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Jorgeane Borges

Jorgeane Borges

Minha arte é resistência, conexão e legado: um olhar que fala de vida, dor, beleza e recomeços.Meus textos são fragmentos de mim, ecos que permanecem como uma consciência. Escrevo para quem sente fundo, para quem busca se reconhecer nas entrelinhas e

De Marisqueira a Empreendedora: O Sabor que Nasce das Raízes




Anatalia Costa carrega em suas mãos a força das marisqueiras. Filha de marisqueira, cresceu entre os manguezais de Terra Caída, onde o aratu era mais que um crustáceo: era sustento, herança e identidade. Hoje, transformou essa história em inspiração.


À frente da lanchonete Mac Wilson, Anatalia elevou o aratu à categoria de estrela gastronômica, criando iguarias que dão ainda mais orgulho à nossa cultura local. Seu famoso hambúrguer de catado de aratu é prova viva de como tradição e inovação podem caminhar juntas.


Sua dedicação e talento a levaram a conquistar o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, reconhecimento que evidencia como suas raízes e coragem abriram portas e inspiraram outras mulheres da comunidade.


Mas Terra Caída não é feita apenas de uma delícia. É um verdadeiro berço de sabores, onde encontramos almôndegas de aratu, geleias, doces, caldos, moquecas, mariscadas e a já tradicional empada que há tempos encanta moradores e visitantes.


Com cada receita, Anatalia não apenas alimenta, mas celebra a memória das suas ancestrais, valoriza o trabalho das marisqueiras e fortalece a nossa gastronomia, reafirmando que, aqui, cada prato carrega um pedaço de história, afeto e pertencimento.






@jorgeane_borges


#TerraCaída #GastronomiaLocal #RaízesQueAlimentam #CulturaViva

Monumento Aratu: Onde o Pertencimento Ganha Voz


Nas margens de Indiaroba, onde os manguezais guardam histórias e sustento, ergue-se o Monumento Aratu.
Mais que um cartão postal, ele é um marco vivo da nossa identidade, um espelho onde o nosso povo se reconhece.


O aratu, pequeno crustáceo que habita nossos manguezais, carrega o sabor das tradições e o peso do trabalho diário.
Nas mãos das marisqueiras, ele é sustento e herança. Ao som dos cantos e assovios entoados durante a pesca, nasce uma melodia única — símbolo de resistência e pertencimento — transformando o trabalho em um ritual que celebra nossas raízes.


Erguer o Monumento Aratu foi muito mais do que criar um ponto turístico: foi um ato de reconhecimento e orgulho.
Foi afirmar que nossa cultura tem força, que nosso povo merece ser visto e celebrado. Cada morador que olha para esse monumento vê um pedaço de si: sua história, suas memórias e as mãos calejadas que alimentam nossa cidade.


Esse sentimento de valorização vai além da arte. Nossa própria economia carrega esse símbolo: a moeda social digital Aratu, movimentada por cartões e aplicativos, circula dentro do município para fortalecer o comércio local e apoiar as famílias. Cada transação reafirma o compromisso com nosso crescimento coletivo e o pertencimento à nossa terra.


O Monumento Aratu é mais que uma escultura:


✨ É representatividade.
✨ É o canto das marisqueiras ecoando no tempo.
✨ É o assovio que guia o olhar atento pelos manguezais.
✨ É a lembrança viva das gerações que vieram antes.
✨ É a marca das mãos retalhadas, quebrando o aratu para nos sustentar.


Que cada visita, cada registro e cada olhar lançado a esse monumento desperte em nós a certeza de que pertencemos.
Porque, aqui, nossa história não está apenas escrita: ela está viva, cantada e celebrada todos os dias.




@jorgeane_borges

Monumento Aratu: Onde o Pertencimento Ganha Voz


Nas margens de Indiaroba, onde os manguezais guardam histórias e sustento, ergue-se o Monumento Aratu.
Mais que um cartão postal, ele é um marco vivo da nossa identidade, um espelho onde o nosso povo se reconhece.


O aratu, pequeno crustáceo que habita nossos manguezais, carrega o sabor das tradições e o peso do trabalho diário.
Nas mãos das marisqueiras, ele é sustento e herança. Ao som dos cantos e assovios entoados durante a pesca, nasce uma melodia única — símbolo de resistência e pertencimento — transformando o trabalho em um ritual que celebra nossas raízes.


Erguer o Monumento Aratu foi muito mais do que criar um ponto turístico: foi um ato de reconhecimento e orgulho.
Foi afirmar que nossa cultura tem força, que nosso povo merece ser visto e celebrado. Cada morador que olha para esse monumento vê um pedaço de si: sua história, suas memórias e as mãos calejadas que alimentam nossa cidade.


Esse sentimento de valorização vai além da arte. Nossa própria economia carrega esse símbolo: a moeda social digital Aratu, movimentada por cartões e aplicativos, circula dentro do município para fortalecer o comércio local e apoiar as famílias. Cada transação reafirma o compromisso com nosso crescimento coletivo e o pertencimento à nossa terra.


O Monumento Aratu é mais que uma escultura:


✨ É representatividade.
✨ É o canto das marisqueiras ecoando no vento.
✨ É o assovio que guia o olhar atento pelos manguezais.
✨ É a lembrança viva das gerações que vieram antes.
✨ É a marca das mãos retalhadas, quebrando o aratu para nos sustentar.


Que cada visita, cada registro e cada olhar lançado a esse monumento desperte em nós a certeza de que pertencemos.
Porque, aqui, nossa história não está apenas escrita: ela está viva, cantada e celebrada todos os dias.








✍🏻 ©@jorgeane_borges




#MonumentoAratu #PertencimentoQueUne #CulturaViva
#ManguezaisQueCantam #OrgulhoDeViverAqui #RaízesDeIndiaroba

A PERMANÊNCIA DA ORIGINALIDADE E DA CULTURA LOCAL


A cultura de um povo é seu alicerce, sua identidade, aquilo que o torna único em meio a tantas influências externas. Manter essa originalidade não significa rejeitar referências de fora, mas preservar o que nos distingue, o que faz parte de nossa essência e de nossas tradições.


Em um mundo cada vez mais globalizado, é comum que elementos culturais se misturem e que novas influências cheguem até nós. No entanto, é fundamental compreender que valorizar o que é nosso não exige que nos moldemos ao que vem de outras cidades ou regiões para sermos reconhecidos. Pelo contrário, é no simples, bem feito, na constância e na organização que a verdadeira beleza das nossas raízes se fortalece.


A preservação cultural não é apenas uma questão de estética ou de manter costumes antigos por tradição. Ela é um ato de resistência e de identidade. Quando cuidamos das nossas práticas, festas populares, histórias e expressões artísticas, estamos assegurando que nossa essência continue viva e seja transmitida às próximas gerações.


Manter a originalidade é valorizar a memória coletiva, é reconhecer que cada canto do país tem suas próprias narrativas, símbolos e manifestações que merecem ser respeitados. A diversidade cultural brasileira é justamente o que a torna tão rica, e cada povo tem um papel essencial nesse mosaico.


Defender nossa cultura é investir em pertencimento, é criar laços entre passado, presente e futuro. É garantir que o que nos torna singulares não se perca em meio às influências passageiras. Ao respeitar e fortalecer nossas tradições, não apenas preservamos nossa identidade, mas também oferecemos ao mundo um exemplo genuíno de quem somos.


É essa permanência da originalidade que mantém viva a alma de um povo e dá sentido à sua história.

Carta aos que Sentem Demais


A vocês, que carregam o mundo nos ombros e o coração nas mãos, escrevo.
Sei como é viver à flor da pele, como se cada olhar fosse um poema, cada silêncio uma tempestade. Sentir demais é como ter uma alma sem pele: tudo toca, tudo invade, tudo dói, mas também é assim que vocês veem beleza onde ninguém vê.


Vocês, que transformam dor em arte, silêncio em música e lembrança em poesia, são feitos de um tecido raro, quase transparente. São o que o mundo não entende, mas precisa: profundidade em meio à pressa, delicadeza diante do caos.


Que nunca deixem que digam que "sentir demais" é fraqueza. É força. É o que move pincéis, afina instrumentos e acende palavras no papel. É o que mantém viva a chama de um espírito criativo que insiste em enxergar sentido até no que parece ruir.


Sigam. Sintam. Transformem.
Pois é da sensibilidade de vocês que o mundo bebe a esperança que esqueceu de cultivar.




6 de Agosto de 2025

Versos de Esperança Que nunca falte luz nas mãos que moldam o invisível, nem coragem nos olhos que ousam sonhar. Pois cada traço, cada som, é uma janela aberta ... Frase de Jorgeane Borges.

Versos de Esperança


Que nunca falte luz nas mãos que moldam o invisível,
nem coragem nos olhos que ousam sonhar.
Pois cada traço, cada som,
é uma janela aberta
para o amanhã que insiste em nascer.


06 de agosto de 2025

Carta aos Artistas


A vocês que mergulham onde poucos ousam entrar,
que transformam silêncio em palavra,
dor em poesia,
e notas soltas em melodias que curam.


Ser artista é viver com os sentidos à flor da pele,
perceber o que passa despercebido,
ouvir a música escondida no vento,
e enxergar cores que o mundo ainda não aprendeu a nomear.


Vocês conhecem a solidão criativa,
o peso doce da introspecção,
os mergulhos que parecem não ter fim.
E ainda assim, dessa profundidade,
trazem à tona o indizível,
e o fazem soar como verdade.


A arte é a prova de que a alma respira.
Seja pela pintura, pela dança,
pela palavra escrita ou pelo som que vibra no ar,
vocês eternizam sensações que não cabem na fala.


Sigam, artistas.
Continuem afinando sentimentos como cordas de um instrumento,
transformando fragmentos de vida em algo que ecoa.


Vocês não apenas criam.
Vocês revelam o invisível,
dão voz ao silêncio,
e nos lembram que sentir —
é, em si, um ato de resistência.




6 de Agosto de 2025

Num instante, o olhar aprisiona o tempo, e a memória ganha eternidade.... Frase de Jorgeane Borges.

Num instante, o olhar aprisiona o tempo, e a memória ganha eternidade.

Fragmentos que Ecoam


Há instantes que o tempo não leva.
Eles permanecem, suspensos,
como se aguardassem o toque de um olhar
para voltarem a existir.


Não é sobre a imagem em si.
É sobre quem escolheu parar,
sentir, priorizar e preservar um pedaço do mundo.
Sobre quem decidiu que aquele segundo
não poderia se perder no esquecimento.


Cada fotografia é uma ponte:
não liga apenas o passado ao presente,
mas reconecta o coração
às sensações que moldaram quem somos.


No fim, não é sobre a foto,
mas sobre o ato de lembrar.
Sobre guardar, dentro de si,
as marcas invisíveis das emoções
que insistem em ecoar.

A Miragem


Há caminhos que só os olhos da alma conseguem ver.
À distância, parecem tão nítidos quanto um sonho desperto,
mas quando nos aproximamos, dissolvem-se,
como areia levada pelo vento.


A miragem não engana, ela revela.
Mostra a sede que carregamos,
o desejo escondido por trás do horizonte, um destino que criamos aqui dentro do peito.
Ela é o reflexo do que buscamos,
mesmo quando não temos nome para o que sentimos.


Talvez não seja sobre chegar até ela,
mas sobre o quanto caminhamos por acreditar que existe.
Porque é no percurso, entre o real e o ilusório,
que descobrimos nossa própria essência:
somos feitos de passos e esperanças,
mesmo quando o chão parece infinito
e o oásis nunca chega.


A miragem é um lembrete silencioso:
há beleza também naquilo que não se toca,
há verdade até mesmo na ilusão
que nos faz continuar a andar.

O Eco das Memórias


A fotografia é mais do que uma imagem estática. É um fragmento do tempo que ousou permanecer. Guardar uma memória revelada, é eternizar instantes que, de outra forma, escorreriam pelos dedos. Cada fotografia é uma história contada sem palavras, aberta a múltiplas interpretações, capaz de despertar lembranças e sentimentos únicos em quem a observa.


Mas a verdadeira narrativa, aquela que pulsa por trás da imagem, só pode ser desvelada pelo olhar que a capturou. Porque é nesse olhar que vive o instante exato em que a luz, o silêncio e a emoção se encontraram para formar um eco no tempo, um eco que resiste, que fala, que permanece.


Fotografar é mais do que registrar: é transformar momentos em eternidade e silêncios em memórias que nunca se calam.

Consciência em Papel


Escrevo porque, às vezes, falar não basta.
Porque minha voz se perde no ar, mas as palavras escritas… elas permanecem.
Cada linha é um pedaço meu, uma confissão silenciosa que não precisa de plateia.


Aqui, não existe medo de julgamento.
Aqui, eu não preciso sorrir para suavizar minha dor nem me explicar para ninguém.
O que deixo escrito é a minha consciência escancarada, crua, nua.
É o reflexo do que penso quando tudo silencia, quando ninguém está olhando.


E não, não é drama.
Não é exagero.
É apenas o retrato de existir com o peso que carrego, tentando não incomodar, tentando caber no mundo sem fazer barulho demais.


Escrevo porque é o que me resta quando falar não funciona.
Porque aqui, neste papel, posso ser inteira.
Posso admitir o cansaço, a confusão, o vazio.
Posso dizer que às vezes a vida dói mais do que deveria, e que seguir em frente parece uma vitória silenciosa que ninguém vê.


Se você lê, talvez se reconheça.
Talvez sinta que essas palavras também são suas.
E, nesse instante, é como se eu não estivesse tão sozinha dentro delas.


No fim, é isso:
O que deixo escrito não é só texto.
Sou eu, inteira, existindo em palavras.
Mesmo quando o mundo prefere que eu me cale.

Consciência é Papel


Escrevo porque, às vezes, falar não basta.
Porque minha voz se perde no ar, mas as palavras escritas… elas permanecem.
Cada linha é um pedaço meu, uma confissão silenciosa que não precisa de plateia.


Aqui, não existe medo de julgamento.
Aqui, eu não preciso sorrir para suavizar minha dor nem me explicar para ninguém.
O que deixo escrito é a minha consciência escancarada, crua, nua.
É o reflexo do que penso quando tudo silencia, quando ninguém está olhando.


E não, não é drama.
Não é exagero.
É apenas o retrato de existir com o peso que carrego, tentando não incomodar, tentando caber no mundo sem fazer barulho demais.


Escrevo porque é o que me resta quando falar não funciona.
Porque aqui, neste papel, posso ser inteira.
Posso admitir o cansaço, a confusão, o vazio.
Posso dizer que às vezes a vida dói mais do que deveria, e que seguir em frente parece uma vitória silenciosa que ninguém vê.


Se você lê, talvez se reconheça.
Talvez sinta que essas palavras também são suas.
E, nesse instante, é como se eu não estivesse tão sozinha dentro delas.


No fim, é isso:
O que deixo escrito não é só texto.
Sou eu, inteira, existindo em palavras.
Mesmo quando o mundo prefere que eu me cale.

À Margem de Mim


Está tudo aqui. Vivo. Latejante.
Eu sei o peso de cada coisa que não fiz, sei a dimensão do caos ao meu redor, sei exatamente o que precisa ser feito.
E, mesmo assim, estou parada.
Imóvel.
À margem da minha própria vida.


É agonizante estar consciente de tudo e, ao mesmo tempo, incapaz de mover um único passo.
Minha mente corre, grita, pede mudança.
Mas meu corpo não acompanha.
É como estar presa dentro de mim mesma, olhando o tempo escorrer pelas mãos que não consigo levantar.


Querer e não conseguir.
Saber e não fazer.
Viver aprisionada em um corpo exausto, sem vida ativa, sem impulso.


O desejo de mudar é real, mas a energia… desapareceu.
E isso corrói.
Corrói de um jeito que palavras mal conseguem descrever.


É um conflito que desgasta, que sufoca, que mata por dentro devagar.
Um silêncio que ecoa mais alto que qualquer grito.
Um cansaço que não é só físico — é existencial.


E a esperança … já cansou.
Já desistiu de tentar.
Não porque queira, mas porque lutar contra si mesma todos os dias também tem um limite.
E o meu, eu já encontrei.


Agora só resta esse vazio lúcido.
Essa consciência cruel de quem vê a própria vida passar, e não tem mais forças para alcançá-la.

Quando a Energia Vai Embora


O fim de tudo começa quando a energia se vai.
Sem ela, não há vitalidade, não há impulso, não há motivação para nada.
Tudo perde o sentido.
Tudo perde a graça.
A comida não tem mais sabor, o que antes era prazer vira obrigação.
E, de repente, tudo se confunde com preguiça aos olhos de quem vê de fora.


Nada parece bom o suficiente para valer o esforço.
Tomar banho vira uma batalha silenciosa.
Escolher uma roupa, passar um hidratante, parecem tarefas gigantes.
Abrir a geladeira e sentir que nada combina com nada.
Olhar para as panelas e perceber que você já nem sabe o que fazer com elas.


A cama se torna refúgio e prisão.
Levantar é difícil.
E quando consegue, encara o espelho e não se reconhece.
Olha ao redor e tudo parece um reflexo distorcido da sua própria realidade.
O acúmulo grita: coisas empilhadas, objetos esquecidos, poeira que reflete o que está dentro de você.


E então percebe:
Você acumula mais do que coisas.
Acumula o que não te faz bem.
Acumula a bagunça que não é só física, mas emocional.


E o pior é não ter energia para remover nada disso, nem do ambiente, nem da alma.


É como assistir sua vida de fora, trancada dentro de um corpo que não acompanha o mundo.
Querendo mudar tudo, mas sem força sequer para começar.

A Cor do Vazio


Sabe aquela sensação de estar rodeado de gente, mas ainda assim sentir um buraco por dentro?
É como gritar embaixo d’água: ninguém escuta, ninguém vê.
Acordar já cansado, não por dormir pouco, mas por carregar um peso que não se solta nem nos sonhos.


Você se olha no espelho e não se reconhece.
O sorriso está lá,, ensaiado, automático, quase um disfarce sem graça.
Por dentro, porém, tudo está silencioso demais…
Ou barulhento demais.
E você já nem sabe qual dos dois é pior.


As coisas que antes faziam sentido perdem a cor.
O mundo continua girando, as pessoas continuam vivendo, mas você sente como se estivesse parado…
Assistindo à própria vida como quem olha pela janela de um trem que não pode pegar.


E quando alguém pergunta: “Está tudo bem?”, você responde que sim.
Automatico.
Não porque está, mas porque é mais fácil do que tentar explicar algo que ninguém realmente vai entender.
Porque o medo do julgamento pesa mais que a própria dor.
Gastamos tanta energia, ao tentar expressar
A depressão não é só tristeza.
É se sentir vazio e, ao mesmo tempo, sufocado.
Sem forças, sem energia e vitalidade.
É lutar todos os dias contra você mesmo e ainda sorrir para não preocupar ninguém.


E no meio desse silêncio, você aprende a sobreviver.
Mesmo quando viver parece algo distante demais.

Reflexos de Nós


Você já sentiu como se ninguém realmente te enxergasse?
Como se, por mais que tentasse explicar, suas palavras nunca alcançassem quem precisa ouvi-las?
É estranho… você fala, mas parece que só existe eco. Silêncio.


E então, você se cala.
Porque percebe que falar dói mais do que guardar.
Mas o silêncio também pesa, como uma mala cheia que ninguém sabe que você carrega.
E você segue. Sempre segue.


Segue sorrindo quando queria chorar.
Segue forte quando queria desmoronar.
Segue mostrando ao mundo uma versão sua que parece ser aceita mais facilmente do que a verdadeira.


No fundo, você sabe.
Sabe o quanto engole o nó na garganta para não se sentir fardo.
Sabe quantas vezes quis pedir ajuda, mas a voz morreu antes de sair.
Sabe o que é deitar a cabeça no travesseiro e conversar só com o teto, como se ele fosse o único que não te julga.


E é nesse instante que você entende:
Talvez não seja sobre ser ouvido, mas sobre continuar.
Mesmo com o peito apertado. Mesmo com os pensamentos gritando.
Mesmo com a sensação de que ninguém vê.


Você continua. Porque, lá dentro, ainda existe algo pequeno, mas insistente. Que, te faz acreditar que um dia, vai doer menos.
E, se você está aqui lendo isso, talvez seja porque, de alguma forma, você também sabe o que é segurar o mundo nas costas em silêncio.


Talvez… esse texto seja sobre mim.
Ou talvez seja sobre você.
Ou talvez seja sobre nós.

Carta aos Românticos


A vocês, que ainda acreditam no amor, escrevo.
Não por ingenuidade, mas por coragem. Porque amar hoje é um ato de resistência.
É remar contra a maré do efêmero, do rápido, do descartável. É escolher permanecer quando tudo ao redor diz que sentir demais é fraqueza.


Ser romântico não é viver em contos de fadas; é acreditar que, apesar de tudo, vale a pena se entregar.
É enxergar poesia nos detalhes, mesmo quando o mundo parece cinza. É escrever cartas quando só enviam mensagens rápidas. É guardar flores secas entre as páginas de um livro que ninguém mais abre.


Românticos são aqueles que esperam. Que acreditam no toque genuíno, no abraço demorado, no olhar que diz mais que palavras. São aqueles que não têm medo de dizer "eu sinto", mesmo que a resposta seja o silêncio.


Escrevo a vocês porque sei o peso e a beleza de ser assim. Sei que, às vezes, o peito dói por sonhar alto demais, por esperar encontros raros em um mundo apressado demais.
Mas também sei que, quando dois românticos se encontram, o tempo para. E tudo que parecia desajustado, enfim, se encaixa.


