugar? Às vezes, quase sempre, me pergunto se estou fazendo o certo, o justo.
Mas como equilibrar, se muitas vezes falamos e agimos de maneira contraditória, querendo acertar? Se não falhamos com o outro, falhamos conosco.


Eu não tive tempo para errar, Deus, para aprender com os erros; constantemente cobrada, observada e manipulada a ser como sou.
Porque o direcionamento, na maioria das vezes, é isso: você segue caminhos, escolhas e toma decisões que nem sempre foram sua vontade.
Alguém plantou uma semente de medo, um desejo e até limites.


E no fim, me pergunto: quem me justifica, quem me acolhe, quem me vê? Que sejas o Senhor a me justificar. Que me enxergues como sou e tudo que há em mim. Essa é a minha prece.

⁠Ouvi uma frase que dizia:
“A dor, se bem usada, vira direção.”

Mas que direção?
Tem dor que não aponta pra lugar nenhum.
É só queda.
É só poço.
Um buraco escuro onde tudo ecoa e nada responde.

Você cai.
Debate.
Luta.
Resiste.
Aflige.
E quanto mais se move, mais se afunda.
Como se a dor ganhasse força da sua tentativa de sair.

Até que o corpo cansa.
E a alma… desiste um pouco.
Você não sobe.
Não desce.
Fica.
Boia.
Mas não respira alívio.

Porque a dor ainda está lá.
Não do lado de fora, mas dentro.
Espalhada.
Silenciosa.
Em cada célula que vibra frágil,
como se estivesse cansada de sentir.

Há dores e há a Dor.
Aquela que não se nomeia.
Que atravessa os dias sem pedir licença.
E se instala.
E se mistura ao que você é.

Nesse caminho sem fim,
nesse beco sem saída,
cadê a tal direção?

Se você se perde…
Encontra-se perdido.
E não há rota de retorno.
Você olha pra frente,
mas o fim parece distante demais.
E ainda assim, você o deseja.

Não o fim da vida,
mas o fim da dor.
O fim desse ciclo em espiral.
Daria tudo pra desviar.
Só um pouquinho.
Dar uma pausa na dor,
sentar à beira da alegria por uns instantes.

Mas não dá.
Porque a dor não espera.
Ela é presente.
Constante.
Persistente.

Mas, no fundo…
Bem no fundo,
você ainda sonha:
E se, no meio disso tudo,
a felicidade também estivesse vindo ao seu encontro?

E se ela também estivesse tentando te alcançar,
com a mesma intensidade com que você tenta sobreviver?

E se, numa curva do caminho,
ela estendesse a mão,
te olhasse nos olhos,
e dissesse baixinho:

“É por aqui. Eu te guio.”

Talvez a dor seja o começo.
Talvez a direção não esteja fora,
mas no que ela revela.

Talvez, ao se deixar sentir,
você esteja, sem perceber,
seguindo…

Em direção a si.

Orações Escritas
Nos Silêncios que Me Habitam


Ah, Senhor...
Quantas vezes me encontro em silêncio, não porque não saiba o que dizer, mas porque não encontro palavras que expressem tudo o que sinto.
Carrego perguntas que ecoam dentro de mim e, ainda assim, permaneço aqui, diante de Ti, como filha que confia, mesmo quando não entende.


Tenho buscado compreender, sempre tentando me colocar no lugar dos outros, justificando dores que não são minhas e razões que nunca me foram ditas.
Mas, e eu, Senhor? Quem se coloca no meu lugar? Quem vê o peso que carrego calada?
Às vezes, me sinto pequena demais, tentando equilibrar o que sinto e o que esperam de mim, como se o mundo exigisse força de quem só deseja colo.


Eu Te peço: fica comigo nas minhas inquietações.
Ensina-me a aceitar aquilo que não posso mudar e a descansar em Ti quando minhas forças se esgotarem.
Toma, Senhor, meus medos, minhas dúvidas e até meus silêncios — porque sei que mesmo neles, Tu me escutas.


Que sejas o Senhor a me justificar.
Que me enxergues como sou e tudo que há em mim.
Essa é a minha prece.

⁠Ao invés de braço, a saudade bem que poderia ter voz. Talvez assim não apertasse tanto, e, ao ecoar por aí, servisse para trazer de volta quem a gente ama.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Ao invés de braço, a saudade bem que poderia ter voz.
Talvez assim não apertasse tanto,
e, ao ecoar por aí, servisse para trazer de volta
quem a gente ama.

Orações Escritas
Quando a Alma Silencia


Vazio de pensamentos, na vida, no amor.
Paralisia na alma de um ser sofredor.


Ah, Senhor, há dias em que até sentir parece pesado demais.
Em que as palavras fogem e o coração, cansado, se cala.
Nesses momentos, só me resta Te olhar, mesmo sem forças, e esperar que me sustentes.


Carrego dentro de mim esse silêncio que não é paz, mas um grito contido.
É estranho, Senhor, porque mesmo aqui, quebrada, continuo Te buscando.
Talvez porque no fundo eu saiba que só em Ti existe o abrigo que preciso.


Diante de Ti, deposito minhas ausências, meus medos e a esperança que insiste em não morrer.
Não Te peço respostas, só Te peço presença.
Que sejas o sopro que devolve vida à minha alma e luz aos caminhos que não vejo.


Remove, Senhor, o que me imobiliza; há em mim, lá no fundo, uma vontade de movimento, de ir…
Mas onde irei, se não consigo sair?


Meu respirar, hoje, é a oração mais sincera que consigo Te direcionar.

Carta aos Românticos


A vocês, que ainda acreditam no amor, escrevo.
Não por ingenuidade, mas por coragem. Porque amar hoje é um ato de resistência.
É remar contra a maré do efêmero, do rápido, do descartável. É escolher permanecer quando tudo ao redor diz que sentir demais é fraqueza.


Ser romântico não é viver em contos de fadas; é acreditar que, apesar de tudo, vale a pena se entregar.
É enxergar poesia nos detalhes, mesmo quando o mundo parece cinza. É escrever cartas quando só enviam mensagens rápidas. É guardar flores secas entre as páginas de um livro que ninguém mais abre.


Românticos são aqueles que esperam. Que acreditam no toque genuíno, no abraço demorado, no olhar que diz mais que palavras. São aqueles que não têm medo de dizer "eu sinto", mesmo que a resposta seja o silêncio.


Escrevo a vocês porque sei o peso e a beleza de ser assim. Sei que, às vezes, o peito dói por sonhar alto demais, por esperar encontros raros em um mundo apressado demais.
Mas também sei que, quando dois românticos se encontram, o tempo para. E tudo que parecia desajustado, enfim, se encaixa.


Sigam acreditando. Sigam amando.
Porque o amor verdadeiro nunca foi para os fracos — sempre foi para quem carrega coragem no coração e esperança na alma.

⁠Quando Tudo em Mim Silencia

Tem dias em que o mundo pesa demais.
Em que o corpo insiste em caminhar, mas a alma... fica.
Fica parada, quieta, pedindo socorro sem som.
É como se dentro de mim tudo se recolhesse —
como se até o grito estivesse cansado de tentar.

A depressão não chega com barulho.
Ela se instala em silêncios,
em noites mal dormidas e sorrisos apertados.
E às vezes, tudo o que me resta é me deixar cair nos braços d’Ele.
Porque por mais que doa, por mais que o peito aperte,
a minha fragilidade é exatamente onde Deus me encontra inteira.

É nessa dependência que o milagre acontece —
não no alívio imediato,
mas na força que me faz levantar mais uma vez,
com os olhos ainda marejados,
mas com a alma agarrada à promessa
de que não estou só.

Eu sou essa mulher —
que sente demais, que luta calada,
mas que, mesmo em ruínas, ainda escolhe acreditar.
Não porque sou forte o tempo todo,
mas porque aprendi que ser fraca também é ser humana.
E em cada queda, há uma mão que me ergue.
Não é qualquer mão.
É a d’Ele.
A que me conhece por dentro,
a que sussurra quando tudo parece sem sentido:
“Filha, Eu estou aqui.”

⁠A indiferença não grita, não sangra, não arranca — ela corrói em silêncio. Vai tirando aos poucos a cor dos sentimentos, o brilho dos olhos, o calor dos gestos. É uma tortura sem ferida visível, mas que fere fundo, porque o que machuca de verdade não é o que se diz, mas o que se deixa de sentir.

A distância, por sua vez, parece às vezes o único caminho possível. Um remédio amargo, sim, mas necessário quando o coração pede silêncio e espaço. Só que, como todo remédio forte, é preciso cuidado com a dose. O que foi receitado para curar pode, em excesso, se tornar veneno. E assim, entre ausências e silêncios, o que poderia se transformar em cura vira luto.

O amor não morre de repente. Ele vai se apagando entre olhares que já não se encontram, entre palavras que já não vêm. Primeiro esfria, depois adormece. Até que um dia, sem que se perceba, deixa de existir. E tudo o que sobra é um eco do que um dia já foi vida pulsante.

Entre o Silêncio e a Fé, há Espera.


Na quietude do tempo, a alma cala,
E aguarda, mesmo sem saber o dia.
O coração ansioso não se exala,
Sustenta em fé o fio que o guia.


A espera dói, mas também semeia,
Ensina o passo lento a florescer.
Na terra árida, a esperança ateia,
O lume oculto que insiste em viver.


É como o mar que aguarda a maré cheia,
Ou o céu, que espera a lua aparecer.
No vão dos dias, a dor que incendeia,
Também prepara o sol para nascer.


Pois quem espera, mesmo sem razão,
Encontra em Deus o pulso da estação.

⁠Fujo do Amor (mas ainda espero por ele)

Eu fujo do amor.
E não é porque não acredito.
É porque, quando ele chega, eu tremo.
Tremo porque já acreditei antes…
E fiquei com as mãos cheias de nada.

Eu fujo do amor porque ele sabe entrar,
mas nem sempre sabe ficar.
E eu tenho medo.
Medo de ser mais uma vez abrigo temporário.
De ser casa que acolhe e depois vira lembrança.

Mas eu também quero.
Quero esse amor que não chega gritando,
mas se aproxima devagar e fica.
Que entende o meu silêncio.
Que não me cobra ser forte o tempo inteiro.

Fujo…
mas se me olham com verdade,
se me tocam com cuidado,
eu desarmo.
Porque, no fundo, eu ainda espero.

Espero por alguém que venha com presença,
com firmeza no gesto e leveza no olhar.
Que me beije como quem tem tempo.
Que me deseje, mas também me cuide.
Que não corra quando me encontrar vulnerável.

Então sim, eu fujo.
Mas se for amor de verdade…
pode vir atrás de mim devagar.
Pode me alcançar.
Pode me mostrar que amar não é sempre perder.
E que, dessa vez,
eu não vou precisar me despedir de novo.

Orações Escritas
Nos Silêncios que Me Habitam


Ah, Senhor...
Quantas vezes me encontro em silêncio, não porque não saiba o que dizer, mas porque não encontro palavras que expressem tudo o que sinto.
Carrego perguntas que ecoam dentro de mim e, ainda assim, permaneço aqui, diante de Ti, como filha que confia, mesmo quando não entende.


Tenho buscado compreender, sempre tentando me colocar no lugar dos outros, justificando dores que não são minhas e razões que nunca me foram ditas.
Mas, e eu, Senhor? Quem se coloca no meu lugar? Quem vê o peso que carrego calada?
Às vezes, me sinto pequena demais, tentando equilibrar o que sinto e o que esperam de mim, como se o mundo exigisse força de quem só deseja colo.


Eu Te peço: fica comigo nas minhas inquietações.
Ensina-me a aceitar aquilo que não posso mudar e a descansar em Ti quando minhas forças se esgotarem.
Toma, Senhor, meus medos, minhas dúvidas e até meus silêncios — porque sei que mesmo neles, Tu me escutas.


Que sejas o Senhor a me justificar.
Que me enxergues como sou e tudo que há em mim.
Essa é a minha prece.

Orações Escritas
Quando a Alma Silencia


Vazio de pensamentos, na vida, no amor.
Paralisia na alma de um ser sofredor.


Ah, Senhor, há dias em que até sentir parece pesado demais.
Em que as palavras fogem e o coração, cansado, se cala.
Nesses momentos, só me resta Te olhar, mesmo sem forças, e esperar que me sustentes.


Carrego dentro de mim esse silêncio que não é paz, mas um grito contido.
É estranho, Senhor, porque mesmo aqui, quebrada, continuo Te buscando.
Talvez porque no fundo eu saiba que só em Ti existe o abrigo que preciso.


Diante de Ti, deposito minhas ausências, meus medos e a esperança que insiste em não morrer.
Não Te peço respostas, só Te peço presença.
Que sejas o sopro que devolve vida à minha alma e luz aos caminhos que não vejo.


Remove, Senhor, o que me imobiliza; há em mim, lá no fundo, uma vontade de movimento, de ir…
Mas onde irei, se não consigo sair?


Meu respirar, hoje, é a oração mais sincera que consigo Te direcionar.

⁠A Voz Que Me Toca

Antes do toque, me acende a voz.
Não precisa das mãos.
Basta o timbre certo,
as palavras certas,
ditas no ritmo certo.

Teu sussurro me arrepia mais que qualquer carícia.
Porque é nele que sinto tua intenção nua,
tua vontade crua,
teu desejo que me percorre antes mesmo de chegar.

Há palavras que ardem mais que beijos.
Frases que me despem.
Sílabas que escorrem pela espinha
e desaguam entre minhas pernas
como se fossem teus dedos me lendo em voz baixa.

E os gemidos…
ah, os gemidos…
não os teus — os nossos.
Embriagados, entrelaçados, incontroláveis.
Como música suja e sagrada
que só quem ama o abismo entre prazer e entrega é capaz de compor.

Eu quero ser tocada pela tua voz.
Quero que tua respiração me encontre no escuro.
Quero que tua palavra sussurrada seja a senha
que destranca cada parte minha que ninguém nunca alcançou.

Não quero gritos.
Quero a melodia do desejo.
A vibração que só quem conhece a alma sabe fazer soar.
Quero teus sons como promessas.
Teus silêncios como prelúdios.
E teu gemido como confissão.

Porque, quando a voz toca primeiro,
o corpo se rende com mais verdade.

⁠Beija-me

Beija-me como quem chega em casa depois de muito tempo.
Como quem reconhece o sabor da alma no toque da boca.
Sem pressa. Sem ensaio.
Mas com aquela vontade que carrega o tempo todo.

Beija-me com os olhos também.
Com os dedos. Com o pensamento.
Beija as minhas dúvidas até que elas se rendam,
e os meus silêncios até que virem som.

Beija-me pra além da pele.
Entre as palavras não ditas,
nas pausas da respiração,
no espaço entre um suspiro e outro.

Quero um beijo que acolha, mas acenda.
Que abrace, mas incendeie.
Que não peça licença,
mas saiba o momento exato de invadir.

Beija-me como quem sabe que estou faminta,
mas que minha fome é de algo que só se encontra quando a alma também se abre.
Beija-me como se cada toque fosse um recomeço,
e cada fim, apenas uma promessa de mais.

E se for pra ser beijo,
que seja inteiro.
Que me cale.
Que me entregue.
Que me eleve.

Beija-me como quem entende
que a boca é só a porta —
e o desejo,
é tudo o que vem depois.

⁠Visceral

Eu não quero alguém que simplesmente me deseje.
Que, depois do gozo, se afaste.
E só lembre de mim quando a necessidade física apertar.

Eu quero mais do que desejo.
Quero alguém que me devore por inteira —
e ainda assim, sinta fome.

Que, toda vez que lembrar de mim, se acenda.
E mesmo me tendo nos braços, esse fogo não se apague.

Eu não quero só um tesão físico.
Quero um tesão de alma.
Um tesão pela vida. Pela minha presença.
Pelo meu cheiro, pelo meu gosto, pelo som da minha voz.

Tesão até na minha ausência.

Quero cumplicidade.
Que a pessoa seja meu cúmplice — em todas as loucuras.
E vice-versa.

Que haja combinados e surpresas.
Mas que tudo seja saciedade.

Aquela saciedade de quem está satisfeito…
mas ainda tem fome.
E já pensa no depois.
Na sobremesa.
No jantar.
E no café da manhã.

Se é que você me entende.

Estou falando de desejo profundo.
Não de sexo casual, de uma, duas ou três vezes —
seguido de silêncio e arrependimentos.

Quero alguém que, a cada troca e intimidade,
tenha ainda mais certeza de que me deseja.

E que se aproxime involuntariamente,
só pra repousar no meu cheiro.

E que, mesmo querendo ficar quietinho,
se acenda… só de respirar perto.

Cartas ao Céu




Oração escrita, poesia da alma calada.
Inteira, mesmo estando quebrada.
Há pedaços de mim espalhados em cada verso,
mas é na fragmentação que encontro forma.


Escrevo como quem costura rachaduras,
como quem transforma silêncio em cura.
Minha fé não grita, ela sussurra baixinho,
enquanto recolho os cacos
e descubro que ainda brilham.


Porque mesmo partida, sou inteira.
Inteira de sentimentos,
inteira de verdades,
inteira na esperança que me segura
quando tudo parece desabar.

⁠Contemplação

Não é só pele.
Não é só toque.
Não é só desejo.

É um lugar onde duas almas se permitem habitar o mesmo templo.
E o corpo… é apenas a porta.

Quando eu me entrego, não ofereço só curvas e suspiros.
Ofereço um mundo inteiro por trás dos olhos fechados.
Aceito que você me invada — não como quem invade, mas como quem é convidado a entrar.

Permitir que alguém me toque…
É como entregar uma chave e confiar que, do outro lado, não haja pressa.
Só presença.

Porque pra mim, fazer amor —
é como saborear a sobremesa favorita com os olhos fechados.
Com calma. Com vontade. Com gratidão.
Sentir o gosto até o fim, e mesmo assim desejar mais.

É contemplar cada segundo,
cada estremecer da pele,
cada silêncio entre os beijos,
cada arrepio que começa antes do toque.

É pertencer.
É permitir ser morada, enquanto também se habita.

É uma dança onde ninguém lidera,
mas ambos conduzem — com os olhos, com os gestos, com os instintos.

Eu não me entrego por carência.
Me entrego por transbordo.
Porque quero que você sinta o quanto posso ser casa,
mesmo enquanto sou puro incêndio.

⁠Relacionamento também precisa de manutenção.

O homem precisa entender que, assim como o carro dele não anda sem combustível, uma mulher também não segue sem ser cuidada.
Amor exige investimento diário — atenção, presença, afeto.
É preciso regar, alimentar, olhar nos olhos e perceber os detalhes.
Não é sobre grandes gestos, é sobre os “bobbos” que fazem toda a diferença.

Ele quer retorno? Então precisa investir.
Quer intensidade? Então alimente o desejo com admiração, com toque, com cuidado.
Porque uma mulher feliz, segura, vista... entrega tudo.
Entrega corpo, entrega alma.

Mas quando o combustível acaba, o motor para.
E ele não vai poder dizer que não foi avisado.
A mulher, assim como um carro, vai dar sinais.
Vai mostrar que está esgotada.

E se ele não cuidar...
Ela vai parar.
De repente.
Silenciosamente.

E quando quiser reacender o fogo, talvez já nem haja mais faísca.

⁠Ouvi uma frase que dizia:
“A dor, se bem usada, vira direção.”

Mas que direção?
Tem dor que não aponta pra lugar nenhum.
É só queda.
É só poço.
Um buraco escuro onde tudo ecoa e nada responde.

Você cai.
Debate.
Luta.
Resiste.
Aflige.
E quanto mais se move, mais se afunda.
Como se a dor ganhasse força da sua tentativa de sair.

Até que o corpo cansa.
E a alma… desiste um pouco.
Você não sobe.
Não desce.
Fica.
Boia.
Mas não respira alívio.

Porque a dor ainda está lá.
Não do lado de fora, mas dentro.
Espalhada.
Silenciosa.
Em cada célula que vibra frágil,
como se estivesse cansada de sentir.

Há dores e há a Dor.
Aquela que não se nomeia.
Que atravessa os dias sem pedir licença.
E se instala.
E se mistura ao que você é.

Nesse caminho sem fim,
nesse beco sem saída,
cadê a tal direção?

Se você se perde…
Encontra-se perdido.
E não há rota de retorno.
Você olha pra frente,
mas o fim parece distante demais.
E ainda assim, você o deseja.

Não o fim da vida,
mas o fim da dor.
O fim desse ciclo em espiral.
Daria tudo pra desviar.
Só um pouquinho.
Dar uma pausa na dor,
sentar à beira da alegria por uns instantes.

Mas não dá.
Porque a dor não espera.
Ela é presente.
Constante.
Persistente.

Mas, no fundo…
Bem no fundo,
você ainda sonha:
E se, no meio disso tudo,
a felicidade também estivesse vindo ao seu encontro?

E se ela também estivesse tentando te alcançar,
com a mesma intensidade com que você tenta sobreviver?

E se, numa curva do caminho,
ela estendesse a mão,
te olhasse nos olhos,
e dissesse baixinho:

“É por aqui. Eu te guio.”

Talvez a dor seja o começo.
Talvez a direção não esteja fora,
mas no que ela revela.

Talvez, ao se deixar sentir,
você esteja, sem perceber,
seguindo…

Em direção a si.

⁠Me devore...
Mas não com pressa.
Com fome. Com intenção. Com a delicadeza de quem sabe que o toque começa antes dos dedos — começa no olhar, no pensamento, no arrepio que antecede o gesto.

Me devore com a boca, mas também com a presença.
Com o silêncio que escuta o que meu corpo não diz, mas implora.
Me devore nos detalhes — no canto da minha boca, no contorno da minha respiração, no som que faço quando me sinto segura.

Me devore sem pressa de acabar.
E quando achar que já me teve, queira mais.
Sinta fome de novo. E de novo.
Me descubra diferente a cada toque, me sinta nova mesmo depois de me despir mil vezes.

Me devore com alma.
Não me queira só para o prazer do corpo, mas para o prazer da presença.
Sinta desejo pelo que sou quando estou calada, quando estou entregue, quando estou ali, inteira, e ainda assim, misteriosa.

Me devore com os olhos, mesmo de longe.
Me deseje na ausência. Me saboreie na lembrança.
Que meu cheiro te embriague, que minha voz te acompanhe no silêncio do dia.
Que minha pele fique na tua, mesmo depois do banho.

Me devore em silêncio e em gritos.
Nos gestos mais suaves e nos instantes de descontrole.
E mesmo quando tudo parecer saciado, que ainda exista vontade.
Que exista sobremesa. Que exista manhã. Que exista depois.

Me devore...
Como quem sabe que fome assim, não se mata.
Se cultiva.

E a mulher?

A mulher também cuida.
Ela também investe, alimenta, rega, reabastece.
Faz isso até quando está cansada.
Porque quando ama, ela não mede esforços pra ver o outro bem.
Ela é afeto em forma de presença, detalhe, intuição.
Ela é farol nos dias escuros.
Mas até a mulher mais forte se desgasta quando ama sozinha.

O que ela precisa?
Ser cuidada também.
Ser ouvida, olhada, sentida.
Ela não quer ser só o porto seguro —
ela também quer poder ancorar em alguém.
Ser o carro abastecido, não só o posto.

Porque quando a mulher sente que o amor é recíproco,
ela se entrega com uma força que ninguém segura.
Mas quando ela se vê esquecida, ela também aprende a ir embora.
Não por orgulho,
mas por sobrevivência.

⁠Se a mulher é o carro que precisa de combustível, cuidado e manutenção diária para continuar funcionando com beleza, força e entrega…
o homem também tem seu motor interno — e ele precisa de abastecimento emocional.

O combustível do homem é a admiração.
É se sentir necessário, valorizado, reconhecido.
É saber que sua presença tem impacto, que seus gestos não passam despercebidos.

Ele funciona com respeito, com apoio silencioso que dá força,
com a leveza de um lar emocional onde ele não precisa vestir armaduras o tempo todo.
Ele precisa de espaço para ser vulnerável sem ser diminuído,
de uma mulher que o inspire a ser melhor, não pela cobrança, mas pela confiança que deposita nele.

O homem precisa sentir que é desejado, sim —
mas também que é importante, que é essencial na vida da mulher que escolheu amar.

Quando a mulher abastece com admiração e acolhimento,
e o homem abastece com presença, atenção e cuidado,
os dois seguem na estrada, intensos e inteiros.

Porque amor não é só sobre andar junto.
É sobre saber abastecer um ao outro, todos os dias.

⁠Habitar

Não quero ser apenas tocada.
Quero ser habitada.
Não por mãos que me percorrem com pressa,
mas por quem se perde em mim como quem encontra morada.

Quero ser sentida com os olhos fechados.
Com o coração aberto.
Com a calma de quem entende que o prazer mora na pausa —
na respiração contida, no quase, no que se prolonga.

Quero que cada parte minha seja descoberta como um território sagrado.
Como se você estivesse lendo meu corpo em braile,
palavra por palavra, pele por pele,
até entender minha linguagem.

Que o arrepio seja tua resposta,
e o silêncio entre nós, a oração.

Que você me toque como quem desvenda.
Como quem tem sede,
mas não se apressa.
Como quem entende que habitar alguém
não é sobre entrar,
é sobre permanecer.

Não quero ser o instante.
Quero ser o eco.
O sabor que fica mesmo depois da última mordida.
O cheiro que gruda mesmo depois da despedida.
A lembrança que acende só de fechar os olhos.

Quero que me sinta mesmo quando não estou.
E que deseje voltar — não pelo corpo,
mas pela paz que encontrou ao deitar no meu.

⁠O diálogo é, antes de tudo, um pedido sutil de cuidado. Mesmo quando parece banal ou corriqueiro, há entrelinhas pedindo presença, escuta, consideração. Quando o silêncio chega, ele já não é mais paz — é ausência. É o eco do que foi ignorado, negligenciado, esquecido. O silêncio, nesse contexto, não é escolha, é cansaço. É o ponto final de muitas vírgulas não lidas. Ele sinaliza desistência, mostra que o outro já não enxerga sentido em tentar se fazer entender.

E quando isso acontece, você começa a perder. Perde o vínculo, perde a confiança, perde a chance de fazer diferente. Porque quem cala já gritou demais por dentro. E aqui, neste ponto, deixo de cuidar. Não por falta de amor, mas por amor próprio. Deixo de cuidar de quem não soube cuidar da minha tentativa de permanecer.

Orações Escritas


O Peso de Compreender – Entre a Razão e a Entrega


Ah, Senhor, sempre fui essa menina que busca ter entendimento.
Que tenta fazer uso da compreensão, que se esforça para se colocar no lugar de todos, mesmo quando falham comigo e me machucam.
Recolho-me em minha dor. Claro, sou humana, tenho o desejo de esbravejar, mas me calo e vou analisar, porque me pergunto: por que isso? Então saio de mim e me coloco no lugar do outro, tentando entender seus motivos e razões.
Assim, de uma perspectiva diferente, faço aquilo que o outro não se deu o trabalho de fazer, tentando justificar o outro para mim mesma.


Mas o que me justifica? Quem se coloca no meu lugar? Às vezes, quase sempre, me pergunto se estou fazendo o certo, o justo.
Mas como equilibrar, se muitas vezes falamos e agimos de maneira contraditória, querendo acertar? Se não falhamos com o outro, falhamos conosco.


Eu não tive tempo para errar, Deus, para aprender com os erros; constantemente cobrada, observada e manipulada a ser como sou.
Porque o direcionamento, na maioria das vezes, é isso: você segue caminhos, escolhas e toma decisões que nem sempre foram sua vontade.
Alguém plantou uma semente de medo, um desejo e até limites.


E no fim, me pergunto: quem me justifica, quem me acolhe, quem me vê? Que sejas o Senhor a me justificar. Que me enxergues como sou e tudo que há em mim. Essa é a minha prece.

Pascásio Custódio da Costa e a Empada de Aratu: Um Patrimônio Vivo


Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial de Sergipe em 2021, a empada de aratu do povoado Terra Caída, em Indiaroba, transcende o sabor para tornar-se um símbolo de identidade e memória coletiva. Seu guardião é Pascásio Custódio da Costa, conhecido como "Mestre Pascásio", que há mais de meio século dedica sua vida a essa iguaria que hoje atrai turistas e fortalece a economia local.


O que muitos não veem, porém, é que essa tradição vai além da cozinha: envolve o trabalho silencioso das catadoras de aratu, mulheres que mantêm viva a técnica artesanal de coleta e preparo do crustáceo, transmitida entre gerações. É delas que nasce o catado minucioso, base não só da famosa empada, mas também de pratos como a moqueca defumada na palha de bananeira, outra joia da culinária local.


Essa rede de saberes — Pascásio, as catadoras e a comunidade de Terra Caída — compõe um ciclo cultural raro, onde gastronomia, memória e pertencimento se entrelaçam. Mais do que um prato, a empada de aratu é um eco do passado que insiste em permanecer no presente, como testemunho vivo da força e do orgulho de um povo.

⁠Ao invés de braço, a saudade bem que poderia ter voz. Talvez assim não apertasse tanto, e, ao ecoar por aí, servisse para trazer de volta quem a gente ama.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Ao invés de braço, a saudade bem que poderia ter voz.
Talvez assim não apertasse tanto,
e, ao ecoar por aí, servisse para trazer de volta
quem a gente ama.

⁠Depois, quando tudo passar, não venha culpar o vento pela bagunça.
Você sabia onde estava cada coisa.
Sabia quem era importante, o que merecia cuidado,
o que precisava de abrigo.

O vento passou por todos nós,
mas só bagunçou o que foi deixado de lado.
Você segurou o que tinha prioridade para você.

Top mais compartilhados

Eu deixo a maré subir até cobrir tudo.
Não me apresso a segurar o que a água leva.
Deixo que o sal lave o que não serve mais,
mesmo que, por um instante, pareça que nada reste.


Quando a água recua,
vejo o que brilha no fundo:
fragmentos de conchas, pequenos lampejos de vida,
tesouros que só aparecem depois da tormenta.


Não é preciso contar o que a corrente arrastou.
Basta o que ficou,
a beleza simples que resiste
e que só se revela quando o mar se acalma.

⁠A Visão do Beijo: Conexão Além do Toque

Imagine que, ao beijar, você não apenas toca outro corpo, mas atravessa uma porta invisível. A primeira sensação não é de um simples contato físico, mas de um mergulho profundo nas camadas da alma. É como se, por um breve momento, o mundo ao redor desaparecesse, e tudo o que restasse fosse a energia pura entre duas pessoas.

Nesse instante, cada movimento, cada suspiro, carrega em si uma troca silenciosa. Não é apenas o desejo que se acende, mas a consciência de que algo maior se faz presente. O beijo é uma troca de essências, um momento onde o corpo não tem fronteiras, onde os corações falam uma língua secreta.

Ali, o que importa não é o impulso, mas a entrega genuína. Não é o prazer imediato que buscamos, mas a profundidade de estar com o outro, de se deixar conhecer e de conhecer. O beijo é, então, o reflexo de tudo o que está guardado dentro, um convite à vulnerabilidade e à união.

É por isso que, ao beijar de verdade, você não pode simplesmente tocar qualquer pessoa. Só se você sentir que a alma do outro também está disposta a se mostrar, a se entregar. Quando isso acontece, o beijo se transforma. Ele não é só o movimento de lábios, mas o encontro de duas almas dispostas a se encontrar além da pele, a se tocar em um nível mais profundo.

Esse é o poder do beijo: a capacidade de nos levar a um lugar onde somos mais do que corpos, mais do que a materialidade do momento. Somos alma, energia, conexão.

Amanheceu.
E o dia, indiferente, abriu as janelas do mundo como quem não sabe da ausência.
As pedras da rua não guardaram os passos de ontem; a feira já se enchia de vozes, e o barulho dos sacos plásticos abafava qualquer lembrança.
Ninguém reparou que havia um vazio a mais no caminho — o vazio nunca chama atenção, ele apenas existe.