Sigam acreditando. Sigam amando.
Porque o amor verdadeiro nunca foi para os fracos — sempre foi para quem carrega coragem no coração e esperança na alma.

Entre o Silêncio e a Fé, há Espera.


Na quietude do tempo, a alma cala,
E aguarda, mesmo sem saber o dia.
O coração ansioso não se exala,
Sustenta em fé o fio que o guia.


A espera dói, mas também semeia,
Ensina o passo lento a florescer.
Na terra árida, a esperança ateia,
O lume oculto que insiste em viver.


É como o mar que aguarda a maré cheia,
Ou o céu, que espera a lua aparecer.
No vão dos dias, a dor que incendeia,
Também prepara o sol para nascer.


Pois quem espera, mesmo sem razão,
Encontra em Deus o pulso da estação.

Orações Escritas
Quando a Alma Silencia


Vazio de pensamentos, na vida, no amor.
Paralisia na alma de um ser sofredor.


Ah, Senhor, há dias em que até sentir parece pesado demais.
Em que as palavras fogem e o coração, cansado, se cala.
Nesses momentos, só me resta Te olhar, mesmo sem forças, e esperar que me sustentes.


Carrego dentro de mim esse silêncio que não é paz, mas um grito contido.
É estranho, Senhor, porque mesmo aqui, quebrada, continuo Te buscando.
Talvez porque no fundo eu saiba que só em Ti existe o abrigo que preciso.


Diante de Ti, deposito minhas ausências, meus medos e a esperança que insiste em não morrer.
Não Te peço respostas, só Te peço presença.
Que sejas o sopro que devolve vida à minha alma e luz aos caminhos que não vejo.


Remove, Senhor, o que me imobiliza; há em mim, lá no fundo, uma vontade de movimento, de ir…
Mas onde irei, se não consigo sair?


Meu respirar, hoje, é a oração mais sincera que consigo Te direcionar.

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A PERMANÊNCIA DA ORIGINALIDADE E DA CULTURA LOCAL


A cultura de um povo é seu alicerce, sua identidade, aquilo que o torna único em meio a tantas influências externas. Manter essa originalidade não significa rejeitar referências de fora, mas preservar o que nos distingue, o que faz parte de nossa essência e de nossas tradições.


Em um mundo cada vez mais globalizado, é comum que elementos culturais se misturem e que novas influências cheguem até nós. No entanto, é fundamental compreender que valorizar o que é nosso não exige que nos moldemos ao que vem de outras cidades ou regiões para sermos reconhecidos. Pelo contrário, é no simples, bem feito, na constância e na organização que a verdadeira beleza das nossas raízes se fortalece.


A preservação cultural não é apenas uma questão de estética ou de manter costumes antigos por tradição. Ela é um ato de resistência e de identidade. Quando cuidamos das nossas práticas, festas populares, histórias e expressões artísticas, estamos assegurando que nossa essência continue viva e seja transmitida às próximas gerações.


Manter a originalidade é valorizar a memória coletiva, é reconhecer que cada canto do país tem suas próprias narrativas, símbolos e manifestações que merecem ser respeitados. A diversidade cultural brasileira é justamente o que a torna tão rica, e cada povo tem um papel essencial nesse mosaico.


Defender nossa cultura é investir em pertencimento, é criar laços entre passado, presente e futuro. É garantir que o que nos torna singulares não se perca em meio às influências passageiras. Ao respeitar e fortalecer nossas tradições, não apenas preservamos nossa identidade, mas também oferecemos ao mundo um exemplo genuíno de quem somos.


É essa permanência da originalidade que mantém viva a alma de um povo e dá sentido à sua história.

De Marisqueira a Empreendedora: O Sabor que Nasce das Raízes




Anatalia Costa carrega em suas mãos a força das marisqueiras. Filha de marisqueira, cresceu entre os manguezais de Terra Caída, onde o aratu era mais que um crustáceo: era sustento, herança e identidade. Hoje, transformou essa história em inspiração.


À frente da lanchonete Mac Wilson, Anatalia elevou o aratu à categoria de estrela gastronômica, criando iguarias que dão ainda mais orgulho à nossa cultura local. Seu famoso hambúrguer de catado de aratu é prova viva de como tradição e inovação podem caminhar juntas.


Sua dedicação e talento a levaram a conquistar o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, reconhecimento que evidencia como suas raízes e coragem abriram portas e inspiraram outras mulheres da comunidade.


Mas Terra Caída não é feita apenas de uma delícia. É um verdadeiro berço de sabores, onde encontramos almôndegas de aratu, geleias, doces, caldos, moquecas, mariscadas e a já tradicional empada que há tempos encanta moradores e visitantes.


Com cada receita, Anatalia não apenas alimenta, mas celebra a memória das suas ancestrais, valoriza o trabalho das marisqueiras e fortalece a nossa gastronomia, reafirmando que, aqui, cada prato carrega um pedaço de história, afeto e pertencimento.






@jorgeane_borges


#TerraCaída #GastronomiaLocal #RaízesQueAlimentam #CulturaViva

Monumento Aratu: Onde o Pertencimento Ganha Voz


Nas margens de Indiaroba, onde os manguezais guardam histórias e sustento, ergue-se o Monumento Aratu.
Mais que um cartão postal, ele é um marco vivo da nossa identidade, um espelho onde o nosso povo se reconhece.


O aratu, pequeno crustáceo que habita nossos manguezais, carrega o sabor das tradições e o peso do trabalho diário.
Nas mãos das marisqueiras, ele é sustento e herança. Ao som dos cantos e assovios entoados durante a pesca, nasce uma melodia única — símbolo de resistência e pertencimento — transformando o trabalho em um ritual que celebra nossas raízes.


Erguer o Monumento Aratu foi muito mais do que criar um ponto turístico: foi um ato de reconhecimento e orgulho.
Foi afirmar que nossa cultura tem força, que nosso povo merece ser visto e celebrado. Cada morador que olha para esse monumento vê um pedaço de si: sua história, suas memórias e as mãos calejadas que alimentam nossa cidade.


Esse sentimento de valorização vai além da arte. Nossa própria economia carrega esse símbolo: a moeda social digital Aratu, movimentada por cartões e aplicativos, circula dentro do município para fortalecer o comércio local e apoiar as famílias. Cada transação reafirma o compromisso com nosso crescimento coletivo e o pertencimento à nossa terra.


O Monumento Aratu é mais que uma escultura:


✨ É representatividade.
✨ É o canto das marisqueiras ecoando no tempo.
✨ É o assovio que guia o olhar atento pelos manguezais.
✨ É a lembrança viva das gerações que vieram antes.
✨ É a marca das mãos retalhadas, quebrando o aratu para nos sustentar.


Que cada visita, cada registro e cada olhar lançado a esse monumento desperte em nós a certeza de que pertencemos.
Porque, aqui, nossa história não está apenas escrita: ela está viva, cantada e celebrada todos os dias.




@jorgeane_borges

A Miragem


Há caminhos que só os olhos da alma conseguem ver.
À distância, parecem tão nítidos quanto um sonho desperto,
mas quando nos aproximamos, dissolvem-se,
como areia levada pelo vento.


A miragem não engana, ela revela.
Mostra a sede que carregamos,
o desejo escondido por trás do horizonte, um destino que criamos aqui dentro do peito.
Ela é o reflexo do que buscamos,
mesmo quando não temos nome para o que sentimos.


Talvez não seja sobre chegar até ela,
mas sobre o quanto caminhamos por acreditar que existe.
Porque é no percurso, entre o real e o ilusório,
que descobrimos nossa própria essência:
somos feitos de passos e esperanças,
mesmo quando o chão parece infinito
e o oásis nunca chega.


A miragem é um lembrete silencioso:
há beleza também naquilo que não se toca,
há verdade até mesmo na ilusão
que nos faz continuar a andar.

Num instante, o olhar aprisiona o tempo, e a memória ganha eternidade.... Frase de Jorgeane Borges.

Num instante, o olhar aprisiona o tempo, e a memória ganha eternidade.

Fragmentos que Ecoam


Há instantes que o tempo não leva.
Eles permanecem, suspensos,
como se aguardassem o toque de um olhar
para voltarem a existir.


Não é sobre a imagem em si.
É sobre quem escolheu parar,
sentir, priorizar e preservar um pedaço do mundo.
Sobre quem decidiu que aquele segundo
não poderia se perder no esquecimento.


Cada fotografia é uma ponte:
não liga apenas o passado ao presente,
mas reconecta o coração
às sensações que moldaram quem somos.


No fim, não é sobre a foto,
mas sobre o ato de lembrar.
Sobre guardar, dentro de si,
as marcas invisíveis das emoções
que insistem em ecoar.

O Eco das Memórias


A fotografia é mais do que uma imagem estática. É um fragmento do tempo que ousou permanecer. Guardar uma memória revelada, é eternizar instantes que, de outra forma, escorreriam pelos dedos. Cada fotografia é uma história contada sem palavras, aberta a múltiplas interpretações, capaz de despertar lembranças e sentimentos únicos em quem a observa.


Mas a verdadeira narrativa, aquela que pulsa por trás da imagem, só pode ser desvelada pelo olhar que a capturou. Porque é nesse olhar que vive o instante exato em que a luz, o silêncio e a emoção se encontraram para formar um eco no tempo, um eco que resiste, que fala, que permanece.


Fotografar é mais do que registrar: é transformar momentos em eternidade e silêncios em memórias que nunca se calam.

⁠O diálogo é, antes de tudo, um pedido sutil de cuidado. Mesmo quando parece banal ou corriqueiro, há entrelinhas pedindo presença, escuta, consideração. Quando o silêncio chega, ele já não é mais paz — é ausência. É o eco do que foi ignorado, negligenciado, esquecido. O silêncio, nesse contexto, não é escolha, é cansaço. É o ponto final de muitas vírgulas não lidas. Ele sinaliza desistência, mostra que o outro já não enxerga sentido em tentar se fazer entender.

E quando isso acontece, você começa a perder. Perde o vínculo, perde a confiança, perde a chance de fazer diferente. Porque quem cala já gritou demais por dentro. E aqui, neste ponto, deixo de cuidar. Não por falta de amor, mas por amor próprio. Deixo de cuidar de quem não soube cuidar da minha tentativa de permanecer.

⁠Beija-me

Beija-me como quem chega em casa depois de muito tempo.
Como quem reconhece o sabor da alma no toque da boca.
Sem pressa. Sem ensaio.
Mas com aquela vontade que carrega o tempo todo.

Beija-me com os olhos também.
Com os dedos. Com o pensamento.
Beija as minhas dúvidas até que elas se rendam,
e os meus silêncios até que virem som.

Beija-me pra além da pele.
Entre as palavras não ditas,
nas pausas da respiração,
no espaço entre um suspiro e outro.

Quero um beijo que acolha, mas acenda.
Que abrace, mas incendeie.
Que não peça licença,
mas saiba o momento exato de invadir.

Beija-me como quem sabe que estou faminta,
mas que minha fome é de algo que só se encontra quando a alma também se abre.
Beija-me como se cada toque fosse um recomeço,
e cada fim, apenas uma promessa de mais.

E se for pra ser beijo,
que seja inteiro.
Que me cale.
Que me entregue.
Que me eleve.

Beija-me como quem entende
que a boca é só a porta —
e o desejo,
é tudo o que vem depois.

⁠Fujo do Amor (mas ainda espero por ele)

Eu fujo do amor.
E não é porque não acredito.
É porque, quando ele chega, eu tremo.
Tremo porque já acreditei antes…
E fiquei com as mãos cheias de nada.

Eu fujo do amor porque ele sabe entrar,
mas nem sempre sabe ficar.
E eu tenho medo.
Medo de ser mais uma vez abrigo temporário.
De ser casa que acolhe e depois vira lembrança.

Mas eu também quero.
Quero esse amor que não chega gritando,
mas se aproxima devagar e fica.
Que entende o meu silêncio.
Que não me cobra ser forte o tempo inteiro.

Fujo…
mas se me olham com verdade,
se me tocam com cuidado,
eu desarmo.
Porque, no fundo, eu ainda espero.

Espero por alguém que venha com presença,
com firmeza no gesto e leveza no olhar.
Que me beije como quem tem tempo.
Que me deseje, mas também me cuide.
Que não corra quando me encontrar vulnerável.

Então sim, eu fujo.
Mas se for amor de verdade…
pode vir atrás de mim devagar.
Pode me alcançar.
Pode me mostrar que amar não é sempre perder.
E que, dessa vez,
eu não vou precisar me despedir de novo.

⁠Visceral

Eu não quero alguém que simplesmente me deseje.
Que, depois do gozo, se afaste.
E só lembre de mim quando a necessidade física apertar.

Eu quero mais do que desejo.
Quero alguém que me devore por inteira —
e ainda assim, sinta fome.

Que, toda vez que lembrar de mim, se acenda.
E mesmo me tendo nos braços, esse fogo não se apague.

Eu não quero só um tesão físico.
Quero um tesão de alma.
Um tesão pela vida. Pela minha presença.
Pelo meu cheiro, pelo meu gosto, pelo som da minha voz.

Tesão até na minha ausência.

Quero cumplicidade.
Que a pessoa seja meu cúmplice — em todas as loucuras.
E vice-versa.

Que haja combinados e surpresas.
Mas que tudo seja saciedade.

Aquela saciedade de quem está satisfeito…
mas ainda tem fome.
E já pensa no depois.
Na sobremesa.
No jantar.
E no café da manhã.

Se é que você me entende.

Estou falando de desejo profundo.
Não de sexo casual, de uma, duas ou três vezes —
seguido de silêncio e arrependimentos.

Quero alguém que, a cada troca e intimidade,
tenha ainda mais certeza de que me deseja.

E que se aproxime involuntariamente,
só pra repousar no meu cheiro.

E que, mesmo querendo ficar quietinho,
se acenda… só de respirar perto.

Consciência em Papel


Escrevo porque, às vezes, falar não basta.
Porque minha voz se perde no ar, mas as palavras escritas… elas permanecem.
Cada linha é um pedaço meu, uma confissão silenciosa que não precisa de plateia.


Aqui, não existe medo de julgamento.
Aqui, eu não preciso sorrir para suavizar minha dor nem me explicar para ninguém.
O que deixo escrito é a minha consciência escancarada, crua, nua.
É o reflexo do que penso quando tudo silencia, quando ninguém está olhando.


E não, não é drama.
Não é exagero.
É apenas o retrato de existir com o peso que carrego, tentando não incomodar, tentando caber no mundo sem fazer barulho demais.


Escrevo porque é o que me resta quando falar não funciona.
Porque aqui, neste papel, posso ser inteira.
Posso admitir o cansaço, a confusão, o vazio.
Posso dizer que às vezes a vida dói mais do que deveria, e que seguir em frente parece uma vitória silenciosa que ninguém vê.


Se você lê, talvez se reconheça.
Talvez sinta que essas palavras também são suas.
E, nesse instante, é como se eu não estivesse tão sozinha dentro delas.


No fim, é isso:
O que deixo escrito não é só texto.
Sou eu, inteira, existindo em palavras.
Mesmo quando o mundo prefere que eu me cale.

Pascásio Custódio da Costa e a Empada de Aratu: Um Patrimônio Vivo


Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial de Sergipe em 2021, a empada de aratu do povoado Terra Caída, em Indiaroba, transcende o sabor para tornar-se um símbolo de identidade e memória coletiva. Seu guardião é Pascásio Custódio da Costa, conhecido como "Mestre Pascásio", que há mais de meio século dedica sua vida a essa iguaria que hoje atrai turistas e fortalece a economia local.


O que muitos não veem, porém, é que essa tradição vai além da cozinha: envolve o trabalho silencioso das catadoras de aratu, mulheres que mantêm viva a técnica artesanal de coleta e preparo do crustáceo, transmitida entre gerações. É delas que nasce o catado minucioso, base não só da famosa empada, mas também de pratos como a moqueca defumada na palha de bananeira, outra joia da culinária local.


Essa rede de saberes — Pascásio, as catadoras e a comunidade de Terra Caída — compõe um ciclo cultural raro, onde gastronomia, memória e pertencimento se entrelaçam. Mais do que um prato, a empada de aratu é um eco do passado que insiste em permanecer no presente, como testemunho vivo da força e do orgulho de um povo.

⁠Depois, quando tudo passar, não venha culpar o vento pela bagunça.
Você sabia onde estava cada coisa.
Sabia quem era importante, o que merecia cuidado,
o que precisava de abrigo.

O vento passou por todos nós,
mas só bagunçou o que foi deixado de lado.
Você segurou o que tinha prioridade para você.

Cartas ao Céu




Oração escrita, poesia da alma calada.
Inteira, mesmo estando quebrada.
Há pedaços de mim espalhados em cada verso,
mas é na fragmentação que encontro forma.


Escrevo como quem costura rachaduras,
como quem transforma silêncio em cura.
Minha fé não grita, ela sussurra baixinho,
enquanto recolho os cacos
e descubro que ainda brilham.


Porque mesmo partida, sou inteira.
Inteira de sentimentos,
inteira de verdades,
inteira na esperança que me segura
quando tudo parece desabar.

⁠Se a mulher é o carro que precisa de combustível, cuidado e manutenção diária para continuar funcionando com beleza, força e entrega…
o homem também tem seu motor interno — e ele precisa de abastecimento emocional.

O combustível do homem é a admiração.
É se sentir necessário, valorizado, reconhecido.
É saber que sua presença tem impacto, que seus gestos não passam despercebidos.

Ele funciona com respeito, com apoio silencioso que dá força,
com a leveza de um lar emocional onde ele não precisa vestir armaduras o tempo todo.
Ele precisa de espaço para ser vulnerável sem ser diminuído,
de uma mulher que o inspire a ser melhor, não pela cobrança, mas pela confiança que deposita nele.

O homem precisa sentir que é desejado, sim —
mas também que é importante, que é essencial na vida da mulher que escolheu amar.

Quando a mulher abastece com admiração e acolhimento,
e o homem abastece com presença, atenção e cuidado,
os dois seguem na estrada, intensos e inteiros.

Porque amor não é só sobre andar junto.
É sobre saber abastecer um ao outro, todos os dias.

⁠Habitar

Não quero ser apenas tocada.
Quero ser habitada.
Não por mãos que me percorrem com pressa,
mas por quem se perde em mim como quem encontra morada.

Quero ser sentida com os olhos fechados.
Com o coração aberto.
Com a calma de quem entende que o prazer mora na pausa —
na respiração contida, no quase, no que se prolonga.

Quero que cada parte minha seja descoberta como um território sagrado.
Como se você estivesse lendo meu corpo em braile,
palavra por palavra, pele por pele,
até entender minha linguagem.

Que o arrepio seja tua resposta,
e o silêncio entre nós, a oração.

Que você me toque como quem desvenda.
Como quem tem sede,
mas não se apressa.
Como quem entende que habitar alguém
não é sobre entrar,
é sobre permanecer.

Não quero ser o instante.
Quero ser o eco.
O sabor que fica mesmo depois da última mordida.
O cheiro que gruda mesmo depois da despedida.
A lembrança que acende só de fechar os olhos.

Quero que me sinta mesmo quando não estou.
E que deseje voltar — não pelo corpo,
mas pela paz que encontrou ao deitar no meu.

Quando a Energia Vai Embora


O fim de tudo começa quando a energia se vai.
Sem ela, não há vitalidade, não há impulso, não há motivação para nada.
Tudo perde o sentido.
Tudo perde a graça.
A comida não tem mais sabor, o que antes era prazer vira obrigação.
E, de repente, tudo se confunde com preguiça aos olhos de quem vê de fora.


Nada parece bom o suficiente para valer o esforço.
Tomar banho vira uma batalha silenciosa.
Escolher uma roupa, passar um hidratante, parecem tarefas gigantes.
Abrir a geladeira e sentir que nada combina com nada.
Olhar para as panelas e perceber que você já nem sabe o que fazer com elas.


A cama se torna refúgio e prisão.
Levantar é difícil.
E quando consegue, encara o espelho e não se reconhece.
Olha ao redor e tudo parece um reflexo distorcido da sua própria realidade.
O acúmulo grita: coisas empilhadas, objetos esquecidos, poeira que reflete o que está dentro de você.


E então percebe:
Você acumula mais do que coisas.
Acumula o que não te faz bem.
Acumula a bagunça que não é só física, mas emocional.


E o pior é não ter energia para remover nada disso, nem do ambiente, nem da alma.


É como assistir sua vida de fora, trancada dentro de um corpo que não acompanha o mundo.
Querendo mudar tudo, mas sem força sequer para começar.

Reflexos de Nós


Você já sentiu como se ninguém realmente te enxergasse?
Como se, por mais que tentasse explicar, suas palavras nunca alcançassem quem precisa ouvi-las?
É estranho… você fala, mas parece que só existe eco. Silêncio.


E então, você se cala.
Porque percebe que falar dói mais do que guardar.
Mas o silêncio também pesa, como uma mala cheia que ninguém sabe que você carrega.
E você segue. Sempre segue.


Segue sorrindo quando queria chorar.
Segue forte quando queria desmoronar.
Segue mostrando ao mundo uma versão sua que parece ser aceita mais facilmente do que a verdadeira.


No fundo, você sabe.
Sabe o quanto engole o nó na garganta para não se sentir fardo.
Sabe quantas vezes quis pedir ajuda, mas a voz morreu antes de sair.
Sabe o que é deitar a cabeça no travesseiro e conversar só com o teto, como se ele fosse o único que não te julga.


E é nesse instante que você entende:
Talvez não seja sobre ser ouvido, mas sobre continuar.
Mesmo com o peito apertado. Mesmo com os pensamentos gritando.
Mesmo com a sensação de que ninguém vê.


Você continua. Porque, lá dentro, ainda existe algo pequeno, mas insistente. Que, te faz acreditar que um dia, vai doer menos.
E, se você está aqui lendo isso, talvez seja porque, de alguma forma, você também sabe o que é segurar o mundo nas costas em silêncio.


Talvez… esse texto seja sobre mim.
Ou talvez seja sobre você.
Ou talvez seja sobre nós.

A Cor do Vazio


Sabe aquela sensação de estar rodeado de gente, mas ainda assim sentir um buraco por dentro?
É como gritar embaixo d’água: ninguém escuta, ninguém vê.
Acordar já cansado, não por dormir pouco, mas por carregar um peso que não se solta nem nos sonhos.


Você se olha no espelho e não se reconhece.
O sorriso está lá,, ensaiado, automático, quase um disfarce sem graça.
Por dentro, porém, tudo está silencioso demais…
Ou barulhento demais.
E você já nem sabe qual dos dois é pior.


As coisas que antes faziam sentido perdem a cor.
O mundo continua girando, as pessoas continuam vivendo, mas você sente como se estivesse parado…
Assistindo à própria vida como quem olha pela janela de um trem que não pode pegar.


E quando alguém pergunta: “Está tudo bem?”, você responde que sim.
Automatico.
Não porque está, mas porque é mais fácil do que tentar explicar algo que ninguém realmente vai entender.
Porque o medo do julgamento pesa mais que a própria dor.
Gastamos tanta energia, ao tentar expressar
A depressão não é só tristeza.
É se sentir vazio e, ao mesmo tempo, sufocado.
Sem forças, sem energia e vitalidade.
É lutar todos os dias contra você mesmo e ainda sorrir para não preocupar ninguém.


E no meio desse silêncio, você aprende a sobreviver.
Mesmo quando viver parece algo distante demais.

À Margem de Mim


Está tudo aqui. Vivo. Latejante.
Eu sei o peso de cada coisa que não fiz, sei a dimensão do caos ao meu redor, sei exatamente o que precisa ser feito.
E, mesmo assim, estou parada.
Imóvel.
À margem da minha própria vida.


É agonizante estar consciente de tudo e, ao mesmo tempo, incapaz de mover um único passo.
Minha mente corre, grita, pede mudança.
Mas meu corpo não acompanha.
É como estar presa dentro de mim mesma, olhando o tempo escorrer pelas mãos que não consigo levantar.


Querer e não conseguir.
Saber e não fazer.
Viver aprisionada em um corpo exausto, sem vida ativa, sem impulso.


O desejo de mudar é real, mas a energia… desapareceu.
E isso corrói.
Corrói de um jeito que palavras mal conseguem descrever.


É um conflito que desgasta, que sufoca, que mata por dentro devagar.
Um silêncio que ecoa mais alto que qualquer grito.
Um cansaço que não é só físico — é existencial.


E a esperança … já cansou.
Já desistiu de tentar.
Não porque queira, mas porque lutar contra si mesma todos os dias também tem um limite.
E o meu, eu já encontrei.


Agora só resta esse vazio lúcido.
Essa consciência cruel de quem vê a própria vida passar, e não tem mais forças para alcançá-la.

Entre o Silêncio e a Fé, há Espera.


Na quietude do tempo, a alma cala,
E aguarda, mesmo sem saber o dia.
O coração ansioso não se exala,
Sustenta em fé o fio que o guia.


A espera dói, mas também semeia,
Ensina o passo lento a florescer.
Na terra árida, a esperança ateia,
O lume oculto que insiste em viver.


É como o mar que aguarda a maré cheia,
Ou o céu, que espera a lua aparecer.
No vão dos dias, a dor que incendeia,
Também prepara o sol para nascer.


Pois quem espera, mesmo sem razão,
Encontra em Deus o pulso da estação.

Carta aos Românticos


A vocês, que ainda acreditam no amor, escrevo.
Não por ingenuidade, mas por coragem. Porque amar hoje é um ato de resistência.
É remar contra a maré do efêmero, do rápido, do descartável. É escolher permanecer quando tudo ao redor diz que sentir demais é fraqueza.


Ser romântico não é viver em contos de fadas; é acreditar que, apesar de tudo, vale a pena se entregar.
É enxergar poesia nos detalhes, mesmo quando o mundo parece cinza. É escrever cartas quando só enviam mensagens rápidas. É guardar flores secas entre as páginas de um livro que ninguém mais abre.


Românticos são aqueles que esperam. Que acreditam no toque genuíno, no abraço demorado, no olhar que diz mais que palavras. São aqueles que não têm medo de dizer "eu sinto", mesmo que a resposta seja o silêncio.


Escrevo a vocês porque sei o peso e a beleza de ser assim. Sei que, às vezes, o peito dói por sonhar alto demais, por esperar encontros raros em um mundo apressado demais.
Mas também sei que, quando dois românticos se encontram, o tempo para. E tudo que parecia desajustado, enfim, se encaixa.


Sigam acreditando. Sigam amando.
Porque o amor verdadeiro nunca foi para os fracos — sempre foi para quem carrega coragem no coração e esperança na alma.

Orações Escritas


O Peso de Compreender – Entre a Razão e a Entrega


Ah, Senhor, sempre fui essa menina que busca ter entendimento.
Que tenta fazer uso da compreensão, que se esforça para se colocar no lugar de todos, mesmo quando falham comigo e me machucam.
Recolho-me em minha dor. Claro, sou humana, tenho o desejo de esbravejar, mas me calo e vou analisar, porque me pergunto: por que isso? Então saio de mim e me coloco no lugar do outro, tentando entender seus motivos e razões.
Assim, de uma perspectiva diferente, faço aquilo que o outro não se deu o trabalho de fazer, tentando justificar o outro para mim mesma.


Mas o que me justifica? Quem se coloca no meu lugar? Às vezes, quase sempre, me pergunto se estou fazendo o certo, o justo.
Mas como equilibrar, se muitas vezes falamos e agimos de maneira contraditória, querendo acertar? Se não falhamos com o outro, falhamos conosco.


Eu não tive tempo para errar, Deus, para aprender com os erros; constantemente cobrada, observada e manipulada a ser como sou.
Porque o direcionamento, na maioria das vezes, é isso: você segue caminhos, escolhas e toma decisões que nem sempre foram sua vontade.
Alguém plantou uma semente de medo, um desejo e até limites.


E no fim, me pergunto: quem me justifica, quem me acolhe, quem me vê? Que sejas o Senhor a me justificar. Que me enxergues como sou e tudo que há em mim. Essa é a minha prece.

⁠Ouvi uma frase que dizia:
“A dor, se bem usada, vira direção.”

Mas que direção?
Tem dor que não aponta pra lugar nenhum.
É só queda.
É só poço.
Um buraco escuro onde tudo ecoa e nada responde.

Você cai.
Debate.
Luta.
Resiste.
Aflige.
E quanto mais se move, mais se afunda.
Como se a dor ganhasse força da sua tentativa de sair.

Até que o corpo cansa.
E a alma… desiste um pouco.
Você não sobe.
Não desce.
Fica.
Boia.
Mas não respira alívio.

Porque a dor ainda está lá.
Não do lado de fora, mas dentro.
Espalhada.
Silenciosa.
Em cada célula que vibra frágil,
como se estivesse cansada de sentir.

Há dores e há a Dor.
Aquela que não se nomeia.
Que atravessa os dias sem pedir licença.
E se instala.
E se mistura ao que você é.

Nesse caminho sem fim,
nesse beco sem saída,
cadê a tal direção?

Se você se perde…
Encontra-se perdido.
E não há rota de retorno.
Você olha pra frente,
mas o fim parece distante demais.
E ainda assim, você o deseja.

Não o fim da vida,
mas o fim da dor.
O fim desse ciclo em espiral.
Daria tudo pra desviar.
Só um pouquinho.
Dar uma pausa na dor,
sentar à beira da alegria por uns instantes.

Mas não dá.
Porque a dor não espera.
Ela é presente.
Constante.
Persistente.

Mas, no fundo…
Bem no fundo,
você ainda sonha:
E se, no meio disso tudo,
a felicidade também estivesse vindo ao seu encontro?

E se ela também estivesse tentando te alcançar,
com a mesma intensidade com que você tenta sobreviver?

E se, numa curva do caminho,
ela estendesse a mão,
te olhasse nos olhos,
e dissesse baixinho:

“É por aqui. Eu te guio.”

Talvez a dor seja o começo.
Talvez a direção não esteja fora,
mas no que ela revela.

Talvez, ao se deixar sentir,
você esteja, sem perceber,
seguindo…

Em direção a si.

Orações Escritas
Nos Silêncios que Me Habitam


Ah, Senhor...
Quantas vezes me encontro em silêncio, não porque não saiba o que dizer, mas porque não encontro palavras que expressem tudo o que sinto.
Carrego perguntas que ecoam dentro de mim e, ainda assim, permaneço aqui, diante de Ti, como filha que confia, mesmo quando não entende.


Tenho buscado compreender, sempre tentando me colocar no lugar dos outros, justificando dores que não são minhas e razões que nunca me foram ditas.
Mas, e eu, Senhor? Quem se coloca no meu lugar? Quem vê o peso que carrego calada?
Às vezes, me sinto pequena demais, tentando equilibrar o que sinto e o que esperam de mim, como se o mundo exigisse força de quem só deseja colo.


Eu Te peço: fica comigo nas minhas inquietações.
Ensina-me a aceitar aquilo que não posso mudar e a descansar em Ti quando minhas forças se esgotarem.
Toma, Senhor, meus medos, minhas dúvidas e até meus silêncios — porque sei que mesmo neles, Tu me escutas.


Que sejas o Senhor a me justificar.
Que me enxergues como sou e tudo que há em mim.
Essa é a minha prece.

⁠Ao invés de braço, a saudade bem que poderia ter voz. Talvez assim não apertasse tanto, e, ao ecoar por aí, servisse para trazer de volta quem a gente ama.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Ao invés de braço, a saudade bem que poderia ter voz.
Talvez assim não apertasse tanto,
e, ao ecoar por aí, servisse para trazer de volta
quem a gente ama.

Orações Escritas
Quando a Alma Silencia


Vazio de pensamentos, na vida, no amor.
Paralisia na alma de um ser sofredor.


Ah, Senhor, há dias em que até sentir parece pesado demais.
Em que as palavras fogem e o coração, cansado, se cala.
Nesses momentos, só me resta Te olhar, mesmo sem forças, e esperar que me sustentes.


Carrego dentro de mim esse silêncio que não é paz, mas um grito contido.
É estranho, Senhor, porque mesmo aqui, quebrada, continuo Te buscando.
Talvez porque no fundo eu saiba que só em Ti existe o abrigo que preciso.


Diante de Ti, deposito minhas ausências, meus medos e a esperança que insiste em não morrer.
Não Te peço respostas, só Te peço presença.
Que sejas o sopro que devolve vida à minha alma e luz aos caminhos que não vejo.


Remove, Senhor, o que me imobiliza; há em mim, lá no fundo, uma vontade de movimento, de ir…
Mas onde irei, se não consigo sair?


Meu respirar, hoje, é a oração mais sincera que consigo Te direcionar.

Carta aos Românticos


A vocês, que ainda acreditam no amor, escrevo.
Não por ingenuidade, mas por coragem. Porque amar hoje é um ato de resistência.
É remar contra a maré do efêmero, do rápido, do descartável. É escolher permanecer quando tudo ao redor diz que sentir demais é fraqueza.


Ser romântico não é viver em contos de fadas; é acreditar que, apesar de tudo, vale a pena se entregar.
É enxergar poesia nos detalhes, mesmo quando o mundo parece cinza. É escrever cartas quando só enviam mensagens rápidas. É guardar flores secas entre as páginas de um livro que ninguém mais abre.


Românticos são aqueles que esperam. Que acreditam no toque genuíno, no abraço demorado, no olhar que diz mais que palavras. São aqueles que não têm medo de dizer "eu sinto", mesmo que a resposta seja o silêncio.


Escrevo a vocês porque sei o peso e a beleza de ser assim. Sei que, às vezes, o peito dói por sonhar alto demais, por esperar encontros raros em um mundo apressado demais.
Mas também sei que, quando dois românticos se encontram, o tempo para. E tudo que parecia desajustado, enfim, se encaixa.


Sigam acreditando. Sigam amando.
Porque o amor verdadeiro nunca foi para os fracos — sempre foi para quem carrega coragem no coração e esperança na alma.

⁠Quando Tudo em Mim Silencia

Tem dias em que o mundo pesa demais.
Em que o corpo insiste em caminhar, mas a alma... fica.
Fica parada, quieta, pedindo socorro sem som.
É como se dentro de mim tudo se recolhesse —
como se até o grito estivesse cansado de tentar.

A depressão não chega com barulho.
Ela se instala em silêncios,
em noites mal dormidas e sorrisos apertados.
E às vezes, tudo o que me resta é me deixar cair nos braços d’Ele.
Porque por mais que doa, por mais que o peito aperte,
a minha fragilidade é exatamente onde Deus me encontra inteira.

É nessa dependência que o milagre acontece —
não no alívio imediato,
mas na força que me faz levantar mais uma vez,
com os olhos ainda marejados,
mas com a alma agarrada à promessa
de que não estou só.

Eu sou essa mulher —
que sente demais, que luta calada,
mas que, mesmo em ruínas, ainda escolhe acreditar.
Não porque sou forte o tempo todo,
mas porque aprendi que ser fraca também é ser humana.
E em cada queda, há uma mão que me ergue.
Não é qualquer mão.
É a d’Ele.
A que me conhece por dentro,
a que sussurra quando tudo parece sem sentido:
“Filha, Eu estou aqui.”

⁠A indiferença não grita, não sangra, não arranca — ela corrói em silêncio. Vai tirando aos poucos a cor dos sentimentos, o brilho dos olhos, o calor dos gestos. É uma tortura sem ferida visível, mas que fere fundo, porque o que machuca de verdade não é o que se diz, mas o que se deixa de sentir.

A distância, por sua vez, parece às vezes o único caminho possível. Um remédio amargo, sim, mas necessário quando o coração pede silêncio e espaço. Só que, como todo remédio forte, é preciso cuidado com a dose. O que foi receitado para curar pode, em excesso, se tornar veneno. E assim, entre ausências e silêncios, o que poderia se transformar em cura vira luto.

O amor não morre de repente. Ele vai se apagando entre olhares que já não se encontram, entre palavras que já não vêm. Primeiro esfria, depois adormece. Até que um dia, sem que se perceba, deixa de existir. E tudo o que sobra é um eco do que um dia já foi vida pulsante.

Entre o Silêncio e a Fé, há Espera.


Na quietude do tempo, a alma cala,
E aguarda, mesmo sem saber o dia.
O coração ansioso não se exala,
Sustenta em fé o fio que o guia.


A espera dói, mas também semeia,
Ensina o passo lento a florescer.
Na terra árida, a esperança ateia,
O lume oculto que insiste em viver.


É como o mar que aguarda a maré cheia,
Ou o céu, que espera a lua aparecer.
No vão dos dias, a dor que incendeia,
Também prepara o sol para nascer.


Pois quem espera, mesmo sem razão,
Encontra em Deus o pulso da estação.

⁠Fujo do Amor (mas ainda espero por ele)

Eu fujo do amor.
E não é porque não acredito.
É porque, quando ele chega, eu tremo.
Tremo porque já acreditei antes…
E fiquei com as mãos cheias de nada.

Eu fujo do amor porque ele sabe entrar,
mas nem sempre sabe ficar.
E eu tenho medo.
Medo de ser mais uma vez abrigo temporário.
De ser casa que acolhe e depois vira lembrança.

Mas eu também quero.
Quero esse amor que não chega gritando,
mas se aproxima devagar e fica.
Que entende o meu silêncio.
Que não me cobra ser forte o tempo inteiro.

Fujo…
mas se me olham com verdade,
se me tocam com cuidado,
eu desarmo.
Porque, no fundo, eu ainda espero.

Espero por alguém que venha com presença,
com firmeza no gesto e leveza no olhar.
Que me beije como quem tem tempo.
Que me deseje, mas também me cuide.
Que não corra quando me encontrar vulnerável.

Então sim, eu fujo.
Mas se for amor de verdade…
pode vir atrás de mim devagar.
Pode me alcançar.
Pode me mostrar que amar não é sempre perder.
E que, dessa vez,
eu não vou precisar me despedir de novo.

Orações Escritas
Nos Silêncios que Me Habitam


Ah, Senhor...
Quantas vezes me encontro em silêncio, não porque não saiba o que dizer, mas porque não encontro palavras que expressem tudo o que sinto.
Carrego perguntas que ecoam dentro de mim e, ainda assim, permaneço aqui, diante de Ti, como filha que confia, mesmo quando não entende.


Tenho buscado compreender, sempre tentando me colocar no lugar dos outros, justificando dores que não são minhas e razões que nunca me foram ditas.
Mas, e eu, Senhor? Quem se coloca no meu lugar? Quem vê o peso que carrego calada?
Às vezes, me sinto pequena demais, tentando equilibrar o que sinto e o que esperam de mim, como se o mundo exigisse força de quem só deseja colo.


Eu Te peço: fica comigo nas minhas inquietações.
Ensina-me a aceitar aquilo que não posso mudar e a descansar em Ti quando minhas forças se esgotarem.
Toma, Senhor, meus medos, minhas dúvidas e até meus silêncios — porque sei que mesmo neles, Tu me escutas.


Que sejas o Senhor a me justificar.
Que me enxergues como sou e tudo que há em mim.
Essa é a minha prece.

Orações Escritas
Quando a Alma Silencia


Vazio de pensamentos, na vida, no amor.
Paralisia na alma de um ser sofredor.


Ah, Senhor, há dias em que até sentir parece pesado demais.
Em que as palavras fogem e o coração, cansado, se cala.
Nesses momentos, só me resta Te olhar, mesmo sem forças, e esperar que me sustentes.


Carrego dentro de mim esse silêncio que não é paz, mas um grito contido.
É estranho, Senhor, porque mesmo aqui, quebrada, continuo Te buscando.
Talvez porque no fundo eu saiba que só em Ti existe o abrigo que preciso.


Diante de Ti, deposito minhas ausências, meus medos e a esperança que insiste em não morrer.
Não Te peço respostas, só Te peço presença.
Que sejas o sopro que devolve vida à minha alma e luz aos caminhos que não vejo.


Remove, Senhor, o que me imobiliza; há em mim, lá no fundo, uma vontade de movimento, de ir…
Mas onde irei, se não consigo sair?


Meu respirar, hoje, é a oração mais sincera que consigo Te direcionar.

⁠A Voz Que Me Toca

Antes do toque, me acende a voz.
Não precisa das mãos.
Basta o timbre certo,
as palavras certas,
ditas no ritmo certo.

Teu sussurro me arrepia mais que qualquer carícia.
Porque é nele que sinto tua intenção nua,
tua vontade crua,
teu desejo que me percorre antes mesmo de chegar.

Há palavras que ardem mais que beijos.
Frases que me despem.
Sílabas que escorrem pela espinha
e desaguam entre minhas pernas
como se fossem teus dedos me lendo em voz baixa.

E os gemidos…
ah, os gemidos…
não os teus — os nossos.
Embriagados, entrelaçados, incontroláveis.
Como música suja e sagrada
que só quem ama o abismo entre prazer e entrega é capaz de compor.

Eu quero ser tocada pela tua voz.
Quero que tua respiração me encontre no escuro.
Quero que tua palavra sussurrada seja a senha
que destranca cada parte minha que ninguém nunca alcançou.

Não quero gritos.
Quero a melodia do desejo.
A vibração que só quem conhece a alma sabe fazer soar.
Quero teus sons como promessas.
Teus silêncios como prelúdios.
E teu gemido como confissão.

Porque, quando a voz toca primeiro,
o corpo se rende com mais verdade.

⁠Beija-me

Beija-me como quem chega em casa depois de muito tempo.
Como quem reconhece o sabor da alma no toque da boca.
Sem pressa. Sem ensaio.
Mas com aquela vontade que carrega o tempo todo.

Beija-me com os olhos também.
Com os dedos. Com o pensamento.
Beija as minhas dúvidas até que elas se rendam,
e os meus silêncios até que virem som.

Beija-me pra além da pele.
Entre as palavras não ditas,
nas pausas da respiração,
no espaço entre um suspiro e outro.

Quero um beijo que acolha, mas acenda.
Que abrace, mas incendeie.
Que não peça licença,
mas saiba o momento exato de invadir.

Beija-me como quem sabe que estou faminta,
mas que minha fome é de algo que só se encontra quando a alma também se abre.
Beija-me como se cada toque fosse um recomeço,
e cada fim, apenas uma promessa de mais.

E se for pra ser beijo,
que seja inteiro.
Que me cale.
Que me entregue.
Que me eleve.

Beija-me como quem entende
que a boca é só a porta —
e o desejo,
é tudo o que vem depois.

⁠Visceral

Eu não quero alguém que simplesmente me deseje.
Que, depois do gozo, se afaste.
E só lembre de mim quando a necessidade física apertar.

Eu quero mais do que desejo.
Quero alguém que me devore por inteira —
e ainda assim, sinta fome.

Que, toda vez que lembrar de mim, se acenda.
E mesmo me tendo nos braços, esse fogo não se apague.

Eu não quero só um tesão físico.
Quero um tesão de alma.
Um tesão pela vida. Pela minha presença.
Pelo meu cheiro, pelo meu gosto, pelo som da minha voz.

Tesão até na minha ausência.

Quero cumplicidade.
Que a pessoa seja meu cúmplice — em todas as loucuras.
E vice-versa.