A vida não para para velar dores.
Ela mastiga rápido, engole em seco, e segue adiante como se nada tivesse acontecido.
O coração que ontem batia, hoje não pulsa mais, mas os relógios continuam impassíveis, ticando segundos.
É cruel: o tempo não tem luto.


Há quem espere que a memória seja abrigo, mas a memória também cansa.
Logo, o nome se perde no meio de tantos outros, o rosto se dissolve em poeira de esquina, e o silêncio se torna o único registro.
Tudo volta ao fluxo, como se nunca tivesse sido.


Talvez seja essa a verdade mais dura:
ninguém é insubstituível na pressa do mundo.
E, ainda assim, dói pensar que um gesto tão definitivo se apague com a mesma facilidade que uma pegada na areia.

A cada esquina da alma, existe um território sem mapa.
Lá não chegam bússolas, nem calendários, nem vozes apressadas.
É um lugar onde o instante se desfaz antes mesmo de ser lembrança.


Quem ousa atravessar esse espaço percebe:
não há chão firme, apenas fragmentos suspensos, como se o tempo tivesse desaprendido a andar.
E nesse intervalo, entre o que se é e o que já não cabe, o corpo respira uma ausência que não tem nome.


A vida continua do lado de fora — carros, pregões, crianças, a pressa de sempre.
Mas aqui dentro tudo corre em outra velocidade, como se o relógio tivesse se cansado.
Nada dói e nada cura, apenas permanece, num silêncio espesso que se confunde com ar.


É curioso como o mundo insiste em pedir certezas,
quando, na verdade, somos feitos de incertezas que se costuram mal.
Talvez o único gesto verdadeiro seja aceitar a própria incompletude,
como quem carrega uma cicatriz invisível que ainda assim pulsa, mesmo quando ninguém vê.

Lamento


As noites me atravessam como lâminas cegas.
Não cortam de uma vez, mas deixam a carne cansada.
Fico imóvel, presa num corpo que respira
sem me perguntar se ainda quero estar aqui.


A dor não grita mais.
Ela se aquietou como fera domesticada,
um silêncio úmido que escorre pelas paredes.
Choro sem lágrimas, sangro sem ferida,
vivo sem presença.


Há um vazio que pesa.
E pesa tanto que até o gesto mais simples,levantar a mão, virar a chave, abrir a boca
parece impossível.
O tempo me olha e ri:
sou prisioneira de segundos que nunca passam.


Não há música, não há claridade,
não há nem mesmo o consolo do choro.
Só a anestesia.
Um torpor que me segura pela garganta
e me faz existir em estado suspenso,
como quem vive de ausências.


Ainda assim, respiro.
E talvez esse seja o maior dos lamentos:
continuar aqui,
mesmo quando já me despedi tantas vezes de mim.




Jorgeane Borges
8 de Setembro de 2025

Assim como as velas se abrem ao vento, deixo-me guiar pelo invisível que move o visível, certa de que cada travessia encontra seu destino.

Pedagogia do Acolher


Chegou mais um setembro e, com ele, a vitrine de frases prontas que me atravessam sem me enxergar. Falam para eu falar — como se a minha voz não estivesse há tempos espalhada em palavras, imagens, silêncios e olhares. Eu avisei. Não busco atenção; busco sentido, presença, mãos que não soltam.


O que me revolta não é a cor do mês, é a direção do dedo. Campanhas apontam para quem está afundando, quando quem precisa de formação é quem está na margem. O depressivo não precisa de cartaz; precisa de quem saiba ler sinais: o brilho que apaga, o sorriso que desencaixa, o corpo que fala — cabelo que cai, peso que some, vitalidade que se ausenta. Precisa de quem saiba chegar sem invadir, ouvir sem consertar, acolher sem prescrever. Às vezes, salvar é só sentar ao lado e dizer com o corpo: “estou aqui”.


Falar nem sempre é possível. Por dentro, a mente é um labirinto: ideias desordenadas, sentimentos sem moldura, cansaço que pede anestesia da dor — não o fim da vida. O que nos sustenta, muitas vezes, é o descanso de um abraço, o cuidado que não cobra explicação, o silêncio que não abandona. Ensinem isso: a presença que não exige performance de melhora; a escuta que não transforma confissão em sermão; a delicadeza de perguntar “como posso estar com você?” e aceitar que, naquele dia, a resposta seja apenas chorar.


Também me fere a homenagem tardia. Velórios cheios, redes lotadas de amores eternos — e o vazio de tudo o que não foi dito quando ainda dava tempo de ouvir. Eu não quero discursos depois. Quero humanidade antes. Se houver propósito em minha voz, que seja tocar uma pessoa que esteja aqui agora, e não multidões quando eu já for ausência.


Setembro, para mim, só fará sentido quando deixar de treinar o depressivo para “se explicar” e começar a educar o entorno para reconhecer, acolher e agir. Ensinem a identificar sinais, a construir rede, a acompanhar até o serviço, a ligar no dia seguinte, a cozinhar um prato simples, a varrer o chão do quarto, a segurar a mão — e não soltar. Ensinem que “força” não é cobrança, é companhia. Que fé não é atalho, é abrigo. Que esperança, às vezes, cabe em vinte minutos de silêncio compartilhado.


Eu sigo deixando vestígios — nas pessoas, nos cantos, no papel, nas imagens. Minha voz não precisa de multidões para cumprir seu propósito. Se alcançar um coração e lhe oferecer descanso por um instante, já valeu a jornada. E, enquanto eu estiver aqui, repito: não é fraqueza, é exaustão; não é espetáculo, é sobrevivência; não é drama, é dor. O que peço não é palco. É presença.




#setembroamarelo

🫆📸Jorgeane Borges

RETICÊNCIA


Ainda acredito no amor
um amor que chega sorrateiro,
invadindo espaços que nem sabia serem meus;


  instala-se sem pedir licença,
  bagunça o que parecia tão certo,
  derruba certezas como quem abre janelas;


às vezes vem para acalmar,
ou para inquietar,
para fazer sentir o que estava adormecido;


  adianta se fechar?
  quando ele quer, ele entra
  e transforma tudo em morada;


Como seria a vida sem ele?
sem o colo que o acolhe,
sem o olhar que diz mais que palavras;


  quem, pela vida, não quer provar
  o gosto de gostar,
  com calma, desejo e permanência?


ficar no silêncio dos braços,
na pausa de um suspiro,
no instante em que dois corações se escolhem;


  amar também é isso:
  continuar e confiar,
  mesmo quando parece fim.

Morri E ninguém percebeu.

Não foi uma vez só, foram várias, em silêncios que ninguém percebeu.
Morrer, às vezes, é apenas calar por dentro, deixar que pedaços se apaguem em meio ao barulho do mundo.


Escrevo porque ainda me resta esse fio, essa voz que insiste em existir, mesmo quando o corpo pede descanso e a alma se retrai.
Escrevo para me deixar — pedaços de mim, sementes de memória, rastros do que fui e do que sou.
Escrevo porque sei que, um dia, talvez eu suma de vez, e não quero que o nada seja a única herança do meu existir.


Que as palavras fiquem como quem acende uma vela na escuridão: não para espantar a morte, mas para que a vida ainda seja lembrada em sua delicadeza e em sua dor.

Versos de Esperança Quem aprende a esperar, descobre que o tempo também sabe curar.... Frase de Jorgeane Borges.

Versos de Esperança


Quem aprende a esperar, descobre que o tempo também sabe curar.

Ser referência é mais do que ser visto.
É lançar sementes silenciosas, tocar vidas sem perceber.
É força e fraqueza entrelaçadas, esperança que inspira quem se afoga em seus próprios dias.
Rafael Fernando transformou meu olhar em arte — e, nesse gesto, me lembrou que tudo que vivemos reverbera.
Ser referência é isso: florescer, mesmo sem saber quem colhe.

Assim como as velas se abrem ao vento, deixo-me guiar pelo invisível que move o visível, certa de que cada travessia encontra seu destino.

Texto de Introdução/Reflexão: A Experiência da Fotografia


A fotografia não é apenas sobre técnica ou conhecimento; ela é sobre presença, sensibilidade e conexão com o momento. Cada clique é uma escolha, um instante de entrega, uma oportunidade de capturar não apenas o que os olhos veem, mas o que o coração sente.


Ao longo desta série, você encontrará reflexões sobre luz, composição, movimento, cor, narrativa, direção e, acima de tudo, espontaneidade. São textos que unem prática e sensibilidade, conhecimento técnico e olhar poético, mostrando que a essência da fotografia está na experiência, na emoção e na alma que conseguimos revelar através da lente.


Cada imagem é um convite: perceba o instante, sinta o movimento, observe a luz, conecte-se com o assunto. O verdadeiro aprendizado não está apenas nas regras, mas na prática, na percepção e no olhar que se entrega à vida que se desenrola diante da câmera.


Esta série é um convite para explorar, sentir e viver a fotografia de forma completa. Não importa se você está começando ou já tem experiência: cada texto é um passo na descoberta de como capturar o que realmente importa, a essência, a emoção, a espontaneidade que dá alma à imagem.


Espontaneidade: A Alma da Imagem

Guia de Série: Espontaneidade – A Alma da Imagem


A fotografia é mais do que técnica; é experiência, é emoção, é vida. Cada imagem que capturamos carrega um instante único, uma história que merece ser sentida, não apenas observada.


Este guia apresenta uma sequência de textos que exploram a essência da fotografia, refletindo sobre luz, composição, movimento, cor, narrativa e, acima de tudo, a espontaneidade que dá alma à imagem. Cada título é um convite para mergulhar em um aspecto específico da fotografia, permitindo que você experimente e absorva o olhar por trás da lente.


1. Espontaneidade: A Alma da Imagem


2. A Importância da Luz Natural


3. Composição: O Silêncio que Guia o Olhar


4. O Retrato e a Verdade do Olhar


5. Tempo e Memória em Uma Imagem


6. Perspectiva e Profundidade


7. Cores e Sentimentos


8. Fotografia e Conexão Humana


9. Narrativa Visual: Contando Histórias com a Lente


10. Texturas e Atmosfera: Sentir a Imagem


11. Movimento e Emoção na Fotografia


12. Detalhes que Contam Histórias


13. Reflexos e Simetria: Olhar Além do Óbvio


14. Entre Luzes e Sombras: O Drama da Composição


15. O Momento Decisivo: O Instante que Não Volta


16. Retrato e Alma: O Olhar que Fala


17. Fotografia em Movimento: Congelar e Fluir


18. Contrastes e Emoções: O Impacto do Oposto


19. A Luz e Seus Segredos: Difusa, Dura, Quente ou Fria


20. Direção e Intenção: Guiando o Olhar e a Experiência




(Observação: a série foi numerada do primeiro ao vigésimo texto. No Pensador, por questões de postagem cronológica, os textos aparecem do último ao primeiro.)

A Fotografia em Plenitude


Cada fotografia carrega dentro de si uma narrativa única. A espontaneidade revela a verdade do instante, a luz natural dá forma e atmosfera, e a composição guia o olhar sem perder a liberdade do momento.


O retrato traduz o que os olhos guardam, enquanto a memória capturada em cada clique mantém vivo o tempo que passou. Perspectiva, cores e sentimentos se entrelaçam, conectando o fotógrafo ao assunto e ao espectador, criando um diálogo silencioso.


A narrativa visual transforma cada cena em história, texturas e atmosfera permitem sentir a imagem, e o movimento imprime emoção. Detalhes pequenos contam histórias inteiras, reflexos e simetria expandem o olhar além do óbvio, e o drama entre luzes e sombras dá profundidade e contraste à experiência visual.


O momento decisivo é o instante que não volta, e cada retrato fala com a alma do assunto, seja ele humano, objeto ou cena. Congelar ou fluir, capturar o contraste e a emoção, tudo se torna uma dança coordenada entre técnica e sensibilidade.
A direção sutil do fotógrafo une todos esses elementos, conduzindo a cena sem perder a autenticidade, transformando cada imagem em registro vivo e inesquecível.


É assim que a fotografia se completa: espontânea, técnica, sensível e consciente, uma arte que toca e permanece.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Costurar o Tempo


Se a vida fosse tecido, eu escolheria linhas invisíveis para bordar os dias. Cada ponto seria memória, cada nó, resistência. Costurar o tempo é remendar o que a vida rasgou, é unir o ontem ao amanhã sem perder a delicadeza do agora.


Às vezes, o fio se parte e minhas mãos cansam. Mas ainda assim insisto — porque sei que o bordado só existe no processo, nesse gesto de refazer, de alinhar, de acreditar que o tecido pode sustentar o peso da história.


Se eu pudesse, costuraria o tempo com calma, deixando espaço entre as linhas para que a esperança respirasse. Assim, mesmo que o hoje doa, haveria sempre a chance de o amanhã se encaixar sem pressa, como peça que se completa no avesso da vida.


E no fim, talvez eu descubra que costurar o tempo não é prender instantes… é libertá-los para que continuem existindo em mim.

O Encanto da Luz Natural


A luz natural não é apenas ferramenta: é coautora da fotografia.
Ela modela volumes, revela texturas, cria atmosfera e transforma gestos simples em narrativa viva.
Luz difusa envolve a cena com suavidade, trazendo leveza e uniformidade; luz dura destaca volumes e cria sombras marcantes que revelam profundidade. Luz quente aquece e aproxima, transmitindo intimidade e acolhimento; luz fria sugere introspecção, mistério ou dramaticidade.


O fotógrafo atento percebe o instante em que cada tipo de luz interage com o assunto, destacando detalhes e realçando a emoção que já existe no momento.
É nesse encontro entre luz, espontaneidade e direção sutil que a imagem se torna inteira, autêntica e inesquecível.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

O Corpo Que Clama, a Alma Que Escolhe

Não é qualquer toque que me desperta. Não é qualquer presença que acende o que em mim arde em silêncio. Meu desejo não é um instante, um ímpeto sem rumo. Ele é fome que só se sacia com verdade, com olhos que me enxergam além do corpo, com mãos que saibam a linguagem da entrega.

Eu não quero apenas ser desejada, quero ser sentida. Quero que meu nome seja dito com peso, que minha pele seja tocada com intenção, que meu corpo seja lido como um livro que se decifra página por página, sem pressa. Porque eu sou feita de profundidade, e quem se detém na superfície nunca me encontra de verdade.

Então, eu espero. Porque sei que quando esse toque vier, não será apenas pele contra pele. Será presença. Será chama. Será tudo.

Quisera eu que as pessoas pudessem olhar para mim como eu olho para elas.

Que fossem capazes de me enxergar com os mesmos olhos com os quais as vejo.

Que olhassem para o mundo com a mesma profundidade e leveza que tento transmitir.

Ou, ao menos, que eu soubesse lidar com as palavras da mesma forma que meu olhar se expressa, de maneira equiparada e clara.

Que tivessem sensibilidade suficiente para me decifrar sem julgar.

Assim, entenderiam o que trago em meu olhar e perceberiam a importância de cada um deles.

Tem gente que me olha, mas não me vê.

E se não me vê, não me sente.

E se não me sente, não me compreende.

⁠O Peso de Sentir em Silêncio

É difícil lidar com a dor e, ao mesmo tempo, ter consciência dela.
Difícil lutar contra a vontade de desistir e, ao mesmo tempo, querer seguir.
Difícil segurar o próprio peso sem querer ser um peso para ninguém.

Eu sei o que carrego. Sei da minha dor, da minha luta. Sei que não sou o centro do mundo e que todos têm seus próprios problemas. Por isso, me contenho. Por isso, me silencio. Por isso, engulo as palavras antes que pareçam um pedido de socorro inconveniente.

Não quero ser fardo, não quero ser vítima, não quero estar sempre no mesmo lugar de vulnerabilidade. Eu tento. Eu busco. Eu me movimento. Mesmo quando parece impossível, eu me esforço.

Mas o que é mais difícil nisso tudo?
Talvez seja entender todo mundo enquanto ninguém me entende.
Talvez seja cuidar para não incomodar enquanto ninguém percebe o quanto dói.
Talvez seja ser forte o suficiente para lutar contra a dor, mas não o bastante para ser compreendida.

E assim sigo: entre a vontade de sumir e a necessidade de continuar. Entre o silêncio e o grito que nunca sai. Entre a consciência de tudo e a sensação de que minimizam.

Se soubessem quantas vezes ouvi palavras de onde menos esperava…
E como, em certos momentos, a vontade de morrer se torna um sussurro persistente só para que, no fim de tudo, percebam que era real – cada suspiro das palavras ditas e das que foram sufocadas dentro de mim.

⁠Que o Amor Me Reconheça

Há uma parte de mim que se revela apenas para quem sabe ver. Não me entrego facilmente, porque meu amor, minha entrega, é algo que se cultiva com paciência. Não sou para ser admirada à distância ou compreendida apenas pela superfície. Sou feita de camadas, de sensações, de desejos, e só aqueles que têm a coragem de mergulhar nas profundezas de quem sou, poderão encontrar o que é verdadeiramente meu.

Eu espero, sim, mas não de qualquer jeito. Não espero por qualquer um. Espero por aquele que será capaz de enxergar não só o que está à mostra, mas também o que me habita de forma silenciosa, o que guardo para o momento certo. O amor que procuro não é pressa. Ele se faz em detalhes, em toques suaves que não exigem respostas imediatas, mas que se entregam sem medo do tempo.

O que eu quero é alguém que saiba me ver além do que se mostra. Que consiga ler nas entrelinhas e me reconhecer nas minhas pausas, nas minhas hesitações. Que o amor, quando vier, me encontre por inteira — com minhas reservas, meus medos, minhas ansiedades. E que, mesmo assim, ele se faça presente de forma tão profunda que nenhuma insegurança ou distâncias possam abalar.

Eu não sou uma simples entrega. Sou uma promessa, um mistério que só se revela a quem tem a coragem de ver além do que é imediato. Que o amor me reconheça não como um reflexo rápido, mas como algo que vale a pena ser descoberto lentamente, com cada toque, com cada palavra. Eu sou esperada. E, quando ele me encontrar, será como se o tempo finalmente tivesse valido a pena.

⁠O Olhar que Toca a Alma

Não é apenas sobre ver, é sobre sentir. Sobre enxergar além do óbvio, dar voz ao que se esconde nos detalhes, iluminar aqueles que passam despercebidos. Minha arte não é só um registro, é um grito silencioso, um chamado à percepção, um convite à sensibilidade.

Minha paixão sempre foi essa: capturar o que os olhos distraídos deixam escapar. A força de um pescador ao lançar a rede, a marisqueira que madruga para sustentar sua casa, as crianças correndo entre ruas e histórias que ninguém escreve. Meu olhar se volta para eles, para os que fazem o dia acontecer, para os que moldam a identidade do meu povo com mãos firmes e corações cheios de esperança.

Agora, mais do que nunca, minha busca se intensifica. Meu compromisso é trazer à luz o que parece invisível, tornar grandioso o que muitos ignoram. Porque Indiaroba pulsa, vive, respira cultura, memória e luta. Cada imagem que faço, cada palavra que escrevo, é uma forma de eternizar sua essência, de revelar a alma que habita nesse chão.

Sigo nessa jornada, com a câmera na mão e o coração aberto, pronta para dar voz ao que precisa ser dito, para que nenhum olhar se perca e nenhuma história seja esquecida.
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⁠Sede de Ser

Há uma sede em mim, que cresce a cada dia. Sede de ser beijada, acariciada, valorizada. Sede de me sentir viva, de ser tocada de uma maneira que só quem sabe amar sabe fazer. O calor dos dias parece aquecer ainda mais essa vontade, e o vento que sopra traz com ele o anseio por algo mais. Algo que não seja passageiro, algo que vá fundo.

Mas eu espero. Esperar é o que me resta. Porque sei que o tempo passa, e minha juventude se transforma, meu corpo também. As inseguranças batem à porta, e cada nova pessoa que surge me faz questionar se sou suficiente. Mas a verdade é que eu não quero qualquer toque, não quero apenas um beijo. Eu quero ser amada, devorada, desejada de uma forma única, verdadeira, que vá além do físico.

Eu queria me entregar a esses desejos, me perder neles, sentir o calor que vem de um abraço que não me solta. Mas a espera... ela me ensina. A cada dia que passa, fico mais certa de que a entrega só vale quando é completa, quando é genuína, quando não há dúvida, só entrega.

⁠Todos os dias me pego olhando para os mesmos lugares,
mas o olhar já não é o mesmo!
Cada dia traz um novo olhar.

O sentimento, esse, permanece o mesmo: amor.
Mas, acima de tudo, tenho um novo olhar, e percebo que muita coisa mudou.
A beleza está aqui dentro, e o que vejo é um reflexo daquilo que me permito olhar, mil vezes, com tamanha ternura.

Assim, sou abençoada a contemplar. E Deus, generoso, continua a me presentear.

⁠Beija-me

Beija-me como quem chega em casa depois de muito tempo.
Como quem reconhece o sabor da alma no toque da boca.
Sem pressa. Sem ensaio.
Mas com aquela vontade que carrega o tempo todo.

Beija-me com os olhos também.
Com os dedos. Com o pensamento.
Beija as minhas dúvidas até que elas se rendam,
e os meus silêncios até que virem som.

Beija-me pra além da pele.
Entre as palavras não ditas,
nas pausas da respiração,
no espaço entre um suspiro e outro.

Quero um beijo que acolha, mas acenda.
Que abrace, mas incendeie.
Que não peça licença,
mas saiba o momento exato de invadir.

Beija-me como quem sabe que estou faminta,
mas que minha fome é de algo que só se encontra quando a alma também se abre.
Beija-me como se cada toque fosse um recomeço,
e cada fim, apenas uma promessa de mais.

E se for pra ser beijo,
que seja inteiro.
Que me cale.
Que me entregue.
Que me eleve.

Beija-me como quem entende
que a boca é só a porta —
e o desejo,
é tudo o que vem depois.

⁠O Desejo Como Chuva em Terra Seca

Dentro de mim há um solo sedento, esperando pela chuva certa. Mas não aceito qualquer tempestade, qualquer gotejar. Meu desejo não floresce com qualquer toque, não desperta sob mãos que não saibam sentir. Precisa ser um alívio, não um dilúvio. Um toque que nutre, não que devasta. E então eu espero, mesmo que a espera resseque, mesmo que a sede arda. Porque quando a chuva certa vier, será raiz, será renascimento.

⁠⁠Resiliência em Flor Ser cacto é ser forte, resistente ao toque das adversidades, mas, mesmo sob o peso do mundo, florescer é uma escolha que ninguém pode tira... Frase de Jorgeane borges.

⁠⁠Resiliência em Flor

Ser cacto é ser forte, resistente ao toque das adversidades, mas, mesmo sob o peso do mundo, florescer é uma escolha que ninguém pode tirar. Ainda é sobre ser cactos.

⁠As Chaves Certas

Já me chamaram de difícil, de enigma, de mistério. Dizem que coloco barreiras, que não me entrego fácil. Mas a verdade é que não sou um jogo a ser decifrado, nem um segredo trancado à espera de um invasor. Sou apenas alguém que aprendeu a se guardar.

Não para todos, não para qualquer um. Mas para quem souber abrir as portas certas. Porque há quem chegue arrombando, impaciente, querendo tudo de uma vez. E há quem entenda que certas fechaduras não cedem à força, mas à delicadeza de quem sabe esperar.

Sei que tenho camadas, e que cada uma exige tempo, entrega, reciprocidade. E é por isso que não me apresso, não me espalho em mãos que não saibam me segurar. Meu mistério não é resistência, é apenas a certeza de que quem souber ler os sinais, quem tiver a coragem de permanecer, encontrará em mim não um labirinto, mas um refúgio.

⁠Quando a Ajuda Vira Julgamento

Não pedir ajuda não significa que eu não precise. Talvez eu só tenha um jeito diferente de demonstrar que preciso de você.

Sempre estive disponível para quem necessitou, sem que precisassem pedir. Bastava um olhar, um suspiro, e eu já estava lá. Porque quem quer ajudar, faz. Chega, estende a mão, encontra um jeito. Não espera que o outro precise gritar por socorro.

Mas quando sou eu que preciso, dizem que não me ajudo. Que não quero ajuda, porque não peço.

Como se fosse simples assim. Como se eu nunca tivesse tentado. Como se o fato de me esforçar até a última gota, sem incomodar ninguém, fosse um atestado de que estou ótima.

A verdade é que, quando pedi, nem sempre encontrei. E precisei aprender a lidar com a frustração do “não”, que só se ouve uma vez, mas ecoa para sempre. Precisei compreender os motivos dos outros, aceitar os limites que me impunham, mesmo que doessem.

Então, antes de pedir, eu penso: será que essa pessoa pode? Será que ela quer? Ou vai fazer por obrigação, com pressa para se livrar de mim?

É mais fácil esperar. É mais fácil não precisar pedir. Porque quem realmente quer ajudar, percebe. Chega perto. Não precisa de um pedido formal. Às vezes, tudo o que alguém precisa é de um abraço silencioso, sem perguntas, sem julgamentos.

Então, antes de dizer que eu não me ajudo, tente entender quantas vezes eu já me ajudei sozinha. Quantas vezes lutei contra tudo, sem incomodar ninguém.

Talvez o problema nunca tenha sido eu não pedir. Talvez o problema seja que nem todo mundo sabe realmente estar presente.

E ter que lidar com opiniões e julgamentos de quem me desconhece me torna, dia após dia, mais bloqueada e inacessível.

⁠Antes que o tempo leve a chance de mostrar

Sinto que há algo entre nós e o sentir pleno.
Como um véu suspenso no tempo.
Um tecido invisível que nos impede de ver com clareza os sentimentos, as pessoas, a essência.
Nos acostumamos a olhar pela metade, a amar pela metade, a entregar menos do que o coração sente.
E deixamos o resto guardado, como se sempre houvesse tempo.

Mas o tempo… não espera.

Quando alguém parte, esse véu cai.
Aí, sim, a enxergamos.
Aí, sim, sentimos.
Aí, sim, verdadeiramente notamos e percebemos o que sempre esteve diante do nosso olhar — e não enxergamos.
E o que transborda é uma dor sem nome —
a dor do que não foi dito, do que não foi oferecido, do que não foi vivido.
O abraço negado pelo costume.
O "eu te amo" que ficou para depois.
O gesto de afeto sufocado pela ideia de que o outro sempre vai estar ali.

Eu não quero isso pra mim.
Não quero ser compreendida só depois da partida.
Não quero ser vista quando meus olhos já não puderem mais devolver o olhar.
Tenho um desejo profundo:
Transcender esse véu.
Que as pessoas me enxerguem enquanto eu ainda estiver aqui.
Que possam dizer, tocar, sentir, entregar.

E quando eu for…
Ah, quando eu não estiver mais aqui…
Eu queria, só por um instante, ver.
Olho no olho.
Tudo aquilo que foi reservado pra mim, mas que o medo, o tempo ou o orgulho não permitiram que chegasse.
Porque eu sei: tem tanta coisa linda dentro das pessoas, pronta pra ser dada.
Mas, quase sempre... elas esperam demais.

Reconstruir-se

Reconstruir-se não é voltar a ser o que era, mas tornar-se quem se precisa ser. É olhar para os escombros e, em vez de lamentar o que caiu, escolher o que ainda pode florescer.

É entender que algumas partes se perderam porque não cabiam mais, que algumas dores moldaram caminhos e que cada rachadura carrega uma história.

Não é um processo rápido, nem sempre é leve. Mas é necessário. Porque recomeçar não é fraqueza, é coragem. É decidir, todos os dias, que a própria história ainda vale a pena ser escrita.

Estranhos valorizam


⁠É curioso como o maior incentivo vem, muitas vezes, de onde menos esperamos. Os olhos atentos, os elogios sinceros, os compartilhamentos espontâneos... quase sempre partem de estranhos. São eles que valorizam, acompanham, torcem pelo nosso sucesso sem pedir nada em troca.

Enquanto isso, aqueles que dividem a mesa conosco, que nos chamam de família, de amigos, passam pelas nossas conquistas sem sequer deixar um sinal de presença. Não curtem, não comentam, não compartilham. Não vibram quando anunciamos uma boa notícia, não celebram quando damos um passo à frente.

Mas estão lá. Acompanhando. Vendo. Silenciosos.

Seguem ativamente nas redes sociais, engajando com desconhecidos, enaltecendo gente que nunca viram e talvez jamais verão. Curtem, comentam, compartilham—mas não o nosso trabalho, não o nosso esforço, não as nossas vitórias.

Que estranheza é essa? Que proximidade vazia é essa que não se transforma em apoio? Que tipo de laço se mantém à distância, sem o calor da presença, sem o gesto simples de um incentivo?

Talvez seja mais confortável admirar à distância do que aplaudir de perto. Talvez, para alguns, seja difícil ver alguém próximo crescer. Talvez, para muitos, o sucesso só seja bonito quando pertence a um estranho.

Mas seguimos. Porque, no fim das contas, são os estranhos que muitas vezes nos impulsionam. E essa, talvez, seja a maior ironia de todas.

⁠A Vida nos Pequenos Instantes

Viver, para mim, é mais do que simplesmente existir. É sentir o vento bagunçar os cabelos, fechar os olhos para ouvir o som das ondas, encontrar beleza num café quente entre as mãos. É rir de algo bobo, receber um olhar que aquece por dentro, caminhar sem pressa, sabendo que a felicidade não está no destino, mas no percurso.

Não quero uma vida grandiosa aos olhos do mundo, quero uma que me transborde por dentro. Que me permita sentir, com toda a intensidade, a beleza do simples. Porque é nisso que mora o verdadeiro encanto da vida.

⁠Verso – O Canto do Lambe-Sujo

No brilho do dia que nasce apressado,
Negro tinta, sorriso estampado.
A dança, o grito, a espada no ar,
É o povo que canta, é o tempo a girar.

No peito, a força de quem já venceu,
No som do tambor, um passado viveu.
Boneca que dança, princesa que vem,
Histórias contadas por mais de cem.

No Rio Real, a alma se lava,
Em riso, em canto, em água sagrada.
O chão treme forte, o batuque não erra,
Lambe-Sujo resiste, é raiz, é terra!

⁠Moça

Ela é liberdade contida, uma ventania presa em uma janela entreaberta. Tem asas, mas ainda mede a altura antes de voar.

Ela tem um olhar que alcança longe, que enxerga o que muitos deixam passar. Mas nem sempre sente que é vista como realmente é.

Carrega no peito um coração intenso, que bate forte por tudo que acredita. Se entrega com profundidade, sente com verdade, mas nem sempre encontra quem compreenda sua forma de sentir o mundo.

Ela é feita de contrastes—leveza e intensidade, coragem e receio, força e sensibilidade. Ora quer ir, ora hesita. Mas dentro dela arde um desejo incontido de se lançar, de ser inteira, de se permitir.

E quando finalmente abrir suas asas, o vento será apenas um detalhe, porque ela já nasceu pronta para voar.

⁠Reflexos de Alma

Há um eco no espelho,
um reflexo que não é só luz.
É pele, tempo e memória,
uma sombra que sente e traduz.

Me transfiro em olhares,
sou vestígio em cada cor.
O passado resiste em traços,
feito espelho a guardar calor.

Toquei-me na transparência,
mas era outro a me olhar.
Alma fluindo em espelhos,
sempre a se reencontrar.

⁠Entre a Alma e o Olhar

Sou feita de memórias, de fragmentos de tempo que se recusam a ser esquecidos. Através das palavras e das imagens, encontro formas de tocar o intangível, de traduzir o que pulsa dentro de mim e, talvez, dentro de você.

Escrevo porque sinto. Fotografo porque vejo além do instante. Cada texto, cada imagem, é um pedaço da minha alma entregue ao mundo, na esperança de que encontre abrigo em outras almas que também buscam sentido.

Minha jornada é sobre conexões – com minha história, com minha cultura, com aqueles que me cercam e com quem, de alguma forma, se encontra nas entrelinhas do que expresso.

Seja bem-vindo ao meu universo, onde o tempo é moldado pelo olhar e as emoções ganham forma nas palavras.

⁠O Que é Pedir Ajuda?

O que significa pedir ajuda?
É bater à porta de um por um?
É relatar cada detalhe da dor, explicando mil vezes o que já está escancarado nas entrelinhas?
É implorar? Gritar? Forçar alguém a enxergar?