Que haja combinados e surpresas.
Mas que tudo seja saciedade.

Aquela saciedade de quem está satisfeito…
mas ainda tem fome.
E já pensa no depois.
Na sobremesa.
No jantar.
E no café da manhã.

Se é que você me entende.

Estou falando de desejo profundo.
Não de sexo casual, de uma, duas ou três vezes —
seguido de silêncio e arrependimentos.

Quero alguém que, a cada troca e intimidade,
tenha ainda mais certeza de que me deseja.

E que se aproxime involuntariamente,
só pra repousar no meu cheiro.

E que, mesmo querendo ficar quietinho,
se acenda… só de respirar perto.

Cartas ao Céu




Oração escrita, poesia da alma calada.
Inteira, mesmo estando quebrada.
Há pedaços de mim espalhados em cada verso,
mas é na fragmentação que encontro forma.


Escrevo como quem costura rachaduras,
como quem transforma silêncio em cura.
Minha fé não grita, ela sussurra baixinho,
enquanto recolho os cacos
e descubro que ainda brilham.


Porque mesmo partida, sou inteira.
Inteira de sentimentos,
inteira de verdades,
inteira na esperança que me segura
quando tudo parece desabar.

⁠Contemplação

Não é só pele.
Não é só toque.
Não é só desejo.

É um lugar onde duas almas se permitem habitar o mesmo templo.
E o corpo… é apenas a porta.

Quando eu me entrego, não ofereço só curvas e suspiros.
Ofereço um mundo inteiro por trás dos olhos fechados.
Aceito que você me invada — não como quem invade, mas como quem é convidado a entrar.

Permitir que alguém me toque…
É como entregar uma chave e confiar que, do outro lado, não haja pressa.
Só presença.

Porque pra mim, fazer amor —
é como saborear a sobremesa favorita com os olhos fechados.
Com calma. Com vontade. Com gratidão.
Sentir o gosto até o fim, e mesmo assim desejar mais.

É contemplar cada segundo,
cada estremecer da pele,
cada silêncio entre os beijos,
cada arrepio que começa antes do toque.

É pertencer.
É permitir ser morada, enquanto também se habita.

É uma dança onde ninguém lidera,
mas ambos conduzem — com os olhos, com os gestos, com os instintos.

Eu não me entrego por carência.
Me entrego por transbordo.
Porque quero que você sinta o quanto posso ser casa,
mesmo enquanto sou puro incêndio.

⁠Relacionamento também precisa de manutenção.

O homem precisa entender que, assim como o carro dele não anda sem combustível, uma mulher também não segue sem ser cuidada.
Amor exige investimento diário — atenção, presença, afeto.
É preciso regar, alimentar, olhar nos olhos e perceber os detalhes.
Não é sobre grandes gestos, é sobre os “bobbos” que fazem toda a diferença.

Ele quer retorno? Então precisa investir.
Quer intensidade? Então alimente o desejo com admiração, com toque, com cuidado.
Porque uma mulher feliz, segura, vista... entrega tudo.
Entrega corpo, entrega alma.

Mas quando o combustível acaba, o motor para.
E ele não vai poder dizer que não foi avisado.
A mulher, assim como um carro, vai dar sinais.
Vai mostrar que está esgotada.

E se ele não cuidar...
Ela vai parar.
De repente.
Silenciosamente.

E quando quiser reacender o fogo, talvez já nem haja mais faísca.

⁠Ouvi uma frase que dizia:
“A dor, se bem usada, vira direção.”

Mas que direção?
Tem dor que não aponta pra lugar nenhum.
É só queda.
É só poço.
Um buraco escuro onde tudo ecoa e nada responde.

Você cai.
Debate.
Luta.
Resiste.
Aflige.
E quanto mais se move, mais se afunda.
Como se a dor ganhasse força da sua tentativa de sair.

Até que o corpo cansa.
E a alma… desiste um pouco.
Você não sobe.
Não desce.
Fica.
Boia.
Mas não respira alívio.

Porque a dor ainda está lá.
Não do lado de fora, mas dentro.
Espalhada.
Silenciosa.
Em cada célula que vibra frágil,
como se estivesse cansada de sentir.

Há dores e há a Dor.
Aquela que não se nomeia.
Que atravessa os dias sem pedir licença.
E se instala.
E se mistura ao que você é.

Nesse caminho sem fim,
nesse beco sem saída,
cadê a tal direção?

Se você se perde…
Encontra-se perdido.
E não há rota de retorno.
Você olha pra frente,
mas o fim parece distante demais.
E ainda assim, você o deseja.

Não o fim da vida,
mas o fim da dor.
O fim desse ciclo em espiral.
Daria tudo pra desviar.
Só um pouquinho.
Dar uma pausa na dor,
sentar à beira da alegria por uns instantes.

Mas não dá.
Porque a dor não espera.
Ela é presente.
Constante.
Persistente.

Mas, no fundo…
Bem no fundo,
você ainda sonha:
E se, no meio disso tudo,
a felicidade também estivesse vindo ao seu encontro?

E se ela também estivesse tentando te alcançar,
com a mesma intensidade com que você tenta sobreviver?

E se, numa curva do caminho,
ela estendesse a mão,
te olhasse nos olhos,
e dissesse baixinho:

“É por aqui. Eu te guio.”

Talvez a dor seja o começo.
Talvez a direção não esteja fora,
mas no que ela revela.

Talvez, ao se deixar sentir,
você esteja, sem perceber,
seguindo…

Em direção a si.

⁠Me devore...
Mas não com pressa.
Com fome. Com intenção. Com a delicadeza de quem sabe que o toque começa antes dos dedos — começa no olhar, no pensamento, no arrepio que antecede o gesto.

Me devore com a boca, mas também com a presença.
Com o silêncio que escuta o que meu corpo não diz, mas implora.
Me devore nos detalhes — no canto da minha boca, no contorno da minha respiração, no som que faço quando me sinto segura.

Me devore sem pressa de acabar.
E quando achar que já me teve, queira mais.
Sinta fome de novo. E de novo.
Me descubra diferente a cada toque, me sinta nova mesmo depois de me despir mil vezes.

Me devore com alma.
Não me queira só para o prazer do corpo, mas para o prazer da presença.
Sinta desejo pelo que sou quando estou calada, quando estou entregue, quando estou ali, inteira, e ainda assim, misteriosa.

Me devore com os olhos, mesmo de longe.
Me deseje na ausência. Me saboreie na lembrança.
Que meu cheiro te embriague, que minha voz te acompanhe no silêncio do dia.
Que minha pele fique na tua, mesmo depois do banho.

Me devore em silêncio e em gritos.
Nos gestos mais suaves e nos instantes de descontrole.
E mesmo quando tudo parecer saciado, que ainda exista vontade.
Que exista sobremesa. Que exista manhã. Que exista depois.

Me devore...
Como quem sabe que fome assim, não se mata.
Se cultiva.

E a mulher?

A mulher também cuida.
Ela também investe, alimenta, rega, reabastece.
Faz isso até quando está cansada.
Porque quando ama, ela não mede esforços pra ver o outro bem.
Ela é afeto em forma de presença, detalhe, intuição.
Ela é farol nos dias escuros.
Mas até a mulher mais forte se desgasta quando ama sozinha.

O que ela precisa?
Ser cuidada também.
Ser ouvida, olhada, sentida.
Ela não quer ser só o porto seguro —
ela também quer poder ancorar em alguém.
Ser o carro abastecido, não só o posto.

Porque quando a mulher sente que o amor é recíproco,
ela se entrega com uma força que ninguém segura.
Mas quando ela se vê esquecida, ela também aprende a ir embora.
Não por orgulho,
mas por sobrevivência.

⁠Se a mulher é o carro que precisa de combustível, cuidado e manutenção diária para continuar funcionando com beleza, força e entrega…
o homem também tem seu motor interno — e ele precisa de abastecimento emocional.

O combustível do homem é a admiração.
É se sentir necessário, valorizado, reconhecido.
É saber que sua presença tem impacto, que seus gestos não passam despercebidos.

Ele funciona com respeito, com apoio silencioso que dá força,
com a leveza de um lar emocional onde ele não precisa vestir armaduras o tempo todo.
Ele precisa de espaço para ser vulnerável sem ser diminuído,
de uma mulher que o inspire a ser melhor, não pela cobrança, mas pela confiança que deposita nele.

O homem precisa sentir que é desejado, sim —
mas também que é importante, que é essencial na vida da mulher que escolheu amar.

Quando a mulher abastece com admiração e acolhimento,
e o homem abastece com presença, atenção e cuidado,
os dois seguem na estrada, intensos e inteiros.

Porque amor não é só sobre andar junto.
É sobre saber abastecer um ao outro, todos os dias.

⁠Habitar

Não quero ser apenas tocada.
Quero ser habitada.
Não por mãos que me percorrem com pressa,
mas por quem se perde em mim como quem encontra morada.

Quero ser sentida com os olhos fechados.
Com o coração aberto.
Com a calma de quem entende que o prazer mora na pausa —
na respiração contida, no quase, no que se prolonga.

Quero que cada parte minha seja descoberta como um território sagrado.
Como se você estivesse lendo meu corpo em braile,
palavra por palavra, pele por pele,
até entender minha linguagem.

Que o arrepio seja tua resposta,
e o silêncio entre nós, a oração.

Que você me toque como quem desvenda.
Como quem tem sede,
mas não se apressa.
Como quem entende que habitar alguém
não é sobre entrar,
é sobre permanecer.

Não quero ser o instante.
Quero ser o eco.
O sabor que fica mesmo depois da última mordida.
O cheiro que gruda mesmo depois da despedida.
A lembrança que acende só de fechar os olhos.

Quero que me sinta mesmo quando não estou.
E que deseje voltar — não pelo corpo,
mas pela paz que encontrou ao deitar no meu.

⁠O diálogo é, antes de tudo, um pedido sutil de cuidado. Mesmo quando parece banal ou corriqueiro, há entrelinhas pedindo presença, escuta, consideração. Quando o silêncio chega, ele já não é mais paz — é ausência. É o eco do que foi ignorado, negligenciado, esquecido. O silêncio, nesse contexto, não é escolha, é cansaço. É o ponto final de muitas vírgulas não lidas. Ele sinaliza desistência, mostra que o outro já não enxerga sentido em tentar se fazer entender.

E quando isso acontece, você começa a perder. Perde o vínculo, perde a confiança, perde a chance de fazer diferente. Porque quem cala já gritou demais por dentro. E aqui, neste ponto, deixo de cuidar. Não por falta de amor, mas por amor próprio. Deixo de cuidar de quem não soube cuidar da minha tentativa de permanecer.

Orações Escritas


O Peso de Compreender – Entre a Razão e a Entrega


Ah, Senhor, sempre fui essa menina que busca ter entendimento.
Que tenta fazer uso da compreensão, que se esforça para se colocar no lugar de todos, mesmo quando falham comigo e me machucam.
Recolho-me em minha dor. Claro, sou humana, tenho o desejo de esbravejar, mas me calo e vou analisar, porque me pergunto: por que isso? Então saio de mim e me coloco no lugar do outro, tentando entender seus motivos e razões.
Assim, de uma perspectiva diferente, faço aquilo que o outro não se deu o trabalho de fazer, tentando justificar o outro para mim mesma.


Mas o que me justifica? Quem se coloca no meu lugar? Às vezes, quase sempre, me pergunto se estou fazendo o certo, o justo.
Mas como equilibrar, se muitas vezes falamos e agimos de maneira contraditória, querendo acertar? Se não falhamos com o outro, falhamos conosco.


Eu não tive tempo para errar, Deus, para aprender com os erros; constantemente cobrada, observada e manipulada a ser como sou.
Porque o direcionamento, na maioria das vezes, é isso: você segue caminhos, escolhas e toma decisões que nem sempre foram sua vontade.
Alguém plantou uma semente de medo, um desejo e até limites.


E no fim, me pergunto: quem me justifica, quem me acolhe, quem me vê? Que sejas o Senhor a me justificar. Que me enxergues como sou e tudo que há em mim. Essa é a minha prece.

Pascásio Custódio da Costa e a Empada de Aratu: Um Patrimônio Vivo


Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial de Sergipe em 2021, a empada de aratu do povoado Terra Caída, em Indiaroba, transcende o sabor para tornar-se um símbolo de identidade e memória coletiva. Seu guardião é Pascásio Custódio da Costa, conhecido como "Mestre Pascásio", que há mais de meio século dedica sua vida a essa iguaria que hoje atrai turistas e fortalece a economia local.


O que muitos não veem, porém, é que essa tradição vai além da cozinha: envolve o trabalho silencioso das catadoras de aratu, mulheres que mantêm viva a técnica artesanal de coleta e preparo do crustáceo, transmitida entre gerações. É delas que nasce o catado minucioso, base não só da famosa empada, mas também de pratos como a moqueca defumada na palha de bananeira, outra joia da culinária local.


Essa rede de saberes — Pascásio, as catadoras e a comunidade de Terra Caída — compõe um ciclo cultural raro, onde gastronomia, memória e pertencimento se entrelaçam. Mais do que um prato, a empada de aratu é um eco do passado que insiste em permanecer no presente, como testemunho vivo da força e do orgulho de um povo.

⁠Ao invés de braço, a saudade bem que poderia ter voz. Talvez assim não apertasse tanto, e, ao ecoar por aí, servisse para trazer de volta quem a gente ama.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Ao invés de braço, a saudade bem que poderia ter voz.
Talvez assim não apertasse tanto,
e, ao ecoar por aí, servisse para trazer de volta
quem a gente ama.

⁠Depois, quando tudo passar, não venha culpar o vento pela bagunça.
Você sabia onde estava cada coisa.
Sabia quem era importante, o que merecia cuidado,
o que precisava de abrigo.

O vento passou por todos nós,
mas só bagunçou o que foi deixado de lado.
Você segurou o que tinha prioridade para você.

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De Marisqueira a Empreendedora: O Sabor que Nasce das Raízes




Anatalia Costa carrega em suas mãos a força das marisqueiras. Filha de marisqueira, cresceu entre os manguezais de Terra Caída, onde o aratu era mais que um crustáceo: era sustento, herança e identidade. Hoje, transformou essa história em inspiração.


À frente da lanchonete Mac Wilson, Anatalia elevou o aratu à categoria de estrela gastronômica, criando iguarias que dão ainda mais orgulho à nossa cultura local. Seu famoso hambúrguer de catado de aratu é prova viva de como tradição e inovação podem caminhar juntas.


Sua dedicação e talento a levaram a conquistar o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, reconhecimento que evidencia como suas raízes e coragem abriram portas e inspiraram outras mulheres da comunidade.


Mas Terra Caída não é feita apenas de uma delícia. É um verdadeiro berço de sabores, onde encontramos almôndegas de aratu, geleias, doces, caldos, moquecas, mariscadas e a já tradicional empada que há tempos encanta moradores e visitantes.


Com cada receita, Anatalia não apenas alimenta, mas celebra a memória das suas ancestrais, valoriza o trabalho das marisqueiras e fortalece a nossa gastronomia, reafirmando que, aqui, cada prato carrega um pedaço de história, afeto e pertencimento.






@jorgeane_borges


#TerraCaída #GastronomiaLocal #RaízesQueAlimentam #CulturaViva

⁠Entre Tambores e Risos

Vem ver meu povo dançar,
De gorro na cabeça, espada a empunhar,
Riso solto, corpo a girar,
Tinta na pele, brilho no olhar.

No chão, passos firmes e o som de espadas a tocar,
No som do tambor, o tempo a ecoar.
Boneca que gira, cesto a equilibrar,
Princesa caminha no meio da festa.

O rio nos chama, a água nos resta,
Nosso canto ressoa, o corpo a vibrar,
E a história resiste, firme, sem pressa,
Na memória vai ficar.

⁠Primeiros Erros


Meus erros não me definem
Mas a mim transformam
Não posso ser rotulada por um erro, ou algumas escolhas erradas em uma fase ruim da minha vida!
Não posso exigir do meu antigo eu algo que só as péssimas experiências a mim trouxeram.
A maturidade vem com toda nossa vivência, seja ela boa ou ruim!
Meu processo de transformação e superação é quem pode falar por mim o quanto precisei ressignificar e evoluir

Quantas vezes precisarei me refazer?
Não sei. Sei que posso mudar de ideia amanhã sobre algo que penso hoje e tá tudo bem! Aprendi isso ontem, quando precisei mudar e me transformar no que hoje sou!

Essência



Eu queria mergulhar em um poço de palavras inexistentes, um universo onde cada termo fosse moldado exatamente para carregar o peso e a leveza dos meus sentimentos. Palavras que se encaixassem perfeitamente, ocupando todos os espaços vazios da comunicação, como água preenchendo cada canto de uma fenda.

Sonho com letras que não apenas descrevam, mas respirem — que tragam no sopro de cada sílaba a essência do que sou e sinto. Que falem de coração para coração, sem deixar margem para dúvida, sem arestas que cortem a compreensão.

Que cada palavra escolhida seja um reflexo límpido de um pensamento decifrado. Que cada frase construída seja uma ponte direta para a alma. E, acima de tudo, que esse mergulho profundo permita um amor compartilhado, onde nada precise ser dito além do que já foi perfeitamente sentido.

⁠A Fragilidade da Confiança: Quando Ser Ouvida Se Torna Uma Nova Dor

Quebrar minha confiança depois que me abri, depois que confiei a você minhas dores mais profundas, é mais do que uma decepção — é me fazer reviver tudo o que lutei para superar. Quando falei dos meus medos, das minhas cicatrizes, quando me permiti ser vulnerável, eu estava entregando uma parte frágil de mim, acreditando que seria acolhida, não exposta.

Trair essa confiança não é só uma falha, é uma ferida reaberta. É me fazer sentir, mais uma vez, que segurança é apenas uma ilusão, que o cuidado que esperei encontrar era apenas um reflexo distorcido. Quando alguém rompe essa confiança, não é só no outro que deixo de acreditar — começo a duvidar de mim mesma, da minha capacidade de confiar, de me entregar sem medo.

Reconstruir essa confiança parece impossível. Não porque não queira, mas porque o medo grita mais alto. Porque uma vez que sou ferida por quem prometeu me proteger, tudo o que resta é a sensação de estar, mais uma vez, desprotegida no mundo.

⁠Não é o toque que me prende, nem o desejo que me arrasta. Se a alma não me chama antes, o corpo nunca me basta.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Não é o toque que me prende,
nem o desejo que me arrasta.
Se a alma não me chama antes,
o corpo nunca me basta.

⁠Reconexão com a Alma – Entre as Sombras e a Luz

Hoje, me encontro em uma fase de profunda introspecção e dor. A depressão, como uma sombra silenciosa, me impede de fazer o que amo, de pegar o equipamento, de capturar a beleza que o mundo me oferece. Vejo minhas fotos acumuladas, como se esperassem, pacientemente, para serem vistas e compartilhadas. A vontade de me conectar com as pessoas, de retornar às ruas e à arte que tanto amo, está aqui, mas não consigo encontrar forças para avançar.

Recebo cobranças, palavras que pedem que eu volte, que eu movimente as redes sociais, que eu me mostre novamente. Mas, por dentro, as palavras se misturam com o vazio e o silêncio. Por mais que eu queira dar continuidade aos projetos, a paixão que antes me movia parece ter se dissipado, e o impulso criativo que me fazia levantar e agir se perdeu em algum lugar.

No entanto, quando volto aos meus arquivos, quando revisito uma fotografia ou leio um texto guardado, algo dentro de mim é tocado. É como se cada imagem, cada palavra escrita, fosse um lembrete do que eu sou capaz, um resgate da minha essência. E, a cada novo olhar, a cada palavra lida, sinto que me encontro um pouco mais.

Ainda que a estrada pareça difícil, sei que o meu resgate está aqui, nas imagens e nos textos que guardei para mim. Eu sei que posso voltar, e eu vou voltar. O que é importante é que eu me encontre novamente no meu próprio ritmo, na minha própria essência, e que o meu trabalho seja a chave para esse reencontro. Quando eu vejo o reflexo disso, vejo o impacto que minhas ações têm, e percebo que a cultura está se movimentando, que o olhar das pessoas está mudando, sinto que o trabalho árduo e silencioso valeu a pena. Essa é a recompensa que me move a continuar. E, um dia, esse caminho de volta será completo.
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⁠Na falta de tudo, me permito ficar, mas não me permito ficar sem a presença de Deus


Quando tudo ao redor se esvai, quando o tempo parece estagnado e os dias se confundem entre cansaço e espera, permito-me ficar. Não por conformismo, mas por necessidade. Ficar, por vezes, é um ato de coragem, um reconhecimento de que nem sempre é possível avançar, mas ainda assim, há força para permanecer de pé.

Fico, mesmo quando o silêncio pesa. Fico, mesmo quando a ausência grita. Fico, porque sei que há um propósito, ainda que meus olhos não o alcancem agora. Mas há algo que não posso me permitir: ficar sem a presença de Deus.

Porque é Ele quem preenche os vazios que o mundo não consegue preencher. É na Sua presença que o fardo se torna suportável, que a alma encontra descanso e que o coração, mesmo ferido, pulsa com esperança.

Que me falte tudo, mas que nunca me falte Ele. Pois, se Deus está, mesmo na escassez há abundância. Mesmo na dor há consolo. Mesmo na espera há propósito.

E assim eu sigo: ficando, resistindo, confiando. Não sozinha, mas sustentada por uma presença que nunca me abandona.

Monumento Aratu: Onde o Pertencimento Ganha Voz


Nas margens de Indiaroba, onde os manguezais guardam histórias e sustento, ergue-se o Monumento Aratu.
Mais que um cartão postal, ele é um marco vivo da nossa identidade, um espelho onde o nosso povo se reconhece.