Porque eu sempre achei que ser transparente fosse suficiente. Que falar, mesmo sem pedir diretamente, já fosse um sinal claro de que algo dentro de mim estava gritando. Mas parece que não.

Se escrevo sobre a minha dor, sou julgada. Se me abro, sou silenciada. As pessoas dizem para eu pedir ajuda, mas, quando faço isso do meu jeito, preferem que eu me cale. Querem que eu esconda, que finja que está tudo bem. Então, afinal, como se pede ajuda sem incomodar? Como se acerta a pessoa certa?

E se esse for o meu jeito de pedir ajuda? E se cada palavra que escrevo for um sinal? Quem realmente quer ajudar, consegue enxergar? Ou só sabe olhar para quem implora?

Se eu preciso dizer com todas as letras, gritar, bater de porta em porta, será que realmente querem ajudar ou só querem tornar minha dor mais conveniente?

Solitário Conhecido

⁠Visitam-me os olhares que me reconhecem na rua, os acenos que cruzam meu caminho, os nomes que me chamam como se me soubessem. Visitam-me as vozes que me cercam em diálogos breves, as presenças que dividem espaço, mas não profundidade.

Sou um solitário conhecido. Caminho entre muitos, mas pertenço a poucos. Estou onde me veem, mas nem sempre onde me encontram.

Visitam-me, mas quantos realmente ficam?

⁠O Desejo Não Se Satisfaz em Qualquer Toque

Hoje, sinto a falta de algo que não sei explicar completamente. Um desejo que vai além do corpo, que pulsa na alma e no peito, uma vontade de ser tocada, de dividir risos sem pressa de chegar ao fim. Quero ser vista em minha totalidade, ser amada, sem que isso se perca no superficial.

Mas, ao mesmo tempo, me nego a buscar essa satisfação qualquer. Não quero apenas um toque vazio, uma troca momentânea. Eu quero mais. E, ao me negar, meu corpo sente a ausência, sofre em silêncio, como se algo estivesse faltando, como se a falta fosse mais forte que o desejo.

E é nessa contradição que me encontro. Querendo, mas sabendo que o que busco não está em qualquer lugar. Eu espero, mesmo que a espera me consuma.

Não pare

Continue a nadar, continue a nadar...

Se as lágrimas insistirem, deixe que corram, mas não deixe que te paralisem. O tempo não espera, e a vida tem pressa em acontecer. Cada passo, mesmo trêmulo, ainda é avanço. Cada respiro, mesmo ofegante, ainda é fôlego.

Não precisa ser rápido, não precisa ser perfeito. Só precisa ser. Porque o mundo não pausa, e a sua história também não deveria.

⁠Terra do Divino

Indiaroba, berço de encantos,
onde o tempo dança com o vento,
nas águas que abraçam memórias,
no olhar que reflete o sentimento.

Terra sagrada, solo de fé,
onde o Divino deixa sua marca,
em cada reza, em cada festa,
na chama que nunca se apaga.

Do Rio Real que conta histórias
às mãos que moldam o destino,
Indiaroba, alma viva,
és poesia, és Divino.

— ©Jorgeane Borges

O Desejo Como Fome que Não se Mata com Qualquer Alimento

Há uma fome em mim, mas não é qualquer coisa que me sacia. Não é um encontro rápido, um toque sem alma, um beijo sem história. Meu desejo precisa de algo mais. De um cheiro que fique na pele, de um olhar que me atravessa, de uma presença que se faça necessária. Não como um capricho, mas como quem encontra exatamente o que precisa.

Meu corpo chama, mas não para qualquer resposta. Não é urgência vazia, não é sede que se engana com qualquer gole. É fome de verdade, daquelas que só um banquete de alma e pele pode acalmar. Por isso, eu espero. Mesmo que doa, mesmo que arda. Porque quando vier, será entrega, será plenitude, será tudo.

O Reflexo de Quem Sou

Sou Jorgeane Borges, uma mulher que vê o mundo através da poesia da fotografia e da profundidade das palavras. Não apenas escrevo, mas sinto; não apenas fotografo, mas enxergo além do instante. Meu trabalho é um reflexo de quem sou: uma contadora de histórias, uma guardiã de memórias, alguém que busca capturar a essência do tempo para que ele nunca se perca.

Minha jornada com a fotografia e a escrita não começou por acaso, mas como uma necessidade. Embora a fotografia tenha sido uma paixão que sempre esteve presente, foi em 2019 que ela se transformou em parte do meu caminho artístico. A escrita, por sua vez, começou na adolescência, quando eu escrevia rascunhos, textos e poesias, mas acabou ficando adormecida por um tempo. Escrever e fotografar são formas de dar voz ao que transborda dentro de mim e ao que vejo além do visível. Cada fotografia que capto e cada texto que escrevo são fragmentos do que sou, ecos de momentos que insistem em permanecer.

Meu olhar se volta para as raízes, para as histórias que moldam o lugar de onde venho. Busco registrar meu povo, minha cultura, a essência da minha terra – porque acredito que há beleza e força naquilo que nos conecta ao passado e nos impulsiona ao futuro. Quero que minhas fotografias e palavras não apenas contem histórias, mas façam sentir, reviver, reconhecer-se nelas.

Entre todas as buscas, talvez a maior delas seja a conexão. Acredito que o verdadeiro encontro acontece quando nos permitimos ser vistos e compreendidos em nossa essência. Não me contento com a superficialidade; prefiro a profundidade dos olhares, das entregas, das trocas genuínas.

Seja bem-vindo ao meu universo, onde cada palavra e cada fotografia são convites para sentir e enxergar além. Aqui, o tempo se torna memória, e a arte, um elo entre almas que se reconhecem.

⁠Na Completude da Troca

Te sinto antes mesmo de te tocar.
És presença em mim, feito chama que arde sem consumir.
Quando nossos corpos se encontram, não é apenas pele contra pele,
é o universo inteiro se realinhando no instante de um beijo.

Nossos lábios se buscam, não apenas pelo desejo,
mas pela sede de um encaixe que vai além da carne.
É alma que transita, que se derrama, que se faz morada.
É um chamado mudo, um reconhecimento antigo,
como se, entre tantas vidas, sempre tivéssemos nos escolhido.

E nesse beijo, onde o tempo se desfaz,
nada mais importa além da completude do agora,
do arrepio que percorre, da respiração entrecortada,
da certeza de que, por um instante eterno,
somos um só.

⁠O Peso de Pedir

Dizem que eu não quero ajuda. Que não me ajudo. Que se eu precisasse de verdade, eu pediria.

O que ninguém entende é que pedir já foi uma escolha. Já foi uma tentativa, e, na maioria das vezes, o que encontrei foi silêncio, portas fechadas ou respostas que doeram mais do que o problema em si.

Aprendi a não insistir. Não por orgulho, mas por respeito. Porque sei que ninguém é obrigado a estar disponível. Sei que as pessoas têm seus próprios fardos e que nem sempre vão conseguir carregar o meu também. Então, eu escuto o não antes mesmo de ouvi-lo. E, para evitar o peso da rejeição, escolho não pedir.

Sei que, quando alguém realmente quer ajudar, ajuda. Sem esperar um pedido formal. Sem precisar ouvir "socorro" para entender que há um grito guardado no peito. Sei disso porque sempre fui essa pessoa. A que percebe, a que chega, a que estende a mão sem precisar ser chamada.

Então, se eu não peço, não é porque não preciso. É porque já aprendi que ir sozinho pode ser mais difícil e prolongado, mas é menos doloroso do que ouvir palavras cortantes e afiadas que já me feriram outras vezes. A solidão que vem com o silêncio, embora difícil, se torna um abrigo mais seguro do que os cortes invisíveis de quem diz querer ajudar, mas não está realmente disposto.

E quem sabe, talvez eu só precise de alguém que esteja disposto a perceber sem precisar de um pedido formal. Alguém que, como eu, entenda que a dor nem sempre se expressa em gritos, mas às vezes em silêncios profundos e na ausência de palavras.

O Peso do Esforço Solitário – Encontrando Força em Meio à Desmotivação

Às vezes, me pego pensando em como é difícil continuar quando as forças parecem se esgotar. Um dos maiores desafios que enfrentei ao longo do meu caminho foi a falta de incentivo, de apoio, a sensação de que, por mais que me dedicasse, não havia quem enxergasse o valor do que eu estava fazendo. No fundo, o que mais me desmotivava não era a ausência de reconhecimento, mas o esforço contínuo de lutar sozinha. Lutar por algo que acreditamos, que amamos, sem ver aquele olhar de compreensão, sem aquele gesto de apoio que nos lembra que o que estamos fazendo tem valor.

É difícil continuar quando se sente que o próprio trabalho é invisível para aqueles ao redor. Muitas vezes, me vi forçada a fazer mais do que o dobro, o triplo, o quádruplo, apenas para ser vista, apenas para fazer valer a minha arte, minha voz, minha visão. E, por mais que eu me esforce, sinto como se fosse ignorada ou, pior, que outros tomassem aquilo que eu criei, fazendo de conta que é deles. Isso dói. Mas, ao mesmo tempo, me ensinou a ser mais forte, a confiar no valor do meu próprio trabalho, mesmo quando o mundo ao redor tenta abafar a minha luz.

Hoje, percebo que essa luta solitária, por mais dolorosa que seja, me fortaleceu. Porque, no fim, a minha motivação e a minha paixão não dependem de ninguém além de mim. E, mesmo quando a desmotivação bate forte, sei que é nela que encontro a força para seguir em frente, com ou sem aplausos, com ou sem apoio. Porque, no fundo, o meu propósito é maior do que a falta de reconhecimento.





⁠A Última Oportunidade

Se este fosse o último instante, se esta fosse a última oportunidade, que ninguém duvidasse do que sinto. Que cada olhar meu carregasse a verdade do que quero deixar. Que cada palavra dita fosse uma certeza de afeto, um pedaço de mim eternizado em quem me escutou.

O amanhã pertence a Deus. O depois é um mistério que não posso tocar. Mas o hoje... O hoje é meu. É aqui que me entrego, que me espalho em fragmentos de amor, que faço questão de ser presença inteira. É agora que eu amo, sem reservas, sem medo, sem medidas.

Porque nada mais importa além desse instante. Nada pesa mais do que o afeto que ofereço, do que a companhia que sou, do que o amor que espalho. E se há algo que quero deixar, é essa certeza: fui inteira para quem me encontrou no caminho.

Se amanhã eu não estiver, que me guardem assim—eterna, doce, companheira, delicada, presente. Porque amar agora é a única forma que tenho de ser para sempre.

⁠Para Ele, Que Já Existe

Eu não sei onde você está, nem se já me viu de longe ou se ainda caminha em outra direção. Mas sei que existe. Sei porque sinto sua ausência como se fosse uma presença, porque o espaço que você ocupa em mim já tem forma, cheiro, textura. Sei porque meus anseios não se dissolvem no tempo, porque meu corpo espera sem se perder no fácil, sem se entregar ao vazio.

Eu poderia dizer que espero pacientemente, mas não seria verdade. Espero com desejo, com urgência contida, com vontades que dançam dentro de mim sem encontrar palco. Espero porque sei que quando chegar, não será um encontro qualquer. Será o reconhecimento de algo que sempre esteve aqui.

Não me guardo por medo, nem por falta de oportunidades. Me guardo porque não sou para qualquer um, porque minha pele não responde a mãos que não saibam o que fazer com ela. Porque meu corpo, minha alma, tudo em mim precisa de verdade, de presença, de entrega.

Então, venha quando for tempo. Mas venha inteiro. Porque não quero metades, não aceito migalhas. Quero um toque que fique, um olhar que me prenda sem me acorrentar, uma voz que me acalme e desperte ao mesmo tempo. Quero ser para você o que você será para mim: um abrigo, um incêndio, uma certeza.

E quando vier, saberá que sempre foi você.

⁠Pele de História

Sou tinta, sou tempo, sou grito, sou gente,
No peito, a memória que nunca se ausente.
No rastro do chão, no giro da dança,
Ecoa no corpo a fé e a esperança.

No som do tambor, sou força e brio,
No rio me lavo, renasço e sorrio.
Sou negro, sou canto, sou chão, sou raiz,
Sou Lambe-Sujo, sou povo feliz.

Sou Indiaroba, sou brilho no olhar,
A resistência que insiste em ficar.
Minhas lentes capturam o tempo e a cor,
Sou memória viva, sou força, sou dor.


Entre Olhares e Palavras

Há um instante, entre o piscar dos olhos e o sussurro do pensamento, onde a vida se revela em sua forma mais pura. Um tempo suspenso entre o que sinto e o que expresso, entre a fotografia e a palavra, entre a imagem que congelo e a emoção que deixo fluir.

Sou feita de silêncios que gritam e de gestos que falam. Meu olhar recua no tempo, buscando histórias que resistem ao esquecimento, vestígios de quem fomos, ecos de quem ainda somos. Escrevo para dar voz ao que se cala, para traduzir a dança invisível entre o que se vê e o que se sente.

Meu caminho é feito de entrega – a mim mesma, ao instante, ao que me atravessa. Carrego a suavidade de quem sente fundo e a força de quem transforma dor em criação. Cada palavra que escolho, cada imagem que capto, é um convite para enxergar além do óbvio, para sentir além do esperado.

E assim sigo, costurando tempo e memória, conectando passado e presente, trazendo para perto aqueles que se permitem ver – e, quem sabe, se reconhecer.


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⁠Indiaroba, Terra que Vive em Nós

Indiaroba, onde o rio canta,
onde o vento sussurra memórias,
onde a terra guarda os passos
de quem veio antes de nós.

Teu nome é raiz e cura,
palmeira que abraça o tempo,
óleo que marca a história,
caminho traçado em sentimento.

És feira, és vila, és cidade,
és força que não se dobra,
és passado, és futuro, és alma,
és Indiaroba.

O rio te conta em suas margens,
o mar te beija em segredo,
a infância corre em tuas ruas,
a vida pulsa em teu enredo.

És tambor que nunca silencia,
cor de festa sobre a pele,
dança de quem veio antes,
passos que seguem adiante.

Indiaroba, teu nome ecoa,
tua gente sonha e constrói,
teu chão é lar, é abraço,
é casa onde o tempo não se vai.

Parabéns, terra querida,
que teu brilho nunca cesse,
que teu povo siga forte,
que tua essência permaneça.

— ©Jorgeane Borges

⁠A Hipocrisia da Felicidade Forçada

As pessoas sempre perguntam como estamos, mas existe um jogo invisível de palavras que temos que jogar. Se você diz que não está bem, a resposta quase automática é: “Não, você tem que estar bem. Tem que sorrir, ser positivo, a energia vai mudar se você disser que está bem.” Como se, ao dizer a verdade, estivéssemos fazendo algo errado. Como se o simples fato de não esconder nossa dor fosse um convite ao fracasso.

Então, a solução é fingir. Colocar um sorriso no rosto, engolir o choro, e seguir em frente, como se a dor fosse apenas uma nuvem passageira que se dissipa com um simples esforço de vontade. A hipocrisia está em achar que só o sorriso falso vai curar o que está dentro de nós. E o pior: as pessoas acreditam. Elas olham para o nosso sorriso, não veem a dor, e pensam que está tudo bem.

A cobrança para estar sempre bem, sempre otimista, transforma a dor em um fardo oculto, algo que deve ser escondido, abafado, como se admitir que não estamos bem fosse um pecado. Mas, o que as pessoas não percebem é que, quando fingimos estar bem, estamos morrendo por dentro, desconectados de nossa verdade. Estamos cumprindo um papel, mas não estamos vivendo. Estamos sobrevivendo.

Como quebrar essa hipocrisia? Como fazer as pessoas entenderem que, às vezes, o maior sinal de coragem não é sorrir e seguir em frente, mas admitir que não estamos bem, que precisamos de ajuda, que a nossa dor é real e não deve ser varrida para debaixo do tapete da fachada de felicidade?

Eu, por vezes, escolho ser verdadeira, mesmo que isso me custe incompreensão, mesmo que eu tenha que lidar com o julgamento de quem prefere ver a imagem do sorriso do que a sinceridade do olhar cansado. A hipocrisia de exigir que a gente seja feliz, mesmo quando tudo dentro de nós pede por descanso, é o que realmente dói. E talvez, quem sabe, se a gente parasse de exigir uma felicidade forçada, poderia começar a enxergar as dores verdadeiras por trás dos sorrisos falsos.

A Frustração como Silêncio Gritante

É estranho sentir tanto e, ao mesmo tempo, não ter onde pousar esse sentir. O corpo fala, pede, grita em silêncio. Mas eu não sei entregar para qualquer um. Não sei sufocar o que quero com algo que não me completa. Então, eu espero. Mesmo que a espera doa. Mesmo que o desejo me devore por dentro.

⁠A Persistência do Silêncio

Há momentos em que, apesar do peso da jornada, sigo em frente, empurrando as palavras para fora, tentando encontrar sentido naquilo que muitas vezes parece sem eco. E sigo criando, mesmo que não haja aplausos, mesmo que o retorno seja tão distante quanto a última estrela da noite. Porque eu sei que algo se constrói nesse movimento silencioso, nesse esforço que não exige reconhecimento imediato, mas sim confiança no propósito de continuar.

A minha criação não depende dos olhos dos outros, mas de algo muito mais profundo. É um ato íntimo, que pulsa dentro de mim, e que se torna mais importante que qualquer aplauso ou retribuição. Às vezes, me vejo como uma semente lançada ao vento, sem saber onde cairá, mas acreditando que, ao menos, já começou a sua jornada.

Talvez o sentido não seja a visibilidade, mas a própria criação. E se no final, os frutos que plantei ao longo desse caminho silencioso se manifestarem de forma diferente do que imaginei, estarei pronta para acolher.

Porque a criação, como a vida, é um processo contínuo. Mesmo sem saber quando, ou como, algo começará a florescer, sigo sem desistir. E esse é o verdadeiro sentido do que faço. A cada palavra, a cada imagem, a cada gesto, estou, na verdade, me deixando ir, me permitindo ser, mesmo quando tudo ao redor parece pedir para parar. Continuo porque sou movida por algo que vai além do retorno. Sou movida pelo processo de estar aqui, agora.

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Ser Muito

Dizem que sou muito. Que sou demais. Que transbordo sentimento. Como se houvesse um limite para sentir, como se fosse possível medir o que pulsa dentro de mim. Não sei ser pouco, não sei ser metade. Minha essência é excesso, intensidade, entrega.

Eu sinto fundo, amo inteiro, desejo com a alma. Não me contento com rascunhos de sentimentos, com migalhas de presença, com o morno das emoções rasas. E sei que isso assusta. Sei que, para alguns, sou tempestade quando esperavam brisa. Mas não sei ser menos.

Quem quiser ficar, que fique por inteiro. Quem quiser amar, que ame sem medo. Porque dentro de mim, o sentir nunca será um fio de água. Será sempre mar.

⁠Nem sempre é a falta de amor que impede o crescimento, mas o solo onde escolhemos plantar nossas sementes. O amor pode ser intenso, dedicado, cheio de cuidado, mas se o terreno não for fértil, os esforços se perdem, e a flor nunca desabrocha.

Aprender a reconhecer onde vale a pena plantar é um ato de sabedoria e preservação. Nem todo lugar nos nutre, nem toda terra nos sustenta. Há ambientes que sufocam, relações que drenam, espaços que, por mais que tentemos, nunca serão morada para o florescer que desejamos.

Então, ao invés de insistir onde nada cresce, escolha melhor o solo. Regue onde há espaço para raízes profundas, onde a luz chega sem esforço, onde o vento não arranca aquilo que você cultiva com tanto carinho. Algumas sementes precisam de um novo lugar para finalmente florescer.

⁠O Olhar que Me Define

Meu olhar não se limita ao que os olhos veem, mas ao que a alma reconhece. Eu fotografo para eternizar, escrevo para ecoar memórias. Meu olhar recua no tempo, buscando o que merece ser lembrado, e avança com a sensibilidade de quem entende que cada imagem e cada palavra são pontes para o outro.

Vejo beleza nos detalhes, valorizo as marcas do tempo e busco o que é essencial. Em tudo que crio, há um instante de entrega: um pudim feito com afeto, uma lembrança registrada com carinho, um verso que toca quem lê. Cada foto, cada palavra, é uma forma de me conectar e trazer à tona histórias que, de alguma forma, pertencem a todos nós.

Não me contento com a superfície. Quero o encontro genuíno, a troca verdadeira, a lembrança que resiste ao tempo. Meu olhar é minha identidade, meu povo, minha cultura, minha história. E ao compartilhá-lo, convido outros a enxergarem não apenas o que está diante deles, mas o que pulsa dentro.

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⁠Indiaroba, Sergipe: História e Emancipação

Indiaroba, localizada no litoral sul de Sergipe, conquistou sua emancipação política em 28 de março de 1938, tendo como primeiro prefeito Antônio Ramos da Silva.

Um olhar sobre a história

Inicialmente, a região era conhecida como Feira da Ilha, pois se acreditava que suas terras formavam uma ilha.

20 de março de 1846 – A freguesia foi elevada à condição de vila, recebendo o nome de Vila do Espírito Santo do Rio Real.

9 de abril de 1870 – A sede da vila foi transferida para o povoado de Santo Antônio do Campinho (atual Preguiça de Cima).

24 de abril do mesmo ano – A lei foi revogada, e a sede da vila retornou às margens do Rio Real.

Março de 1938 – O então povoado foi elevado à categoria de cidade por Antônio Ramos da Silva.


Origem do nome

O nome Indiaroba tem raízes indígenas. Deriva de "Indaiá" – uma espécie de palmeira – e "Andiroba", que em tupi-guarani significa "óleo amargo".

Indiaroba carrega em seu nome e em sua história a força de um povo e a riqueza de sua cultura.

Cuscuz ⁠É café de casa antiga, é sustança no dia a dia, é colo de mãe e de vó, é a infância em poesia. No prato, além do milho, tem amor e tradição, o cuscuz do... Frase de Jorgeane borges.

Cuscuz

⁠É café de casa antiga, é sustança no dia a dia,
é colo de mãe e de vó, é a infância em poesia.
No prato, além do milho, tem amor e tradição,
o cuscuz do nordestino é comida e emoção.


📅 Agenda do Cuscuz - 19 de Março: O Sabor que Une

O Desejo que Me Habita

Hoje já te quis dentro de mim mil vezes, e em cada uma delas lembrei que, de alguma forma, você já pulsa aqui dentro. Mas ainda assim, te quero perto—tão perto que nossos corpos provoquem faíscas, que o desejo se espalhe sem freios.

Te vejo me devorar primeiro com os olhos, como se cada detalhe meu fosse uma fome antiga. E quando tua boca me encontra, não há espaço para pressa—só o ritmo certo de quem sabe exatamente o gosto que procura.

Sinto falta da tua sede de mim. Do jeito que me olhas de boca seca, e quando me beijas, me inundas com teu desejo, me banhas por inteira.

Na completude da troca, entre suspiros e pele, não há apenas um encontro de corpos—há almas que se transitam num beijo, se reconhecem no toque, se pertencem no silêncio.

Indiaroba


Indiaroba, um município encantador situado no litoral Sul de Sergipe, se destaca por suas belezas naturais e um turismo sustentável que envolve ecoturismo e a valorização de suas raízes culturais e gastronômicas. Com um nome de origem indígena, que remete à palmeira "Indaiá" e a semente "Rubá", a cidade tem como significado popular "índia bela", refletindo a beleza de sua gente e de seu ambiente.

A cidade, composta por belos estuários ecológicos e manguezais, é um cenário perfeito para a prática do ecoturismo, onde é possível observar a fauna e flora local, como caranguejos, siris e camarões, além de aves que enfeitam o céu. A costa da cidade oferece atrativos turísticos, como a orla repleta de paisagens naturais e a travessia para locais encantadores como a praia do Saco, a Ilha do Sossego e Mangue Seco.

Um dos destaques da cidade é o povoado Terra Caída, que encanta pela sua tranquilidade e rusticidade, banhado pelo rio Piauí e cercado pela biodiversidade local. O povoado é um exemplo da mistura entre o campo e o litoral, com suas paisagens bucólicas e com saborosos pratos típicos, como as empadinhas de mais de 50 anos de tradição, patrimônio cultural imaterial do estado de Sergipe. A gastronomia local é um convite a sabores autênticos, com pratos à base de macaxeira, batata doce, caju, coco e mangaba, além da famosa culinária de frutos do mar.

Outro ponto de destaque é o Pontal, uma área privilegiada que encanta os turistas com seu estuário e um cenário de prainha rodeada por aves e fauna local. O ecoturismo ali é igualmente rico, oferecendo passeios para as ilhas próximas, como a Ilha da Sogra e Ilha do Sossego, e também para o Projeto Associação das Catadoras de Mangaba, que promove a produção de iguarias a partir dessa fruta típica da Caatinga.

Indiaroba não é apenas um lugar de belas paisagens, mas também de uma cultura rica e acolhedora, onde o turismo, a pesca e a preservação do meio ambiente andam lado a lado, oferecendo experiências inesquecíveis aos que visitam essa joia do litoral sergipano.


📷✍🏻@jorgeane_borges

⁠O Corpo Como um Instrumento que Só Toca na Sintonia Certa

Meu corpo não é uma melodia qualquer, não toca para qualquer ouvido. Ele precisa da sintonia certa, do toque que sabe a nota exata para fazê-lo vibrar. Há desejo em mim, mas ele não dança ao som de qualquer presença. E eu espero. Porque sei que, quando a música certa tocar, eu não terei dúvidas – será entrega, será arrepio, será um acorde perfeito.

⁠A Doçura que a Vida Devolve

A vida sempre encontra um jeito de devolver leveza a quem semeia doçura. O que oferecemos ao mundo, de alguma forma, retorna para nós.

Um gesto gentil, uma palavra suave, um olhar acolhedor — tudo isso cria um ciclo onde a ternura se espalha e, no tempo certo, volta como brisa leve, como um abraço inesperado.

Seja doce, mesmo quando o mundo parecer áspero. A suavidade é uma força silenciosa, um jeito bonito de resistir.

⁠O que Me Move

Depois de falar sobre o olhar que me define, venho agora compartilhar um pouco mais sobre o que realmente me move.

Meu olhar sempre foi um caminho para além do óbvio. Não vejo apenas o instante, mas o que ele carrega. Cada imagem que registro e cada palavra que escrevo são fragmentos de tempo que se recusam a ser esquecidos. Gosto de capturar o que pulsa, o que sussurra histórias na sutileza dos detalhes.

Minha fotografia não é apenas sobre o que está diante de mim, mas sobre o que ecoa dentro. Busco o que resiste ao tempo, o que guarda essência, o que conecta. Escrevo para dar voz ao que se esconde nas entrelinhas, para transformar sensações em palavras que acolhem e despertam.

Mais do que um ofício, meu trabalho é um reflexo de quem sou. Um convite para ver com mais sensibilidade, sentir com mais verdade e reconhecer, na imagem e na palavra, um pedaço de si.

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⁠Um Trabalho de Valorização e Incentivo Cultural

Capturar imagens como as vejo e revelar ao mundo a essência das coisas.
É um trabalho delicado, mas essencial.

Quando um olhar atento destaca a importância da permanência e do legado representativo, ele convida as pessoas a se enxergarem sob novas perspectivas, diferentes ângulos e projeções de sua própria grandiosidade.

Pode-se dizer que é também um ato de empoderamento.
Vamos nos orgulhar do que nos pertence, nos apropriar de nossas riquezas e raízes.
Mostrar ao mundo que somos um povo rico de ser e de saber.

Essa é uma forma de permanência e consciência cultural!

@lambe_sujos.sambanegro, o som do Samba de Coco que atravessa gerações.
Um grupo popular forte e valente, que transborda alegria com seu jeito único de brincar com a vida!

E eu?
Uma outra história… Acompanha meus passos. 😉🤗

⁠Perder-se na Beleza do Desejo

Eu me vejo nas sombras daquilo que não fui, mas que posso ser. Há um desejo em mim, um desejo de ser tocada, desejada, amada. Mas não é qualquer toque que me acende, nem qualquer olhar que me dissolve. Meu corpo clama, mas meu coração espera, com paciência, por quem saiba ver além da superfície, por quem compreenda o silêncio de cada suspiro meu.

Eu me perco na ideia de ser mais do que uma imagem fugaz, ser mais do que um desejo momentâneo. Não quero ser apenas desejada, quero ser a razão de um olhar, o abrigo de uma alma, o lugar onde os corpos se encontram sem pressa, onde o desejo se transforma em algo profundo e duradouro.

Perder-me é encontrar, é me entregar sem medo, é me descobrir nas entrelinhas do amor que ainda não vivi, mas que sei que posso experimentar. Porque o desejo não é só carne. Ele é o enredo que se desenha quando duas almas se tocam e se reconhecem. E eu me entrego a esse enredo, sem pressa de chegar ao final.

⁠Lambe-Sujo: Manifestação Cultural e Artística Indiarobense

Com raízes na Marujada, o Lambe-Sujo Samba Nego é uma tradição centenária do município de Indiaroba, marcada pela pele pintada com uma tinta orgânica feita de mel de cabau (melaço da cana) e carvão de umbaúba, preparado momentos antes da apresentação.

Empunhando espadas de madeira e usando o tradicional gorro – um adereço de palha de buri confeccionado por eles durante a preparação –, os integrantes são acompanhados pela figura da Boneca, uma personagem vestida com traje de quadrilha, maquiagem e acessórios. Equilibrando um cesto na cabeça, recheado com produtos naturais da nossa terra, como frutas decoradas com folhas, ela carrega nos braços uma boneca de pano. Seu papel é animar o grupo, dançando entre os integrantes e a plateia, além de recolher alguns trocados para apoiar a manifestação.

Com sua musicalidade e dança vibrante, o grupo representa a alegria dos negros libertos. Um dos participantes se caracteriza como Princesa Isabel, simbolizando a abolição da escravatura no Brasil.

A tradição se mantém viva em datas importantes como o domingo de Páscoa, o Dia do Índio e festividades do município e das cidades vizinhas. O encerramento da brincadeira acontece nas águas do Rio Real, onde os participantes se banham em um clima de descontração, risos e a autenticidade da sua musicalidade.

"Meu papagaio das asas douradas
Quem tem namorada fica
Meu papagaio
Quem não tem fica sem nada
Meu papagaio"

"Dá-lhe Tom, Nego da Bahia
E que dá e que dá, eu também quero dá"

O grupo é formado por vinte integrantes, entre eles figuras importantes como Chupinha, Cabelo Fino e Gean Carlos, que carregam consigo a tradição e a essência dessa manifestação cultural única.

Foto e Texto: Jorgeane Borges

⁠O medo de voar

Há quem passe a vida inteira sonhando com a liberdade, mas, quando finalmente tem a chance de alcançá-la, hesita diante do desconhecido. A gaiola não é apenas um espaço físico – muitas vezes, ela é feita de inseguranças, de receios cultivados ao longo do tempo.

Se a porta está aberta, por que ainda não foste? Por que teus pés insistem em permanecer onde sempre estiveram? Talvez seja o medo de cair, de não encontrar pouso seguro, de se perder no infinito. Mas a verdade é que não se aprende a voar sem primeiro se lançar ao vento.

A liberdade tem um preço, e ele é a coragem de enfrentar o novo, de se desprender das certezas confortáveis e abraçar o inesperado. Viver presa por medo de cair é esquecer que há força nas asas e que, mesmo que haja quedas, cada tentativa te fará mais forte.

Então, abre as asas. O céu te espera.

Indiaroba - fragmentos da nossa história

A história de Indiaroba, como a de muitas cidades, é marcada por uma teia de vivências e transformações que refletem não apenas os acontecimentos, mas também os sentimentos e os desafios enfrentados ao longo dos tempos. Essa terra, entre os rios Sergipe e Real, foi palco de disputas e encontros, onde os povos nativos se uniram aos primeiros colonizadores, dando forma a uma história de resistência, adaptação e sobrevivência.

No início, os franceses, com a ajuda dos indígenas, adentraram as águas do rio Real, ainda em 1575, mas seus vestígios desapareceram como o eco de um tempo que se apaga na memória coletiva. O território, um cruzamento de destinos entre as províncias da Bahia e Sergipe, foi marcado pelas rivalidades entre os capitães-mores, e cada disputa territorial refletia a busca incessante por um lugar de pertencimento. O que se transformou em Indiaroba não nasceu de uma fundação simples, mas de um processo de construção coletiva, onde cada ação, cada decisão, moldava as raízes de uma identidade.

Em 1750, com a chegada dos padres jesuítas e a fundação da capela de Nossa Senhora do Carmo, a cidade começava a se desenhar de forma mais concreta, tornando-se um espaço de fé, tradição e cultura. A disputa pela sua organização administrativa, entre os municípios de Abadia e Santa Luzia, só confirmava a importância de Indiaroba como uma peça central nesse tabuleiro geográfico. Mas, como toda história, a luta pela definição da cidade não seria linear nem simples.

Na virada do século XIX para o XX, um novo marco se desenhou: em 1938, com a emancipação política, a cidade iniciou uma etapa de maior autonomia, e seu crescimento seria impulsionado pela industrialização do camarão e pelo turismo. Sua posição geográfica, entre Sergipe e Bahia, tornou Indiaroba uma porta de entrada para o Estado sergipano, e o que antes parecia uma luta por reconhecimento, agora se tornava uma celebração de suas conquistas e particularidades.

Indiaroba é uma cidade que respira as marcas de sua história — um povo que resistiu ao tempo, que preservou a cultura e que se reinventou. Hoje, a cidade reflete não apenas as lutas e vitórias do passado, mas também a esperança do futuro, com um povo que conhece o valor da sua terra e da sua identidade, buscando preservar o que é mais precioso: suas raízes.

©Jorgeane_borges

Reflexos e Simetria: Olhar Além do Óbvio


Reflexos e simetria transformam uma fotografia ao revelar perspectivas inesperadas e multiplicar a narrativa visual. Um espelho d’água, uma superfície refletiva ou a composição de elementos simétricos podem criar profundidade, ritmo e surpresa na imagem.


Tecnicamente, é necessário observar ângulos, luz e posicionamento, sabendo que cada detalhe influencia a percepção do espectador. Mas mais do que técnica, é sensibilidade: perceber o instante em que o reflexo ou a simetria revela algo que não é visível à primeira vista, trazendo emoção e significado à cena.


O uso consciente de reflexos e simetria permite que a fotografia vá além do óbvio, despertando curiosidade e atenção. Ele dá à imagem uma dimensão poética, conectando técnica, observação e sentimento em uma composição equilibrada e cheia de vida.


Reflexos e simetria não apenas ampliam a visão; eles imprimem alma e espontaneidade à fotografia, mostrando que o olhar atento transforma cada cena em narrativa viva.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Detalhes que Contam Histórias


Na fotografia, os detalhes muitas vezes carregam mais emoção do que a cena inteira. Um gesto sutil, uma textura, um brilho nos olhos ou uma sombra discreta pode transformar uma imagem comum em uma narrativa intensa.


Tecnicamente, observar detalhes exige atenção à composição, foco e profundidade de campo. É preciso escolher o que destacar, o que deixar em segundo plano, e como cada elemento dialoga com o restante da imagem.


Mais do que técnica, é sensibilidade: perceber que cada pequeno elemento conta uma história, revela caráter, emoção e contexto. O poder dos detalhes está em permitir que o espectador descubra camadas da cena, despertando memórias, sentimentos e conexões inesperadas.


Fotografar detalhes é capturar o invisível, aquilo que muitas vezes passa despercebido, mas que dá autenticidade e alma à fotografia. Cada minúcia contribui para a narrativa, tornando a imagem mais profunda e significativa.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Movimento e Emoção na Fotografia


Capturar movimento é muito mais do que registrar ação; é transmitir energia, emoção e intensidade de um instante. Cada gesto, cada passo ou olhar em movimento carrega vida e história, transformando a fotografia em uma narrativa visual dinâmica.


Tecnicamente, é preciso dominar velocidade do obturador, foco e composição para congelar ou suavizar o movimento conforme o efeito desejado. Mas mais do que técnica, é sensibilidade: perceber o momento exato em que a ação se torna significativa, aquele instante que transmite a emoção real e desperta conexão no espectador.


O movimento cria fluxo e ritmo, conduzindo o olhar através da imagem e intensificando a experiência de quem observa. Quando combinado à espontaneidade, ele revela autenticidade, leveza e verdade, transformando simples cenas em fotografias cheias de alma.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Perspectiva e Profundidade


A maneira como vemos o mundo através da lente transforma completamente a narrativa de uma fotografia. Perspectiva e profundidade não são apenas conceitos técnicos: são ferramentas que guiam o olhar, revelam hierarquias e destacam o que realmente importa na cena.


Tecnicamente, explorar ângulos, linhas de fuga e planos diferentes permite criar dimensão e interesse visual. O uso da profundidade de campo, combinada à escolha de pontos de foco, faz com que o observador sinta espaço e contexto, como se estivesse dentro do momento capturado.


Mas mais do que técnica, perspectiva é sensibilidade: é perceber qual ângulo conta melhor a história, qual ponto de vista transmite emoção, e como a combinação de elementos no espaço comunica sensação e narrativa.


Quando utilizada com cuidado e percepção, a perspectiva transforma imagens planas em experiências visuais ricas, dando profundidade, movimento e vida à fotografia, mantendo a autenticidade do instante.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

A Importância da Luz Natural


A luz é a essência que dá vida a qualquer fotografia. Mais do que simplesmente iluminar, ela cria atmosfera, revela texturas e molda o olhar de quem observa. Entre todas as fontes de luz, a natural é a que mais confere autenticidade e emoção à imagem.


Fotografar com luz natural é aprender a perceber a mudança constante do ambiente: a suavidade da manhã, a intensidade do meio-dia, a delicadeza dourada do entardecer. Cada nuance transforma a percepção da cena, permitindo que o instante capturado seja vivido novamente pelo espectador.


Tecnicamente, o fotógrafo precisa observar a direção, a intensidade e a qualidade da luz. Saber aproveitar sombras, reflexos e contrastes naturais faz diferença na composição e transmite profundidade à imagem. Mais do que técnica, é sensibilidade: é sentir o instante e deixar que a luz revele a verdade do momento.


A luz natural não apenas ilumina; ela imprime alma, sentimento e narrativa à fotografia, conectando quem fotografa e quem observa em uma experiência única.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

O Retrato e a Verdade do Olhar


O olhar é a janela da alma, e no retrato ele revela aquilo que palavras não conseguem expressar. Capturar a verdade do olhar é captar o instante em que o sujeito se mostra inteiro, sem máscaras, permitindo que sua essência apareça na imagem.


Tecnicamente, é preciso atenção à proximidade, ao enquadramento e à profundidade de campo. Mas o segredo não está apenas na técnica: está na sensibilidade do fotógrafo em perceber quando o olhar é sincero, quando a expressão transmite emoção genuína e quando o silêncio da pose conta mais do que qualquer gesto.


Cada retrato é único porque reflete a individualidade do momento. O fotógrafo atua como um guia, criando conexão, respeito e confiança, mas sem interferir na naturalidade que torna o retrato verdadeiro.


É nesse equilíbrio entre técnica e sensibilidade que o olhar se transforma em narrativa, tornando a fotografia um reflexo autêntico da vida e da emoção.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Fotografia e Conexão Humana


A fotografia tem o poder de capturar mais do que imagens: ela registra vínculos, emoções e relações. A conexão entre as pessoas, ou entre o sujeito e o ambiente, é o que transforma uma cena em narrativa viva.


Tecnicamente, o fotógrafo precisa estar atento ao momento em que a interação acontece naturalmente. É preciso observar gestos, olhares, posturas e movimentos que revelam afeto, confiança ou cumplicidade. Mas mais do que técnica, a sensibilidade do fotógrafo é o que permite perceber a essência da conexão.


Fotografar relações humanas é capturar a autenticidade de sentimentos, transformando instantes cotidianos em imagens que tocam e inspiram quem observa. Cada clique se torna uma ponte entre quem é fotografado e quem vê a imagem, transmitindo emoção e memória de forma genuína.


A conexão humana torna a fotografia mais viva, carregada de alma e de história, mostrando que cada imagem é reflexo da vida e da espontaneidade que acontece em cada instante.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Cores e Sentimentos


As cores têm o poder de transmitir emoção antes mesmo que qualquer forma ou gesto seja percebido. Elas comunicam sensações, destacam elementos e criam atmosfera, transformando uma fotografia em uma experiência sensorial completa.


Tecnicamente, compreender a relação entre cores, contraste, saturação e harmonia é essencial. Saber quando valorizar tons quentes ou frios, ou explorar combinações sutis, permite que cada imagem desperte sentimento e narrativa.


Mais do que regras, é sensibilidade: perceber como uma cor influencia a percepção de quem observa, como ela interage com a luz e o ambiente, e como reforça a essência do instante capturado.


Cores bem exploradas tornam a fotografia viva e conectam o espectador à emoção presente na cena, imprimindo personalidade, profundidade e autenticidade a cada clique.


Espontaneidade: A Alma da Imagem
Autoral: Jorgeane Borges

Eu não sou o centro do mundo — e isso, por vezes, me salva.
Penso no outro antes de pedir.
Não quero ser fardo, não quero ser vitrine, não quero ser caso.
Mas também aprendi: quem quer ajudar, chega sem barulho,
senta no chão da minha sala, não corrige meus mapas,
e, se nada puder fazer, empresta o silêncio — aquele que não julga.

Carta aberta ao meu eu de amanhã


Eu não sei se consigo. Está difícil — tão difícil que até as palavras me pesam no peito. Mas saiba: estou indo além de todos os limites que imaginei suportar.


Se, por acaso, eu desistir no meio do caminho, não entenda como fraqueza. Entenda que lutei cada segundo com a esperança de te entregar algo melhor do que sou hoje. O eu de ontem é testemunha de quantas vezes precisei ser mais forte do que conseguia, mais firme do que podia, mais resistente do que acreditava ser.


Se amanhã eu não chegar inteira, me perdoa.
Perdoa por não ter sustentado todos os sonhos, por não ter conseguido carregar o peso que me exigiram, por não ter sido suficiente. Se eu desistir, você nunca chegará a ler esta carta — porque terei perdido a guerra dentro de mim.


Mas, se por acaso eu resistir só mais um pouco, saiba que foi por você. Para que viva o extraordinário que eu não me permiti viver.


Porque, mesmo cansada, ainda acredito que o amanhã pode me acolher com mais ternura do que o hoje.

Meu olhar, sobre tudo, revela segredos que o silêncio guarda.
Não falo, apenas observo. E nesse gesto de ver, encontro coisas que não têm nome, mas existem. Há uma dor que insiste em se esconder nas frestas, há uma esperança tímida que se veste de sombra. O olhar recolhe o que os outros deixam escapar, aquilo que não cabe nas palavras, mas que grita em silêncio.


Olhar é quase tocar o que não pode ser tocado. É sentir o mundo por dentro, mesmo quando o mundo fere por fora.

A arte de ver Deus em tudo.
Essa, eu tenho.


Está no vento que dança entre as folhas, no silêncio que repousa entre um pensamento e outro.
Está no olhar que me acolhe, na dor que me ensina, no riso que liberta.
Está no detalhe esquecido, na simplicidade das coisas pequenas, no instante que se repete e, ainda assim, nunca é igual.


Ver Deus em tudo é reconhecer que o divino não se esconde atrás de altares distantes, mas se revela na vida que pulsa, mesmo no que parece comum.
É compreender que cada passo é sagrado, cada encontro é propósito, cada despedida também é bênção.


E assim sigo: não porque sei demais, mas porque sinto.
E sentir é, para mim, a forma mais pura de oração.

Seus olhos para mim são como o céu, não apenas pela beleza que se revela, mas pela profundidade que guardam.
Há neles uma vastidão que não se explica, um silêncio que acolhe, como se cada olhar fosse um convite a me perder e, ao mesmo tempo, a me encontrar.


Quando os contemplo, sinto que há um universo escondido, um mistério que não pede pressa, apenas entrega.
E é nesse mergulho que descubro que não se trata só de você, mas também daquilo que desperta em mim.

Nutro-me de Esperança


Mas não são os demônios que me alimentam — ao contrário, são eles que devoram pedaços que não lhes ofereci.
Eu, frágil, me volto ao céu, onde imagino um socorro que me ultrapassa.
De mim mesma nada sei, senão o cansaço que me habita, mas ainda assim creio. Creio em um Deus que me sustenta sem que eu entenda, um Deus que transborda até o vazio.
E, no entanto, mesmo no meio da fé, eu tremo. Porque dentro de mim existem enigmas que não se dissolvem, pensamentos que me limitam, vozes que dizem: “Não és vista”.
E nesse instante sou humana demais – humana a ponto de duvidar, ainda que creia.
É nesse paradoxo que existo: esperança e descrença, fé e sombra, luz que insiste em nascer da noite.

Anjos e demônios


Dentro de mim, uma assembleia secreta.
Os anjos falam baixo, quase em sussurro, como se não quisessem interromper o ruído dos demônios.
Estes, ao contrário, gritam, esfregam suas verdades ásperas, lembram-me daquilo que eu gostaria de esquecer.


E entre uns e outros, eu.
Um corpo que pulsa, uma mente que hesita.
Ora creio no céu que me habita, ora me afundo na terra escura que me chama pelo nome.


É estranho reconhecer: não sou inteira luz, nem inteira sombra.
Sou essa travessia.
Esse campo de guerra onde o silêncio é mais cortante que o grito.
Onde cada escolha me revela ou me condena.


Mas no fundo — tão fundo que às vezes temo não alcançar — sei que até os demônios carregam um vestígio de inocência, e até os anjos guardam o perigo da vaidade.
Talvez viver seja isso: decifrar o enigma que existe no intervalo entre asas e abismos.

Anjos e Demônios


Dentro de nós existe um campo de batalha silencioso.
Os anjos, que sussurram fé, esperança e coragem, disputam espaço com os demônios, que se vestem de medo, dúvida e crenças que nos aprisionam.


É uma guerra que poucos têm coragem de enxergar, porque olhar para dentro é desvelar verdades que nem sempre queremos admitir. Mais fácil, às vezes, é fingir que não há conflito, como se o silêncio fosse ausência de luta. Mas o silêncio também grita.


Os anjos nos levantam quando tudo parece desabar, enquanto os demônios tentam nos convencer de que não vale a pena recomeçar.
E assim seguimos, entre quedas e ressurgimentos, descobrindo que talvez não exista vitória definitiva, mas sim um equilíbrio: reconhecer que ambos existem em nós e, ainda assim, escolher, todos os dias, o lado da esperança.


Porque não é a ausência dos demônios que nos torna fortes, mas a capacidade de ouvir os anjos apesar deles.

⁠Silenciosa

Quantas vezes eu falei com meu olhar, gritei com o meu silêncio e até com um sorriso que escondia o que as palavras não conseguiam dizer? Tantas tentativas de me expressar de forma discreta, até que o brilho dos meus olhos se apagou e o sorriso perdeu a graça.

Silenciei, mas também gritei com um comportamento que não era meu. Meu corpo, que antes sustentava forças, começou a falar por mim: perdi peso, meu cabelo caiu, minha vitalidade se esvaiu. Tudo porque me esforcei para silenciar a minha dor, tentando não ferir aqueles que nunca estão preparados para escutar — não genuinamente.

Ninguém está realmente pronto para ouvir sobre a escuridão da depressão. Porque ninguém compreende de verdade, a não ser que já tenha mergulhado nas mesmas águas turvas.

Mas eu não desejo que ninguém me entenda. Pedir isso a Deus seria cruel, seria pedir que outros sentissem essa dor em suas próprias experiências. Não, eu não quero que ninguém afunde nesse abismo. Desejo apenas que meu silêncio seja ouvido, mesmo que eu não precise mais gritar.

Um pensamento é semente: se fértil, floresce; se contaminado, pode envenenar o solo da alma.

Consciência é Papel


Escrevo porque, às vezes, falar não basta.
Porque minha voz se perde no ar, mas as palavras escritas… elas permanecem.
Cada linha é um pedaço meu, uma confissão silenciosa que não precisa de plateia.


Aqui, não existe medo de julgamento.
Aqui, eu não preciso sorrir para suavizar minha dor nem me explicar para ninguém.
O que deixo escrito é a minha consciência escancarada, crua, nua.
É o reflexo do que penso quando tudo silencia, quando ninguém está olhando.


E não, não é drama.
Não é exagero.
É apenas o retrato de existir com o peso que carrego, tentando não incomodar, tentando caber no mundo sem fazer barulho demais.


Escrevo porque é o que me resta quando falar não funciona.
Porque aqui, neste papel, posso ser inteira.
Posso admitir o cansaço, a confusão, o vazio.
Posso dizer que às vezes a vida dói mais do que deveria, e que seguir em frente parece uma vitória silenciosa que ninguém vê.


Se você lê, talvez se reconheça.
Talvez sinta que essas palavras também são suas.
E, nesse instante, é como se eu não estivesse tão sozinha dentro delas.


No fim, é isso:
O que deixo escrito não é só texto.
Sou eu, inteira, existindo em palavras.
Mesmo quando o mundo prefere que eu me cale.

⁠O silêncio pode curar, mas também ferir Tudo depende de como é acolhido.... Frase de Jorgeane borges.

⁠O silêncio pode curar, mas também ferir
Tudo depende de como é acolhido.

⁠Passos Leves

Caminho com passos leves, pois é caminhando que se aprende a caminhar.
Mantendo a constância, mesmo nos passos lentos, o destino é chegar.
Mas nunca me permito desistir de seguir adiante.
Nem sempre a velocidade é o que nos leva a algum lugar.

Pauso quando necessário, para recalcular a rota,
e retocar o sonho que me impulsionou a caminhar.

Hoje sigo, e é bem provável que amanhã chegarei lá.

⁠O Abismo do Sentir

Será que o verdadeiro temor das pessoas em se conectar com alguém que tem depressão ou transtornos emocionais é apenas a incapacidade de saber o que fazer? Ou talvez seja algo mais profundo: o medo de mergulhar em territórios extraordinários, onde o sentir é avassalador e pleno?

Quem sente em excesso carrega uma consciência afiada, uma percepção quase divina — refletindo sobre tudo e todos, tocando o invisível que outros ignoram. Mas essa profundidade também pesa. E, sendo humanos, não compreendemos completamente essa intensidade, que nos faz constantemente julgar nossas falhas, buscando desesperadamente acertar.

Queremos seguir a vontade de Deus, amar e compreender a humanidade, mas acabamos nos perdendo de nós mesmos. Questionamos nossas fraquezas e nos culpamos por não sermos melhores para nós, para os outros e, principalmente, para Deus. Esse fardo, essa culpa silenciosa, vai além do sofrimento emocional: é a dúvida que dilacera a fé, a existência e o amor divino.

E talvez seja isso que as pessoas temem ao se aproximar: perceber que há um abismo dentro delas também, onde a fragilidade humana encontra a necessidade incessante de redenção

⁠O Peso do Sentir

Meu erro talvez seja pesar os sentimentos dos outros com a mesma balança que uso para os meus,
imaginando que têm o mesmo peso, a mesma medida, as mesmas dimensões.
Uso uma régua única para dimensionar algo que nunca é igual.
Acredito, ingenuamente, que os sentimentos sempre preenchem os espaços vazios com precisão.

Mas esqueço que transbordo.
E, no outro, quase nunca me encaixo — não por inteiro, não de forma completa.
Tenho excessos.
E, ainda assim, ofereço tudo.

E talvez seja exatamente isso que me salva:
não saber amar pela metade.

⁠ Vestígios Se um dia eu desistir, saiba que lutei todos os segundos; mas se um dia eu partir, deixo um pouco de mim em cada canto — nas palavras que escrevi, n... Frase de Jorgeane borges.

⁠ Vestígios


Se um dia eu desistir, saiba que lutei todos os segundos; mas se um dia eu partir, deixo um pouco de mim em cada canto — nas palavras que escrevi, nas imagens que capturei e, sobretudo, nas pessoas que encontrei.

⁠Registro-me em palavras para que, ao partir, quem ler me sinta por inteiro.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Registro-me em palavras para que, ao partir, quem ler me sinta por inteiro.

⁠O Sentido que Não Ouvi

Lamento profundamente que talvez eu nunca saiba, verdadeiramente, o impacto da minha vida. Não vou ouvir o que minha presença significou para os que me conheceram — familiares, amigos, todos aqueles que cruzaram meu caminho.

Sei que um dia, quando eu partir, minhas palavras serão lidas com mais atenção, minhas fotografias serão vistas com outro olhar, e alguém dirá: "Agora entendo o que ela quis dizer." Talvez nesse momento reconheçam a profundidade do que eu tentei transmitir, mas eu não estarei lá para escutar.

E esse é o peso que carrego: saber que muitas coisas só farão sentido tarde demais. Que aquilo que dei de mim — cada palavra, cada imagem, cada pedaço do meu ser — será valorizado apenas na minha ausência.

Mas, ainda assim, eu continuo. Deixo minha alma registrada nesses fragmentos, porque acredito que viver é também espalhar pedaços de significado, mesmo que nunca saibamos exatamente onde eles florescerão.

⁠Indelével

Se um dia eu desistir, saiba que lutei com cada parte de mim, enfrentando os ventos mais ferozes e os silêncios mais pesados. Mas, se um dia eu partir, não diga que não sabia. Eu me espalhei pelo mundo, deixei fragmentos meus por onde passei.

Estou nas palavras que escrevi, nas imagens que capturei com a alma, nos olhares que toquei com ternura. Me registrei em cada gesto, em cada história compartilhada, em cada canto onde deixei um rastro silencioso de quem sou.

Não se trata de me lembrar com pesar, mas de reconhecer que estive aqui, inteira, presente, viva. Eu fui — e sempre serei — uma presença que não se dissolve, apenas se transforma em memória.

⁠O silêncio pode curar ou ferir — tudo depende de como é ouvido.... Frase de Jorgeane borges.

⁠O silêncio pode curar ou ferir — tudo depende de como é ouvido.


Solitude


É um silêncio cheio de mim.
A solitude, que escolhi ou que me escolheu,
às vezes pesa mais do que liberta.
Não é ausência de gente — é ausência de encontro.
É uma quietude que não consola,
uma liberdade que não abraça.

É estranho como, mesmo cercada de paz,
sinto falta do barulho certo,
da presença que não invade, mas se encaixa.
Do olhar que atravessa sem pressa,
do toque que entende sem precisar explicar.

Minha solitude é um lugar onde me ouço alto,
mas, às vezes, só queria escutar outro coração batendo ao lado.
Porque até o que é escolhido pode doer —
e o que é bonito também cansa.

Às vezes, o peito é largo demais pra abrigar só um silêncio.
Às vezes, o eco do que falta grita mais alto que a própria dor.
A solidão da minha solitude…
não grita, mas ecoa.

⁠Desabafo: O medo silencioso de ser vista

Eu sei o que é se sentir refém de uma construção que fizeram de mim. Uma construção que, por muito tempo, me prendeu a um medo constante de ser quem eu sou, de ocupar os espaços ao meu redor. O medo de ser vista, de ser notada, e de como, ao estar em ambientes cheios, os olhares parecem pesados demais para carregar.

Sinto que, em muitos momentos, a insegurança me paralisa. É como se toda minha essência fosse transformada em algo que precisa se esconder. Tento desviar os olhares, encontrar os cantos mais discretos, aqueles onde posso me perder sem ser observada. Onde a pressão de ser vista não me sufoca.

E quem, entre nós, nunca se sentiu assim? Quem, entre nós, nunca se desconfortou com o peso de ser mulher, de ser vista e julgada? O desconforto de estar em um espaço cheio e, mesmo assim, se sentir sozinha, impotente.

Eu sei que esse medo não é só meu. Sei que há outras mulheres que também preferem a invisibilidade, que também buscam lugares silenciosos e discretos, longe dos olhares que nos desconstroem, que nos fazem sentir pequenas. Mas o que me dá esperança é saber que, ao escrever isso, estou falando em voz alta o que tantas de nós guardam. E, ao fazer isso, me permito ser verdadeira, e quem sabe, dar espaço para que outras também possam se permitir.

O que quero agora não é mais me esconder. O que busco é entender esse medo, aceitar que ele existe e, aos poucos, me fortalecer para que ele não me defina mais. E, talvez, juntas, possamos construir um espaço onde todas nós possamos ser vistas sem medo, sem julgamentos, sem a pressão de sermos algo que não somos. O mundo precisa entender que ser mulher, com todas as nossas complexidades e inseguranças, é, sim, uma força.

⁠Prefiro ser ausência que sufoca do que presença que pesa.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Prefiro ser ausência que sufoca do que presença que pesa.

⁠Orações Escritas

Um Clamor de Filha – Encontro com o Divino

Ah, Deus, queria um encontro contigo, e ser digna dele.

Poder estar em Sua presença, mesmo em silêncio, poder olhar para Ti e ter a certeza de que estaria sendo compreendida em totalidade.

Não, eu não falo no sentido de "passar pano" para minhas falhas, digo no sentido de ser o único que pode dizer: "Eu sei quem tu és e como se sentes."

Eu Te conheço e Te entendo, mesmo que só pela troca de olhares. Queria estar face a face contigo.

Queria desfrutar daquilo que não tive: o cuidado de um pai.

É muita ousadia, sendo eu pequenina, imperfeita e mortal?

Eu sei, muita audácia minha, pedir ao grande Rei, Senhor dos senhores, e soberano, majestoso Deus, o grande "Eu Sou", o El Shaddai, Javé.

Mas me coloco no lugar de filha que sou, e que filha não precisa do colo e abraço do seu pai?

Qual filho não corre para o pai quando machucado e com medo?

Qual filho não deseja a segurança da presença e da proteção de seu pai?

Eu Te quero aqui, pertinho de mim, mesmo em silêncio.

Não, eu não ouso Te pedir nada, imagino quantos pedidos Tenhas que atender.

Eu agradeço por tudo, não sou merecedora de nada e, ainda assim, sei que cuidas de mim, mesmo que eu não compreenda essa tal de provação ou preparação.

Mesmo na dor, eu Te agradeço, mesmo sem conseguir louvar em Teu nome.

Fica aqui, meu Pai, não solta minha mão.

Versos de esperança Amanhecer é a prova de que até a noite mais longa se rende ao recomeço.... Frase de Jorgeane Borges.

Versos de esperança


Amanhecer é a prova de que até a noite mais longa se rende ao recomeço.

⁠O Peso Invisível da Decisão

Não duvide de alguém que já tomou a decisão de tirar a própria vida. Essa pessoa pode buscar ajuda, seguir todos os tratamentos, não faltar a uma única consulta ou sessão de terapia, tomar seus remédios no horário certo e afirmar para todos ao seu redor que está bem. Pode até tentar retornar a uma rotina que, no fundo, já não faz mais sentido.

Mas, por trás desse esforço aparente, há uma determinação silenciosa, fria e invisível: a decisão de partir. É uma decisão que, uma vez tomada, transforma essa pessoa em alguém que vaga entre nós, como uma sombra de si mesma, já distante da vida, mas ainda presente fisicamente.

Essa determinação não é sobre fraqueza ou falta de vontade de lutar. Pelo contrário, muitos lutam até o limite do que podem suportar. Tentam se encaixar, suportar a dor, fazer com que tudo volte a ter sentido. Mas, para alguns, essa batalha já foi perdida internamente.

O que muitos não compreendem é que o sofrimento emocional profundo não é algo que se resolve com simples palavras de incentivo ou com uma rotina ajustada. Ele precisa de algo mais: de presença genuína, de escuta sem julgamentos, de um espaço seguro para existir sem precisar mascarar a dor.

Então, nunca duvide. Preste atenção nos silêncios, nos sorrisos forçados, na aparente normalidade. Porque às vezes, quem já decidiu partir está apenas esperando o momento certo, enquanto perambula invisível entre todos nós, com um coração que já se despediu em silêncio.

Seja essa presença, segure essa mão, e talvez você possa ser o motivo pelo qual alguém decida continuar.

⁠A Parte Intocável da Liberdade

Existe um território onde ninguém toca, onde nem mesmo as amarras do tempo podem prender. Um espaço que não se mede em metros, nem se dobra às regras do visível. Esse território é a essência da liberdade — aquela que reside na imaginação.

Na vastidão do pensamento, não há fronteiras que impeçam a criação de mundos, nem correntes que limitem os voos mais altos. A imaginação é a fuga e a morada, o refúgio e a explosão. É nela que a realidade se curva diante do possível, e o possível se expande além do que ousamos prever.

Ser livre, no mais puro sentido, é poder fechar os olhos e enxergar além. É transformar ausências em presenças, dores em arte, silêncios em poesia. É construir castelos onde antes havia ruínas, e dar vida ao que o mundo insiste em chamar de impossível.

Há uma liberdade que ninguém pode tirar. Uma que se move entre as palavras, que dança entre os devaneios e se eterniza no que criamos. E enquanto houver imaginação, haverá sempre um espaço intocável onde somos infinitamente livres.

⁠Nos Detalhes

Nos detalhes é onde as pessoas me ganham, e é nos detalhes que também me perdem. Não dá para exigir o que deveria ser simples, como reciprocidade, respeito e um tratamento básico. Forçar algo que desgasta não faz sentido, nem se prender a alguém que só traz peso e distância. Quando as relações nos machucam, é preciso parar de culpar o outro pelo que aceitamos delas. Elas sempre mostram, nos pequenos sinais, aquilo que, um dia, vai tirar nossa paz. Mas, muitas vezes, fechamos os olhos acreditando que o amor é capaz de sustentar tudo, que as pessoas vão mudar.

Não podemos exigir respeito, carinho ou atenção. O que realmente importa é saber o que sacia nossa alma e não negociar isso por menos do que merecemos. Precisamos manter ao nosso lado pessoas que nos tragam paz e prazer, sem precisar de lembretes para lembrar o que é essencial.

O Silêncio Que Fala

Existe algo divino nas palavras silenciosas que habitam a fala do olhar.
Um idioma que não se aprende nos livros, mas no sentir.

É preciso que haja um acordo sutil entre quem vê e quem transmite,
um pacto invisível onde a verdade não pode se esconder.

Assim como moldamos nossa fala e afiamos nossa escrita,
deveríamos ter em mãos a cartilha da linguagem das almas: o olhar.
Olhar que acolhe, que desnuda, que grita em silêncio.

Há olhares que embalam, há os que ferem,
há os que são porto seguro, e os que são tempestade.
Alguns são abismos, outros, pontes.

Mas poucos sabem realmente escutar o que os olhos dizem.
Poucos compreendem que, antes da palavra,
foi o olhar que desenhou o primeiro poema do mundo.


Coração em Espera

Hoje, meu coração anseia por um abraço que me envolva, por um olhar que me veja além das aparências. Desejo repousar minha cabeça em um peito que me acolha, sentir o carinho de dedos que percorrem meus cabelos com ternura.

Anseio por momentos onde o tempo parece suspenso, onde a realidade se dissolve e restamos apenas nós, conectados em um universo criado pelo afeto mútuo. Momentos que apertam o coração não por medo, mas pela intensidade do sentimento, pela beleza do instante que desejamos eterno.

Ser mulher é carregar em si a força e a delicadeza, é desejar ser amada com profundidade, ser vista com verdade, ser tocada com alma. É querer viver um amor que não exige máscaras, que acolhe as vulnerabilidades e celebra as essências.

E assim, sigo com o coração em espera, aberta ao amor que chega com respeito, que se manifesta em gestos simples, mas carregados de significado. Porque, no fim, tudo o que desejo é ser amada de forma inteira, em um amor que me faça sentir em casa.