O aratu, pequeno crustáceo que habita nossos manguezais, carrega o sabor das tradições e o peso do trabalho diário.
Nas mãos das marisqueiras, ele é sustento e herança. Ao som dos cantos e assovios entoados durante a pesca, nasce uma melodia única — símbolo de resistência e pertencimento — transformando o trabalho em um ritual que celebra nossas raízes.


Erguer o Monumento Aratu foi muito mais do que criar um ponto turístico: foi um ato de reconhecimento e orgulho.
Foi afirmar que nossa cultura tem força, que nosso povo merece ser visto e celebrado. Cada morador que olha para esse monumento vê um pedaço de si: sua história, suas memórias e as mãos calejadas que alimentam nossa cidade.


Esse sentimento de valorização vai além da arte. Nossa própria economia carrega esse símbolo: a moeda social digital Aratu, movimentada por cartões e aplicativos, circula dentro do município para fortalecer o comércio local e apoiar as famílias. Cada transação reafirma o compromisso com nosso crescimento coletivo e o pertencimento à nossa terra.


O Monumento Aratu é mais que uma escultura:


✨ É representatividade.
✨ É o canto das marisqueiras ecoando no vento.
✨ É o assovio que guia o olhar atento pelos manguezais.
✨ É a lembrança viva das gerações que vieram antes.
✨ É a marca das mãos retalhadas, quebrando o aratu para nos sustentar.


Que cada visita, cada registro e cada olhar lançado a esse monumento desperte em nós a certeza de que pertencemos.
Porque, aqui, nossa história não está apenas escrita: ela está viva, cantada e celebrada todos os dias.








✍🏻 ©@jorgeane_borges




#MonumentoAratu #PertencimentoQueUne #CulturaViva
#ManguezaisQueCantam #OrgulhoDeViverAqui #RaízesDeIndiaroba

Monumento Aratu: Onde o Pertencimento Ganha Voz


Nas margens de Indiaroba, onde os manguezais guardam histórias e sustento, ergue-se o Monumento Aratu.
Mais que um cartão postal, ele é um marco vivo da nossa identidade, um espelho onde o nosso povo se reconhece.


O aratu, pequeno crustáceo que habita nossos manguezais, carrega o sabor das tradições e o peso do trabalho diário.
Nas mãos das marisqueiras, ele é sustento e herança. Ao som dos cantos e assovios entoados durante a pesca, nasce uma melodia única — símbolo de resistência e pertencimento — transformando o trabalho em um ritual que celebra nossas raízes.


Erguer o Monumento Aratu foi muito mais do que criar um ponto turístico: foi um ato de reconhecimento e orgulho.
Foi afirmar que nossa cultura tem força, que nosso povo merece ser visto e celebrado. Cada morador que olha para esse monumento vê um pedaço de si: sua história, suas memórias e as mãos calejadas que alimentam nossa cidade.


Esse sentimento de valorização vai além da arte. Nossa própria economia carrega esse símbolo: a moeda social digital Aratu, movimentada por cartões e aplicativos, circula dentro do município para fortalecer o comércio local e apoiar as famílias. Cada transação reafirma o compromisso com nosso crescimento coletivo e o pertencimento à nossa terra.


O Monumento Aratu é mais que uma escultura:


✨ É representatividade.
✨ É o canto das marisqueiras ecoando no tempo.
✨ É o assovio que guia o olhar atento pelos manguezais.
✨ É a lembrança viva das gerações que vieram antes.
✨ É a marca das mãos retalhadas, quebrando o aratu para nos sustentar.


Que cada visita, cada registro e cada olhar lançado a esse monumento desperte em nós a certeza de que pertencemos.
Porque, aqui, nossa história não está apenas escrita: ela está viva, cantada e celebrada todos os dias.




@jorgeane_borges

A PERMANÊNCIA DA ORIGINALIDADE E DA CULTURA LOCAL


A cultura de um povo é seu alicerce, sua identidade, aquilo que o torna único em meio a tantas influências externas. Manter essa originalidade não significa rejeitar referências de fora, mas preservar o que nos distingue, o que faz parte de nossa essência e de nossas tradições.


Em um mundo cada vez mais globalizado, é comum que elementos culturais se misturem e que novas influências cheguem até nós. No entanto, é fundamental compreender que valorizar o que é nosso não exige que nos moldemos ao que vem de outras cidades ou regiões para sermos reconhecidos. Pelo contrário, é no simples, bem feito, na constância e na organização que a verdadeira beleza das nossas raízes se fortalece.


A preservação cultural não é apenas uma questão de estética ou de manter costumes antigos por tradição. Ela é um ato de resistência e de identidade. Quando cuidamos das nossas práticas, festas populares, histórias e expressões artísticas, estamos assegurando que nossa essência continue viva e seja transmitida às próximas gerações.


Manter a originalidade é valorizar a memória coletiva, é reconhecer que cada canto do país tem suas próprias narrativas, símbolos e manifestações que merecem ser respeitados. A diversidade cultural brasileira é justamente o que a torna tão rica, e cada povo tem um papel essencial nesse mosaico.


Defender nossa cultura é investir em pertencimento, é criar laços entre passado, presente e futuro. É garantir que o que nos torna singulares não se perca em meio às influências passageiras. Ao respeitar e fortalecer nossas tradições, não apenas preservamos nossa identidade, mas também oferecemos ao mundo um exemplo genuíno de quem somos.


É essa permanência da originalidade que mantém viva a alma de um povo e dá sentido à sua história.

Carta aos que Sentem Demais


A vocês, que carregam o mundo nos ombros e o coração nas mãos, escrevo.
Sei como é viver à flor da pele, como se cada olhar fosse um poema, cada silêncio uma tempestade. Sentir demais é como ter uma alma sem pele: tudo toca, tudo invade, tudo dói, mas também é assim que vocês veem beleza onde ninguém vê.


Vocês, que transformam dor em arte, silêncio em música e lembrança em poesia, são feitos de um tecido raro, quase transparente. São o que o mundo não entende, mas precisa: profundidade em meio à pressa, delicadeza diante do caos.


Que nunca deixem que digam que "sentir demais" é fraqueza. É força. É o que move pincéis, afina instrumentos e acende palavras no papel. É o que mantém viva a chama de um espírito criativo que insiste em enxergar sentido até no que parece ruir.


Sigam. Sintam. Transformem.
Pois é da sensibilidade de vocês que o mundo bebe a esperança que esqueceu de cultivar.




6 de Agosto de 2025

Versos de Esperança Que nunca falte luz nas mãos que moldam o invisível, nem coragem nos olhos que ousam sonhar. Pois cada traço, cada som, é uma janela aberta ... Frase de Jorgeane Borges.

Versos de Esperança


Que nunca falte luz nas mãos que moldam o invisível,
nem coragem nos olhos que ousam sonhar.
Pois cada traço, cada som,
é uma janela aberta
para o amanhã que insiste em nascer.


06 de agosto de 2025

⁠ A Espera como um Jardim Fechado

Dentro de mim, há um jardim que floresce no toque certo, na voz certa, no cheiro certo. Mas não abro meus portões para qualquer um. Já vi mãos impacientes arrancarem pétalas que mereciam ser admiradas. Então, eu espero. E, enquanto espero, meu desejo cresce, se espalha, se fortalece. Porque quando a pessoa certa vier, encontrará em mim um campo inteiro pronto para ser explorado.


Carta aos Artistas


A vocês que mergulham onde poucos ousam entrar,
que transformam silêncio em palavra,
dor em poesia,
e notas soltas em melodias que curam.


Ser artista é viver com os sentidos à flor da pele,
perceber o que passa despercebido,
ouvir a música escondida no vento,
e enxergar cores que o mundo ainda não aprendeu a nomear.


Vocês conhecem a solidão criativa,
o peso doce da introspecção,
os mergulhos que parecem não ter fim.
E ainda assim, dessa profundidade,
trazem à tona o indizível,
e o fazem soar como verdade.


A arte é a prova de que a alma respira.
Seja pela pintura, pela dança,
pela palavra escrita ou pelo som que vibra no ar,
vocês eternizam sensações que não cabem na fala.


Sigam, artistas.
Continuem afinando sentimentos como cordas de um instrumento,
transformando fragmentos de vida em algo que ecoa.


Vocês não apenas criam.
Vocês revelam o invisível,
dão voz ao silêncio,
e nos lembram que sentir —
é, em si, um ato de resistência.




6 de Agosto de 2025

⁠Camadas

Sou feita de camadas, e quem me vê de longe pode achar que sou fechada, difícil de alcançar. Mas a verdade é que cada camada tem um propósito, um tempo, um significado.

Não me entrego de imediato, porque sei que o que é profundo precisa ser descoberto pouco a pouco. Como um jogo onde cada nível revela algo novo, onde a cada avanço a intimidade cresce, a conexão se fortalece, o laço se estreita.

Alguns desistem antes de tentar. Outros se frustram porque acham que deveriam ter tudo de mim de uma vez. Mas aqueles que compreendem, que têm paciência para desbravar cada camada, descobrem que, no centro, há algo raro.

Porque meu amor não se dá pela metade. Meu sentir não é superfície. Para quem tiver coragem de ir além, há um mundo inteiro a ser explorado dentro de mim.

⁠Sabe o que me corrói?


Me perceber fria,
apática,
triste.
E ainda saber que desconheço
outro ser que, como eu,
carrega uma alma amorosa,
doce,
intensa,
acolhedora,
e de sorriso fácil.

Me sinto vazia,
como se tivesse me perdido
em algo que não sei mais nomear.
Onde está a minha essência?
Onde está o amor que eu sempre dei?
O sorriso que eu não conseguia esconder?

Isso me consome,
porque sei que posso ser tudo isso de novo,
mas ainda não encontrei o caminho de volta.

⁠Águas Profundas


Sinto-me como um rio de pensamentos, sempre fluindo, mas com águas tão profundas que, por vezes, mal sei onde começa o meu reflexo e onde termina o que é externo a mim. Eu sou tantas em uma só, e é difícil explicar. Cada emoção minha, cada desejo, se mistura com outros, criando uma corrente que não pode ser parada, nem contida. Não sou uma mulher de facetas simples, e o que mais busco é um encontro genuíno que me permita ser vista em todas as minhas nuances. Não tenho pressa, mas não quero ser apenas entendida, quero ser sentida.

⁠Rio Real – O Inesquecível em Suas Águas

Às vezes, buscamos palavras para descrever o que simplesmente se sente. Tentamos traduzir em frases aquilo que transborda no olhar, no toque da brisa, no reflexo da luz dançando sobre as águas.

O Rio Real não é apenas um curso d’água, é testemunha silenciosa da história do nosso povo. É espelho de quem somos, guardião de memórias, caminho que leva e traz vidas. Suas margens contam histórias que não precisam de explicação, apenas de vivência.

Há coisas que não se explicam, apenas se sentem. E quem já se deixou envolver por essas águas sabe: o Rio Real não passa, ele permanece.

⁠A Alma da Mulher

A alma da mulher não se mede em passos,
mas na profundidade do que sente.
É oceano que transborda em marés de silêncio,
mas que nunca deixa de ser corrente.

Guarda em si os ventos de todas as estações,
as folhas que caem, as flores que renascem.
É feita de pausas e recomeços,
de memórias que o tempo não desfaz.

A alma da mulher é feita de entrega,
mas nunca de rendição.
Sabe ser abrigo e tempestade,
ser luz e sombra na mesma canção.

Carrega consigo histórias não ditas,
cicatrizes que se tornaram poesia.
E mesmo quando o mundo a tenta apagar,
ela se refaz,
como chama que nunca se esfria.

⁠Por Só Sol

O sol se põe,
mas nunca é só um pôr do sol.
Ele dança na linha do horizonte,
escorrega lento pelo céu,
como quem promete sumir,
mas nunca parte de verdade.

Pisca em tons de ouro,
derrama fogo sobre o mar,
e, num sussurro de luz,
diz que amanhã volta.

Nunca se perde,
nunca se esquece de ser sol.
Brilha onde os olhos não alcançam,
suspira calor em outras terras,
ilumina, mesmo quando não o vemos.

Porque ser sol
é mais que estar à vista—
é existir,
ardendo eterno
em si.

⁠Efêmero e Infinito

Quando eu for, um dia desses,
poeira, levada pelo vento,
quero ser como as estrelas—
que mesmo quando morrem,
não se apagam.

Que meu brilho, mesmo distante,
ainda toque olhares,
ainda ilumine caminhos,
ainda ecoe na memória
de quem um dia me viu brilhar.

Que eu permaneça,
não apenas na lembrança,
mas no sentir.


#AtravésDoMeuOlhar

Além da Imagem: O Olhar que Transcende

A fotografia não é apenas uma imagem congelada no tempo. Não se trata apenas de uma foto; é a tradução visual de um sentimento, uma história que vai além do que o olho pode ver. É um olhar profundo sobre o mundo, uma forma de revelar aquilo que muitas vezes escapa à percepção cotidiana. Cada fotografia carrega uma parte da minha alma, uma expressão única de como vejo e sinto o mundo ao meu redor.

⁠A Graça que Me Alcança, Me Basta e Me Abastece

A graça de Deus não apenas me basta, mas me abastece, me renova e me fortalece quando sinto que não há mais forças. Não é sobre merecimento, sobre ser digna ou perfeita. É sobre um amor que me alcança no meio do caos, que me segura quando tudo parece desmoronar.

Ela preenche os vazios, acalma as inquietações e me lembra que não estou sozinha. Mesmo quando minha pressa grita e minha ansiedade tenta tomar o controle, Sua graça já é suficiente. O segredo é confiar, mas confiar é também o mais difícil. Queremos as coisas no nosso tempo, do nosso jeito, com respostas rápidas e certezas imediatas.

Vivemos cheios de urgências, de expectativas, mas Deus nos convida a descansar, a lembrar que Ele está no controle. E quando olho para trás, percebo: Ele sempre cuidou de tudo. Até nos momentos que não entendi, até nos silêncios que pesaram, Sua bondade nunca falhou.

Estou sobre essa graça que me alcança. Ela me sustenta, me molda e me ensina que, mesmo quando parece que falta algo, n’Ele eu já tenho tudo.

⁠A Solidão da Minha Solitude

Há um vazio que me visita sem pedir,
mesmo quando tudo parece estar em paz.
É a ausência que mora no peito
quando escolho estar só,
mas não deixo de desejar companhia.

Minha solitude tem nome,
tem gosto de café frio e cama arrumada demais.
É minha, mas às vezes pesa.
Não grita, mas se impõe com um silêncio
que fala de mim mais do que mil palavras.

É escolha… mas também falta.
É liberdade… mas também espera.
Porque há dias em que o silêncio me acolhe,
e outros em que ele me abandona.

Queria às vezes dividir o pôr do sol,
contar as estrelas com alguém que ficasse.
Alguém que entendesse
que até quem gosta do próprio espaço
anseia, vez ou outra, por um colo.

E nessa dança entre o querer e o suportar,
vou existindo: inteira, mas com vazios.
Solta, mas sonhando com um laço.
Sozinha, mas querendo ser achada.

⁠Rio de Gente

O rio corre, mas não é de água,
é de passos, vozes, multidão,
deságua em esquinas, sobe calçadas,
se espalha em ondas pelo chão.

O tempo escorre sem despedida,
como quem parte sem olhar,
mais um dia que se dissolve
nas luzes pálidas do lugar.

Mas há um sonho que não se apaga,
uma chama acesa a resistir,
pois tudo que é vivo se refaz,
e tudo que é rio aprende a seguir.

⁠O Gosto do Tempo Sem Pressa

Te vejo me devorar primeiro com os olhos, como se cada detalhe meu fosse uma fome antiga. E quando tua boca me encontra, não há espaço para pressa—só o ritmo certo de quem sabe exatamente o gosto que procura. É como se o tempo fosse outro, mais lento, mais profundo. Cada toque é uma descoberta, cada beijo uma lembrança de algo que nunca se esqueceu. No abraço, sinto o mundo sumir e restar só nós, sem pressa de acabar, sem pressa de fugir do que é real. Só o agora, só o momento, só o desejo que se faz carne.

Fragmentos que Ecoam


Há instantes que o tempo não leva.
Eles permanecem, suspensos,
como se aguardassem o toque de um olhar
para voltarem a existir.


Não é sobre a imagem em si.
É sobre quem escolheu parar,
sentir, priorizar e preservar um pedaço do mundo.
Sobre quem decidiu que aquele segundo
não poderia se perder no esquecimento.


Cada fotografia é uma ponte:
não liga apenas o passado ao presente,
mas reconecta o coração
às sensações que moldaram quem somos.


No fim, não é sobre a foto,
mas sobre o ato de lembrar.
Sobre guardar, dentro de si,
as marcas invisíveis das emoções
que insistem em ecoar.

Num instante, o olhar aprisiona o tempo, e a memória ganha eternidade.... Frase de Jorgeane Borges.

Num instante, o olhar aprisiona o tempo, e a memória ganha eternidade.

A Miragem


Há caminhos que só os olhos da alma conseguem ver.
À distância, parecem tão nítidos quanto um sonho desperto,
mas quando nos aproximamos, dissolvem-se,
como areia levada pelo vento.


A miragem não engana, ela revela.
Mostra a sede que carregamos,
o desejo escondido por trás do horizonte, um destino que criamos aqui dentro do peito.
Ela é o reflexo do que buscamos,
mesmo quando não temos nome para o que sentimos.


Talvez não seja sobre chegar até ela,
mas sobre o quanto caminhamos por acreditar que existe.
Porque é no percurso, entre o real e o ilusório,
que descobrimos nossa própria essência:
somos feitos de passos e esperanças,
mesmo quando o chão parece infinito
e o oásis nunca chega.


A miragem é um lembrete silencioso:
há beleza também naquilo que não se toca,
há verdade até mesmo na ilusão
que nos faz continuar a andar.

Consciência em Papel


Escrevo porque, às vezes, falar não basta.
Porque minha voz se perde no ar, mas as palavras escritas… elas permanecem.
Cada linha é um pedaço meu, uma confissão silenciosa que não precisa de plateia.


Aqui, não existe medo de julgamento.
Aqui, eu não preciso sorrir para suavizar minha dor nem me explicar para ninguém.
O que deixo escrito é a minha consciência escancarada, crua, nua.
É o reflexo do que penso quando tudo silencia, quando ninguém está olhando.


E não, não é drama.
Não é exagero.
É apenas o retrato de existir com o peso que carrego, tentando não incomodar, tentando caber no mundo sem fazer barulho demais.


Escrevo porque é o que me resta quando falar não funciona.
Porque aqui, neste papel, posso ser inteira.
Posso admitir o cansaço, a confusão, o vazio.
Posso dizer que às vezes a vida dói mais do que deveria, e que seguir em frente parece uma vitória silenciosa que ninguém vê.


Se você lê, talvez se reconheça.
Talvez sinta que essas palavras também são suas.
E, nesse instante, é como se eu não estivesse tão sozinha dentro delas.


No fim, é isso:
O que deixo escrito não é só texto.
Sou eu, inteira, existindo em palavras.
Mesmo quando o mundo prefere que eu me cale.

Reflexos da Alma: A Arte de Capturar e Expressar

⁠Cada imagem é uma janela aberta para o íntimo, uma fração de alma capturada em um instante. A fotografia, como uma linguagem silenciosa, fala ao coração de quem a observa, conectando sentimentos que palavras às vezes não conseguem. Mas, assim como uma imagem, as palavras também carregam o peso do que não se vê, traduzindo o invisível em sentimentos tangíveis. Quando unimos esses dois mundos — a visão e a expressão escrita —, criamos uma ponte entre o visível e o intangível, onde as emoções se encontram e se revelam.

⁠Onde a admiração desfalece, onde o respeito silencia, o amor não respira. Parta antes que reste apenas a sombra do que foi.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Onde a admiração desfalece, onde o respeito silencia, o amor não respira. Parta antes que reste apenas a sombra do que foi.

⁠Ouvir Também Salva

Setembro Amarelo é um mês que me deixa inquieta. A intenção é genuína, mas parece que a luta é contra o depressivo, não contra a depressão. Falar é importante? Sim. Mas falar só funciona quando há ouvidos preparados para ouvir de verdade.

O problema é que, na maioria das vezes, as pessoas não sabem como lidar. Dizem palavras que, em vez de ajudar, empurram ainda mais fundo no abismo. "Você precisa ser forte", "Isso é falta de fé", "Todo mundo tem problemas." Essas frases são golpes invisíveis que aumentam a dor.

O que falta, então? Conscientização. Não para quem tem depressão, mas para quem convive com essas pessoas. Setembro Amarelo deveria ser um mês para ensinar como ouvir sem julgamento, como identificar os sinais silenciosos de alguém pedindo socorro, como se posicionar com empatia e dizer as palavras certas — ou simplesmente ficar em silêncio e estar presente.

Porque muitas vezes não é o falar que salva, mas o saber ouvir. E ouvir, de verdade, também é uma forma de amor.

⁠Teu Reflexo

No espelho, te olhas, mas sem te enxergar,
a vida tão dura fez tudo apagar.
Mas dentro do peito ainda há clarão,
bela, intensa—és furacão.

Teu riso esquecido, tua pele, o traço,
história bordada no tempo, no espaço.
És força que brilha, és flor que renasce,
és fogo que a vida jamais apaga-se.

Então te permita, volta a se ver,
no espelho, mulher, és puro viver!

⁠Olhar que Ecoa no Tempo A fotografia é o silêncio que fala do tempo, congelando o que escapa ao olhar e preservando o que a memória se recusa a perder. Um olha... Frase de Jorgeane borges.