⁠A prisão invisível

Fui uma criança limitada. Sem liberdade, sem escolhas. Criada para ser recatada, para me prender às crenças e ao coração. Cresci dentro dessas grades, e hoje ainda carrego a dificuldade de ressignificar aquilo que não me acrescenta, mas que se tornou uma prisão dentro de mim.

E, ao olhar para fora, me deparo com novas limitações – agora impostas por uma sociedade que ainda resiste a aceitar mulheres livres. Se sou bonita, meu mérito nunca é meu. Se conquisto algo, dizem que foi por um homem. Se sou casada, atribuem meu sucesso ao marido. Se não sou, sugerem que há alguém me bancando. Nunca basta ser eu.

Mas e as oportunidades que nos são negadas? Quem fala disso? Quem discute as portas fechadas porque uma mulher pode representar ameaça ao ego ou à segurança de alguém? Há um preconceito silencioso contra mulheres bonitas, seguras e independentes. O mercado de trabalho ainda favorece os homens. E entre as próprias mulheres, a insegurança alimenta rivalidades que nem deveriam existir.

A liberdade feminina ainda tem muitas barreiras – algumas impostas de fora, outras que aprendemos a carregar. Mas aos poucos, seguimos quebrando cada uma delas.

⁠Brincar de Viver, Amar de Verdade

Bora brincar?

Brincar de viver, de rir até a barriga doer, de correr sem pressa, de sentir sem medo.

Mas amar… ah, amar a gente ama sem brincadeira. Ama por amar, sem regras, sem reservas, sem precisar medir. Ama porque transborda, porque faz sentido, porque é a essência que pulsa no peito e não pede permissão para ficar.

A gente ama como ama. Ama de verdade, de alma inteira, carregando no peito quem faz morada na gente. E carrega com um sorriso leve, daqueles que sabem a beleza exagerada de quem não tem medo de sentir.

Porque quem sabe brincar da vida, sabe também a grandeza de amar.

⁠Moça: Inteira em Tudo que Sente

Moça que não sabe ser metade, que não aceita meio-termo.
Que ama com força, mas sem se perder.
Que insiste até ter certeza, mas parte sem olhar para trás quando entende que já não há caminho.
Que não se prende onde o coração não responde, nem aceita um amor que não consegue devolver.
Que retribui na mesma medida—se recebe tudo, entrega tudo; se sente pouco, recolhe-se sem desafeto.

Moça de alma grande, que não quer ser segurada, quer ser escolhida.

Caminhando na Chuva

Na vastidão do ser, o desejo de ser luz,
deixar o corpo se transformar em sol,
de não deixar marcas no chão,
caminhar livre, sem rastros,
apenas a pureza do agora.

Mas, em cada passo,
a chuva insiste em cair,
a tempestade de erros e escolhas
se faz presente, como um peso
que não se apaga,
não se apaga, mesmo no desejo de renascer.

É na dança do fogo da alma
e na chama da mente que busco fugir,
mas a chuva continua, incessante,
como se a dor não soubesse descansar.

E eu, que procuro entender o que fui,
que busco apagar o peso do ontem,
me vejo perdida nas correntes da memória,
nos primeiros erros que me definiram,
e ainda assim, a chuva cai.

Mas então, aprendo a aceitar,
a deixar o vento secar meus olhos,
a me encontrar na calma que vem com o tempo,
na serenidade que surge
não pela fuga das tempestades,
mas pela compreensão de que elas são parte de mim.

E, ao fim, encontro a paz,
não porque a chuva tenha cessado,
mas porque aprendi a caminhar na chuva,
sem medo de ser, sem medo de errar.

⁠O Valor que Vem de Dentro

A necessidade de validação está enraizada em nós porque, desde cedo, aprendemos que nosso valor é medido pelo olhar do outro. Somos seres sociais, e o reconhecimento externo pode, de fato, reforçar nossa autoestima, nos oferecendo a sensação de pertencimento e aceitação.

No entanto, essa busca pela validação externa pode se transformar em uma prisão quando se torna mais importante do que a nossa própria percepção. Especialmente nós, mulheres, somos ensinadas a nos moldar para agradar, para corresponder às expectativas dos outros – seja na aparência, no comportamento ou nas conquistas.

Precisamos de validação porque fomos condicionadas a acreditar que só existimos plenamente quando somos vistas e aprovadas. No entanto, a verdadeira liberdade surge quando aprendemos a nos validar primeiro, quando percebemos que nosso valor não está no olhar alheio, mas no que construímos e somos por dentro.

⁠O Silêncio Que Grita

O que me revolta, o que me aperta a garganta, é essa comoção tardia. É quando alguém se vai, consumido por uma dor que o mundo ignorou, que as multidões surgem: velórios lotados, declarações de amor transbordando pelas redes sociais, palavras que só chegam quando já não podem ser ouvidas.

Dizem que não sabiam, que não perceberam. Mas a verdade é que uma pessoa com depressão grita o tempo todo, só que nem sempre com palavras diretas. Ela fala com o olhar vazio, com o sorriso que perdeu o brilho, com o corpo que desiste pouco a pouco.

E mesmo assim, o mundo se faz de surdo. Então, quando a despedida é definitiva, todos correm para dizer o que nunca tiveram coragem de expressar em vida. É como se precisassem do fim para reconhecer o valor da existência.

Isso me magoa profundamente. Porque essas declarações de amor tardias não alcançam mais quem precisava delas. Elas morreram sem saber que eram amadas, sem perceber que suas presenças faziam diferença. E isso não deveria ser assim.

Se há algo que esse nó na minha garganta me ensina, é que o amor deve ser dito enquanto ainda pode ser ouvido.

⁠O Desejo como Chama que Só Queima pelo Certo

Há um incêndio em mim, queimando lento e constante. Mas não é qualquer toque que aviva essa chama, não é qualquer presença que alimenta esse fogo. O desejo não é só calor no corpo; é fogo na alma. Muitos tentam acender essa chama, mas o vento leva, dispersa. Eu espero por quem saiba se tornar brasa junto comigo, quem compreenda que a intensidade do desejo precisa ser alimentada com a pessoa certa, no momento certo, sem pressa, sem imediatez. Não sou uma chama fácil de acender, mas quando o fogo se inflama, ele consome tudo.

Há um lugar dentro de mim que não tem nome.
Não é sombra nem luz — é um silêncio que pulsa, como se guardasse o segredo de todas as respostas que nunca tive coragem de perguntar.


Ali, as memórias não se mostram em ordem, mas em fragmentos que se repetem como ondas. Cada lembrança traz um peso diferente, e cada peso molda um pouco mais quem sou. É um território onde o tempo não existe, mas onde cada instante tem o peso de uma eternidade.


Não é um lugar para visitas apressadas.
É preciso entrar devagar, com a respiração contida, aceitando que algumas verdades não se dizem — apenas se sentem.
Ali, o choro não é tristeza, é purificação. A dor não é inimiga, é guia. E a solidão não é ausência, é presença ampliada de si.


Talvez, no fundo, essa profundidade seja o que me mantém viva.
Porque é ali que encontro a mim mesma antes que o mundo me peça para ser outra.

⁠Ecos de Luz: O Brilho que Perdura


As estrelas nascem do abraço silencioso da poeira e do gás, incendiando o vazio com a força da criação. Ardendo em sua própria luz, sustentam o céu com um brilho que desafia o tempo, como promessas feitas ao infinito.

Mas até mesmo as estrelas têm um fim. Algumas se apagam suavemente, outras explodem em despedidas grandiosas, espalhando fragmentos de si pelo universo. E, no entanto, seu brilho persiste. Atravessa a escuridão, corta o tempo, alcança nossos olhos como um sussurro do passado. Vemos luzes que já não existem, rastros de um existir que se recusa a ser esquecido.

Porque estrelas nunca morrem por completo. Deixam sua marca nas galáxias, nos corpos celestes, em nós. Somos feitos delas — de pó estelar, de ecos de brilho, de resquícios de um fogo que um dia ardeu para iluminar o desconhecido.

⁠Gratidão Pelo Invisível

Te agradeço, meu Deus, não apenas pelo que já vi, mas pelo que ainda está por vir. Pelas bênçãos que meus olhos não alcançaram, pelos caminhos que ainda não trilhei, pelas respostas que nem sei que preciso.

Agradeço porque sei que há promessas sendo preparadas, portas sendo abertas, milagres em movimento—mesmo que agora tudo pareça silencioso. Confio que, no tempo certo, tudo chegará.

E enquanto espero, meu coração repousa na certeza de que Tu sempre cuidas de mim, mesmo quando eu não vejo, mesmo quando eu não entendo.

⁠Gratidão: O Caminho que Transforma

A gratidão é uma chave que abre portas para a verdadeira felicidade. Quanto mais sou grata, mais beleza encontro nos pequenos detalhes da vida, nas simples interações e em cada passo dado ao longo da jornada.

Agradeço a Deus todos os dias, pois é Ele quem me guia e me fortalece, me permitindo crescer e me tornar uma versão melhor de mim mesma a cada amanhecer. Sou grata por cada pessoa que cruza meu caminho, pois, através de cada uma delas, aprendo, ensino e compartilho momentos que transformam o meu ser.

Meus olhos se abrem para a magia de cada instante vivido, para a energia das experiências que me fazem sentir viva, e é com um coração pleno de gratidão que celebro tudo o que me é dado. Cada memória construída ao lado de vocês, cada encontro, cada aprendizado compartilhado, é uma benção que carrego comigo.

Agradeço pelos sorrisos, pelas conversas profundas, pelos abraços e até pelas lágrimas, pois todas essas vivências, em sua totalidade, são o que me tornam quem sou hoje.

Hoje, olho para o meu caminho com os olhos da gratidão, porque sei que tudo o que vivi e vivo me prepara para um amanhã ainda mais incrível. Obrigada a todos que fizeram parte dessa jornada. Continuo trilhando com o coração grato e aberto para o que está por vir.

⁠A Dor do Julgamento

Falar sobre depressão ainda dói mais pelo peso do julgamento do que pela própria doença. Dói porque a ignorância insiste em apontar dedos, em questionar aquilo que já nos fere. Dói porque a compreensão parece um favor, quando deveria ser o mínimo.

Dizem que nos falta fé. Como se acreditar em Deus fosse uma blindagem contra o sofrimento, como se a dor invalidasse a nossa devoção. Mas que fé é essa que só vale quando a vida está em ordem? Não foi também o Padre Fábio de Melo, homem de fé inquestionável, quem enfrentou essa mesma sombra? E tantos outros, de oração fervorosa, que ainda assim sentiram o peso da escuridão? A depressão não escolhe apenas os que duvidam. Ela vem, sem distinção, e muitas vezes é na fé que encontramos a força para continuar.

Deixando-me Ir

Estou me deixando aos poucos,
como quem deixa rastros no caminho,
sinais de uma despedida silenciosa,
sem palavras,
mas com a marca de cada passo dado.

Estou me permitindo, lentamente,
mergulhar no vazio e no silêncio,
como quem vai,
se entregando ao fluxo da vida,
sem resistência,
apenas deixando o que vem me conduzir.

⁠As estrelas não morrem, apenas se transformam em luz que atravessa o tempo, sussurrando ao infinito que um dia brilharam.

⁠Seja sempre você mesma, mas nunca a mesma.

Carregue consigo suas virtudes e imperfeições, pois são elas que te fazem única. Mas não se prenda a uma versão fixa de si mesma, pois a vida é movimento, aprendizado e transformação. Permita-se evoluir, expandir-se, desdobrar-se em novas versões sem perder sua essência.

E quando sentir que o mundo ao redor parece desalinhado, que os outros erram em suas palavras e atitudes, que tudo parece fora do lugar, não se apresse em julgar. Antes de tentar mudar o que está fora, volte-se para dentro. Há momentos em que a mudança que buscamos no outro é, na verdade, um chamado para reinventar a nós mesmas.

Reinvente-se quantas vezes for preciso. Não por imposição, não para agradar, mas para crescer. Para se tornar, a cada dia, uma versão mais verdadeira, mais alinhada com quem você realmente é.

⁠Resiliente É sobre ser cacto e, no improvável, florescer. É sobre ser valente e resistente, sem perder a beleza por essência. É ter espinhos e, ainda assim, of... Frase de Jorgeane borges.

⁠Resiliente

É sobre ser cacto e, no improvável, florescer.
É sobre ser valente e resistente, sem perder a beleza por essência.
É ter espinhos e, ainda assim, oferecer flores.
É se nutrir na seca e, com generosidade, oferecer preciosos frutos.

A Dor Invisível


Às vezes, sinto que a depressão e os transtornos que nos afligem precisavam ser visíveis.
Se sangrassem, se mostrassem a gravidade do ferimento, talvez as pessoas não minimizassem.
Talvez a dor não fosse tão fácil de ignorar.
Talvez o sofrimento não fosse tão questionado.


Mas, por serem invisíveis, permanecem no silêncio.
E no silêncio, somos julgados, incompreendidos, e ainda mais sozinhos.
Como se fosse uma escolha, como se fosse uma fraqueza,
como se a dor pudesse ser apagada por palavras que não conhecem o peso do que sentimos.


O cansaço mental, o desgaste, a sensação de que a mente está mais para um labirinto sem saída,
isso é invisível. Mas é real. Tão real quanto qualquer ferimento que sangra e precisa de cuidado.
E talvez, se as feridas da mente fossem visíveis, o mundo seria mais acolhedor, mais atento,
sem tanto julgamento, sem tanta ignorância.

⁠Sem Reembolso

O tempo não espera troco,
não aceita devolução.
Cada segundo gasto
é um passo sem retorno,
um eco que some no vão.

Ou se vive, ou se perde.
Ou se lança ao agora,
ou fica contando migalhas
do que não foi.

A vida não se guarda em bolsos fundos,
não se deixa para depois.
É fogo que pede sopro,
rio que exige corpo,
vento que chama voz.

O relógio não faz acordos,
nem as horas dão desconto.
A urgência é hoje.
O tempo,
esse, já foi.

Sustentada Pelas Mãos de Deus


⁠Eu fui sustentada quando pensei que cairia. Fui acolhida quando me senti só. Nos dias em que minhas forças falharam, Deus me carregou nos braços sem que eu precisasse pedir.

Sou grata porque, mesmo quando não vi saída, Ele já tinha um caminho preparado. Quando minhas orações saíram em silêncio, Ele leu meu coração. Quando temi o futuro, Ele me lembrou que sempre esteve no controle.

Cada dia, cada recomeço, cada detalhe que me manteve de pé foi cuidado Dele. E, por isso, eu agradeço—não apenas pelo que entendo, mas também pelo que ainda não compreendo. Porque sei que, mesmo sem ver, Ele sempre cuida de mim.

⁠A liberdade que ainda não temos

A tão aclamada liberdade de ir e vir não funciona para todas. Podemos até ter o direito, mas não a segurança.

Uma mulher sozinha sempre será alvo de olhares e julgamentos. Se viajamos, vamos a bares, restaurantes, praias ou caminhamos sem companhia, logo nos questionam: por que está sozinha? Supõem solidão ou até mesmo um problema de caráter. Para os homens, essas são atividades comuns. Para nós, um ato de resistência.

Sentar-se à mesa sem companhia não pode ser apenas uma escolha? Uma experiência consigo mesma? Mas não. O mundo insiste em nos colocar numa posição de espera – de alguém, de algo. Como se estar só fosse um sinal de disponibilidade, um convite a abordagens invasivas e cantadas baratas.

Estar só não é estar perdida. Muitas vezes, é apenas uma pausa. Um momento para silenciar o barulho externo e organizar a mente. Mas até isso nos é negado. Se caminhamos sozinhas, somos alvo de comentários maldosos. Se nos recolhemos, somos chamadas de frias. Se nos valorizamos, incomodamos.

Enquanto homens andam livres, nós calculamos riscos. Precisamos de segurança para viver a liberdade que já deveria ser nossa. Até lá, seguimos – sozinhas, mas não solitárias.

⁠Março chega, as águas se elevam e me tocam.

Março chegou, mês de marés altas, de chuvas que lavam o verão e preparam o tempo para o que vem.
Os rios transbordam, o mar varre tudo, refazendo margens, moldando caminhos.

Coincidência ou não, aqui, no meu lugar favorito, onde as águas tocam os meus pés e me reconhecem, enquanto beijam a ponte.
Gosto de pensar que há algo nisso—não destino, não mistério oculto, apenas o próprio ciclo da natureza, em seu eterno movimento.

Dizem que há quem pertença às águas. Que sente o fluxo antes que ele chegue, que lê os sinais na dança das marés.
Talvez seja isso. Talvez seja só a forma como o vento muda, como a chuva cai, como a terra respira depois da tempestade.

Só sei que me encontro aqui, onde tudo se refaz.

Dentro do Corpo


Há dias em que morar em mim é como habitar um corpo alheio.
O peito pulsa em golpes bruscos, como martelos sem compasso,
e cada batida ecoa por dentro como se o coração buscasse um rumo que perdeu.


O ar pesa.
Não é que falte oxigênio — é que cada tentativa de inspirar
parece empurrar contra um muro invisível.
O pulmão enche, mas a dor o esvazia antes do suspiro terminar.


Os músculos se tornam fios trêmulos,
sustentando um corpo que ameaça despencar a cada passo.
O cansaço não é sono; é um colapso silencioso
que pede desligar tudo, como quem reinicia uma máquina cansada demais para funcionar.


Por dentro, tudo treme.
Não é frio, não é medo — é um estremecimento que começa no centro e se espalha,
como se o corpo tentasse se desligar para proteger o que resta.


E, no entanto, permaneço.
Não por escolha heróica,
mas porque, mesmo perdido, o coração insiste em bater.
E eu sigo, acompanhando-o,
como quem atravessa a noite sem saber se haverá amanhecer.

⁠Força em Rede: O Poder de Se Apoiar

Nos ensinaram que o sucesso de uma mulher é muitas vezes uma competição. Quando uma de nós brilha, a comparação parece ser o reflexo imediato. Somos levadas a nos medir contra outra, a questionar nosso valor quando vemos a prosperidade da outra. Em vez de celebrar a conquista, muitos de nós sentimos o peso da insegurança e, às vezes, da inveja.

Mas por que isso acontece? Por que em vez de sermos uma rede de apoio, muitas vezes nos tornamos obstáculos umas para as outras? A verdade é que fomos condicionadas a ver o sucesso feminino como algo raro, algo que tira o nosso próprio lugar. Mas, se pararmos para refletir, podemos ver que, ao apoiar a outra, ao celebrar as vitórias umas das outras, estamos, na verdade, criando um espaço onde todas podemos prosperar.

Enquanto os homens constroem redes de apoio e se ajudam a alcançar mais, muitas vezes sem a mesma pressão que sentimos, nós, mulheres, precisamos aprender a fazer o mesmo. Precisamos entender que o sucesso de uma não diminui o valor da outra. Que quando uma mulher conquista algo, todas nós conquistamos algo. Quando uma mulher sobe, ela nos lembra de que também podemos chegar lá. O sucesso de uma deve ser visto como a vitória de todas.

Precisamos parar de olhar para as outras com os olhos da comparação e começar a olhar com os olhos da solidariedade. Se uma mulher está crescendo, acredite, o crescimento dela é um reflexo de que o nosso também é possível. Não podemos permitir que o medo da competição nos afaste da verdadeira força que temos quando nos unimos.

Vamos ser a mão amiga que ergue outra mulher. Vamos ser a rede que se apoia, que se protege e que se fortalece em qualquer circunstância. O poder de cada uma de nós é multiplicado quando estamos juntas, e isso é algo que nenhuma sociedade ou comparação pode destruir.

⁠O convite da essência


Há algo no meu olhar que é um convite silencioso, uma porta aberta para quem deseja se aprofundar na minha alma. Algo que conecta, que atrai, que decifra. E então, alguns se deixam levar, se ligam à minha essência sem que uma única palavra seja dita, compreendendo quem sou no silêncio. Outros se perdem, talvez não consigam ver o que é tão simples, tão claro, tão direto. Eu sou feita da simplicidade, da transparência, daquelas palavras que são ditas com clareza, e das que não precisam de som, porque se revelam nas atitudes — sempre objetivas, sempre claras.

Quando me encontro perdida nas dúvidas, me recolho. Mergulho dentro de mim, me redescubro, busco entender o que há de mais profundo, o que precisa ser revelado. Não desejo apenas passar pela vida; quero deixar nela minha marca. Quero deixar um pedaço de mim em cada pessoa que cruzar meu caminho, em cada lugar que visitar, em cada olhar que encontrar.

E, ao final, quem se conectar a mim, de alguma forma, saberá que um pedacinho ficou. Em algum canto, um pouco de mim permanecerá, como uma lembrança compartilhada.

Nem todo mundo quer que as coisas venham fácil.
Há quem lute.
Há quem enfrente cada dia como se fosse um campo de batalha, com cicatrizes invisíveis e dores que ninguém vê.
O que buscamos não é atalho, é merecimento.
O que queremos não é presente, é resultado.


De todas as quedas, levantamos.
De todas as feridas, seguimos.
E quando vencemos, não é sorte — é história.
História fortalecida e direcionada pela fé em Cristo Jesus.

RETICÊNCIA


Ainda acredito no amor,
um amor que chega sorrateiro,
invadindo espaços que nem sabia serem meus;


  instala-se sem pedir licença,
  bagunça o que parecia tão certo,
  derruba certezas;


às vezes vem para acalmar,
ou para inquietar,
para fazer sentir o que estava adormecido;


  adianta se fechar?
  quando ele quer, ele entra
  e transforma tudo em morada;


como seria a vida sem ele?
sem o colo que acolhe,
sem o olhar que diz mais que palavras;


  quem, pela vida, não quer provar
  o gosto de gostar,
  com calma, desejo e permanência?


ficar no silêncio dos braços,
na pausa de um suspiro,
no instante em que dois corações se escolhem;


  amar também é isso:
  continuar e confiar,
  mesmo quando parece fim,
  como quem abre janelas.

Entre Silêncios e Vestígios

Há um peso que carrego, invisível aos olhos alheios, mas constante em cada batida do meu peito. Vivo entre olhares que não compreendem, sorrisos que escondem cansaço e palavras que jamais alcançam a profundidade do que sinto. A cada dia, tento organizar a mente, colocar sentimentos em ordem, enquanto o mundo espera uma versão minha que já não existe.

Não busco atenção, nem aplausos. Apenas a compreensão de que existir, para mim, é um esforço silencioso e contínuo. Já gritei em silêncio, já falei com o olhar, já tentei expressar-me pelo gesto, pela imagem, pelo texto, e mesmo assim muitos passam sem perceber. Alguns dizem que não sabiam, outros desviam o olhar, e o que resta é o eco de uma presença que luta para ser sentida.

Às vezes, desejo apenas descansar, me desligar do peso que se acumula sem solução, anestesiar a dor sem deixar de existir. Não se trata de desistir da vida, mas de sobreviver à intensidade de sentir tudo em excesso. É um cansaço que ninguém vê, uma batalha invisível que consome e exige resistência.

Sei que posso tocar alguém, mesmo que seja só um coração. Um gesto silencioso, uma mão estendida, um olhar que acolhe sem julgar. Isso é o que salva, mais do que palavras tardias, mais do que multidões de reconhecimento depois da ausência.

Minha existência deixa rastros em palavras, em imagens, em pequenos pedaços de mim espalhados pelo mundo. Cada fragmento é um vestígio de luta, de presença, de tentativa de conexão. E mesmo que jamais eu veja o impacto total, acredito que há propósito nesse caminhar, na honestidade de sentir e de me expressar, na coragem de permanecer sendo humana, apesar de tudo.

Porque, no fim, o que realmente importa não é ser compreendida por todos, mas ser fiel a mim mesma, ao meu sentir, e deixar que quem estiver pronto para enxergar, veja.

O Peso de Sentir em Silêncio


É difícil lidar com a dor e, ao mesmo tempo, ter consciência dela.
Difícil lutar contra a vontade de desistir e, ao mesmo tempo, querer seguir.
Difícil segurar o próprio peso sem querer ser um peso para ninguém.


Eu sei o que carrego. Sei da minha dor, da minha luta. Sei que não sou o centro do mundo e que todos têm seus próprios problemas. Por isso, me contenho. Por isso, me silencio. Por isso, engulo as palavras antes que pareçam um pedido de socorro inconveniente.


Não quero ser fardo, não quero ser vítima, não quero estar sempre no mesmo lugar de vulnerabilidade. Eu tento. Eu busco. Eu me movimento. Mesmo quando parece impossível, eu me esforço.


Mas o que é mais difícil nisso tudo?
Talvez seja entender todo mundo enquanto ninguém me entende.
Talvez seja cuidar para não incomodar enquanto ninguém percebe o quanto dói.
Talvez seja ser forte o suficiente para lutar contra a dor, mas não o bastante para ser compreendida.


E assim sigo: entre a vontade de sumir e a necessidade de continuar. Entre o silêncio e o grito que nunca sai. Entre a consciência de tudo e a sensação de que minimizam.


Se soubessem quantas vezes ouvi palavras de onde menos esperava…
E como, em certos momentos, a vontade de morrer se torna um sussurro persistente só para que, no fim de tudo, percebam que era real – cada suspiro das palavras ditas e das que foram sufocadas dentro de mim.

⁠O Ônus e o Bônus do Silêncio

O silêncio pode ser uma arte — uma escolha sábia quando as palavras seriam navalhas afiadas. Mas já parou para pensar no turbilhão de pensamentos de quem espera, desesperadamente, ouvir ao menos uma palavra?

Há uma tortura cruel em tentar decifrar o que se esconde nesse vazio. O que se passa no outro lado do silêncio? Talvez seja um ato inteligente calar-se quando tudo o que temos a dizer reflete dor ou ressentimento. Mas será que já pensamos no quanto esse silêncio pode ferir profundamente quem escolhe sufocar suas palavras, engolindo cada sentimento como se fossem cacos de vidro?

Existe toxicidade no silêncio? Sim, quando ele se torna uma prisão que sufoca experiências não verbalizadas e necessidades não atendidas. Quando não dizemos o que nos incomoda, essas emoções se acumulam até explodirem de forma destrutiva.

Silenciar e esperar que o tempo resolva tudo é uma ilusão cômoda. É angustiante esperar que o tempo cure feridas que poderiam ser tratadas com um diálogo consciente e empático. Às vezes, bastaria a vontade de escutar — e ser escutado.

Por outro lado, o silêncio pode ser transformado em arma. O tratamento de silêncio é uma forma cruel de manipulação, abuso e punição. Ele faz com que o outro se sinta inseguro, ansioso, rejeitado, invisível e, muitas vezes, culpado por algo que nem compreende.

É preciso sabedoria para respeitar o silêncio do outro, mas também coragem para verbalizar esse respeito, validando os sentimentos de ambos.

Então, o silêncio é sabedoria ou covardia? Depende. O mérito está em saber quando calar — e quando falar, pode libertar.

Memórias



⁠Criar memórias é uma forma de viver plenamente. Cada instante, cada rosto, cada sorriso ou lágrima carrega uma história única que merece ser lembrada. A vida acontece de forma efêmera, e por isso precisamos aprender a direcionar nosso olhar para os detalhes que fazem cada momento valer a pena.

A fotografia tem esse poder mágico: congelar o tempo, capturar sentimentos e preservar emoções que talvez a memória sozinha não consiga reter. Um abraço afetuoso, um pôr do sol vibrante, o brilho nos olhos de quem amamos — todos esses fragmentos de vida se tornam eternos quando registrados.

Mais do que imagens, fotografias são pedaços da nossa história deixados para aqueles que nos amam. São uma maneira de continuar presente, mesmo quando já não estivermos por perto. Cada clique é um convite para recordar, reviver e sentir de novo a essência do momento vivido.

Por isso, valorize cada instante e tenha a coragem de congelá-lo em imagens. No fim, são essas memórias visuais que atravessam gerações e mantêm vivas as histórias que nos conectam. Afinal, o que seria da vida sem as lembranças que nos aquecem o coração?
As memórias que criamos não são apenas para nós, mas principalmente para aqueles que ficam. O tempo, implacável, leva nossos dias, mas deixa marcas que resistem em forma de histórias, fotografias e lembranças. Quando partimos, o que permanece são os fragmentos de quem fomos, guardados com carinho por aqueles que nos amaram.

Criar memórias vai além de simplesmente registrar momentos. É sobre construir um legado emocional. Como gostaríamos de ser lembrados? Pela leveza de um sorriso, pelo brilho nos olhos ao contar uma boa história, pelos gestos de amor e cuidado? Quando deixamos essas marcas em forma de imagens, palavras ou simples momentos vividos intensamente, estamos oferecendo a quem fica uma ponte para nos reencontrar sempre que precisarem.

As fotografias, por exemplo, não são apenas pedaços de papel ou arquivos digitais; elas são cápsulas do tempo. Nelas, nossas expressões, olhares e emoções se eternizam, permitindo que futuras gerações conheçam não apenas como éramos por fora, mas quem éramos por dentro.
Assim, viver criando memórias é um ato de amor. É pensar em como queremos ser lembrados e garantir que aqueles que ficam tenham sempre um pedaço de nós para segurar quando a saudade apertar. Porque, no fim, nossas histórias continuam vivas nas lembranças que deixamos.

Moça e a Canção

Ela sorri ao ouvir os primeiros acordes. A melodia não é apenas uma música—é um espelho. Um retrato dela, pintado pelas palavras de alguém que a enxerga como ninguém.

— "Moça do cabelo bonito, da boca gostosa, da pele cheirosa..."

Ela ri, meio sem graça, meio encantada. Já ouviu elogios antes, mas ali, naquela canção, eles ganham outro peso. Não são apenas palavras soltas, são pedaços de sentimento embalados em ritmo.

— "Seu beijo é mais gostoso que pudim com leite moça."

— “Você exagera…” — diz ela, sem esconder o brilho nos olhos. Mas no fundo, sabe que ali não há exagero, apenas verdade.

Ele canta para ela, com a voz leve de quem se entrega sem medo. E ela, por mais que tente manter a compostura, já está entregue faz tempo.

— “Juro por Deus, eu não queria me envolver, mas já tô envolvido…”

Ela desvia o olhar por um instante. Também não planejou se perder naquele amor, mas agora, como sair? Como devolver o que já é dele, se no primeiro beijo seu coração foi morar com ele?

Suspira, balança a cabeça, finge não se importar. Mas ele percebe. Sempre percebe.

— "Moça, cê bagunçou com o meu juízo."

Ela cruza os braços e sorri de canto.

— "E o que eu faço com isso?" — provoca.

Ele não responde. Apenas puxa sua mão, aproximando-a no ritmo da música. Porque algumas respostas não precisam de palavras. E naquele instante, tudo que importa é que a canção os envolva, como se fosse feita apenas para eles.

⁠Moça, você é a razão de tantas músicas na minha cabeça e um sorriso no meu rosto. Desde o primeiro olhar, algo mudou em mim. Seu cabelo, sua pele, seu cheiro... tudo em você me leva a um paraíso que eu nunca soube que existia. Teu beijo? Ah, teu beijo é como o pudim mais doce, que me faz perder a noção do tempo e me deixa querendo mais. Não sei como, mas você entrou na minha vida de uma forma tão intensa, e agora não há mais volta. De alguma forma, você transformou meu mundo, e agora, toda vez que penso em você, é como se o paraíso fosse meu lugar de novo. Moça, você fez mais do que me seduzir... me fez acreditar no poder de um amor simples, mas infinito.

Sensível e convidativa


No encontro entre luz e sombra, capturo emoções que não se apagam.
Escrevo para dar vida ao que o silêncio não pode conter.
Meu olhar não registra apenas o visível, mas o sentido que o tempo não leva.
Fotografia e escrita entrelaçadas, convidando você a sentir.

Poética e profunda Eternizo olhares e sentimentos onde o tempo se dobra. Minhas fotografias são a ponte entre o instante e a eternidade; minhas palavras, a voz ... Frase de Jorgeane Borges.

Poética e profunda

Eternizo olhares e sentimentos onde o tempo se dobra.
Minhas fotografias são a ponte entre o instante e a eternidade;
minhas palavras, a voz que rompe o silêncio da alma.
Aqui, cada imagem e texto revelam a essência invisível do ser.

https://linktr.ee/Jorgeaneborges

Cinza


Há fases que chegam como um sopro frio.
Momentos que parecem longos demais, silenciosos demais.
A vida continua, mas tudo ao redor parece coberto por uma mesma cor: cinza.


Não é um tempo de sorrisos fáceis nem de calor no peito.
É o tempo das pausas, das esperas, das perguntas que não têm resposta.
O tempo em que a alma aprende a caminhar devagar.


E, mesmo assim, existe beleza aqui.
Ela não grita, não se exibe, é discreta, quase tímida.
Só é vista por quem olha com mais do que os olhos.


Porque até nos dias sem brilho,
há algo que se move, que resiste, que permanece vivo.
E é isso que, um dia, prepara o coração
para reconhecer o sol quando ele voltar.

"Resiliência e Fé: Uma Jornada de Sobrevivência e Esperança"



⁠Flertar com a morte por mais de dois mil dias não é uma experiência que qualquer alma suporte sem cicatrizes profundas. Cada dia vivido, cada fôlego tomado, é uma vitória silenciosa, embora nem sempre celebrada. Em alguns momentos, a morte parece uma amante tentadora, sussurrando promessas de descanso e alívio. Ainda assim, não me deixei seduzir por ela.

Tenho um relacionamento regado pela fé com o Eterno, que, mesmo nos dias mais sombrios, não deixou de me embalar com promessas de dias melhores. Confesso que, em meio a esse caminho tortuoso, minha alma já se sentiu frágil, minha voz trêmula diante das tempestades internas. Mas fraqueza não é sinônimo de desistência.

Por mais que parecesse uma mulher fraca aos olhos de quem não conhece minhas batalhas, sou forte. Fui forte por mais de 48 mil horas. Tenho enfrentado um processo que parece infinito, mas sigo aqui — de pé, mesmo que com os joelhos trêmulos. Porque há algo em mim que se recusa a ceder, algo que insiste em acreditar que o amanhã pode ser melhor.

E assim sigo, um dia de cada vez, carregando cicatrizes que contam histórias, mas com a fé de que, ao final, a luz há de prevalecer sobre todas as sombras.



De Marisqueira a Empreendedora: O Sabor que Nasce das Raízes




Anatalia Costa carrega em suas mãos a força das marisqueiras. Filha de marisqueira, cresceu entre os manguezais de Terra Caída, onde o aratu era mais que um crustáceo: era sustento, herança e identidade. Hoje, transformou essa história em inspiração.


À frente da lanchonete Mac Wilson, Anatalia elevou o aratu à categoria de estrela gastronômica, criando iguarias que dão ainda mais orgulho à nossa cultura local. Seu famoso hambúrguer de catado de aratu é prova viva de como tradição e inovação podem caminhar juntas.


Sua dedicação e talento a levaram a conquistar o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, reconhecimento que evidencia como suas raízes e coragem abriram portas e inspiraram outras mulheres da comunidade.


Mas Terra Caída não é feita apenas de uma delícia. É um verdadeiro berço de sabores, onde encontramos almôndegas de aratu, geleias, doces, caldos, moquecas, mariscadas e a já tradicional empada que há tempos encanta moradores e visitantes.


Com cada receita, Anatalia não apenas alimenta, mas celebra a memória das suas ancestrais, valoriza o trabalho das marisqueiras e fortalece a nossa gastronomia, reafirmando que, aqui, cada prato carrega um pedaço de história, afeto e pertencimento.






@jorgeane_borges


#TerraCaída #GastronomiaLocal #RaízesQueAlimentam #CulturaViva

⁠Entre Tambores e Risos

Vem ver meu povo dançar,
De gorro na cabeça, espada a empunhar,
Riso solto, corpo a girar,
Tinta na pele, brilho no olhar.

No chão, passos firmes e o som de espadas a tocar,
No som do tambor, o tempo a ecoar.
Boneca que gira, cesto a equilibrar,
Princesa caminha no meio da festa.

O rio nos chama, a água nos resta,
Nosso canto ressoa, o corpo a vibrar,
E a história resiste, firme, sem pressa,
Na memória vai ficar.

⁠Primeiros Erros


Meus erros não me definem
Mas a mim transformam
Não posso ser rotulada por um erro, ou algumas escolhas erradas em uma fase ruim da minha vida!
Não posso exigir do meu antigo eu algo que só as péssimas experiências a mim trouxeram.
A maturidade vem com toda nossa vivência, seja ela boa ou ruim!
Meu processo de transformação e superação é quem pode falar por mim o quanto precisei ressignificar e evoluir

Quantas vezes precisarei me refazer?
Não sei. Sei que posso mudar de ideia amanhã sobre algo que penso hoje e tá tudo bem! Aprendi isso ontem, quando precisei mudar e me transformar no que hoje sou!

Essência



Eu queria mergulhar em um poço de palavras inexistentes, um universo onde cada termo fosse moldado exatamente para carregar o peso e a leveza dos meus sentimentos. Palavras que se encaixassem perfeitamente, ocupando todos os espaços vazios da comunicação, como água preenchendo cada canto de uma fenda.

Sonho com letras que não apenas descrevam, mas respirem — que tragam no sopro de cada sílaba a essência do que sou e sinto. Que falem de coração para coração, sem deixar margem para dúvida, sem arestas que cortem a compreensão.

Que cada palavra escolhida seja um reflexo límpido de um pensamento decifrado. Que cada frase construída seja uma ponte direta para a alma. E, acima de tudo, que esse mergulho profundo permita um amor compartilhado, onde nada precise ser dito além do que já foi perfeitamente sentido.

⁠A Fragilidade da Confiança: Quando Ser Ouvida Se Torna Uma Nova Dor

Quebrar minha confiança depois que me abri, depois que confiei a você minhas dores mais profundas, é mais do que uma decepção — é me fazer reviver tudo o que lutei para superar. Quando falei dos meus medos, das minhas cicatrizes, quando me permiti ser vulnerável, eu estava entregando uma parte frágil de mim, acreditando que seria acolhida, não exposta.

Trair essa confiança não é só uma falha, é uma ferida reaberta. É me fazer sentir, mais uma vez, que segurança é apenas uma ilusão, que o cuidado que esperei encontrar era apenas um reflexo distorcido. Quando alguém rompe essa confiança, não é só no outro que deixo de acreditar — começo a duvidar de mim mesma, da minha capacidade de confiar, de me entregar sem medo.

Reconstruir essa confiança parece impossível. Não porque não queira, mas porque o medo grita mais alto. Porque uma vez que sou ferida por quem prometeu me proteger, tudo o que resta é a sensação de estar, mais uma vez, desprotegida no mundo.

⁠Não é o toque que me prende, nem o desejo que me arrasta. Se a alma não me chama antes, o corpo nunca me basta.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Não é o toque que me prende,
nem o desejo que me arrasta.
Se a alma não me chama antes,
o corpo nunca me basta.

⁠Reconexão com a Alma – Entre as Sombras e a Luz

Hoje, me encontro em uma fase de profunda introspecção e dor. A depressão, como uma sombra silenciosa, me impede de fazer o que amo, de pegar o equipamento, de capturar a beleza que o mundo me oferece. Vejo minhas fotos acumuladas, como se esperassem, pacientemente, para serem vistas e compartilhadas. A vontade de me conectar com as pessoas, de retornar às ruas e à arte que tanto amo, está aqui, mas não consigo encontrar forças para avançar.

Recebo cobranças, palavras que pedem que eu volte, que eu movimente as redes sociais, que eu me mostre novamente. Mas, por dentro, as palavras se misturam com o vazio e o silêncio. Por mais que eu queira dar continuidade aos projetos, a paixão que antes me movia parece ter se dissipado, e o impulso criativo que me fazia levantar e agir se perdeu em algum lugar.

No entanto, quando volto aos meus arquivos, quando revisito uma fotografia ou leio um texto guardado, algo dentro de mim é tocado. É como se cada imagem, cada palavra escrita, fosse um lembrete do que eu sou capaz, um resgate da minha essência. E, a cada novo olhar, a cada palavra lida, sinto que me encontro um pouco mais.

Ainda que a estrada pareça difícil, sei que o meu resgate está aqui, nas imagens e nos textos que guardei para mim. Eu sei que posso voltar, e eu vou voltar. O que é importante é que eu me encontre novamente no meu próprio ritmo, na minha própria essência, e que o meu trabalho seja a chave para esse reencontro. Quando eu vejo o reflexo disso, vejo o impacto que minhas ações têm, e percebo que a cultura está se movimentando, que o olhar das pessoas está mudando, sinto que o trabalho árduo e silencioso valeu a pena. Essa é a recompensa que me move a continuar. E, um dia, esse caminho de volta será completo.
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⁠Na falta de tudo, me permito ficar, mas não me permito ficar sem a presença de Deus


Quando tudo ao redor se esvai, quando o tempo parece estagnado e os dias se confundem entre cansaço e espera, permito-me ficar. Não por conformismo, mas por necessidade. Ficar, por vezes, é um ato de coragem, um reconhecimento de que nem sempre é possível avançar, mas ainda assim, há força para permanecer de pé.

Fico, mesmo quando o silêncio pesa. Fico, mesmo quando a ausência grita. Fico, porque sei que há um propósito, ainda que meus olhos não o alcancem agora. Mas há algo que não posso me permitir: ficar sem a presença de Deus.

Porque é Ele quem preenche os vazios que o mundo não consegue preencher. É na Sua presença que o fardo se torna suportável, que a alma encontra descanso e que o coração, mesmo ferido, pulsa com esperança.

Que me falte tudo, mas que nunca me falte Ele. Pois, se Deus está, mesmo na escassez há abundância. Mesmo na dor há consolo. Mesmo na espera há propósito.

E assim eu sigo: ficando, resistindo, confiando. Não sozinha, mas sustentada por uma presença que nunca me abandona.

Monumento Aratu: Onde o Pertencimento Ganha Voz


Nas margens de Indiaroba, onde os manguezais guardam histórias e sustento, ergue-se o Monumento Aratu.
Mais que um cartão postal, ele é um marco vivo da nossa identidade, um espelho onde o nosso povo se reconhece.


O aratu, pequeno crustáceo que habita nossos manguezais, carrega o sabor das tradições e o peso do trabalho diário.
Nas mãos das marisqueiras, ele é sustento e herança. Ao som dos cantos e assovios entoados durante a pesca, nasce uma melodia única — símbolo de resistência e pertencimento — transformando o trabalho em um ritual que celebra nossas raízes.


Erguer o Monumento Aratu foi muito mais do que criar um ponto turístico: foi um ato de reconhecimento e orgulho.
Foi afirmar que nossa cultura tem força, que nosso povo merece ser visto e celebrado. Cada morador que olha para esse monumento vê um pedaço de si: sua história, suas memórias e as mãos calejadas que alimentam nossa cidade.


Esse sentimento de valorização vai além da arte. Nossa própria economia carrega esse símbolo: a moeda social digital Aratu, movimentada por cartões e aplicativos, circula dentro do município para fortalecer o comércio local e apoiar as famílias. Cada transação reafirma o compromisso com nosso crescimento coletivo e o pertencimento à nossa terra.


O Monumento Aratu é mais que uma escultura:


✨ É representatividade.
✨ É o canto das marisqueiras ecoando no vento.
✨ É o assovio que guia o olhar atento pelos manguezais.
✨ É a lembrança viva das gerações que vieram antes.
✨ É a marca das mãos retalhadas, quebrando o aratu para nos sustentar.


Que cada visita, cada registro e cada olhar lançado a esse monumento desperte em nós a certeza de que pertencemos.
Porque, aqui, nossa história não está apenas escrita: ela está viva, cantada e celebrada todos os dias.








✍🏻 ©@jorgeane_borges




#MonumentoAratu #PertencimentoQueUne #CulturaViva
#ManguezaisQueCantam #OrgulhoDeViverAqui #RaízesDeIndiaroba

Monumento Aratu: Onde o Pertencimento Ganha Voz


Nas margens de Indiaroba, onde os manguezais guardam histórias e sustento, ergue-se o Monumento Aratu.
Mais que um cartão postal, ele é um marco vivo da nossa identidade, um espelho onde o nosso povo se reconhece.


O aratu, pequeno crustáceo que habita nossos manguezais, carrega o sabor das tradições e o peso do trabalho diário.
Nas mãos das marisqueiras, ele é sustento e herança. Ao som dos cantos e assovios entoados durante a pesca, nasce uma melodia única — símbolo de resistência e pertencimento — transformando o trabalho em um ritual que celebra nossas raízes.


Erguer o Monumento Aratu foi muito mais do que criar um ponto turístico: foi um ato de reconhecimento e orgulho.
Foi afirmar que nossa cultura tem força, que nosso povo merece ser visto e celebrado. Cada morador que olha para esse monumento vê um pedaço de si: sua história, suas memórias e as mãos calejadas que alimentam nossa cidade.


Esse sentimento de valorização vai além da arte. Nossa própria economia carrega esse símbolo: a moeda social digital Aratu, movimentada por cartões e aplicativos, circula dentro do município para fortalecer o comércio local e apoiar as famílias. Cada transação reafirma o compromisso com nosso crescimento coletivo e o pertencimento à nossa terra.


O Monumento Aratu é mais que uma escultura:


✨ É representatividade.
✨ É o canto das marisqueiras ecoando no tempo.
✨ É o assovio que guia o olhar atento pelos manguezais.
✨ É a lembrança viva das gerações que vieram antes.
✨ É a marca das mãos retalhadas, quebrando o aratu para nos sustentar.


Que cada visita, cada registro e cada olhar lançado a esse monumento desperte em nós a certeza de que pertencemos.
Porque, aqui, nossa história não está apenas escrita: ela está viva, cantada e celebrada todos os dias.




@jorgeane_borges

A PERMANÊNCIA DA ORIGINALIDADE E DA CULTURA LOCAL


A cultura de um povo é seu alicerce, sua identidade, aquilo que o torna único em meio a tantas influências externas. Manter essa originalidade não significa rejeitar referências de fora, mas preservar o que nos distingue, o que faz parte de nossa essência e de nossas tradições.


Em um mundo cada vez mais globalizado, é comum que elementos culturais se misturem e que novas influências cheguem até nós. No entanto, é fundamental compreender que valorizar o que é nosso não exige que nos moldemos ao que vem de outras cidades ou regiões para sermos reconhecidos. Pelo contrário, é no simples, bem feito, na constância e na organização que a verdadeira beleza das nossas raízes se fortalece.


A preservação cultural não é apenas uma questão de estética ou de manter costumes antigos por tradição. Ela é um ato de resistência e de identidade. Quando cuidamos das nossas práticas, festas populares, histórias e expressões artísticas, estamos assegurando que nossa essência continue viva e seja transmitida às próximas gerações.


Manter a originalidade é valorizar a memória coletiva, é reconhecer que cada canto do país tem suas próprias narrativas, símbolos e manifestações que merecem ser respeitados. A diversidade cultural brasileira é justamente o que a torna tão rica, e cada povo tem um papel essencial nesse mosaico.


Defender nossa cultura é investir em pertencimento, é criar laços entre passado, presente e futuro. É garantir que o que nos torna singulares não se perca em meio às influências passageiras. Ao respeitar e fortalecer nossas tradições, não apenas preservamos nossa identidade, mas também oferecemos ao mundo um exemplo genuíno de quem somos.


É essa permanência da originalidade que mantém viva a alma de um povo e dá sentido à sua história.

Carta aos que Sentem Demais


A vocês, que carregam o mundo nos ombros e o coração nas mãos, escrevo.
Sei como é viver à flor da pele, como se cada olhar fosse um poema, cada silêncio uma tempestade. Sentir demais é como ter uma alma sem pele: tudo toca, tudo invade, tudo dói, mas também é assim que vocês veem beleza onde ninguém vê.


Vocês, que transformam dor em arte, silêncio em música e lembrança em poesia, são feitos de um tecido raro, quase transparente. São o que o mundo não entende, mas precisa: profundidade em meio à pressa, delicadeza diante do caos.


Que nunca deixem que digam que "sentir demais" é fraqueza. É força. É o que move pincéis, afina instrumentos e acende palavras no papel. É o que mantém viva a chama de um espírito criativo que insiste em enxergar sentido até no que parece ruir.


Sigam. Sintam. Transformem.
Pois é da sensibilidade de vocês que o mundo bebe a esperança que esqueceu de cultivar.




6 de Agosto de 2025

Versos de Esperança Que nunca falte luz nas mãos que moldam o invisível, nem coragem nos olhos que ousam sonhar. Pois cada traço, cada som, é uma janela aberta ... Frase de Jorgeane Borges.

Versos de Esperança


Que nunca falte luz nas mãos que moldam o invisível,
nem coragem nos olhos que ousam sonhar.
Pois cada traço, cada som,
é uma janela aberta
para o amanhã que insiste em nascer.


06 de agosto de 2025

⁠ A Espera como um Jardim Fechado

Dentro de mim, há um jardim que floresce no toque certo, na voz certa, no cheiro certo. Mas não abro meus portões para qualquer um. Já vi mãos impacientes arrancarem pétalas que mereciam ser admiradas. Então, eu espero. E, enquanto espero, meu desejo cresce, se espalha, se fortalece. Porque quando a pessoa certa vier, encontrará em mim um campo inteiro pronto para ser explorado.


Carta aos Artistas


A vocês que mergulham onde poucos ousam entrar,
que transformam silêncio em palavra,
dor em poesia,
e notas soltas em melodias que curam.


Ser artista é viver com os sentidos à flor da pele,
perceber o que passa despercebido,
ouvir a música escondida no vento,
e enxergar cores que o mundo ainda não aprendeu a nomear.


Vocês conhecem a solidão criativa,
o peso doce da introspecção,
os mergulhos que parecem não ter fim.
E ainda assim, dessa profundidade,
trazem à tona o indizível,
e o fazem soar como verdade.


A arte é a prova de que a alma respira.
Seja pela pintura, pela dança,
pela palavra escrita ou pelo som que vibra no ar,
vocês eternizam sensações que não cabem na fala.


Sigam, artistas.
Continuem afinando sentimentos como cordas de um instrumento,
transformando fragmentos de vida em algo que ecoa.


Vocês não apenas criam.
Vocês revelam o invisível,
dão voz ao silêncio,
e nos lembram que sentir —
é, em si, um ato de resistência.




6 de Agosto de 2025

⁠Camadas

Sou feita de camadas, e quem me vê de longe pode achar que sou fechada, difícil de alcançar. Mas a verdade é que cada camada tem um propósito, um tempo, um significado.

Não me entrego de imediato, porque sei que o que é profundo precisa ser descoberto pouco a pouco. Como um jogo onde cada nível revela algo novo, onde a cada avanço a intimidade cresce, a conexão se fortalece, o laço se estreita.

Alguns desistem antes de tentar. Outros se frustram porque acham que deveriam ter tudo de mim de uma vez. Mas aqueles que compreendem, que têm paciência para desbravar cada camada, descobrem que, no centro, há algo raro.

Porque meu amor não se dá pela metade. Meu sentir não é superfície. Para quem tiver coragem de ir além, há um mundo inteiro a ser explorado dentro de mim.

⁠Sabe o que me corrói?


Me perceber fria,
apática,
triste.
E ainda saber que desconheço
outro ser que, como eu,
carrega uma alma amorosa,
doce,
intensa,
acolhedora,
e de sorriso fácil.

Me sinto vazia,
como se tivesse me perdido
em algo que não sei mais nomear.
Onde está a minha essência?
Onde está o amor que eu sempre dei?
O sorriso que eu não conseguia esconder?

Isso me consome,
porque sei que posso ser tudo isso de novo,
mas ainda não encontrei o caminho de volta.

⁠Águas Profundas


Sinto-me como um rio de pensamentos, sempre fluindo, mas com águas tão profundas que, por vezes, mal sei onde começa o meu reflexo e onde termina o que é externo a mim. Eu sou tantas em uma só, e é difícil explicar. Cada emoção minha, cada desejo, se mistura com outros, criando uma corrente que não pode ser parada, nem contida. Não sou uma mulher de facetas simples, e o que mais busco é um encontro genuíno que me permita ser vista em todas as minhas nuances. Não tenho pressa, mas não quero ser apenas entendida, quero ser sentida.

⁠Rio Real – O Inesquecível em Suas Águas

Às vezes, buscamos palavras para descrever o que simplesmente se sente. Tentamos traduzir em frases aquilo que transborda no olhar, no toque da brisa, no reflexo da luz dançando sobre as águas.

O Rio Real não é apenas um curso d’água, é testemunha silenciosa da história do nosso povo. É espelho de quem somos, guardião de memórias, caminho que leva e traz vidas. Suas margens contam histórias que não precisam de explicação, apenas de vivência.

Há coisas que não se explicam, apenas se sentem. E quem já se deixou envolver por essas águas sabe: o Rio Real não passa, ele permanece.

⁠A Alma da Mulher

A alma da mulher não se mede em passos,
mas na profundidade do que sente.
É oceano que transborda em marés de silêncio,
mas que nunca deixa de ser corrente.

Guarda em si os ventos de todas as estações,
as folhas que caem, as flores que renascem.
É feita de pausas e recomeços,
de memórias que o tempo não desfaz.

A alma da mulher é feita de entrega,
mas nunca de rendição.
Sabe ser abrigo e tempestade,
ser luz e sombra na mesma canção.

Carrega consigo histórias não ditas,
cicatrizes que se tornaram poesia.
E mesmo quando o mundo a tenta apagar,
ela se refaz,
como chama que nunca se esfria.

⁠Por Só Sol

O sol se põe,
mas nunca é só um pôr do sol.
Ele dança na linha do horizonte,
escorrega lento pelo céu,
como quem promete sumir,
mas nunca parte de verdade.

Pisca em tons de ouro,
derrama fogo sobre o mar,
e, num sussurro de luz,
diz que amanhã volta.

Nunca se perde,
nunca se esquece de ser sol.
Brilha onde os olhos não alcançam,
suspira calor em outras terras,
ilumina, mesmo quando não o vemos.

Porque ser sol
é mais que estar à vista—
é existir,
ardendo eterno
em si.

⁠Efêmero e Infinito

Quando eu for, um dia desses,
poeira, levada pelo vento,
quero ser como as estrelas—
que mesmo quando morrem,
não se apagam.

Que meu brilho, mesmo distante,
ainda toque olhares,
ainda ilumine caminhos,
ainda ecoe na memória
de quem um dia me viu brilhar.

Que eu permaneça,
não apenas na lembrança,
mas no sentir.


#AtravésDoMeuOlhar

Além da Imagem: O Olhar que Transcende

A fotografia não é apenas uma imagem congelada no tempo. Não se trata apenas de uma foto; é a tradução visual de um sentimento, uma história que vai além do que o olho pode ver. É um olhar profundo sobre o mundo, uma forma de revelar aquilo que muitas vezes escapa à percepção cotidiana. Cada fotografia carrega uma parte da minha alma, uma expressão única de como vejo e sinto o mundo ao meu redor.

⁠A Graça que Me Alcança, Me Basta e Me Abastece

A graça de Deus não apenas me basta, mas me abastece, me renova e me fortalece quando sinto que não há mais forças. Não é sobre merecimento, sobre ser digna ou perfeita. É sobre um amor que me alcança no meio do caos, que me segura quando tudo parece desmoronar.

Ela preenche os vazios, acalma as inquietações e me lembra que não estou sozinha. Mesmo quando minha pressa grita e minha ansiedade tenta tomar o controle, Sua graça já é suficiente. O segredo é confiar, mas confiar é também o mais difícil. Queremos as coisas no nosso tempo, do nosso jeito, com respostas rápidas e certezas imediatas.

Vivemos cheios de urgências, de expectativas, mas Deus nos convida a descansar, a lembrar que Ele está no controle. E quando olho para trás, percebo: Ele sempre cuidou de tudo. Até nos momentos que não entendi, até nos silêncios que pesaram, Sua bondade nunca falhou.

Estou sobre essa graça que me alcança. Ela me sustenta, me molda e me ensina que, mesmo quando parece que falta algo, n’Ele eu já tenho tudo.

⁠A Solidão da Minha Solitude

Há um vazio que me visita sem pedir,
mesmo quando tudo parece estar em paz.
É a ausência que mora no peito
quando escolho estar só,
mas não deixo de desejar companhia.

Minha solitude tem nome,
tem gosto de café frio e cama arrumada demais.
É minha, mas às vezes pesa.
Não grita, mas se impõe com um silêncio
que fala de mim mais do que mil palavras.

É escolha… mas também falta.
É liberdade… mas também espera.
Porque há dias em que o silêncio me acolhe,
e outros em que ele me abandona.

Queria às vezes dividir o pôr do sol,
contar as estrelas com alguém que ficasse.
Alguém que entendesse
que até quem gosta do próprio espaço
anseia, vez ou outra, por um colo.

E nessa dança entre o querer e o suportar,
vou existindo: inteira, mas com vazios.
Solta, mas sonhando com um laço.
Sozinha, mas querendo ser achada.

⁠Rio de Gente

O rio corre, mas não é de água,
é de passos, vozes, multidão,
deságua em esquinas, sobe calçadas,
se espalha em ondas pelo chão.

O tempo escorre sem despedida,
como quem parte sem olhar,
mais um dia que se dissolve
nas luzes pálidas do lugar.

Mas há um sonho que não se apaga,
uma chama acesa a resistir,
pois tudo que é vivo se refaz,
e tudo que é rio aprende a seguir.

⁠O Gosto do Tempo Sem Pressa

Te vejo me devorar primeiro com os olhos, como se cada detalhe meu fosse uma fome antiga. E quando tua boca me encontra, não há espaço para pressa—só o ritmo certo de quem sabe exatamente o gosto que procura. É como se o tempo fosse outro, mais lento, mais profundo. Cada toque é uma descoberta, cada beijo uma lembrança de algo que nunca se esqueceu. No abraço, sinto o mundo sumir e restar só nós, sem pressa de acabar, sem pressa de fugir do que é real. Só o agora, só o momento, só o desejo que se faz carne.

Fragmentos que Ecoam


Há instantes que o tempo não leva.
Eles permanecem, suspensos,
como se aguardassem o toque de um olhar
para voltarem a existir.


Não é sobre a imagem em si.
É sobre quem escolheu parar,
sentir, priorizar e preservar um pedaço do mundo.
Sobre quem decidiu que aquele segundo
não poderia se perder no esquecimento.


Cada fotografia é uma ponte:
não liga apenas o passado ao presente,
mas reconecta o coração
às sensações que moldaram quem somos.


No fim, não é sobre a foto,
mas sobre o ato de lembrar.
Sobre guardar, dentro de si,
as marcas invisíveis das emoções
que insistem em ecoar.

Num instante, o olhar aprisiona o tempo, e a memória ganha eternidade.... Frase de Jorgeane Borges.

Num instante, o olhar aprisiona o tempo, e a memória ganha eternidade.

A Miragem


Há caminhos que só os olhos da alma conseguem ver.
À distância, parecem tão nítidos quanto um sonho desperto,
mas quando nos aproximamos, dissolvem-se,
como areia levada pelo vento.


A miragem não engana, ela revela.
Mostra a sede que carregamos,
o desejo escondido por trás do horizonte, um destino que criamos aqui dentro do peito.
Ela é o reflexo do que buscamos,
mesmo quando não temos nome para o que sentimos.


Talvez não seja sobre chegar até ela,
mas sobre o quanto caminhamos por acreditar que existe.
Porque é no percurso, entre o real e o ilusório,
que descobrimos nossa própria essência:
somos feitos de passos e esperanças,
mesmo quando o chão parece infinito
e o oásis nunca chega.


A miragem é um lembrete silencioso:
há beleza também naquilo que não se toca,
há verdade até mesmo na ilusão
que nos faz continuar a andar.

Consciência em Papel


Escrevo porque, às vezes, falar não basta.
Porque minha voz se perde no ar, mas as palavras escritas… elas permanecem.
Cada linha é um pedaço meu, uma confissão silenciosa que não precisa de plateia.


Aqui, não existe medo de julgamento.
Aqui, eu não preciso sorrir para suavizar minha dor nem me explicar para ninguém.
O que deixo escrito é a minha consciência escancarada, crua, nua.
É o reflexo do que penso quando tudo silencia, quando ninguém está olhando.


E não, não é drama.
Não é exagero.
É apenas o retrato de existir com o peso que carrego, tentando não incomodar, tentando caber no mundo sem fazer barulho demais.


Escrevo porque é o que me resta quando falar não funciona.
Porque aqui, neste papel, posso ser inteira.
Posso admitir o cansaço, a confusão, o vazio.
Posso dizer que às vezes a vida dói mais do que deveria, e que seguir em frente parece uma vitória silenciosa que ninguém vê.


Se você lê, talvez se reconheça.
Talvez sinta que essas palavras também são suas.
E, nesse instante, é como se eu não estivesse tão sozinha dentro delas.


No fim, é isso:
O que deixo escrito não é só texto.
Sou eu, inteira, existindo em palavras.
Mesmo quando o mundo prefere que eu me cale.

Reflexos da Alma: A Arte de Capturar e Expressar

⁠Cada imagem é uma janela aberta para o íntimo, uma fração de alma capturada em um instante. A fotografia, como uma linguagem silenciosa, fala ao coração de quem a observa, conectando sentimentos que palavras às vezes não conseguem. Mas, assim como uma imagem, as palavras também carregam o peso do que não se vê, traduzindo o invisível em sentimentos tangíveis. Quando unimos esses dois mundos — a visão e a expressão escrita —, criamos uma ponte entre o visível e o intangível, onde as emoções se encontram e se revelam.

⁠Onde a admiração desfalece, onde o respeito silencia, o amor não respira. Parta antes que reste apenas a sombra do que foi.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Onde a admiração desfalece, onde o respeito silencia, o amor não respira. Parta antes que reste apenas a sombra do que foi.

⁠Ouvir Também Salva

Setembro Amarelo é um mês que me deixa inquieta. A intenção é genuína, mas parece que a luta é contra o depressivo, não contra a depressão. Falar é importante? Sim. Mas falar só funciona quando há ouvidos preparados para ouvir de verdade.

O problema é que, na maioria das vezes, as pessoas não sabem como lidar. Dizem palavras que, em vez de ajudar, empurram ainda mais fundo no abismo. "Você precisa ser forte", "Isso é falta de fé", "Todo mundo tem problemas." Essas frases são golpes invisíveis que aumentam a dor.

O que falta, então? Conscientização. Não para quem tem depressão, mas para quem convive com essas pessoas. Setembro Amarelo deveria ser um mês para ensinar como ouvir sem julgamento, como identificar os sinais silenciosos de alguém pedindo socorro, como se posicionar com empatia e dizer as palavras certas — ou simplesmente ficar em silêncio e estar presente.

Porque muitas vezes não é o falar que salva, mas o saber ouvir. E ouvir, de verdade, também é uma forma de amor.

⁠Teu Reflexo

No espelho, te olhas, mas sem te enxergar,
a vida tão dura fez tudo apagar.
Mas dentro do peito ainda há clarão,
bela, intensa—és furacão.

Teu riso esquecido, tua pele, o traço,
história bordada no tempo, no espaço.
És força que brilha, és flor que renasce,
és fogo que a vida jamais apaga-se.

Então te permita, volta a se ver,
no espelho, mulher, és puro viver!

⁠Olhar que Ecoa no Tempo A fotografia é o silêncio que fala do tempo, congelando o que escapa ao olhar e preservando o que a memória se recusa a perder. Um olha... Frase de Jorgeane borges.

⁠Olhar que Ecoa no Tempo

A fotografia é o silêncio que fala do tempo, congelando o que escapa ao olhar e preservando o que a memória se recusa a perder. Um olhar que ecoa no tempo, ressoando o passado e eternizando o presente.

⁠Olhar não tira pedaço, mas mexer causa embaraço.


Nem tudo precisa ser tocado, explorado ou decifrado. Há coisas que existem para serem admiradas à distância, sem a necessidade de interferência. O olhar pode ser curioso, contemplativo, até mesmo invasivo, mas é no toque – na ação impensada – que se criam os verdadeiros desencontros.