⁠Olhar que Ecoa no Tempo

A fotografia é o silêncio que fala do tempo, congelando o que escapa ao olhar e preservando o que a memória se recusa a perder. Um olhar que ecoa no tempo, ressoando o passado e eternizando o presente.

⁠Olhar não tira pedaço, mas mexer causa embaraço.


Nem tudo precisa ser tocado, explorado ou decifrado. Há coisas que existem para serem admiradas à distância, sem a necessidade de interferência. O olhar pode ser curioso, contemplativo, até mesmo invasivo, mas é no toque – na ação impensada – que se criam os verdadeiros desencontros.

Respeitar o espaço do outro, compreender limites e reconhecer que nem tudo precisa ser desvendado é um gesto de sabedoria. Porque, no fim, o problema nunca esteve no olhar, mas na intenção por trás do movimento.

⁠O Sexo Como Encontro de Almas

Sexo, para mim, sempre foi mais que um ato, mais que um instante de prazer ou um impulso do corpo. Sempre acreditei que Deus não o fez apenas para a procriação, mas para a fusão — um encontro que vai além do toque, que transpõe a matéria e alcança a alma.

Quando dois corpos se entregam por inteiro, algo maior acontece. Não é apenas carne sobre carne, é energia se misturando, essências se reconhecendo. É um ritual silencioso onde nos tornamos um, transcendendo o tempo, o espaço e tudo o que nos separa.

Penetrar o outro não é apenas um ato físico; é entrar em sua alma, explorar suas profundezas, desvendar mistérios guardados na pele e na respiração. É um convite à entrega total, onde não há barreiras, apenas o desejo de sentir e ser sentido.

Na comunhão dos corpos, as almas conversam. Sussurram segredos em cada arrepio, se reconhecem na sintonia dos gestos, se perdem e se encontram no pulsar do desejo. E quando o silêncio chega, não é vazio — é plenitude. Porque o verdadeiro sexo não termina quando os corpos se afastam, mas permanece na energia trocada, no que um deixou no outro, no que se tornou juntos.

E é nisso que eu acredito: no sexo como portal, como transcendência, como um sagrado diálogo entre almas.

⁠A Bondade que Nos Escapa, Mas Nunca Falha

Queremos enxergar a bondade de Deus nas bênçãos óbvias: nas portas abertas, nas respostas rápidas, nos dias de alegria. Mas e quando Ele nos conduz por caminhos que doem? Quando a resposta é um silêncio que pesa? Quando o que achamos que era certo não acontece?

A bondade de Deus não é medida apenas pelo que conseguimos compreender. Ela está presente até nas perdas, nos adiamentos, nos recomeços forçados. Porque Ele não nos dá apenas o que queremos, mas o que realmente precisamos.

Às vezes, olhamos para trás e percebemos que aquilo que nos feriu foi também o que nos fortaleceu. Que o "não" que doeu foi um livramento. Que o tempo de espera foi, na verdade, um tempo de preparação.

Essa é a bondade difícil de entender, mas que nos sustenta. Uma bondade que não mima, mas amadurece. Que não atende caprichos, mas molda o coração. E que, mesmo quando não faz sentido, continua sendo real.

Desvelando a Morte: O Caír das Cortinas

A morte há de ser como
O cair das cortinas entre a cria e a criatura,
A parede invisível que nos separa da eternidade,
Podendo assim estar diante do Criador.

O rasgar do tecido fino que separa o agora do infinito,
Revelando a nudez do ser humano,
Deixando para trás todas as bagagens e tesouros
Que acumulamos em vida,
Mas que ali não têm utilidade alguma.

Nesse momento, tarde demais,
Percebe-se o quão fútil pode ser a vida,
E que talvez a morte não seja o problema.
Ela há de ser uma solução,
Uma passagem para o eterno e o desconhecido,
Onde o peso do viver finalmente se dissolve.

⁠A indiferença não grita, não sangra, não arranca — ela corrói em silêncio. Vai tirando aos poucos a cor dos sentimentos, o brilho dos olhos, o calor dos gestos. É uma tortura sem ferida visível, mas que fere fundo, porque o que machuca de verdade não é o que se diz, mas o que se deixa de sentir.

A distância, por sua vez, parece às vezes o único caminho possível. Um remédio amargo, sim, mas necessário quando o coração pede silêncio e espaço. Só que, como todo remédio forte, é preciso cuidado com a dose. O que foi receitado para curar pode, em excesso, se tornar veneno. E assim, entre ausências e silêncios, o que poderia se transformar em cura vira luto.

O amor não morre de repente. Ele vai se apagando entre olhares que já não se encontram, entre palavras que já não vêm. Primeiro esfria, depois adormece. Até que um dia, sem que se perceba, deixa de existir. E tudo o que sobra é um eco do que um dia já foi vida pulsante.

⁠Sempiterno

Há coisas que o tempo não apaga. Elas resistem ao desgaste dos dias, atravessam silêncios, sobrevivem às ausências. São memórias que se recusam a se dissipar, sentimentos que se enraízam tão profundamente que se tornam parte de nós.

O instante capturado por um olhar atento, a palavra dita no momento certo, o toque que aqueceu uma despedida—tudo isso continua a ecoar, mesmo quando o tempo tenta impor sua lógica de esquecimento. Porque aquilo que é verdadeiramente vivido não se dissolve.

Há quem pense que a eternidade está no que nunca se desfaz. Mas talvez ela resida, na verdade, naquilo que, mesmo findo, permanece. No que escolhemos guardar, no que nos permitimos sentir, no que cultivamos para além do agora.

O sempiterno não se mede pelo tempo. Mede-se pelo impacto.

⁠Mulher, Reencontre-se

Você já se olhou hoje? Não com os olhos cansados da rotina, não com a pressa de quem se esqueceu no espelho. Mas com a alma, com o cuidado de quem merece ser vista?

O tempo pode ter levado sua leveza, a vida pode ter apagado a poesia dos seus lábios, mas nunca, jamais, tirou sua beleza. Porque beleza não é sobre medidas, não é sobre idade, não é sobre o que o mundo insiste em dizer. Beleza é sobre presença. E você ainda está aqui.

Dentro de você há uma mulher que pulsa, que sente, que um dia sonhou e que talvez tenha esquecido como se reconhecer. Mas eu vejo. Vejo no brilho sutil dos seus olhos, no gesto delicado das suas mãos, na força que carrega mesmo quando pensa que não há mais nada.

Se permita olhar para si com gentileza. Se permita se enxergar além das marcas do tempo, além do que te disseram que você deveria ser. A mulher que você busca nunca foi embora. Ela apenas espera ser chamada de volta.

E quando você se encontrar novamente, prometo: você vai se surpreender com quem sempre foi.

⁠Tempo Fragmentado A fotografia é poesia e canção, composta por sombra, luz, sentimentos e sensações. Um momento que, em fração de segundos, congela um olhar no... Frase de Jorgeane borges.

⁠Tempo Fragmentado

A fotografia é poesia e canção, composta por sombra, luz, sentimentos e sensações.
Um momento que, em fração de segundos, congela um olhar no tempo eterno, para que não caia no esquecimento.

⁠Sempiterno

Há memórias que não se apagam,
sentimentos que nunca partem.
Resistem ao tempo, ao vento,
ecoam onde o silêncio arde.

Um instante, um toque, um nome,
gravados na pele da alma.
Não é o tempo que os consome,
mas o que o coração acalma.

O eterno não mora no tempo,
nem se mede em dias ou horas.
É presença que nunca se ausenta,
mesmo quando a vida vai embora.

⁠O Tempo que Ficou

Há um lugar dentro de mim, onde o tempo parece não ter passado. Ele ainda existe, como se os dias que vivi ao lado de meus avós estivessem apenas aguardando para serem revisitados. Eu os vejo, seus sorrisos, seus gestos, como se pudessem voltar ao meu lado a qualquer momento. Eu os vejo na quietude da noite, na luz suave da manhã, no som do vento que parece sussurrar seus nomes. E a saudade, essa saudade que aperta o peito, é o que me lembra que eles sempre estarão ali, mesmo que o corpo se tenha ido.

O amor deles por mim era puro, simples, sem exigências. Era um amor que não precisava de palavras, um amor que se mostrava nos pequenos detalhes: no café quente que me ofereciam, nas mãos calejadas que me acariciavam, no olhar atento que me guiava, me protegia. Não eram só meus avós, eram meus pais, meus pilares, minha razão de existir. Eu os carrego dentro de mim, como quem carrega um segredo precioso. Eles estão em tudo o que sou, nas decisões que tomo, nos momentos de quietude, na forma como vejo o mundo.

Ah, como eu queria voltar no tempo! Reviver aqueles instantes em que tudo o que importava era o calor do abraço, a segurança das palavras que me consolavam. O tempo, que agora me escapa entre os dedos, se torna um lamento doce, uma vontade de regressar àqueles dias onde a vida parecia mais gentil, mais devagar. Em cada canto, em cada cheiro, em cada lugar que me rodeia, existe a lembrança deles, e mesmo que o tempo tenha se levado suas vozes, a essência deles ainda vive em mim, vibrando com uma força que não cede.

A saudade que sinto não é um vazio; ela é um espaço preenchido de amor. É um amor que transcende a morte, que resiste ao tempo e que permanece, forte e constante, na minha alma. Eles são a parte de mim que nunca se vai, que nunca se apaga. Eu os carrego em cada passo, em cada sorriso, em cada gesto, pois sei que, no fundo, eles nunca me deixaram. Estão em tudo, em cada pedaço de memória que permanece comigo.

A vontade de voltar ao tempo, de reviver aqueles dias, é mais do que um desejo. É a certeza de que, apesar de tudo, o que construímos permanece. Eles continuam a viver, através do amor que não passa, da saudade que não morre, da presença que, embora ausente, nunca se vai.

O Eco das Memórias


A fotografia é mais do que uma imagem estática. É um fragmento do tempo que ousou permanecer. Guardar uma memória revelada, é eternizar instantes que, de outra forma, escorreriam pelos dedos. Cada fotografia é uma história contada sem palavras, aberta a múltiplas interpretações, capaz de despertar lembranças e sentimentos únicos em quem a observa.


Mas a verdadeira narrativa, aquela que pulsa por trás da imagem, só pode ser desvelada pelo olhar que a capturou. Porque é nesse olhar que vive o instante exato em que a luz, o silêncio e a emoção se encontraram para formar um eco no tempo, um eco que resiste, que fala, que permanece.


Fotografar é mais do que registrar: é transformar momentos em eternidade e silêncios em memórias que nunca se calam.

⁠Impressões do Tempo

Há momentos que escapam aos olhos, não porque são rápidos, mas porque carregam o peso de tudo o que já foi e tudo o que poderia ter sido. Eles se encolhem no peito, se tornam memória antes mesmo de se tornarem reais, como se o tempo já os estivesse preservando. Não são os dias que permanecem, mas os sentimentos que se escondem entre suas frestas.

Eu não busco registrar a mim mesma, mas o que escapa de mim—o que não posso segurar, mas que se derrama de forma silenciosa nas coisas que toco. Um olhar que atravessa a janela, o suspiro de uma folha que se entrega ao vento, o silêncio que respira entre as palavras não ditas. É nisso que estou. Não na imagem que a câmera captura, mas no que ela não pode revelar: o que pulsa além da pele, além do instante.

As memórias não são fotografias. Elas são ecos. São risos que ainda ressoam nas paredes de uma casa vazia. São promessas sussurradas entre o amanhecer e a noite, palavras que se tornam raízes na alma, mesmo quando não temos consciência delas. E é nelas que fico. Não na forma como o mundo me vê, mas na forma como o mundo me sente.

Quando alguém olha para uma foto e sente um arrepio sem saber o porquê, é porque aquela memória, aquela emoção, encontrou um espelho no coração dele. Não somos feitos de imagens. Somos feitos de vivências, de ressonâncias que, mesmo distantes no tempo, ainda têm poder de tocar, de mover, de transformar.

E no fim, é isso que me torna eterna. Não as fotos, não as palavras, mas a sensação de que algo em mim permanece, sem precisar ser guardado.

E Quando a Morte me Encontrar?

Desejo que a morte me encontre viva.
Porque viver é diferente de apenas existir.

Há tempos me pergunto o que é vida, pois o que tenho não passa de um eco vazio, uma sucessão de dias sem cor, sem pulsação. Se viver for apenas isso — sobreviver sem sentir — talvez o encontro com a morte não seja tão assustador.

Mas se ela demorar, que me encontre desperta, de alma incendiada, com olhos brilhando pelo peso e a beleza dos instantes. Que ela veja em mim alguém que, mesmo entre abismos, soube amar, sonhar e se permitir sentir.

Se a vida quiser me manter aqui, que me devolva o direito de ser plenamente viva.


⁠Autorretrato em Palavras

Sou intensa, profunda e sensível. Carrego dentro de mim uma força que resiste, mesmo quando o peso das emoções tenta me soterrar. Vivo em uma busca constante por significado — questiono o mundo, a mim mesma, minhas escolhas, minhas dores, minha fé e as falhas humanas que me habitam.

Sinto tudo em excesso e, por isso, reflito sobre tudo. Tento compreender a vida além da superfície, mesmo sabendo que nem todos estão dispostos a mergulhar tão fundo. Busco conexões genuínas, verdadeiras, que muitas vezes parecem raras.

Carrego em mim uma mistura delicada de vulnerabilidade e resistência. Deixo pedaços de mim em palavras e imagens, porque desejo que algo de minha alma permaneça. Quero acertar, mesmo quando me perco nesse desejo.

Talvez seja essa busca incessante por sentido que me define: uma tentativa de compreender a mim mesma e ao mundo, sem jamais deixar de ser humana — profundamente humana.

Fotografia: A Alma no Olhar


Fotografar, para mim, é a arte de perceber o mundo de forma única e sensível. A fotografia não é apenas sobre capturar uma imagem, mas sobre transformar a maneira como as coisas são vistas. Busco mostrar o que muitas vezes passa despercebido pelo coletivo, revelando o que falta nos olhos comuns: uma conexão emocional, uma alma no olhar.

Essa sensibilidade me permite enxergar as camadas ocultas de cada cena, trazendo à tona a essência do que está sendo fotografado. Cada clique é uma forma de compartilhar com o outro o que a visão cotidiana não alcança, uma maneira de mostrar que a beleza está muitas vezes escondida na simplicidade, na luz, na sombra, no ângulo. Ofereço aos espectadores uma nova perspectiva, algo que não poderiam ver por si mesmos, pois, minha visão está imbuída de alma e significado.

Uma imagem vai além da técnica; nela, estão contidas histórias e sentimentos. Nela também reside o poder de comunicar sem palavras. Contém experiências e é um convite para que o outro se conecte com a visão mais profunda e sensível do mundo.

⁠Carta Aberta

Àqueles que buscam profundidade nas palavras e sensibilidade na vida,

Este é um convite para olhar além da superfície, para perceber o que a vida e a morte têm a nos ensinar. Em meio à jornada de autodescoberta e expressão, encontrei um caminho onde as palavras não são apenas formadas, mas sentidas. Onde cada frase é uma dança entre o corpo e a alma, e cada pensamento se entrelaça com a essência do ser.

A fotografia, essa arte tão delicada, é a minha forma de traduzir o mundo. A sensibilidade da lente me permite revelar a alma do que é visto, tornando as pequenas coisas em preciosidades. Não se trata apenas de capturar uma imagem, mas de traduzir sentimentos, histórias e conexões invisíveis. Como fotógrafa, busco olhar através de novos olhos, e convido outros a verem a vida de uma maneira mais pura, mais intensa.

Em meus textos, procuro desvelar o oculto. A morte, por exemplo, é mais que o fim de uma jornada. Ela é a cortina que se abre para a eternidade, revelando aquilo que sempre esteve além de nossa compreensão. A vida, com suas complicações e acúmulos, nos leva a crer em muitas coisas. Mas, quando a morte chega, ela nos liberta de tudo o que não serve. E é nesse momento que podemos entender o verdadeiro peso do viver, da transição que nos leva do visível para o invisível, da carne para o espírito.

Tudo o que escrevo e fotografo reflete meu desejo de conectar. Conectar com o íntimo de cada ser, com os sentimentos mais profundos que muitas vezes preferimos esconder. Busco um encontro genuíno, onde as palavras e imagens não sejam apenas expressões de um ego, mas uma forma de tocar a alma. Afinal, o verdadeiro encontro vai além do superficial; é uma dança silenciosa entre quem somos e o que podemos compartilhar.

Meu propósito é claro: transmitir a essência daquilo que vejo, daquilo que sinto. Acredito que, ao fazer isso, posso ajudar outros a se encontrarem também, a verem a beleza do que está diante de nós. A fotografia e a palavra, quando bem utilizadas, podem transformar o simples em algo essencial, algo que toca profundamente.

E assim, sigo criando, escrevendo, fotografando e buscando a verdade nas entrelinhas da vida, da morte e do que reside em nós, em cada momento. Que possamos todos encontrar a nossa própria maneira de nos expressar, de nos conectar com o mundo e com os outros, de entender e de sentir. Pois, ao final, é isso que nos torna verdadeiramente vivos.

Com todo o meu ser,
Jorgeane Borges

⁠O Propósito da Minha Voz

Minha voz não precisa ecoar por multidões para ser significativa. Não é a quantidade de ouvidos que a escutam que determina seu valor, mas a profundidade com que alcança um coração.

Se minhas palavras tocarem uma pessoa — apenas uma — e fizerem com que ela se sinta compreendida, acolhida ou inspirada, então já terei cumprido meu propósito. Porque acredito que propósito não é sobre números, mas sobre conexão verdadeira.

A vida é feita desses encontros sutis, quase invisíveis, onde uma alma encontra outra e algo se transforma. E se minhas palavras deixarem uma marca, mesmo que pequena, então minha voz terá encontrado seu caminho, seu sentido.

Não preciso de aplausos para saber que estou seguindo meu propósito. Basta saber que, em algum lugar, alguém sentiu que não está sozinho. E isso, por si só, já é grandioso.

⁠Ecos de uma Presença Permanente Carrego teu nome no peito, mesmo sabendo que o eco já não encontra resposta. Algumas presenças são assim—partem, mas nunca vão.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Ecos de uma Presença Permanente

Carrego teu nome no peito, mesmo sabendo que o eco já não encontra resposta. Algumas presenças são assim—partem, mas nunca vão.

⁠Inaudível

Eu avisei. Nunca tentei chamar atenção, mas gritei em silêncio por meio das palavras e das imagens que deixei pelo caminho. Algumas pessoas disseram: "Pare com isso, não demonstre suas fraquezas." Outras, com olhos que não sabiam ver além do superficial, soltaram um: "Nossa, isso dói tanto." Houve aquelas que simplesmente ignoraram, fingindo não ver, passando por cima como se eu fosse um borrão despercebido.

Mas eu continuei. Me registrei em cada fragmento de existência, deixando partes de mim em cada texto, cada fotografia, cada história contada com alma. Não porque eu esperava aplausos, mas porque queria apenas ser — inteira, genuína, presente.

Lamento, apenas, imaginar que o dia em que eu partir minhas publicações possam encher de curtidas tardias. Não quero esperar a ausência para ser vista, nem que a valorização venha quando meus olhos já não puderem contemplar.

Eu vivi para me deixar em todos os lugares e em todas as pessoas, ainda que nem sempre percebam. E se a vida é feita de encontros e desencontros, que meu rastro permaneça — não para ser aclamada, mas para ser sentida. Inaudível, talvez, mas eterna.

⁠O Tempo em Fragmentos

A fotografia é um fragmento do tempo, de um lugar, um momento que jamais será o mesmo, não com o mesmo tempo.
Ao visitar um lugar, lembre-se de que aquele tempo permanece vivo apenas na lembrança e fragmentado em fotografia.

Tudo muda: as águas não voltam, as nuvens não formarão a mesma figura, o soprar dos ventos altera as formas, as folhas se renovam e tudo se faz novo.
E, talvez, seja isso que acredito: o tempo fica fragmentado.

Mas, em cada fragmento, há uma parte do todo que nos transforma. A fotografia não é só memória, é um reflexo daquilo que não se vê à primeira vista, daquilo que se sente no silêncio entre o olhar e o gesto. Ela revela o que o olho não percebe no movimento da vida, guardando para sempre aquilo que, de outra forma, se perderia na vastidão do tempo.

Janelas da Alma: A Conexão Entre Imagens e Palavras


⁠A fotografia tem o poder de transformar uma simples imagem em uma janela para o mundo. Através dela, conseguimos enxergar além do óbvio, trazendo à tona uma nova perspectiva, uma que conecta nossa alma ao olhar do outro. Eu acredito que a sensibilidade do fotógrafo é o que torna a imagem mais valiosa. É como se, através do clique, eu transmitisse um pouco da minha essência, permitindo que os outros vejam o que, muitas vezes, está oculto.

Cada foto é uma história que, assim como as palavras, tem o poder de tocar profundamente. E é isso que busco em minha arte: fazer com que você, que está do outro lado, sinta e viva um pouco do que eu experimento, como se estivéssemos em uma mesma jornada emocional. Como escritora, também busco essa conexão. Os meus textos são mais do que palavras, são sentimentos que dançam no papel, buscando ecoar no coração de quem os lê.

Seja nas imagens ou nas palavras, meu desejo é simples: que você se veja nas histórias e nos momentos que compartilho, que as palavras e as imagens revelem algo sobre você também. Porque, no final, todos estamos juntos nesse caminho de descobertas e de sentimentos, e é através dessa troca que a arte ganha vida.

⁠Carta Aberta

Para quem se permitir sentir, refletir, conectar.

Aqui estou eu, uma mulher que carrega dentro de si a busca incessante pela profundidade e autenticidade. Não sou uma alma que se perde na superficialidade das interações fugazes, nem nas palavras vazias que muitas vezes nos cercam. Eu busco a essência, a alma do outro, como se a verdadeira dança da vida estivesse na entrega silenciosa e na sintonia que não se explica, mas se sente.

Se algo define minha jornada, é a busca por uma conexão genuína. Às vezes, penso que a solidão é necessária para que a verdadeira conexão aconteça. Sou do tipo que se recolhe até sentir que vale a pena abrir a porta, até encontrar um olhar que se atreva a tocar a minha alma.

Na fotografia, eu me encontro. Cada click é uma tentativa de capturar o invisível, de revelar aquilo que mora nos cantos mais ocultos do ser humano e da vida. Acredito que a sensibilidade de quem fotografa tem o poder de transitar entre o visível e o invisível, entre o que é e o que poderia ser, fazendo com que o outro veja o mundo através de uma nova perspectiva. Cada imagem que crio carrega um pedaço da minha alma, esperando ser vista, sentida, compreendida. E é assim que vejo a vida: uma fotografia em movimento, cheia de momentos efêmeros que pedem para serem eternizados no olhar atento de quem sabe enxergar.

Hoje, me permito escrever, não para expor, mas para partilhar. Porque, como sempre busquei nas palavras e nas imagens, talvez o que realmente desejo é que minha essência encontre eco no mundo. Que, de alguma forma, minha busca por profundidade se revele como algo comum a todos que também têm fome de autenticidade e de verdade.

Aos que, como eu, não se contentam com o raso, aos que acreditam que há beleza na entrega silenciosa e na quietude que precede a verdadeira conexão, deixo estas palavras: seguimos. Continuamos nossa busca, nossa dança. Porque no fim, é a dança que importa, o encontro verdadeiro, onde corpo e alma se entrelaçam. E é isso que me move: acreditar que, no fundo, todos buscamos algo mais. Algo que só o verdadeiro olhar consegue captar.

Com carinho e sinceridade,
Jorgeane Borges

⁠Indiaroba, Terra de História e Afeto

Há um olhar que ultrapassa o óbvio, que enxerga além das paisagens e dos cartões-postais. Um olhar que se detém nos detalhes, nas expressões, nas mãos que trabalham, nas risadas que ecoam pelas ruas, no cheiro da comida que traz lembranças de casa.

Minha gente é feita de força e delicadeza. Das águas do Rio Real que nos banham e dos passos que marcam a terra. São rostos que contam histórias, vozes que preservam tradições, gestos que carregam gerações inteiras. E eu, com minha lente e meu coração, me faço parte disso tudo— registrando, contando, preservando.

Cada clique é um abraço na memória, um jeito de dizer: olhem para nós, para o que somos, para o que temos. Nossa cultura pulsa na feira livre, no trabalho dos pescadores, na dança que embala as festas, na fé que nos une. Indiaroba é mais que um lugar, é sentimento, é pertencimento, é raiz.

E quando alguém me pergunta o que me faz ter tanto orgulho de viver aqui, eu respondo sem hesitar: é a minha gente.

⁠O Corpo Como um Livro que Nem Todos Sabem Ler

Meu corpo não é um livro de páginas fáceis. Ele não se abre para qualquer olhar, não se entrega a mãos que não sabem segurar sua história. O desejo existe, pulsa, grita em silêncio. Mas não pode ser saciado por qualquer toque sem alma, sem intenção. Eu espero por quem leia cada linha com paciência, que entenda a profundidade antes de querer folhear apressado. Porque para mim, desejo não é pressa. É construção.

⁠A fotografia como ponte entre o tempo e a memória

A fotografia é mais do que um simples registro, é um portal entre o passado e o presente. Cada imagem carrega não apenas cores e formas, mas histórias, sentimentos e fragmentos de tempo que poderiam se perder na correria do dia a dia.

Através da minha lente, busco capturar a essência da minha cidade, os detalhes que muitas vezes passam despercebidos, mas que são a alma do nosso povo. É sobre tornar visível o que já faz parte de nós, ressignificar espaços, rostos e momentos.

Quando uma fotografia resgata uma lembrança, ela prova que o tempo pode ser revivido. E é assim que construímos nossa identidade: entre memórias que resistem e imagens que nos fazem sentir.

⁠⁠⁠O Peso de Pedir Ajuda

Para quem tem dificuldade em pedir ajuda, romper essa barreira e buscar socorro é um grande desafio. Admitir que precisa de alguém, que não consegue sozinho, pode parecer um sinal de fraqueza quando, na verdade, é um ato de coragem.

Mas e quando o pedido é ignorado? Quando a resposta é um "não" ou simplesmente o silêncio? A frustração de buscar apoio e não encontrar pode ser avassaladora, criando uma armadura de autossuficiência forçada. Aos poucos, a pessoa se convence de que é melhor não precisar de ninguém do que arriscar a rejeição novamente.

Assim, a necessidade de não incomodar se torna quase uma regra de vida. Evita-se pedir, evita-se depender, evita-se até mesmo demonstrar vulnerabilidade. O peso da solidão, por mais doloroso que seja, parece mais suportável do que o peso de um "não".

Mas até que ponto essa barreira protege, e até que ponto aprisiona? Nem sempre haverá uma resposta positiva, mas insistir em buscar ajuda quando necessário também é um ato de resistência. Afinal, ninguém precisa carregar o mundo sozinho.

⁠Às vezes, me perco
na imensidão do que sinto.
Há em mim um sentir que transborda,
que atravessa o infinito,
que ecoa em vazios desconhecidos.

Luto para me conquistar,
mas sou terra em tempestade,
vento que se dobra ao tempo
e ainda assim resiste.

Carrego o peso de mil batalhas,
a exaustão de quem sempre luta,
mas também a força de quem,
mesmo em ruínas,
se reconstrói.

⁠Memórias Imortalizadas

A fotografia é um portal silencioso, onde o tempo se dobra e o instante é retido. Como um eco suave, ela resiste às marés da existência, conservando fragmentos do que fomos e do que ainda somos. Cada imagem capturada é uma memória que não se perde, um testemunho de uma realidade que se recusa a desaparecer.

Ela é a ponte entre o presente e o passado, permitindo que o olhar viaje para um tempo distante, onde as emoções, os cheiros e as cores ainda vibram. Ao revisitar essas imagens, somos transportados para um lugar onde a realidade se mistura com a lembrança, e o tempo parece parar, deixando-nos imersos em cada detalhe.

Mas é no eco da fotografia que encontramos sua verdadeira força. O tempo pode passar, as paisagens podem mudar, mas aquele momento, aquele olhar, jamais será esquecido. A fotografia carrega consigo a resistência de um eco que se repete, como uma melodia atemporal, lembrando-nos do que foi e do que sempre será parte de nós.

Em cada clique, a memória se eterniza. Não importa o quanto o mundo mude, os fragmentos do passado permanecem imortais, prontos para serem revisitados sempre que necessário, como um refúgio onde o tempo não ousa entrar.

⁠Carrego em Mim a Minha Gente

Quem disse que eu ando só?

Sou uma, mas trago em mim muitas. Carrego vozes que vieram antes de mim, risos que ecoam pelas ruas, olhares que enxergam além do que se vê. Minha caminhada não é solitária — ela é feita de memórias, de histórias contadas à beira do Rio Real, de passos que seguem o ritmo das tradições.

Minha arte não é apenas minha. Ela é reflexo do meu povo, das mãos que moldam, dos sabores que alimentam, dos gestos que traduzem um pertencimento. Em cada clique, há um pedaço da nossa identidade. Em cada imagem, um registro da essência que nos torna únicos.

Indiaroba não é só um lugar, é um sentimento. Está no cheiro da comida caseira, no colorido das feiras, na fé que nos une, no talento que se manifesta em cada detalhe. Sou feita dessas raízes e, através do meu olhar, levo comigo tudo o que somos.

Eu represento.
A arte, a cultura, a força do meu povo.

O Que Sempre Foi Para Ser


Hoje já te quis dentro de mim mil vezes, e em cada uma delas lembrei que, de alguma forma, você já pulsa aqui dentro. Mas ainda assim te quero perto, tão perto que nossos corpos provoquem faíscas, que o calor do desejo nos envolva até dissolver qualquer distância. Quero sentir sua pele na minha, o toque que não pede licença, a respiração entrecortada pelo arrepio do encontro. Quero a explosão e a calmaria, o fogo e o silêncio que vem depois, quando já não há nada entre nós além do que sempre foi para ser.

⁠Olhar Que Recua no Tempo

O olhar é uma janela para o passado, um portal silencioso que nos permite voltar, ainda que por um instante, ao que já foi. Cada fotografia é um elo com o tempo, uma chance de recuar para uma memória distante, mas vívida, que se mantém viva dentro de nós. As imagens não são apenas representações do que vimos, mas sim fragmentos do que sentimos, capturados para resistir ao esquecimento.

Ao olhar para uma fotografia, não estamos apenas observando o que foi; estamos revivendo. O lugar, as pessoas, a atmosfera, tudo aquilo que estava presente naquele instante, ressurge no olhar que agora se aprofunda. O recuar no tempo é mais do que uma simples lembrança, é a reconstrução emocional de um momento que nos marcou, que ficou registrado não apenas na imagem, mas na alma.

As memórias, por sua natureza, são feitas para isso: para que possamos retorná-las quando desejamos, para que possamos reviver as experiências que nos moldaram. A fotografia nos dá a oportunidade de revisitá-las, de voltar a sentir o que sentimos, a ver o que vimos e a reviver o que nos tocou. Ela não apenas preserva o passado, mas nos dá o poder de retornar a ele sempre que necessário.

Imortalizados pela imagem, aqueles que foram capturados naquela fração de tempo permanecem conosco. E, por meio do olhar, nós também, como testemunhas e fotógrafos, nos tornamos parte dessa eternidade, imortalizando não só o momento, mas a essência que ele carrega. O olhar que recua no tempo não busca apenas o que foi, mas o que permanece, o que nunca se apaga, e nos lembra que a memória é, de fato, o que nos faz reviver.

⁠Que tal conhecer meu quintal?

Aqui, cada caminho guarda histórias, cada paisagem tem alma, e cada rosto carrega a força da nossa gente. Indiaroba-SE não é apenas um lugar no mapa, é um lar, um abraço de natureza e tradição, um refúgio onde a cultura pulsa e a vida acontece com simplicidade e grandeza.

O Rio Real nos banha, o sabor do aratu nos reúne à mesa, as ruas sussurram memórias e os olhares se encontram na cumplicidade de quem pertence. Aqui, viver é sentir, celebrar e preservar.

Se ainda não conhece, venha! Se já conhece, sempre há algo novo para ver e sentir.

Orgulho de vivermos aqui!


Orações Escritas
O Peso de Compreender – Entre a Razão e a Entrega

Ah, Senhor, sempre fui essa mínima que busca ter entendimento.
Que tento fazer uso da compreensão, que tenta se colocar no lugar de todos, mesmo quando falham comigo e me machucam.
Recolho-me em minha dor. Claro, sou humana, tenho o desejo de esbravejar, mas me calo e vou analisar, porque me pergunto: por que isso? Então saio de mim e me coloco no lugar do outro, tentando entender seus motivos e razões.
Assim, de uma perspectiva diferente, fazendo aquilo que o outro não se deu o trabalho de fazer, tentando justificar o outro para mim mesma.

Mas o que me justifica? Quem se coloca no meu lugar? Às vezes, quase sempre, me pergunto se estou fazendo o certo, o justo.
Mas como equilibrar, se muitas vezes falamos e agimos de maneira contraditória, querendo acertar? Se não falhamos com o outro, falhamos conosco.

Eu não tive tempo para errar, Deus, para aprender com os erros, constantemente cobrada, observada e manipulada a ser como sou.
Porque o direcionamento, na maioria das vezes, é isso: você segue caminhos, escolhas e toma decisões que nem sempre foram sua vontade.
Alguém plantou uma semente de medo, um desejo e até limites.

"E no fim, me pergunto: quem me justifica, quem me acolhe, quem me vê? Que ao menos Tu, Senhor, enxergues o que há em mim."

⁠. O Risco de Não Viver

Queria segurar minhas urgências com as mãos,
domá-las, dar-lhes um nome,
fazer delas caminho seguro.
Mas urgências não se seguram—
elas queimam, correm,
exigem entrega sem garantias.

Tenho sede de viver,
mas o medo me segura os pulsos.
Diz que é arriscado,
que o erro pesa,
que o tempo não devolve o que se gasta errado.

Mas e se o erro for parte?
E se o maior risco for não tentar?
Se nunca souber,
o que me restará além do vazio do que não foi?

A vida me chama na borda do precipício.
E eu hesito, mas sei:
não viver seria o pior dos tombos.

⁠A Queima do Mastro Indiarobense: Tradição, Fé e Coragem

A Queima do Mastro Indiarobense é uma tradição centenária que se mantém viva no coração da população local, celebrada anualmente no dia 24 de junho. Mais do que uma simples festividade, essa prática é uma manifestação cultural carregada de simbolismo, fé e desafios.

A Pega do Mastro: O Início da Jornada

A celebração tem início com a Pega do Mastro, um cortejo vibrante ao som do samba de coco. Antes mesmo do sol raiar, os pistoletes anunciam o começo da festa, ecoando pelos becos e ruas. Em cima de um pau de arara, os participantes percorrem a cidade ao ritmo da cuíca e do tambor, enquanto a população dança às portas de suas casas, envolvida pela magia do momento.

A Busca na Mata: Escolha e Retirada do Mastro

O verdadeiro desafio, contudo, acontece mata adentro. Sem medir esforços, os homens do cortejo adentram a floresta em busca da árvore perfeita – adulta, de tronco resistente e altura imponente. A escolha é minuciosa, pois o mastro precisa suportar o peso dos prêmios e resistir ao fogo na noite da queima.

Com machados afiados, o corte se inicia, exigindo força e destreza. Mas a parte mais árdua vem em seguida: o arrasto do mastro para fora da mata. O esforço conjunto de vários homens é essencial para transportar a árvore, e a cada avanço, gritos de conquista ressoam como uma validação de toda a dedicação empregada.

O Retorno Triunfal: Fé e Celebração

Após vencer a mata, a árvore é amarrada ao pau de arara. Com todos os participantes a bordo, a comitiva retorna ao município, embalados pelo ritmo do samba de coco. Unidos em uma só voz, entoam:

"Ô São João
Ô São João
Ô São João"

Enquanto seguem viagem, as folhagens do mastro arrastam-se pelo chão, sinalizando sua grandiosidade – tamanha que nem mesmo o transporte consegue comportá-lo completamente.

A Preparação do Mastro: O Desafio Final

De volta à cidade, a árvore é preparada para a grande noite. Com arame, os participantes prendem tabocas repletas de prêmios nos galhos, garantindo que fiquem firmes. O buraco no solo é escavado, e com um esforço coletivo, o mastro é erguido. Ao seu redor, uma fogueira é cuidadosamente montada, pois será ela a responsável por iniciar o aguardado espetáculo da queima.

A Noite da Queima: Coragem e Tradição

À medida que a escuridão toma conta, a população se reúne para assistir a um dos momentos mais esperados: a queima do mastro. Os fogueteiros entram em ação, lançando espadas de fogo e soltando buscapés em uma coreografia perigosa, mas fascinante. O brilho das chamas ilumina os rostos dos espectadores, que acompanham atentamente o desenrolar do evento.

Quando finalmente o mastro vem ao chão, inicia-se a disputa pelos prêmios. Sob uma chuva de buscapés incandescentes, os mais destemidos se lançam para recolher os itens amarrados aos galhos, enquanto grupos rivais atiram buscapés contra o tronco caído. No meio do caos, fogueteiros munidos de facões avançam na escuridão, iluminados apenas pelas chamas dos próprios artefatos que soltam.

Uma Tradição que Perpassa Gerações

A Queima do Mastro Indiarobense é uma tradição que atravessa gerações há mais de um século. A cada ano, novos participantes se somam àqueles que já carregam cicatrizes e histórias para contar. Embora alguns saiam queimados e acidentados, o espírito da festa permanece inabalável, e a paixão por esse ritual perigoso e emocionante faz com que todos retornem, ano após ano, para reviver a tradição.

Mais do que um evento, essa celebração representa a resistência cultural e a identidade de um povo que encontra na fé, na coragem e na união a força para manter viva uma das mais autênticas manifestações do folclore nordestino.

⁠Me devore...
Mas não com pressa.
Com fome. Com intenção. Com a delicadeza de quem sabe que o toque começa antes dos dedos — começa no olhar, no pensamento, no arrepio que antecede o gesto.

Me devore com a boca, mas também com a presença.
Com o silêncio que escuta o que meu corpo não diz, mas implora.
Me devore nos detalhes — no canto da minha boca, no contorno da minha respiração, no som que faço quando me sinto segura.

Me devore sem pressa de acabar.
E quando achar que já me teve, queira mais.
Sinta fome de novo. E de novo.
Me descubra diferente a cada toque, me sinta nova mesmo depois de me despir mil vezes.

Me devore com alma.
Não me queira só para o prazer do corpo, mas para o prazer da presença.
Sinta desejo pelo que sou quando estou calada, quando estou entregue, quando estou ali, inteira, e ainda assim, misteriosa.

Me devore com os olhos, mesmo de longe.
Me deseje na ausência. Me saboreie na lembrança.
Que meu cheiro te embriague, que minha voz te acompanhe no silêncio do dia.
Que minha pele fique na tua, mesmo depois do banho.

Me devore em silêncio e em gritos.
Nos gestos mais suaves e nos instantes de descontrole.
E mesmo quando tudo parecer saciado, que ainda exista vontade.
Que exista sobremesa. Que exista manhã. Que exista depois.

Me devore...
Como quem sabe que fome assim, não se mata.
Se cultiva.

Entre o Silêncio e a Fé, há Espera.


Na quietude do tempo, a alma cala,
E aguarda, mesmo sem saber o dia.
O coração ansioso não se exala,
Sustenta em fé o fio que o guia.


A espera dói, mas também semeia,
Ensina o passo lento a florescer.
Na terra árida, a esperança ateia,
O lume oculto que insiste em viver.


É como o mar que aguarda a maré cheia,
Ou o céu, que espera a lua aparecer.
No vão dos dias, a dor que incendeia,
Também prepara o sol para nascer.


Pois quem espera, mesmo sem razão,
Encontra em Deus o pulso da estação.

⁠Carta Aberta de Quem Decidiu Partir (E Ainda Está Aqui)

A quem importa,

Eu ainda estou aqui, mas não sei por quanto tempo. Já tomei minha decisão, embora o corpo continue presente. Sigo respirando, caminhando entre vocês, respondendo quando necessário, sorrindo quando esperado. Mas, por dentro, algo já se despediu faz tempo.

Não quero que sintam pena, não quero ouvir que vai passar, porque eu mesma já me disse isso incontáveis vezes. Não passou. Apenas aprendi a carregar o peso sem deixar transparecer tanto. Às vezes, ele fica insuportável.

Sei que muitos me amam, e é por eles que permaneci até agora. Mas amar não significa entender. E a solidão de não ser compreendido é um abismo que engole pouco a pouco.

Eu não busco atenção, não quero alarmar ninguém. Só quero que saibam que tentei. Que lutei cada dia como pude. Que se um dia eu não estiver mais, não foi por fraqueza, mas por exaustão.

Até lá, continuo. Não sei até quando. Apenas… continuo.

[JB]

Orações Escritas
Nos Silêncios que Me Habitam


Ah, Senhor...
Quantas vezes me encontro em silêncio, não porque não saiba o que dizer, mas porque não encontro palavras que expressem tudo o que sinto.
Carrego perguntas que ecoam dentro de mim e, ainda assim, permaneço aqui, diante de Ti, como filha que confia, mesmo quando não entende.


Tenho buscado compreender, sempre tentando me colocar no lugar dos outros, justificando dores que não são minhas e razões que nunca me foram ditas.
Mas, e eu, Senhor? Quem se coloca no meu lugar? Quem vê o peso que carrego calada?
Às vezes, me sinto pequena demais, tentando equilibrar o que sinto e o que esperam de mim, como se o mundo exigisse força de quem só deseja colo.


Eu Te peço: fica comigo nas minhas inquietações.
Ensina-me a aceitar aquilo que não posso mudar e a descansar em Ti quando minhas forças se esgotarem.
Toma, Senhor, meus medos, minhas dúvidas e até meus silêncios — porque sei que mesmo neles, Tu me escutas.


Que sejas o Senhor a me justificar.
Que me enxergues como sou e tudo que há em mim.
Essa é a minha prece.

Cartas ao Céu




Oração escrita, poesia da alma calada.
Inteira, mesmo estando quebrada.
Há pedaços de mim espalhados em cada verso,
mas é na fragmentação que encontro forma.


Escrevo como quem costura rachaduras,
como quem transforma silêncio em cura.
Minha fé não grita, ela sussurra baixinho,
enquanto recolho os cacos
e descubro que ainda brilham.


Porque mesmo partida, sou inteira.
Inteira de sentimentos,
inteira de verdades,
inteira na esperança que me segura
quando tudo parece desabar.

⁠Carta Aberta: Cansei, Lutei Até Meu Limite

A quem ainda se importa,

Eu lutei. Lutei com tudo o que tinha, com tudo o que restava de mim. Dia após dia, me levantei quando queria ficar no chão, sorri quando minha vontade era desmoronar, fui forte até quando a força me abandonou. Mas agora, cansei.