Respeitar o espaço do outro, compreender limites e reconhecer que nem tudo precisa ser desvendado é um gesto de sabedoria. Porque, no fim, o problema nunca esteve no olhar, mas na intenção por trás do movimento.

⁠O Sexo Como Encontro de Almas

Sexo, para mim, sempre foi mais que um ato, mais que um instante de prazer ou um impulso do corpo. Sempre acreditei que Deus não o fez apenas para a procriação, mas para a fusão — um encontro que vai além do toque, que transpõe a matéria e alcança a alma.

Quando dois corpos se entregam por inteiro, algo maior acontece. Não é apenas carne sobre carne, é energia se misturando, essências se reconhecendo. É um ritual silencioso onde nos tornamos um, transcendendo o tempo, o espaço e tudo o que nos separa.

Penetrar o outro não é apenas um ato físico; é entrar em sua alma, explorar suas profundezas, desvendar mistérios guardados na pele e na respiração. É um convite à entrega total, onde não há barreiras, apenas o desejo de sentir e ser sentido.

Na comunhão dos corpos, as almas conversam. Sussurram segredos em cada arrepio, se reconhecem na sintonia dos gestos, se perdem e se encontram no pulsar do desejo. E quando o silêncio chega, não é vazio — é plenitude. Porque o verdadeiro sexo não termina quando os corpos se afastam, mas permanece na energia trocada, no que um deixou no outro, no que se tornou juntos.

E é nisso que eu acredito: no sexo como portal, como transcendência, como um sagrado diálogo entre almas.

⁠A Bondade que Nos Escapa, Mas Nunca Falha

Queremos enxergar a bondade de Deus nas bênçãos óbvias: nas portas abertas, nas respostas rápidas, nos dias de alegria. Mas e quando Ele nos conduz por caminhos que doem? Quando a resposta é um silêncio que pesa? Quando o que achamos que era certo não acontece?

A bondade de Deus não é medida apenas pelo que conseguimos compreender. Ela está presente até nas perdas, nos adiamentos, nos recomeços forçados. Porque Ele não nos dá apenas o que queremos, mas o que realmente precisamos.

Às vezes, olhamos para trás e percebemos que aquilo que nos feriu foi também o que nos fortaleceu. Que o "não" que doeu foi um livramento. Que o tempo de espera foi, na verdade, um tempo de preparação.

Essa é a bondade difícil de entender, mas que nos sustenta. Uma bondade que não mima, mas amadurece. Que não atende caprichos, mas molda o coração. E que, mesmo quando não faz sentido, continua sendo real.

Desvelando a Morte: O Caír das Cortinas

A morte há de ser como
O cair das cortinas entre a cria e a criatura,
A parede invisível que nos separa da eternidade,
Podendo assim estar diante do Criador.

O rasgar do tecido fino que separa o agora do infinito,
Revelando a nudez do ser humano,
Deixando para trás todas as bagagens e tesouros
Que acumulamos em vida,
Mas que ali não têm utilidade alguma.

Nesse momento, tarde demais,
Percebe-se o quão fútil pode ser a vida,
E que talvez a morte não seja o problema.
Ela há de ser uma solução,
Uma passagem para o eterno e o desconhecido,
Onde o peso do viver finalmente se dissolve.

⁠A indiferença não grita, não sangra, não arranca — ela corrói em silêncio. Vai tirando aos poucos a cor dos sentimentos, o brilho dos olhos, o calor dos gestos. É uma tortura sem ferida visível, mas que fere fundo, porque o que machuca de verdade não é o que se diz, mas o que se deixa de sentir.

A distância, por sua vez, parece às vezes o único caminho possível. Um remédio amargo, sim, mas necessário quando o coração pede silêncio e espaço. Só que, como todo remédio forte, é preciso cuidado com a dose. O que foi receitado para curar pode, em excesso, se tornar veneno. E assim, entre ausências e silêncios, o que poderia se transformar em cura vira luto.

O amor não morre de repente. Ele vai se apagando entre olhares que já não se encontram, entre palavras que já não vêm. Primeiro esfria, depois adormece. Até que um dia, sem que se perceba, deixa de existir. E tudo o que sobra é um eco do que um dia já foi vida pulsante.

⁠Sempiterno

Há coisas que o tempo não apaga. Elas resistem ao desgaste dos dias, atravessam silêncios, sobrevivem às ausências. São memórias que se recusam a se dissipar, sentimentos que se enraízam tão profundamente que se tornam parte de nós.

O instante capturado por um olhar atento, a palavra dita no momento certo, o toque que aqueceu uma despedida—tudo isso continua a ecoar, mesmo quando o tempo tenta impor sua lógica de esquecimento. Porque aquilo que é verdadeiramente vivido não se dissolve.

Há quem pense que a eternidade está no que nunca se desfaz. Mas talvez ela resida, na verdade, naquilo que, mesmo findo, permanece. No que escolhemos guardar, no que nos permitimos sentir, no que cultivamos para além do agora.

O sempiterno não se mede pelo tempo. Mede-se pelo impacto.

⁠Mulher, Reencontre-se

Você já se olhou hoje? Não com os olhos cansados da rotina, não com a pressa de quem se esqueceu no espelho. Mas com a alma, com o cuidado de quem merece ser vista?

O tempo pode ter levado sua leveza, a vida pode ter apagado a poesia dos seus lábios, mas nunca, jamais, tirou sua beleza. Porque beleza não é sobre medidas, não é sobre idade, não é sobre o que o mundo insiste em dizer. Beleza é sobre presença. E você ainda está aqui.

Dentro de você há uma mulher que pulsa, que sente, que um dia sonhou e que talvez tenha esquecido como se reconhecer. Mas eu vejo. Vejo no brilho sutil dos seus olhos, no gesto delicado das suas mãos, na força que carrega mesmo quando pensa que não há mais nada.

Se permita olhar para si com gentileza. Se permita se enxergar além das marcas do tempo, além do que te disseram que você deveria ser. A mulher que você busca nunca foi embora. Ela apenas espera ser chamada de volta.

E quando você se encontrar novamente, prometo: você vai se surpreender com quem sempre foi.

⁠Tempo Fragmentado A fotografia é poesia e canção, composta por sombra, luz, sentimentos e sensações. Um momento que, em fração de segundos, congela um olhar no... Frase de Jorgeane borges.

⁠Tempo Fragmentado

A fotografia é poesia e canção, composta por sombra, luz, sentimentos e sensações.
Um momento que, em fração de segundos, congela um olhar no tempo eterno, para que não caia no esquecimento.

⁠Sempiterno

Há memórias que não se apagam,
sentimentos que nunca partem.
Resistem ao tempo, ao vento,
ecoam onde o silêncio arde.

Um instante, um toque, um nome,
gravados na pele da alma.
Não é o tempo que os consome,
mas o que o coração acalma.

O eterno não mora no tempo,
nem se mede em dias ou horas.
É presença que nunca se ausenta,
mesmo quando a vida vai embora.

⁠O Tempo que Ficou

Há um lugar dentro de mim, onde o tempo parece não ter passado. Ele ainda existe, como se os dias que vivi ao lado de meus avós estivessem apenas aguardando para serem revisitados. Eu os vejo, seus sorrisos, seus gestos, como se pudessem voltar ao meu lado a qualquer momento. Eu os vejo na quietude da noite, na luz suave da manhã, no som do vento que parece sussurrar seus nomes. E a saudade, essa saudade que aperta o peito, é o que me lembra que eles sempre estarão ali, mesmo que o corpo se tenha ido.

O amor deles por mim era puro, simples, sem exigências. Era um amor que não precisava de palavras, um amor que se mostrava nos pequenos detalhes: no café quente que me ofereciam, nas mãos calejadas que me acariciavam, no olhar atento que me guiava, me protegia. Não eram só meus avós, eram meus pais, meus pilares, minha razão de existir. Eu os carrego dentro de mim, como quem carrega um segredo precioso. Eles estão em tudo o que sou, nas decisões que tomo, nos momentos de quietude, na forma como vejo o mundo.

Ah, como eu queria voltar no tempo! Reviver aqueles instantes em que tudo o que importava era o calor do abraço, a segurança das palavras que me consolavam. O tempo, que agora me escapa entre os dedos, se torna um lamento doce, uma vontade de regressar àqueles dias onde a vida parecia mais gentil, mais devagar. Em cada canto, em cada cheiro, em cada lugar que me rodeia, existe a lembrança deles, e mesmo que o tempo tenha se levado suas vozes, a essência deles ainda vive em mim, vibrando com uma força que não cede.

A saudade que sinto não é um vazio; ela é um espaço preenchido de amor. É um amor que transcende a morte, que resiste ao tempo e que permanece, forte e constante, na minha alma. Eles são a parte de mim que nunca se vai, que nunca se apaga. Eu os carrego em cada passo, em cada sorriso, em cada gesto, pois sei que, no fundo, eles nunca me deixaram. Estão em tudo, em cada pedaço de memória que permanece comigo.

A vontade de voltar ao tempo, de reviver aqueles dias, é mais do que um desejo. É a certeza de que, apesar de tudo, o que construímos permanece. Eles continuam a viver, através do amor que não passa, da saudade que não morre, da presença que, embora ausente, nunca se vai.

O Eco das Memórias


A fotografia é mais do que uma imagem estática. É um fragmento do tempo que ousou permanecer. Guardar uma memória revelada, é eternizar instantes que, de outra forma, escorreriam pelos dedos. Cada fotografia é uma história contada sem palavras, aberta a múltiplas interpretações, capaz de despertar lembranças e sentimentos únicos em quem a observa.


Mas a verdadeira narrativa, aquela que pulsa por trás da imagem, só pode ser desvelada pelo olhar que a capturou. Porque é nesse olhar que vive o instante exato em que a luz, o silêncio e a emoção se encontraram para formar um eco no tempo, um eco que resiste, que fala, que permanece.


Fotografar é mais do que registrar: é transformar momentos em eternidade e silêncios em memórias que nunca se calam.

⁠Impressões do Tempo

Há momentos que escapam aos olhos, não porque são rápidos, mas porque carregam o peso de tudo o que já foi e tudo o que poderia ter sido. Eles se encolhem no peito, se tornam memória antes mesmo de se tornarem reais, como se o tempo já os estivesse preservando. Não são os dias que permanecem, mas os sentimentos que se escondem entre suas frestas.

Eu não busco registrar a mim mesma, mas o que escapa de mim—o que não posso segurar, mas que se derrama de forma silenciosa nas coisas que toco. Um olhar que atravessa a janela, o suspiro de uma folha que se entrega ao vento, o silêncio que respira entre as palavras não ditas. É nisso que estou. Não na imagem que a câmera captura, mas no que ela não pode revelar: o que pulsa além da pele, além do instante.

As memórias não são fotografias. Elas são ecos. São risos que ainda ressoam nas paredes de uma casa vazia. São promessas sussurradas entre o amanhecer e a noite, palavras que se tornam raízes na alma, mesmo quando não temos consciência delas. E é nelas que fico. Não na forma como o mundo me vê, mas na forma como o mundo me sente.

Quando alguém olha para uma foto e sente um arrepio sem saber o porquê, é porque aquela memória, aquela emoção, encontrou um espelho no coração dele. Não somos feitos de imagens. Somos feitos de vivências, de ressonâncias que, mesmo distantes no tempo, ainda têm poder de tocar, de mover, de transformar.

E no fim, é isso que me torna eterna. Não as fotos, não as palavras, mas a sensação de que algo em mim permanece, sem precisar ser guardado.

E Quando a Morte me Encontrar?

Desejo que a morte me encontre viva.
Porque viver é diferente de apenas existir.

Há tempos me pergunto o que é vida, pois o que tenho não passa de um eco vazio, uma sucessão de dias sem cor, sem pulsação. Se viver for apenas isso — sobreviver sem sentir — talvez o encontro com a morte não seja tão assustador.

Mas se ela demorar, que me encontre desperta, de alma incendiada, com olhos brilhando pelo peso e a beleza dos instantes. Que ela veja em mim alguém que, mesmo entre abismos, soube amar, sonhar e se permitir sentir.

Se a vida quiser me manter aqui, que me devolva o direito de ser plenamente viva.


⁠Autorretrato em Palavras

Sou intensa, profunda e sensível. Carrego dentro de mim uma força que resiste, mesmo quando o peso das emoções tenta me soterrar. Vivo em uma busca constante por significado — questiono o mundo, a mim mesma, minhas escolhas, minhas dores, minha fé e as falhas humanas que me habitam.

Sinto tudo em excesso e, por isso, reflito sobre tudo. Tento compreender a vida além da superfície, mesmo sabendo que nem todos estão dispostos a mergulhar tão fundo. Busco conexões genuínas, verdadeiras, que muitas vezes parecem raras.

Carrego em mim uma mistura delicada de vulnerabilidade e resistência. Deixo pedaços de mim em palavras e imagens, porque desejo que algo de minha alma permaneça. Quero acertar, mesmo quando me perco nesse desejo.

Talvez seja essa busca incessante por sentido que me define: uma tentativa de compreender a mim mesma e ao mundo, sem jamais deixar de ser humana — profundamente humana.

Fotografia: A Alma no Olhar


Fotografar, para mim, é a arte de perceber o mundo de forma única e sensível. A fotografia não é apenas sobre capturar uma imagem, mas sobre transformar a maneira como as coisas são vistas. Busco mostrar o que muitas vezes passa despercebido pelo coletivo, revelando o que falta nos olhos comuns: uma conexão emocional, uma alma no olhar.

Essa sensibilidade me permite enxergar as camadas ocultas de cada cena, trazendo à tona a essência do que está sendo fotografado. Cada clique é uma forma de compartilhar com o outro o que a visão cotidiana não alcança, uma maneira de mostrar que a beleza está muitas vezes escondida na simplicidade, na luz, na sombra, no ângulo. Ofereço aos espectadores uma nova perspectiva, algo que não poderiam ver por si mesmos, pois, minha visão está imbuída de alma e significado.

Uma imagem vai além da técnica; nela, estão contidas histórias e sentimentos. Nela também reside o poder de comunicar sem palavras. Contém experiências e é um convite para que o outro se conecte com a visão mais profunda e sensível do mundo.

⁠Carta Aberta

Àqueles que buscam profundidade nas palavras e sensibilidade na vida,

Este é um convite para olhar além da superfície, para perceber o que a vida e a morte têm a nos ensinar. Em meio à jornada de autodescoberta e expressão, encontrei um caminho onde as palavras não são apenas formadas, mas sentidas. Onde cada frase é uma dança entre o corpo e a alma, e cada pensamento se entrelaça com a essência do ser.

A fotografia, essa arte tão delicada, é a minha forma de traduzir o mundo. A sensibilidade da lente me permite revelar a alma do que é visto, tornando as pequenas coisas em preciosidades. Não se trata apenas de capturar uma imagem, mas de traduzir sentimentos, histórias e conexões invisíveis. Como fotógrafa, busco olhar através de novos olhos, e convido outros a verem a vida de uma maneira mais pura, mais intensa.

Em meus textos, procuro desvelar o oculto. A morte, por exemplo, é mais que o fim de uma jornada. Ela é a cortina que se abre para a eternidade, revelando aquilo que sempre esteve além de nossa compreensão. A vida, com suas complicações e acúmulos, nos leva a crer em muitas coisas. Mas, quando a morte chega, ela nos liberta de tudo o que não serve. E é nesse momento que podemos entender o verdadeiro peso do viver, da transição que nos leva do visível para o invisível, da carne para o espírito.

Tudo o que escrevo e fotografo reflete meu desejo de conectar. Conectar com o íntimo de cada ser, com os sentimentos mais profundos que muitas vezes preferimos esconder. Busco um encontro genuíno, onde as palavras e imagens não sejam apenas expressões de um ego, mas uma forma de tocar a alma. Afinal, o verdadeiro encontro vai além do superficial; é uma dança silenciosa entre quem somos e o que podemos compartilhar.

Meu propósito é claro: transmitir a essência daquilo que vejo, daquilo que sinto. Acredito que, ao fazer isso, posso ajudar outros a se encontrarem também, a verem a beleza do que está diante de nós. A fotografia e a palavra, quando bem utilizadas, podem transformar o simples em algo essencial, algo que toca profundamente.

E assim, sigo criando, escrevendo, fotografando e buscando a verdade nas entrelinhas da vida, da morte e do que reside em nós, em cada momento. Que possamos todos encontrar a nossa própria maneira de nos expressar, de nos conectar com o mundo e com os outros, de entender e de sentir. Pois, ao final, é isso que nos torna verdadeiramente vivos.

Com todo o meu ser,
Jorgeane Borges

⁠O Propósito da Minha Voz

Minha voz não precisa ecoar por multidões para ser significativa. Não é a quantidade de ouvidos que a escutam que determina seu valor, mas a profundidade com que alcança um coração.

Se minhas palavras tocarem uma pessoa — apenas uma — e fizerem com que ela se sinta compreendida, acolhida ou inspirada, então já terei cumprido meu propósito. Porque acredito que propósito não é sobre números, mas sobre conexão verdadeira.

A vida é feita desses encontros sutis, quase invisíveis, onde uma alma encontra outra e algo se transforma. E se minhas palavras deixarem uma marca, mesmo que pequena, então minha voz terá encontrado seu caminho, seu sentido.

Não preciso de aplausos para saber que estou seguindo meu propósito. Basta saber que, em algum lugar, alguém sentiu que não está sozinho. E isso, por si só, já é grandioso.

⁠Ecos de uma Presença Permanente Carrego teu nome no peito, mesmo sabendo que o eco já não encontra resposta. Algumas presenças são assim—partem, mas nunca vão.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Ecos de uma Presença Permanente

Carrego teu nome no peito, mesmo sabendo que o eco já não encontra resposta. Algumas presenças são assim—partem, mas nunca vão.

⁠Inaudível

Eu avisei. Nunca tentei chamar atenção, mas gritei em silêncio por meio das palavras e das imagens que deixei pelo caminho. Algumas pessoas disseram: "Pare com isso, não demonstre suas fraquezas." Outras, com olhos que não sabiam ver além do superficial, soltaram um: "Nossa, isso dói tanto." Houve aquelas que simplesmente ignoraram, fingindo não ver, passando por cima como se eu fosse um borrão despercebido.

Mas eu continuei. Me registrei em cada fragmento de existência, deixando partes de mim em cada texto, cada fotografia, cada história contada com alma. Não porque eu esperava aplausos, mas porque queria apenas ser — inteira, genuína, presente.

Lamento, apenas, imaginar que o dia em que eu partir minhas publicações possam encher de curtidas tardias. Não quero esperar a ausência para ser vista, nem que a valorização venha quando meus olhos já não puderem contemplar.

Eu vivi para me deixar em todos os lugares e em todas as pessoas, ainda que nem sempre percebam. E se a vida é feita de encontros e desencontros, que meu rastro permaneça — não para ser aclamada, mas para ser sentida. Inaudível, talvez, mas eterna.

⁠O Tempo em Fragmentos

A fotografia é um fragmento do tempo, de um lugar, um momento que jamais será o mesmo, não com o mesmo tempo.
Ao visitar um lugar, lembre-se de que aquele tempo permanece vivo apenas na lembrança e fragmentado em fotografia.

Tudo muda: as águas não voltam, as nuvens não formarão a mesma figura, o soprar dos ventos altera as formas, as folhas se renovam e tudo se faz novo.
E, talvez, seja isso que acredito: o tempo fica fragmentado.

Mas, em cada fragmento, há uma parte do todo que nos transforma. A fotografia não é só memória, é um reflexo daquilo que não se vê à primeira vista, daquilo que se sente no silêncio entre o olhar e o gesto. Ela revela o que o olho não percebe no movimento da vida, guardando para sempre aquilo que, de outra forma, se perderia na vastidão do tempo.

Janelas da Alma: A Conexão Entre Imagens e Palavras


⁠A fotografia tem o poder de transformar uma simples imagem em uma janela para o mundo. Através dela, conseguimos enxergar além do óbvio, trazendo à tona uma nova perspectiva, uma que conecta nossa alma ao olhar do outro. Eu acredito que a sensibilidade do fotógrafo é o que torna a imagem mais valiosa. É como se, através do clique, eu transmitisse um pouco da minha essência, permitindo que os outros vejam o que, muitas vezes, está oculto.

Cada foto é uma história que, assim como as palavras, tem o poder de tocar profundamente. E é isso que busco em minha arte: fazer com que você, que está do outro lado, sinta e viva um pouco do que eu experimento, como se estivéssemos em uma mesma jornada emocional. Como escritora, também busco essa conexão. Os meus textos são mais do que palavras, são sentimentos que dançam no papel, buscando ecoar no coração de quem os lê.

Seja nas imagens ou nas palavras, meu desejo é simples: que você se veja nas histórias e nos momentos que compartilho, que as palavras e as imagens revelem algo sobre você também. Porque, no final, todos estamos juntos nesse caminho de descobertas e de sentimentos, e é através dessa troca que a arte ganha vida.

⁠Carta Aberta

Para quem se permitir sentir, refletir, conectar.

Aqui estou eu, uma mulher que carrega dentro de si a busca incessante pela profundidade e autenticidade. Não sou uma alma que se perde na superficialidade das interações fugazes, nem nas palavras vazias que muitas vezes nos cercam. Eu busco a essência, a alma do outro, como se a verdadeira dança da vida estivesse na entrega silenciosa e na sintonia que não se explica, mas se sente.

Se algo define minha jornada, é a busca por uma conexão genuína. Às vezes, penso que a solidão é necessária para que a verdadeira conexão aconteça. Sou do tipo que se recolhe até sentir que vale a pena abrir a porta, até encontrar um olhar que se atreva a tocar a minha alma.

Na fotografia, eu me encontro. Cada click é uma tentativa de capturar o invisível, de revelar aquilo que mora nos cantos mais ocultos do ser humano e da vida. Acredito que a sensibilidade de quem fotografa tem o poder de transitar entre o visível e o invisível, entre o que é e o que poderia ser, fazendo com que o outro veja o mundo através de uma nova perspectiva. Cada imagem que crio carrega um pedaço da minha alma, esperando ser vista, sentida, compreendida. E é assim que vejo a vida: uma fotografia em movimento, cheia de momentos efêmeros que pedem para serem eternizados no olhar atento de quem sabe enxergar.

Hoje, me permito escrever, não para expor, mas para partilhar. Porque, como sempre busquei nas palavras e nas imagens, talvez o que realmente desejo é que minha essência encontre eco no mundo. Que, de alguma forma, minha busca por profundidade se revele como algo comum a todos que também têm fome de autenticidade e de verdade.

Aos que, como eu, não se contentam com o raso, aos que acreditam que há beleza na entrega silenciosa e na quietude que precede a verdadeira conexão, deixo estas palavras: seguimos. Continuamos nossa busca, nossa dança. Porque no fim, é a dança que importa, o encontro verdadeiro, onde corpo e alma se entrelaçam. E é isso que me move: acreditar que, no fundo, todos buscamos algo mais. Algo que só o verdadeiro olhar consegue captar.

Com carinho e sinceridade,
Jorgeane Borges

⁠Indiaroba, Terra de História e Afeto

Há um olhar que ultrapassa o óbvio, que enxerga além das paisagens e dos cartões-postais. Um olhar que se detém nos detalhes, nas expressões, nas mãos que trabalham, nas risadas que ecoam pelas ruas, no cheiro da comida que traz lembranças de casa.

Minha gente é feita de força e delicadeza. Das águas do Rio Real que nos banham e dos passos que marcam a terra. São rostos que contam histórias, vozes que preservam tradições, gestos que carregam gerações inteiras. E eu, com minha lente e meu coração, me faço parte disso tudo— registrando, contando, preservando.

Cada clique é um abraço na memória, um jeito de dizer: olhem para nós, para o que somos, para o que temos. Nossa cultura pulsa na feira livre, no trabalho dos pescadores, na dança que embala as festas, na fé que nos une. Indiaroba é mais que um lugar, é sentimento, é pertencimento, é raiz.

E quando alguém me pergunta o que me faz ter tanto orgulho de viver aqui, eu respondo sem hesitar: é a minha gente.

⁠O Corpo Como um Livro que Nem Todos Sabem Ler

Meu corpo não é um livro de páginas fáceis. Ele não se abre para qualquer olhar, não se entrega a mãos que não sabem segurar sua história. O desejo existe, pulsa, grita em silêncio. Mas não pode ser saciado por qualquer toque sem alma, sem intenção. Eu espero por quem leia cada linha com paciência, que entenda a profundidade antes de querer folhear apressado. Porque para mim, desejo não é pressa. É construção.

⁠A fotografia como ponte entre o tempo e a memória

A fotografia é mais do que um simples registro, é um portal entre o passado e o presente. Cada imagem carrega não apenas cores e formas, mas histórias, sentimentos e fragmentos de tempo que poderiam se perder na correria do dia a dia.

Através da minha lente, busco capturar a essência da minha cidade, os detalhes que muitas vezes passam despercebidos, mas que são a alma do nosso povo. É sobre tornar visível o que já faz parte de nós, ressignificar espaços, rostos e momentos.

Quando uma fotografia resgata uma lembrança, ela prova que o tempo pode ser revivido. E é assim que construímos nossa identidade: entre memórias que resistem e imagens que nos fazem sentir.

⁠⁠⁠O Peso de Pedir Ajuda

Para quem tem dificuldade em pedir ajuda, romper essa barreira e buscar socorro é um grande desafio. Admitir que precisa de alguém, que não consegue sozinho, pode parecer um sinal de fraqueza quando, na verdade, é um ato de coragem.

Mas e quando o pedido é ignorado? Quando a resposta é um "não" ou simplesmente o silêncio? A frustração de buscar apoio e não encontrar pode ser avassaladora, criando uma armadura de autossuficiência forçada. Aos poucos, a pessoa se convence de que é melhor não precisar de ninguém do que arriscar a rejeição novamente.

Assim, a necessidade de não incomodar se torna quase uma regra de vida. Evita-se pedir, evita-se depender, evita-se até mesmo demonstrar vulnerabilidade. O peso da solidão, por mais doloroso que seja, parece mais suportável do que o peso de um "não".

Mas até que ponto essa barreira protege, e até que ponto aprisiona? Nem sempre haverá uma resposta positiva, mas insistir em buscar ajuda quando necessário também é um ato de resistência. Afinal, ninguém precisa carregar o mundo sozinho.

⁠Às vezes, me perco
na imensidão do que sinto.
Há em mim um sentir que transborda,
que atravessa o infinito,
que ecoa em vazios desconhecidos.

Luto para me conquistar,
mas sou terra em tempestade,
vento que se dobra ao tempo
e ainda assim resiste.

Carrego o peso de mil batalhas,
a exaustão de quem sempre luta,
mas também a força de quem,
mesmo em ruínas,
se reconstrói.

⁠Memórias Imortalizadas

A fotografia é um portal silencioso, onde o tempo se dobra e o instante é retido. Como um eco suave, ela resiste às marés da existência, conservando fragmentos do que fomos e do que ainda somos. Cada imagem capturada é uma memória que não se perde, um testemunho de uma realidade que se recusa a desaparecer.

Ela é a ponte entre o presente e o passado, permitindo que o olhar viaje para um tempo distante, onde as emoções, os cheiros e as cores ainda vibram. Ao revisitar essas imagens, somos transportados para um lugar onde a realidade se mistura com a lembrança, e o tempo parece parar, deixando-nos imersos em cada detalhe.

Mas é no eco da fotografia que encontramos sua verdadeira força. O tempo pode passar, as paisagens podem mudar, mas aquele momento, aquele olhar, jamais será esquecido. A fotografia carrega consigo a resistência de um eco que se repete, como uma melodia atemporal, lembrando-nos do que foi e do que sempre será parte de nós.

Em cada clique, a memória se eterniza. Não importa o quanto o mundo mude, os fragmentos do passado permanecem imortais, prontos para serem revisitados sempre que necessário, como um refúgio onde o tempo não ousa entrar.

⁠Carrego em Mim a Minha Gente

Quem disse que eu ando só?

Sou uma, mas trago em mim muitas. Carrego vozes que vieram antes de mim, risos que ecoam pelas ruas, olhares que enxergam além do que se vê. Minha caminhada não é solitária — ela é feita de memórias, de histórias contadas à beira do Rio Real, de passos que seguem o ritmo das tradições.

Minha arte não é apenas minha. Ela é reflexo do meu povo, das mãos que moldam, dos sabores que alimentam, dos gestos que traduzem um pertencimento. Em cada clique, há um pedaço da nossa identidade. Em cada imagem, um registro da essência que nos torna únicos.

Indiaroba não é só um lugar, é um sentimento. Está no cheiro da comida caseira, no colorido das feiras, na fé que nos une, no talento que se manifesta em cada detalhe. Sou feita dessas raízes e, através do meu olhar, levo comigo tudo o que somos.

Eu represento.
A arte, a cultura, a força do meu povo.

O Que Sempre Foi Para Ser


Hoje já te quis dentro de mim mil vezes, e em cada uma delas lembrei que, de alguma forma, você já pulsa aqui dentro. Mas ainda assim te quero perto, tão perto que nossos corpos provoquem faíscas, que o calor do desejo nos envolva até dissolver qualquer distância. Quero sentir sua pele na minha, o toque que não pede licença, a respiração entrecortada pelo arrepio do encontro. Quero a explosão e a calmaria, o fogo e o silêncio que vem depois, quando já não há nada entre nós além do que sempre foi para ser.

⁠Olhar Que Recua no Tempo

O olhar é uma janela para o passado, um portal silencioso que nos permite voltar, ainda que por um instante, ao que já foi. Cada fotografia é um elo com o tempo, uma chance de recuar para uma memória distante, mas vívida, que se mantém viva dentro de nós. As imagens não são apenas representações do que vimos, mas sim fragmentos do que sentimos, capturados para resistir ao esquecimento.

Ao olhar para uma fotografia, não estamos apenas observando o que foi; estamos revivendo. O lugar, as pessoas, a atmosfera, tudo aquilo que estava presente naquele instante, ressurge no olhar que agora se aprofunda. O recuar no tempo é mais do que uma simples lembrança, é a reconstrução emocional de um momento que nos marcou, que ficou registrado não apenas na imagem, mas na alma.

As memórias, por sua natureza, são feitas para isso: para que possamos retorná-las quando desejamos, para que possamos reviver as experiências que nos moldaram. A fotografia nos dá a oportunidade de revisitá-las, de voltar a sentir o que sentimos, a ver o que vimos e a reviver o que nos tocou. Ela não apenas preserva o passado, mas nos dá o poder de retornar a ele sempre que necessário.

Imortalizados pela imagem, aqueles que foram capturados naquela fração de tempo permanecem conosco. E, por meio do olhar, nós também, como testemunhas e fotógrafos, nos tornamos parte dessa eternidade, imortalizando não só o momento, mas a essência que ele carrega. O olhar que recua no tempo não busca apenas o que foi, mas o que permanece, o que nunca se apaga, e nos lembra que a memória é, de fato, o que nos faz reviver.

⁠Que tal conhecer meu quintal?

Aqui, cada caminho guarda histórias, cada paisagem tem alma, e cada rosto carrega a força da nossa gente. Indiaroba-SE não é apenas um lugar no mapa, é um lar, um abraço de natureza e tradição, um refúgio onde a cultura pulsa e a vida acontece com simplicidade e grandeza.

O Rio Real nos banha, o sabor do aratu nos reúne à mesa, as ruas sussurram memórias e os olhares se encontram na cumplicidade de quem pertence. Aqui, viver é sentir, celebrar e preservar.

Se ainda não conhece, venha! Se já conhece, sempre há algo novo para ver e sentir.

Orgulho de vivermos aqui!


Orações Escritas
O Peso de Compreender – Entre a Razão e a Entrega

Ah, Senhor, sempre fui essa mínima que busca ter entendimento.
Que tento fazer uso da compreensão, que tenta se colocar no lugar de todos, mesmo quando falham comigo e me machucam.
Recolho-me em minha dor. Claro, sou humana, tenho o desejo de esbravejar, mas me calo e vou analisar, porque me pergunto: por que isso? Então saio de mim e me coloco no lugar do outro, tentando entender seus motivos e razões.
Assim, de uma perspectiva diferente, fazendo aquilo que o outro não se deu o trabalho de fazer, tentando justificar o outro para mim mesma.