Cansei de fingir que estou bem para não incomodar, de carregar um peso que ninguém vê, de gritar sem que ninguém ouça. Cansei de ouvir que tudo é fase, que vai passar, que basta ter fé. Porque não é assim tão simples. Nunca foi.

Não peço que me entendam. Apenas que saibam que eu tentei. Tentei ser quem esperavam, tentei encontrar um lugar no mundo, tentei carregar minha dor sem transbordar. Mas há batalhas que não se vencem, há cansaços que não se curam com descanso.

Se eu partir, saibam que foi depois de uma longa guerra, não de um único dia ruim. Se eu ficar, saibam que estou além do limite, e só preciso que alguém perceba sem que eu precise explicar.

Cansei, mas ainda estou aqui. Até quando, não sei.

[JB]

⁠Nos braços da saudade

Acordei no meio da noite, sentindo um silêncio que pesava mais do que a escuridão.
Não era medo – ou talvez fosse, mas de um jeito diferente.
Um medo que não pede socorro, só escuta o eco do que já foi.

Fechei os olhos e vi você.
Seu abraço morava em mim, mesmo sem estar ali.
O tempo, teimoso, levou sua presença, mas não soube apagar o que ficou.

Porque amor de verdade não some, só muda de forma.
Vira cheiro no vento, calor no peito, voz na lembrança.
E mesmo quando a saudade aperta, há um consolo invisível
Que me embala como você fazia.

O passado não volta, mas sussurra.
E toda vez que a noite me encontra, eu escuto.
Fecho os olhos, respiro fundo
E me deixo levar por aquilo que nunca me deixou.

Para ela, que foi meu lar antes mesmo que eu entendesse o que era ter um.

⁠A Visão do Beijo: Conexão Além do Toque

Imagine que, ao beijar, você não apenas toca outro corpo, mas atravessa uma porta invisível. A primeira sensação não é de um simples contato físico, mas de um mergulho profundo nas camadas da alma. É como se, por um breve momento, o mundo ao redor desaparecesse, e tudo o que restasse fosse a energia pura entre duas pessoas.

Nesse instante, cada movimento, cada suspiro, carrega em si uma troca silenciosa. Não é apenas o desejo que se acende, mas a consciência de que algo maior se faz presente. O beijo é uma troca de essências, um momento onde o corpo não tem fronteiras, onde os corações falam uma língua secreta.

Ali, o que importa não é o impulso, mas a entrega genuína. Não é o prazer imediato que buscamos, mas a profundidade de estar com o outro, de se deixar conhecer e de conhecer. O beijo é, então, o reflexo de tudo o que está guardado dentro, um convite à vulnerabilidade e à união.

É por isso que, ao beijar de verdade, você não pode simplesmente tocar qualquer pessoa. Só se você sentir que a alma do outro também está disposta a se mostrar, a se entregar. Quando isso acontece, o beijo se transforma. Ele não é só o movimento de lábios, mas o encontro de duas almas dispostas a se encontrar além da pele, a se tocar em um nível mais profundo.

Esse é o poder do beijo: a capacidade de nos levar a um lugar onde somos mais do que corpos, mais do que a materialidade do momento. Somos alma, energia, conexão.

⁠Oceano de Desejo

Meu corpo é maré alta, um oceano que se agita, sempre à espera de algo que o toque, que traga a calma ou o caos. Não são todas as mãos que sabem navegar esse mar profundo. Algumas apenas afundam, outras seguem sem perceber a profundidade. E eu espero por quem tenha coragem de mergulhar, por quem entenda que desejo não é só pele, mas a união de duas almas que se reconhecem no abismo e se elevam juntas, sem medo de se perder, mas prontas para se encontrar.

⁠O Beijo: Portal Entre o Corpo e a Alma

O beijo, para mim, é mais do que um toque de lábios. É um portal entre duas dimensões, a passagem que conduz ao outro, a chave que abre o corpo e a alma.

Ele é a senha de todos os gatilhos, acende chamas, desperta desejos. Mas, mais do que isso, é conexão. É o arrepio que denuncia a entrega, a profundidade que dissolve barreiras, a fusão que antecede o infinito.

Por isso, não dá para tocar qualquer boca sem desejar se aprofundar por inteiro. Um beijo sem alma é um gesto vazio, um desencontro. Mas quando há entrega, ele se torna passagem, arrepio, fusão. Ele dá profundidade ao instante e transforma o desejo em algo maior.

Um beijo nunca é só um beijo. É a porta de entrada para tudo que pode ser.

⁠Fujo do Amor (mas ainda espero por ele)

Eu fujo do amor.
E não é porque não acredito.
É porque, quando ele chega, eu tremo.
Tremo porque já acreditei antes…
E fiquei com as mãos cheias de nada.

Eu fujo do amor porque ele sabe entrar,
mas nem sempre sabe ficar.
E eu tenho medo.
Medo de ser mais uma vez abrigo temporário.
De ser casa que acolhe e depois vira lembrança.

Mas eu também quero.
Quero esse amor que não chega gritando,
mas se aproxima devagar e fica.
Que entende o meu silêncio.
Que não me cobra ser forte o tempo inteiro.

Fujo…
mas se me olham com verdade,
se me tocam com cuidado,
eu desarmo.
Porque, no fundo, eu ainda espero.

Espero por alguém que venha com presença,
com firmeza no gesto e leveza no olhar.
Que me beije como quem tem tempo.
Que me deseje, mas também me cuide.
Que não corra quando me encontrar vulnerável.

Então sim, eu fujo.
Mas se for amor de verdade…
pode vir atrás de mim devagar.
Pode me alcançar.
Pode me mostrar que amar não é sempre perder.
E que, dessa vez,
eu não vou precisar me despedir de novo.

Redenção Às vezes, a maior batalha não está em sentir demais, mas em carregar a culpa por não ser suficiente para nós mesmos, para os outros e para Deus. É o pe... Frase de Jorgeane borges.

Redenção

Às vezes, a maior batalha não está em sentir demais, mas em carregar a culpa por não ser suficiente para nós mesmos, para os outros e para Deus. É o peso de tentar acertar em tudo, enquanto nos perdemos na dúvida de sermos dignos de amor — inclusive o divino.

⁠O Beijo: Quando Corpos se Tocam e Almas se Encontram

Um beijo nunca é apenas um beijo. Ele carrega em si a força de um portal, abrindo passagem entre dois mundos, duas essências, dois destinos que se cruzam. É a chave que destranca corpos e almas, um sussurro silencioso de tudo o que pode vir a ser.

Quando há verdade nele, cada toque de lábios acende chamas, desperta desejos e faz estremecer a pele. Mas mais do que fogo, um beijo é conexão. É sentir o outro sem pressa, percorrer seu universo na ponta da língua, decifrar sua alma em um único instante.

Não dá para tocar qualquer boca sem querer ir além. Porque um beijo não é só um gesto; é um mergulho. E para aqueles que sentem com profundidade, não há prazer no raso. É preciso desejo, mas não só do corpo—da alma. É preciso entrega, mas não só do momento—do ser inteiro.

No fim, um beijo verdadeiro não termina quando os lábios se afastam. Ele deixa marcas na pele, na memória, na energia que se troca e se carrega. Porque quando corpos se tocam, o instante pode acabar. Mas quando almas se encontram, o impacto permanece.

⁠Indiaroba: O Tempo que Nos Une

Há lugares que são mais do que pontos no mapa. São pulsações vivas, ecos de passos antigos, vozes que se entrelaçam no vento. Indiaroba é um desses lugares.

Hoje, no dia 28 de março, celebramos a história de uma terra que nasceu entre águas e raízes profundas, carregando em seu nome o sussurro dos povos que vieram antes de nós. Indaiá, a palmeira que dá sombra e sustento. Andiroba, o óleo amargo que cura. Indiaroba, um nome que fala de resistência, de riqueza e de pertencimento.

O tempo moldou seus caminhos. Feira da Ilha, Vila do Espírito Santo do Rio Real, Preguiça de Cima... foram muitos os nomes e as geografias até que, em 1938, Indiaroba se ergueu como cidade pelas mãos de Antônio Ramos da Silva. Mas antes disso, já era abrigo de histórias, encontros e tradições.

As águas do Rio Real sabem de tudo. Viram canoas cortando a correnteza, crianças mergulhando nas tardes quentes, pescadores lançando redes com fé e paciência. Viram a cidade crescer sem perder sua essência, um pedaço de terra onde o passado não é esquecido, onde o presente se faz forte e o futuro se abre como maré cheia.

Indiaroba é o riso solto das crianças correndo nas ruas de pedra, é o cheiro do café passado na cozinha da avó, é o canto dos Lambe-Sujos e Caboclinhos, que tomam a cidade em festa e tradição, pintando a pele de pertencimento e cultura.

É a memória viva dos anciãos que contam histórias ao entardecer, é o olhar dos artistas que transformam cenários cotidianos em eternidade, é a fotografia que captura não apenas a imagem, mas a alma.

É a terra que ensina que cultura não morre quando é lembrada, que raízes são laços e que o orgulho de ser daqui é um fogo que não se apaga.

Indiaroba não é só um lugar. É um sentimento.

E hoje, ao completar mais um ciclo, seguimos celebrando cada passo, cada conquista, cada pedaço de história que constrói quem somos.

Parabéns, Indiaroba! Que seu povo continue sendo sua maior riqueza.

—, ©Jorgeane Borges

⁠Contemplação

Não é só pele.
Não é só toque.
Não é só desejo.

É um lugar onde duas almas se permitem habitar o mesmo templo.
E o corpo… é apenas a porta.

Quando eu me entrego, não ofereço só curvas e suspiros.
Ofereço um mundo inteiro por trás dos olhos fechados.
Aceito que você me invada — não como quem invade, mas como quem é convidado a entrar.

Permitir que alguém me toque…
É como entregar uma chave e confiar que, do outro lado, não haja pressa.
Só presença.

Porque pra mim, fazer amor —
é como saborear a sobremesa favorita com os olhos fechados.
Com calma. Com vontade. Com gratidão.
Sentir o gosto até o fim, e mesmo assim desejar mais.

É contemplar cada segundo,
cada estremecer da pele,
cada silêncio entre os beijos,
cada arrepio que começa antes do toque.

É pertencer.
É permitir ser morada, enquanto também se habita.

É uma dança onde ninguém lidera,
mas ambos conduzem — com os olhos, com os gestos, com os instintos.

Eu não me entrego por carência.
Me entrego por transbordo.
Porque quero que você sinta o quanto posso ser casa,
mesmo enquanto sou puro incêndio.

⁠Depois, quando tudo passar, não venha culpar o vento pela bagunça.
Você sabia onde estava cada coisa.
Sabia quem era importante, o que merecia cuidado,
o que precisava de abrigo.

O vento passou por todos nós,
mas só bagunçou o que foi deixado de lado.
Você segurou o que tinha prioridade para você.

⁠Ao invés de braço, a saudade bem que poderia ter voz. Talvez assim não apertasse tanto, e, ao ecoar por aí, servisse para trazer de volta quem a gente ama.... Frase de Jorgeane borges.

⁠Ao invés de braço, a saudade bem que poderia ter voz.
Talvez assim não apertasse tanto,
e, ao ecoar por aí, servisse para trazer de volta
quem a gente ama.

Carta aos Românticos


A vocês, que ainda acreditam no amor, escrevo.
Não por ingenuidade, mas por coragem. Porque amar hoje é um ato de resistência.
É remar contra a maré do efêmero, do rápido, do descartável. É escolher permanecer quando tudo ao redor diz que sentir demais é fraqueza.


Ser romântico não é viver em contos de fadas; é acreditar que, apesar de tudo, vale a pena se entregar.
É enxergar poesia nos detalhes, mesmo quando o mundo parece cinza. É escrever cartas quando só enviam mensagens rápidas. É guardar flores secas entre as páginas de um livro que ninguém mais abre.


Românticos são aqueles que esperam. Que acreditam no toque genuíno, no abraço demorado, no olhar que diz mais que palavras. São aqueles que não têm medo de dizer "eu sinto", mesmo que a resposta seja o silêncio.


Escrevo a vocês porque sei o peso e a beleza de ser assim. Sei que, às vezes, o peito dói por sonhar alto demais, por esperar encontros raros em um mundo apressado demais.
Mas também sei que, quando dois românticos se encontram, o tempo para. E tudo que parecia desajustado, enfim, se encaixa.


Sigam acreditando. Sigam amando.
Porque o amor verdadeiro nunca foi para os fracos — sempre foi para quem carrega coragem no coração e esperança na alma.

Orações Escritas


O Peso de Compreender – Entre a Razão e a Entrega


Ah, Senhor, sempre fui essa menina que busca ter entendimento.
Que tenta fazer uso da compreensão, que se esforça para se colocar no lugar de todos, mesmo quando falham comigo e me machucam.
Recolho-me em minha dor. Claro, sou humana, tenho o desejo de esbravejar, mas me calo e vou analisar, porque me pergunto: por que isso? Então saio de mim e me coloco no lugar do outro, tentando entender seus motivos e razões.
Assim, de uma perspectiva diferente, faço aquilo que o outro não se deu o trabalho de fazer, tentando justificar o outro para mim mesma.


Mas o que me justifica? Quem se coloca no meu lugar? Às vezes, quase sempre, me pergunto se estou fazendo o certo, o justo.
Mas como equilibrar, se muitas vezes falamos e agimos de maneira contraditória, querendo acertar? Se não falhamos com o outro, falhamos conosco.


Eu não tive tempo para errar, Deus, para aprender com os erros; constantemente cobrada, observada e manipulada a ser como sou.
Porque o direcionamento, na maioria das vezes, é isso: você segue caminhos, escolhas e toma decisões que nem sempre foram sua vontade.
Alguém plantou uma semente de medo, um desejo e até limites.


E no fim, me pergunto: quem me justifica, quem me acolhe, quem me vê? Que sejas o Senhor a me justificar. Que me enxergues como sou e tudo que há em mim. Essa é a minha prece.

⁠Habitar

Não quero ser apenas tocada.
Quero ser habitada.
Não por mãos que me percorrem com pressa,
mas por quem se perde em mim como quem encontra morada.

Quero ser sentida com os olhos fechados.
Com o coração aberto.
Com a calma de quem entende que o prazer mora na pausa —
na respiração contida, no quase, no que se prolonga.

Quero que cada parte minha seja descoberta como um território sagrado.
Como se você estivesse lendo meu corpo em braile,
palavra por palavra, pele por pele,
até entender minha linguagem.

Que o arrepio seja tua resposta,
e o silêncio entre nós, a oração.

Que você me toque como quem desvenda.
Como quem tem sede,
mas não se apressa.
Como quem entende que habitar alguém
não é sobre entrar,
é sobre permanecer.

Não quero ser o instante.
Quero ser o eco.
O sabor que fica mesmo depois da última mordida.
O cheiro que gruda mesmo depois da despedida.
A lembrança que acende só de fechar os olhos.

Quero que me sinta mesmo quando não estou.
E que deseje voltar — não pelo corpo,
mas pela paz que encontrou ao deitar no meu.

⁠Quando Tudo em Mim Silencia

Tem dias em que o mundo pesa demais.
Em que o corpo insiste em caminhar, mas a alma... fica.
Fica parada, quieta, pedindo socorro sem som.
É como se dentro de mim tudo se recolhesse —
como se até o grito estivesse cansado de tentar.

A depressão não chega com barulho.
Ela se instala em silêncios,
em noites mal dormidas e sorrisos apertados.
E às vezes, tudo o que me resta é me deixar cair nos braços d’Ele.
Porque por mais que doa, por mais que o peito aperte,
a minha fragilidade é exatamente onde Deus me encontra inteira.

É nessa dependência que o milagre acontece —
não no alívio imediato,
mas na força que me faz levantar mais uma vez,
com os olhos ainda marejados,
mas com a alma agarrada à promessa
de que não estou só.

Eu sou essa mulher —
que sente demais, que luta calada,
mas que, mesmo em ruínas, ainda escolhe acreditar.
Não porque sou forte o tempo todo,
mas porque aprendi que ser fraca também é ser humana.
E em cada queda, há uma mão que me ergue.
Não é qualquer mão.
É a d’Ele.
A que me conhece por dentro,
a que sussurra quando tudo parece sem sentido:
“Filha, Eu estou aqui.”

⁠Profundidade e Entrega

Sou uma mulher que não se apressa em se entregar, porque sei que o verdadeiro encontro exige mais do que o superficial. Busco sempre o genuíno, o que vai além das aparências, o que conecta as almas. Para mim, o corpo é só o início; a alma é onde tudo acontece.

Não temo a solidão, ela me permite me encontrar e entender o que realmente desejo. Prefiro esperar, até que a dança certa se apresente, até que alguém com a mesma sintonia cruze o meu caminho.

Quando me entrego, faço-o por inteiro — não apenas com o corpo, mas com a alma. Sei que o valor real das conexões está na profundidade, na entrega mútua e no espaço onde as energias se encontram e se fundem.

⁠Visceral

Eu não quero alguém que simplesmente me deseje.
Que, depois do gozo, se afaste.
E só lembre de mim quando a necessidade física apertar.

Eu quero mais do que desejo.
Quero alguém que me devore por inteira —
e ainda assim, sinta fome.

Que, toda vez que lembrar de mim, se acenda.
E mesmo me tendo nos braços, esse fogo não se apague.

Eu não quero só um tesão físico.
Quero um tesão de alma.
Um tesão pela vida. Pela minha presença.
Pelo meu cheiro, pelo meu gosto, pelo som da minha voz.

Tesão até na minha ausência.

Quero cumplicidade.
Que a pessoa seja meu cúmplice — em todas as loucuras.
E vice-versa.

Que haja combinados e surpresas.
Mas que tudo seja saciedade.

Aquela saciedade de quem está satisfeito…
mas ainda tem fome.
E já pensa no depois.
Na sobremesa.
No jantar.
E no café da manhã.

Se é que você me entende.

Estou falando de desejo profundo.
Não de sexo casual, de uma, duas ou três vezes —
seguido de silêncio e arrependimentos.

Quero alguém que, a cada troca e intimidade,
tenha ainda mais certeza de que me deseja.

E que se aproxime involuntariamente,
só pra repousar no meu cheiro.

E que, mesmo querendo ficar quietinho,
se acenda… só de respirar perto.

⁠Registrando-me em papel

Sinto uma necessidade urgente de me descrever, de me tornar transparente, cristalina,
como se, ao colocar minhas palavras no papel, pudesse finalmente me entender.
Há um desejo intenso dentro de mim: que as pessoas se permitam ser assim também —
sem medo de revelar seus sentimentos, suas dúvidas e pensamentos mais íntimos.

A busca pelo autoconhecimento me guia,
uma jornada silenciosa em direção a todo o meu sentir.
Com a caneta na mão e o papel à minha frente,
não tenho receio de me deixar ali, nua em cada palavra.

Cada rabisco se torna uma entrega,
um reflexo da minha consciência,
onde cabem meus medos, dores, amores, desejos e até orações.

Escrever é meu refúgio, minha forma de existir.
No silêncio das palavras, me encontro,
descobrindo, sem pressa, quem sou.

E quando eu partir, que essas palavras sejam mais do que tinta sobre papel.
Que quem as ler possa me sentir,
mergulhar na profundidade de quem fui,
mas com leveza e compreensão.

Porque é aqui, no papel, que me registro —
inteira, consciente e eterna.

⁠A Voz Que Me Toca

Antes do toque, me acende a voz.
Não precisa das mãos.
Basta o timbre certo,
as palavras certas,
ditas no ritmo certo.

Teu sussurro me arrepia mais que qualquer carícia.
Porque é nele que sinto tua intenção nua,
tua vontade crua,
teu desejo que me percorre antes mesmo de chegar.

Há palavras que ardem mais que beijos.
Frases que me despem.
Sílabas que escorrem pela espinha
e desaguam entre minhas pernas
como se fossem teus dedos me lendo em voz baixa.

E os gemidos…
ah, os gemidos…
não os teus — os nossos.
Embriagados, entrelaçados, incontroláveis.
Como música suja e sagrada
que só quem ama o abismo entre prazer e entrega é capaz de compor.

Eu quero ser tocada pela tua voz.
Quero que tua respiração me encontre no escuro.
Quero que tua palavra sussurrada seja a senha
que destranca cada parte minha que ninguém nunca alcançou.

Não quero gritos.
Quero a melodia do desejo.
A vibração que só quem conhece a alma sabe fazer soar.
Quero teus sons como promessas.
Teus silêncios como prelúdios.
E teu gemido como confissão.

Porque, quando a voz toca primeiro,
o corpo se rende com mais verdade.

Pascásio Custódio da Costa e a Empada de Aratu: Um Patrimônio Vivo


Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial de Sergipe em 2021, a empada de aratu do povoado Terra Caída, em Indiaroba, transcende o sabor para tornar-se um símbolo de identidade e memória coletiva. Seu guardião é Pascásio Custódio da Costa, conhecido como "Mestre Pascásio", que há mais de meio século dedica sua vida a essa iguaria que hoje atrai turistas e fortalece a economia local.


O que muitos não veem, porém, é que essa tradição vai além da cozinha: envolve o trabalho silencioso das catadoras de aratu, mulheres que mantêm viva a técnica artesanal de coleta e preparo do crustáceo, transmitida entre gerações. É delas que nasce o catado minucioso, base não só da famosa empada, mas também de pratos como a moqueca defumada na palha de bananeira, outra joia da culinária local.


Essa rede de saberes — Pascásio, as catadoras e a comunidade de Terra Caída — compõe um ciclo cultural raro, onde gastronomia, memória e pertencimento se entrelaçam. Mais do que um prato, a empada de aratu é um eco do passado que insiste em permanecer no presente, como testemunho vivo da força e do orgulho de um povo.