Mas o que me justifica? Quem se coloca no meu lugar? Às vezes, quase sempre, me pergunto se estou fazendo o certo, o justo.
Mas como equilibrar, se muitas vezes falamos e agimos de maneira contraditória, querendo acertar? Se não falhamos com o outro, falhamos conosco.

Eu não tive tempo para errar, Deus, para aprender com os erros, constantemente cobrada, observada e manipulada a ser como sou.
Porque o direcionamento, na maioria das vezes, é isso: você segue caminhos, escolhas e toma decisões que nem sempre foram sua vontade.
Alguém plantou uma semente de medo, um desejo e até limites.

"E no fim, me pergunto: quem me justifica, quem me acolhe, quem me vê? Que ao menos Tu, Senhor, enxergues o que há em mim."

⁠. O Risco de Não Viver

Queria segurar minhas urgências com as mãos,
domá-las, dar-lhes um nome,
fazer delas caminho seguro.
Mas urgências não se seguram—
elas queimam, correm,
exigem entrega sem garantias.

Tenho sede de viver,
mas o medo me segura os pulsos.
Diz que é arriscado,
que o erro pesa,
que o tempo não devolve o que se gasta errado.

Mas e se o erro for parte?
E se o maior risco for não tentar?
Se nunca souber,
o que me restará além do vazio do que não foi?

A vida me chama na borda do precipício.
E eu hesito, mas sei:
não viver seria o pior dos tombos.

⁠A Queima do Mastro Indiarobense: Tradição, Fé e Coragem

A Queima do Mastro Indiarobense é uma tradição centenária que se mantém viva no coração da população local, celebrada anualmente no dia 24 de junho. Mais do que uma simples festividade, essa prática é uma manifestação cultural carregada de simbolismo, fé e desafios.

A Pega do Mastro: O Início da Jornada

A celebração tem início com a Pega do Mastro, um cortejo vibrante ao som do samba de coco. Antes mesmo do sol raiar, os pistoletes anunciam o começo da festa, ecoando pelos becos e ruas. Em cima de um pau de arara, os participantes percorrem a cidade ao ritmo da cuíca e do tambor, enquanto a população dança às portas de suas casas, envolvida pela magia do momento.

A Busca na Mata: Escolha e Retirada do Mastro

O verdadeiro desafio, contudo, acontece mata adentro. Sem medir esforços, os homens do cortejo adentram a floresta em busca da árvore perfeita – adulta, de tronco resistente e altura imponente. A escolha é minuciosa, pois o mastro precisa suportar o peso dos prêmios e resistir ao fogo na noite da queima.

Com machados afiados, o corte se inicia, exigindo força e destreza. Mas a parte mais árdua vem em seguida: o arrasto do mastro para fora da mata. O esforço conjunto de vários homens é essencial para transportar a árvore, e a cada avanço, gritos de conquista ressoam como uma validação de toda a dedicação empregada.

O Retorno Triunfal: Fé e Celebração

Após vencer a mata, a árvore é amarrada ao pau de arara. Com todos os participantes a bordo, a comitiva retorna ao município, embalados pelo ritmo do samba de coco. Unidos em uma só voz, entoam:

"Ô São João
Ô São João
Ô São João"

Enquanto seguem viagem, as folhagens do mastro arrastam-se pelo chão, sinalizando sua grandiosidade – tamanha que nem mesmo o transporte consegue comportá-lo completamente.

A Preparação do Mastro: O Desafio Final

De volta à cidade, a árvore é preparada para a grande noite. Com arame, os participantes prendem tabocas repletas de prêmios nos galhos, garantindo que fiquem firmes. O buraco no solo é escavado, e com um esforço coletivo, o mastro é erguido. Ao seu redor, uma fogueira é cuidadosamente montada, pois será ela a responsável por iniciar o aguardado espetáculo da queima.

A Noite da Queima: Coragem e Tradição

À medida que a escuridão toma conta, a população se reúne para assistir a um dos momentos mais esperados: a queima do mastro. Os fogueteiros entram em ação, lançando espadas de fogo e soltando buscapés em uma coreografia perigosa, mas fascinante. O brilho das chamas ilumina os rostos dos espectadores, que acompanham atentamente o desenrolar do evento.

Quando finalmente o mastro vem ao chão, inicia-se a disputa pelos prêmios. Sob uma chuva de buscapés incandescentes, os mais destemidos se lançam para recolher os itens amarrados aos galhos, enquanto grupos rivais atiram buscapés contra o tronco caído. No meio do caos, fogueteiros munidos de facões avançam na escuridão, iluminados apenas pelas chamas dos próprios artefatos que soltam.

Uma Tradição que Perpassa Gerações

A Queima do Mastro Indiarobense é uma tradição que atravessa gerações há mais de um século. A cada ano, novos participantes se somam àqueles que já carregam cicatrizes e histórias para contar. Embora alguns saiam queimados e acidentados, o espírito da festa permanece inabalável, e a paixão por esse ritual perigoso e emocionante faz com que todos retornem, ano após ano, para reviver a tradição.

Mais do que um evento, essa celebração representa a resistência cultural e a identidade de um povo que encontra na fé, na coragem e na união a força para manter viva uma das mais autênticas manifestações do folclore nordestino.

⁠Me devore...
Mas não com pressa.
Com fome. Com intenção. Com a delicadeza de quem sabe que o toque começa antes dos dedos — começa no olhar, no pensamento, no arrepio que antecede o gesto.

Me devore com a boca, mas também com a presença.
Com o silêncio que escuta o que meu corpo não diz, mas implora.
Me devore nos detalhes — no canto da minha boca, no contorno da minha respiração, no som que faço quando me sinto segura.

Me devore sem pressa de acabar.
E quando achar que já me teve, queira mais.
Sinta fome de novo. E de novo.
Me descubra diferente a cada toque, me sinta nova mesmo depois de me despir mil vezes.

Me devore com alma.
Não me queira só para o prazer do corpo, mas para o prazer da presença.
Sinta desejo pelo que sou quando estou calada, quando estou entregue, quando estou ali, inteira, e ainda assim, misteriosa.

Me devore com os olhos, mesmo de longe.
Me deseje na ausência. Me saboreie na lembrança.
Que meu cheiro te embriague, que minha voz te acompanhe no silêncio do dia.
Que minha pele fique na tua, mesmo depois do banho.

Me devore em silêncio e em gritos.
Nos gestos mais suaves e nos instantes de descontrole.
E mesmo quando tudo parecer saciado, que ainda exista vontade.
Que exista sobremesa. Que exista manhã. Que exista depois.

Me devore...
Como quem sabe que fome assim, não se mata.
Se cultiva.

Entre o Silêncio e a Fé, há Espera.


Na quietude do tempo, a alma cala,
E aguarda, mesmo sem saber o dia.
O coração ansioso não se exala,
Sustenta em fé o fio que o guia.


A espera dói, mas também semeia,
Ensina o passo lento a florescer.
Na terra árida, a esperança ateia,
O lume oculto que insiste em viver.


É como o mar que aguarda a maré cheia,
Ou o céu, que espera a lua aparecer.
No vão dos dias, a dor que incendeia,
Também prepara o sol para nascer.


Pois quem espera, mesmo sem razão,
Encontra em Deus o pulso da estação.

⁠Carta Aberta de Quem Decidiu Partir (E Ainda Está Aqui)

A quem importa,

Eu ainda estou aqui, mas não sei por quanto tempo. Já tomei minha decisão, embora o corpo continue presente. Sigo respirando, caminhando entre vocês, respondendo quando necessário, sorrindo quando esperado. Mas, por dentro, algo já se despediu faz tempo.

Não quero que sintam pena, não quero ouvir que vai passar, porque eu mesma já me disse isso incontáveis vezes. Não passou. Apenas aprendi a carregar o peso sem deixar transparecer tanto. Às vezes, ele fica insuportável.

Sei que muitos me amam, e é por eles que permaneci até agora. Mas amar não significa entender. E a solidão de não ser compreendido é um abismo que engole pouco a pouco.

Eu não busco atenção, não quero alarmar ninguém. Só quero que saibam que tentei. Que lutei cada dia como pude. Que se um dia eu não estiver mais, não foi por fraqueza, mas por exaustão.

Até lá, continuo. Não sei até quando. Apenas… continuo.

[JB]

Orações Escritas
Nos Silêncios que Me Habitam


Ah, Senhor...
Quantas vezes me encontro em silêncio, não porque não saiba o que dizer, mas porque não encontro palavras que expressem tudo o que sinto.
Carrego perguntas que ecoam dentro de mim e, ainda assim, permaneço aqui, diante de Ti, como filha que confia, mesmo quando não entende.


Tenho buscado compreender, sempre tentando me colocar no lugar dos outros, justificando dores que não são minhas e razões que nunca me foram ditas.
Mas, e eu, Senhor? Quem se coloca no meu lugar? Quem vê o peso que carrego calada?
Às vezes, me sinto pequena demais, tentando equilibrar o que sinto e o que esperam de mim, como se o mundo exigisse força de quem só deseja colo.


Eu Te peço: fica comigo nas minhas inquietações.
Ensina-me a aceitar aquilo que não posso mudar e a descansar em Ti quando minhas forças se esgotarem.
Toma, Senhor, meus medos, minhas dúvidas e até meus silêncios — porque sei que mesmo neles, Tu me escutas.


Que sejas o Senhor a me justificar.
Que me enxergues como sou e tudo que há em mim.
Essa é a minha prece.

Cartas ao Céu




Oração escrita, poesia da alma calada.
Inteira, mesmo estando quebrada.
Há pedaços de mim espalhados em cada verso,
mas é na fragmentação que encontro forma.


Escrevo como quem costura rachaduras,
como quem transforma silêncio em cura.
Minha fé não grita, ela sussurra baixinho,
enquanto recolho os cacos
e descubro que ainda brilham.


Porque mesmo partida, sou inteira.
Inteira de sentimentos,
inteira de verdades,
inteira na esperança que me segura
quando tudo parece desabar.

⁠Carta Aberta: Cansei, Lutei Até Meu Limite

A quem ainda se importa,

Eu lutei. Lutei com tudo o que tinha, com tudo o que restava de mim. Dia após dia, me levantei quando queria ficar no chão, sorri quando minha vontade era desmoronar, fui forte até quando a força me abandonou. Mas agora, cansei.

Cansei de fingir que estou bem para não incomodar, de carregar um peso que ninguém vê, de gritar sem que ninguém ouça. Cansei de ouvir que tudo é fase, que vai passar, que basta ter fé. Porque não é assim tão simples. Nunca foi.

Não peço que me entendam. Apenas que saibam que eu tentei. Tentei ser quem esperavam, tentei encontrar um lugar no mundo, tentei carregar minha dor sem transbordar. Mas há batalhas que não se vencem, há cansaços que não se curam com descanso.

Se eu partir, saibam que foi depois de uma longa guerra, não de um único dia ruim. Se eu ficar, saibam que estou além do limite, e só preciso que alguém perceba sem que eu precise explicar.

Cansei, mas ainda estou aqui. Até quando, não sei.

[JB]

⁠Nos braços da saudade

Acordei no meio da noite, sentindo um silêncio que pesava mais do que a escuridão.
Não era medo – ou talvez fosse, mas de um jeito diferente.
Um medo que não pede socorro, só escuta o eco do que já foi.

Fechei os olhos e vi você.
Seu abraço morava em mim, mesmo sem estar ali.
O tempo, teimoso, levou sua presença, mas não soube apagar o que ficou.

Porque amor de verdade não some, só muda de forma.
Vira cheiro no vento, calor no peito, voz na lembrança.
E mesmo quando a saudade aperta, há um consolo invisível
Que me embala como você fazia.

O passado não volta, mas sussurra.
E toda vez que a noite me encontra, eu escuto.
Fecho os olhos, respiro fundo
E me deixo levar por aquilo que nunca me deixou.

Para ela, que foi meu lar antes mesmo que eu entendesse o que era ter um.

⁠A Visão do Beijo: Conexão Além do Toque

Imagine que, ao beijar, você não apenas toca outro corpo, mas atravessa uma porta invisível. A primeira sensação não é de um simples contato físico, mas de um mergulho profundo nas camadas da alma. É como se, por um breve momento, o mundo ao redor desaparecesse, e tudo o que restasse fosse a energia pura entre duas pessoas.

Nesse instante, cada movimento, cada suspiro, carrega em si uma troca silenciosa. Não é apenas o desejo que se acende, mas a consciência de que algo maior se faz presente. O beijo é uma troca de essências, um momento onde o corpo não tem fronteiras, onde os corações falam uma língua secreta.

Ali, o que importa não é o impulso, mas a entrega genuína. Não é o prazer imediato que buscamos, mas a profundidade de estar com o outro, de se deixar conhecer e de conhecer. O beijo é, então, o reflexo de tudo o que está guardado dentro, um convite à vulnerabilidade e à união.

É por isso que, ao beijar de verdade, você não pode simplesmente tocar qualquer pessoa. Só se você sentir que a alma do outro também está disposta a se mostrar, a se entregar. Quando isso acontece, o beijo se transforma. Ele não é só o movimento de lábios, mas o encontro de duas almas dispostas a se encontrar além da pele, a se tocar em um nível mais profundo.

Esse é o poder do beijo: a capacidade de nos levar a um lugar onde somos mais do que corpos, mais do que a materialidade do momento. Somos alma, energia, conexão.

⁠Oceano de Desejo

Meu corpo é maré alta, um oceano que se agita, sempre à espera de algo que o toque, que traga a calma ou o caos. Não são todas as mãos que sabem navegar esse mar profundo. Algumas apenas afundam, outras seguem sem perceber a profundidade. E eu espero por quem tenha coragem de mergulhar, por quem entenda que desejo não é só pele, mas a união de duas almas que se reconhecem no abismo e se elevam juntas, sem medo de se perder, mas prontas para se encontrar.

⁠O Beijo: Portal Entre o Corpo e a Alma

O beijo, para mim, é mais do que um toque de lábios. É um portal entre duas dimensões, a passagem que conduz ao outro, a chave que abre o corpo e a alma.

Ele é a senha de todos os gatilhos, acende chamas, desperta desejos. Mas, mais do que isso, é conexão. É o arrepio que denuncia a entrega, a profundidade que dissolve barreiras, a fusão que antecede o infinito.

Por isso, não dá para tocar qualquer boca sem desejar se aprofundar por inteiro. Um beijo sem alma é um gesto vazio, um desencontro. Mas quando há entrega, ele se torna passagem, arrepio, fusão. Ele dá profundidade ao instante e transforma o desejo em algo maior.

Um beijo nunca é só um beijo. É a porta de entrada para tudo que pode ser.

⁠Fujo do Amor (mas ainda espero por ele)

Eu fujo do amor.
E não é porque não acredito.
É porque, quando ele chega, eu tremo.
Tremo porque já acreditei antes…
E fiquei com as mãos cheias de nada.

Eu fujo do amor porque ele sabe entrar,
mas nem sempre sabe ficar.
E eu tenho medo.
Medo de ser mais uma vez abrigo temporário.
De ser casa que acolhe e depois vira lembrança.

Mas eu também quero.
Quero esse amor que não chega gritando,
mas se aproxima devagar e fica.
Que entende o meu silêncio.
Que não me cobra ser forte o tempo inteiro.

Fujo…
mas se me olham com verdade,
se me tocam com cuidado,
eu desarmo.
Porque, no fundo, eu ainda espero.

Espero por alguém que venha com presença,
com firmeza no gesto e leveza no olhar.
Que me beije como quem tem tempo.
Que me deseje, mas também me cuide.
Que não corra quando me encontrar vulnerável.

Então sim, eu fujo.
Mas se for amor de verdade…
pode vir atrás de mim devagar.
Pode me alcançar.
Pode me mostrar que amar não é sempre perder.
E que, dessa vez,
eu não vou precisar me despedir de novo.

Redenção Às vezes, a maior batalha não está em sentir demais, mas em carregar a culpa por não ser suficiente para nós mesmos, para os outros e para Deus. É o pe... Frase de Jorgeane borges.

Redenção

Às vezes, a maior batalha não está em sentir demais, mas em carregar a culpa por não ser suficiente para nós mesmos, para os outros e para Deus. É o peso de tentar acertar em tudo, enquanto nos perdemos na dúvida de sermos dignos de amor — inclusive o divino.

⁠O Beijo: Quando Corpos se Tocam e Almas se Encontram

Um beijo nunca é apenas um beijo. Ele carrega em si a força de um portal, abrindo passagem entre dois mundos, duas essências, dois destinos que se cruzam. É a chave que destranca corpos e almas, um sussurro silencioso de tudo o que pode vir a ser.

Quando há verdade nele, cada toque de lábios acende chamas, desperta desejos e faz estremecer a pele. Mas mais do que fogo, um beijo é conexão. É sentir o outro sem pressa, percorrer seu universo na ponta da língua, decifrar sua alma em um único instante.

Não dá para tocar qualquer boca sem querer ir além. Porque um beijo não é só um gesto; é um mergulho. E para aqueles que sentem com profundidade, não há prazer no raso. É preciso desejo, mas não só do corpo—da alma. É preciso entrega, mas não só do momento—do ser inteiro.

No fim, um beijo verdadeiro não termina quando os lábios se afastam. Ele deixa marcas na pele, na memória, na energia que se troca e se carrega. Porque quando corpos se tocam, o instante pode acabar. Mas quando almas se encontram, o impacto permanece.

⁠Indiaroba: O Tempo que Nos Une

Há lugares que são mais do que pontos no mapa. São pulsações vivas, ecos de passos antigos, vozes que se entrelaçam no vento. Indiaroba é um desses lugares.

Hoje, no dia 28 de março, celebramos a história de uma terra que nasceu entre águas e raízes profundas, carregando em seu nome o sussurro dos povos que vieram antes de nós. Indaiá, a palmeira que dá sombra e sustento. Andiroba, o óleo amargo que cura. Indiaroba, um nome que fala de resistência, de riqueza e de pertencimento.

O tempo moldou seus caminhos. Feira da Ilha, Vila do Espírito Santo do Rio Real, Preguiça de Cima... foram muitos os nomes e as geografias até que, em 1938, Indiaroba se ergueu como cidade pelas mãos de Antônio Ramos da Silva. Mas antes disso, já era abrigo de histórias, encontros e tradições.

As águas do Rio Real sabem de tudo. Viram canoas cortando a correnteza, crianças mergulhando nas tardes quentes, pescadores lançando redes com fé e paciência. Viram a cidade crescer sem perder sua essência, um pedaço de terra onde o passado não é esquecido, onde o presente se faz forte e o futuro se abre como maré cheia.

Indiaroba é o riso solto das crianças correndo nas ruas de pedra, é o cheiro do café passado na cozinha da avó, é o canto dos Lambe-Sujos e Caboclinhos, que tomam a cidade em festa e tradição, pintando a pele de pertencimento e cultura.

É a memória viva dos anciãos que contam histórias ao entardecer, é o olhar dos artistas que transformam cenários cotidianos em eternidade, é a fotografia que captura não apenas a imagem, mas a alma.

É a terra que ensina que cultura não morre quando é lembrada, que raízes são laços e que o orgulho de ser daqui é um fogo que não se apaga.

Indiaroba não é só um lugar. É um sentimento.

E hoje, ao completar mais um ciclo, seguimos celebrando cada passo, cada conquista, cada pedaço de história que constrói quem somos.

Parabéns, Indiaroba! Que seu povo continue sendo sua maior riqueza.

—, ©Jorgeane Borges

⁠Contemplação

Não é só pele.
Não é só toque.
Não é só desejo.

É um lugar onde duas almas se permitem habitar o mesmo templo.
E o corpo… é apenas a porta.

Quando eu me entrego, não ofereço só curvas e suspiros.
Ofereço um mundo inteiro por trás dos olhos fechados.
Aceito que você me invada — não como quem invade, mas como quem é convidado a entrar.

Permitir que alguém me toque…
É como entregar uma chave e confiar que, do outro lado, não haja pressa.
Só presença.

Porque pra mim, fazer amor —
é como saborear a sobremesa favorita com os olhos fechados.
Com calma. Com vontade. Com gratidão.
Sentir o gosto até o fim, e mesmo assim desejar mais.

É contemplar cada segundo,
cada estremecer da pele,
cada silêncio entre os beijos,
cada arrepio que começa antes do toque.

É pertencer.
É permitir ser morada, enquanto também se habita.

É uma dança onde ninguém lidera,
mas ambos conduzem — com os olhos, com os gestos, com os instintos.

Eu não me entrego por carência.
Me entrego por transbordo.
Porque quero que você sinta o quanto posso ser casa,
mesmo enquanto sou puro incêndio.

⁠Depois, quando tudo passar, não venha culpar o vento pela bagunça.
Você sabia onde estava cada coisa.
Sabia quem era importante, o que merecia cuidado,
o que precisava de abrigo.

O vento passou por todos nós,
mas só bagunçou o que foi deixado de lado.
Você segurou o que tinha prioridade para você.

⁠Ao invés de braço, a saudade bem que poderia ter voz. Talvez assim não apertasse tanto, e, ao ecoar por aí, servisse para trazer de volta quem a gente ama.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Ao invés de braço, a saudade bem que poderia ter voz.
Talvez assim não apertasse tanto,
e, ao ecoar por aí, servisse para trazer de volta
quem a gente ama.

Carta aos Românticos


A vocês, que ainda acreditam no amor, escrevo.
Não por ingenuidade, mas por coragem. Porque amar hoje é um ato de resistência.
É remar contra a maré do efêmero, do rápido, do descartável. É escolher permanecer quando tudo ao redor diz que sentir demais é fraqueza.


Ser romântico não é viver em contos de fadas; é acreditar que, apesar de tudo, vale a pena se entregar.
É enxergar poesia nos detalhes, mesmo quando o mundo parece cinza. É escrever cartas quando só enviam mensagens rápidas. É guardar flores secas entre as páginas de um livro que ninguém mais abre.


Românticos são aqueles que esperam. Que acreditam no toque genuíno, no abraço demorado, no olhar que diz mais que palavras. São aqueles que não têm medo de dizer "eu sinto", mesmo que a resposta seja o silêncio.


Escrevo a vocês porque sei o peso e a beleza de ser assim. Sei que, às vezes, o peito dói por sonhar alto demais, por esperar encontros raros em um mundo apressado demais.
Mas também sei que, quando dois românticos se encontram, o tempo para. E tudo que parecia desajustado, enfim, se encaixa.


Sigam acreditando. Sigam amando.
Porque o amor verdadeiro nunca foi para os fracos — sempre foi para quem carrega coragem no coração e esperança na alma.

Orações Escritas


O Peso de Compreender – Entre a Razão e a Entrega


Ah, Senhor, sempre fui essa menina que busca ter entendimento.
Que tenta fazer uso da compreensão, que se esforça para se colocar no lugar de todos, mesmo quando falham comigo e me machucam.
Recolho-me em minha dor. Claro, sou humana, tenho o desejo de esbravejar, mas me calo e vou analisar, porque me pergunto: por que isso? Então saio de mim e me coloco no lugar do outro, tentando entender seus motivos e razões.
Assim, de uma perspectiva diferente, faço aquilo que o outro não se deu o trabalho de fazer, tentando justificar o outro para mim mesma.


Mas o que me justifica? Quem se coloca no meu lugar? Às vezes, quase sempre, me pergunto se estou fazendo o certo, o justo.
Mas como equilibrar, se muitas vezes falamos e agimos de maneira contraditória, querendo acertar? Se não falhamos com o outro, falhamos conosco.


Eu não tive tempo para errar, Deus, para aprender com os erros; constantemente cobrada, observada e manipulada a ser como sou.
Porque o direcionamento, na maioria das vezes, é isso: você segue caminhos, escolhas e toma decisões que nem sempre foram sua vontade.
Alguém plantou uma semente de medo, um desejo e até limites.


E no fim, me pergunto: quem me justifica, quem me acolhe, quem me vê? Que sejas o Senhor a me justificar. Que me enxergues como sou e tudo que há em mim. Essa é a minha prece.

⁠Habitar

Não quero ser apenas tocada.
Quero ser habitada.
Não por mãos que me percorrem com pressa,
mas por quem se perde em mim como quem encontra morada.

Quero ser sentida com os olhos fechados.
Com o coração aberto.
Com a calma de quem entende que o prazer mora na pausa —
na respiração contida, no quase, no que se prolonga.

Quero que cada parte minha seja descoberta como um território sagrado.
Como se você estivesse lendo meu corpo em braile,
palavra por palavra, pele por pele,
até entender minha linguagem.

Que o arrepio seja tua resposta,
e o silêncio entre nós, a oração.

Que você me toque como quem desvenda.
Como quem tem sede,
mas não se apressa.
Como quem entende que habitar alguém
não é sobre entrar,
é sobre permanecer.

Não quero ser o instante.
Quero ser o eco.
O sabor que fica mesmo depois da última mordida.
O cheiro que gruda mesmo depois da despedida.
A lembrança que acende só de fechar os olhos.

Quero que me sinta mesmo quando não estou.
E que deseje voltar — não pelo corpo,
mas pela paz que encontrou ao deitar no meu.

⁠Quando Tudo em Mim Silencia

Tem dias em que o mundo pesa demais.
Em que o corpo insiste em caminhar, mas a alma... fica.
Fica parada, quieta, pedindo socorro sem som.
É como se dentro de mim tudo se recolhesse —
como se até o grito estivesse cansado de tentar.

A depressão não chega com barulho.
Ela se instala em silêncios,
em noites mal dormidas e sorrisos apertados.
E às vezes, tudo o que me resta é me deixar cair nos braços d’Ele.
Porque por mais que doa, por mais que o peito aperte,
a minha fragilidade é exatamente onde Deus me encontra inteira.

É nessa dependência que o milagre acontece —
não no alívio imediato,
mas na força que me faz levantar mais uma vez,
com os olhos ainda marejados,
mas com a alma agarrada à promessa
de que não estou só.

Eu sou essa mulher —
que sente demais, que luta calada,
mas que, mesmo em ruínas, ainda escolhe acreditar.
Não porque sou forte o tempo todo,
mas porque aprendi que ser fraca também é ser humana.
E em cada queda, há uma mão que me ergue.
Não é qualquer mão.
É a d’Ele.
A que me conhece por dentro,
a que sussurra quando tudo parece sem sentido:
“Filha, Eu estou aqui.”

⁠Profundidade e Entrega

Sou uma mulher que não se apressa em se entregar, porque sei que o verdadeiro encontro exige mais do que o superficial. Busco sempre o genuíno, o que vai além das aparências, o que conecta as almas. Para mim, o corpo é só o início; a alma é onde tudo acontece.

Não temo a solidão, ela me permite me encontrar e entender o que realmente desejo. Prefiro esperar, até que a dança certa se apresente, até que alguém com a mesma sintonia cruze o meu caminho.

Quando me entrego, faço-o por inteiro — não apenas com o corpo, mas com a alma. Sei que o valor real das conexões está na profundidade, na entrega mútua e no espaço onde as energias se encontram e se fundem.

⁠Visceral

Eu não quero alguém que simplesmente me deseje.
Que, depois do gozo, se afaste.
E só lembre de mim quando a necessidade física apertar.

Eu quero mais do que desejo.
Quero alguém que me devore por inteira —
e ainda assim, sinta fome.

Que, toda vez que lembrar de mim, se acenda.
E mesmo me tendo nos braços, esse fogo não se apague.

Eu não quero só um tesão físico.
Quero um tesão de alma.
Um tesão pela vida. Pela minha presença.
Pelo meu cheiro, pelo meu gosto, pelo som da minha voz.

Tesão até na minha ausência.

Quero cumplicidade.
Que a pessoa seja meu cúmplice — em todas as loucuras.
E vice-versa.

Que haja combinados e surpresas.
Mas que tudo seja saciedade.

Aquela saciedade de quem está satisfeito…
mas ainda tem fome.
E já pensa no depois.
Na sobremesa.
No jantar.
E no café da manhã.

Se é que você me entende.

Estou falando de desejo profundo.
Não de sexo casual, de uma, duas ou três vezes —
seguido de silêncio e arrependimentos.

Quero alguém que, a cada troca e intimidade,
tenha ainda mais certeza de que me deseja.

E que se aproxime involuntariamente,
só pra repousar no meu cheiro.

E que, mesmo querendo ficar quietinho,
se acenda… só de respirar perto.

⁠Registrando-me em papel

Sinto uma necessidade urgente de me descrever, de me tornar transparente, cristalina,
como se, ao colocar minhas palavras no papel, pudesse finalmente me entender.
Há um desejo intenso dentro de mim: que as pessoas se permitam ser assim também —
sem medo de revelar seus sentimentos, suas dúvidas e pensamentos mais íntimos.

A busca pelo autoconhecimento me guia,
uma jornada silenciosa em direção a todo o meu sentir.
Com a caneta na mão e o papel à minha frente,
não tenho receio de me deixar ali, nua em cada palavra.

Cada rabisco se torna uma entrega,
um reflexo da minha consciência,
onde cabem meus medos, dores, amores, desejos e até orações.

Escrever é meu refúgio, minha forma de existir.
No silêncio das palavras, me encontro,
descobrindo, sem pressa, quem sou.

E quando eu partir, que essas palavras sejam mais do que tinta sobre papel.
Que quem as ler possa me sentir,
mergulhar na profundidade de quem fui,
mas com leveza e compreensão.

Porque é aqui, no papel, que me registro —
inteira, consciente e eterna.

⁠A Voz Que Me Toca

Antes do toque, me acende a voz.
Não precisa das mãos.
Basta o timbre certo,
as palavras certas,
ditas no ritmo certo.

Teu sussurro me arrepia mais que qualquer carícia.
Porque é nele que sinto tua intenção nua,
tua vontade crua,
teu desejo que me percorre antes mesmo de chegar.

Há palavras que ardem mais que beijos.
Frases que me despem.
Sílabas que escorrem pela espinha
e desaguam entre minhas pernas
como se fossem teus dedos me lendo em voz baixa.

E os gemidos…
ah, os gemidos…
não os teus — os nossos.
Embriagados, entrelaçados, incontroláveis.
Como música suja e sagrada
que só quem ama o abismo entre prazer e entrega é capaz de compor.

Eu quero ser tocada pela tua voz.
Quero que tua respiração me encontre no escuro.
Quero que tua palavra sussurrada seja a senha
que destranca cada parte minha que ninguém nunca alcançou.

Não quero gritos.
Quero a melodia do desejo.
A vibração que só quem conhece a alma sabe fazer soar.
Quero teus sons como promessas.
Teus silêncios como prelúdios.
E teu gemido como confissão.

Porque, quando a voz toca primeiro,
o corpo se rende com mais verdade.

Pascásio Custódio da Costa e a Empada de Aratu: Um Patrimônio Vivo


Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial de Sergipe em 2021, a empada de aratu do povoado Terra Caída, em Indiaroba, transcende o sabor para tornar-se um símbolo de identidade e memória coletiva. Seu guardião é Pascásio Custódio da Costa, conhecido como "Mestre Pascásio", que há mais de meio século dedica sua vida a essa iguaria que hoje atrai turistas e fortalece a economia local.


O que muitos não veem, porém, é que essa tradição vai além da cozinha: envolve o trabalho silencioso das catadoras de aratu, mulheres que mantêm viva a técnica artesanal de coleta e preparo do crustáceo, transmitida entre gerações. É delas que nasce o catado minucioso, base não só da famosa empada, mas também de pratos como a moqueca defumada na palha de bananeira, outra joia da culinária local.


Essa rede de saberes — Pascásio, as catadoras e a comunidade de Terra Caída — compõe um ciclo cultural raro, onde gastronomia, memória e pertencimento se entrelaçam. Mais do que um prato, a empada de aratu é um eco do passado que insiste em permanecer no presente, como testemunho vivo da força e do orgulho de um povo.