Coleção pessoal de pablo_emidio_utrape

Encontrados 10 pensamentos na coleção de pablo_emidio_utrape

⁠Considerações sobre o ser

Eu estava perguntando-me qual a melhor maneira de expor todos meus pensamentos nesse texto, ou pelo menos, a melhor maneira para fazer o melhor início possível, quando cheguei a conclusão de que não há. Aí, de certa forma, apelei para a metalinguagem - começar falando sobre começar. Quem nunca, em uma manhã fria, pegou-se devaneando sobre assuntos diversos, sobre vidas diversas; conciliando, em pensamentos e reflexões, passado, presente e futuro?!
Bem, é dessa forma que estou agora. Esse, meu, processo de pura reflexão iniciou-se quando lembrei-me de Bojack Horseman - série norte-americana direcionada ao público adulto e construída no formato de animação -, o personagem Bojack, que dá o nome à série, vive a vida em uma angustiante melancolia, pautado nisso, ele bebe, se droga e acaba, consequentemente, tomando atitudes desaprováveis aos olhos de seus amigos e, até, da justiça. Mas não foram esses fatores que me levaram à reflexão, mas sim, o fato dele estar sempre em busca de se tornar alguém “completo”. Chegando perto algumas vezes, e acabando retornando para o personagem que conhecemos no primeiro episódio. Pelo menos, era assim que eu pensava e via essa jornada.
“Mas por quê você está me contando isso tudo?”. Perguntaste-me? Pois bem, caro leitor, eu introduzi-te à toda essa informação sobre essa série, para, com base nela, explicar-te mais sobre o conceito do ser. O que antes eu via como um eterno retorno nietzscheano, acabou se mostrando considerações do “ser”. Não ser de seres, e sim, ser significando algo inerente à pessoa: Eu sou mau, eu sou alto, eu sou uma boa pessoa e etc. Se você é atento e questionador, provavelmente, discordou de certos exemplos. Como o ato de ser bom ou mau seria inerente à uma pessoa? Sendo que estamos em constante mudanças e possamos passar, facilmente, para qualquer parte do espectro do ser bom ou mau?
Está questionando-se sobre isso? Pois bem, chegastes aonde eu tenho estado por éons. Sempre perguntei-me onde termina o ato de estar sendo e começa o ato de ser. Eu sou uma boa pessoa ou ando sendo uma boa pessoa? Essa dúvida acompanhou-me por éons, bem, essa manhã relativamente fria trouxe consigo, quase como uma epifania, à resposta, ou pelo menos uma resposta agradável o suficiente para escrever esse pequeno texto.
O fato é, caro leitor, que nós, assim como Bojack naquela série, “somos” frutos de constante interferência oriunda do ambiente que nos cerca e de nossas escolhas. Essas constantes interferências são processadas constantemente pelo nosso cérebro, as quais somam-se ao nosso “eu” e gera mudanças. A ocorrência desse processo se dá ininterruptamente em um intervalo de tempo menor do que podemos contar, micro mudanças imperceptíveis ocorrem comigo agora, o eu que escreveu “agora” não é mais o mesmo que escreve agora, e não é, novamente, o mesmo agora.
Seguindo esse pensamento, como saber quem sou hoje? Simples, não tem como. Heráclito disse uma vez que é impossível o mesmo homem atravessar o mesmo rio duas vezes, pois na segunda vez eles não são mais o mesmo, nem o homem e nem o rio. Esse processo de não ser mais o mesmo é perceptível ao analisar o passado e as mudanças, não o hoje, pois você hoje só será de fato analisado amanhã, da mesma forma que são analisados os clássicos, com calma e ciente de todo o contexto em volta.
“Mas e quanto às coisas que não mudam, nem ao menos isso eu sou?”. Claro que toda regra tem uma exceção, existem características inerentes que você foi, é e será, ontem, hoje e amanhã; se você for uma pessoa de pele preta, continuará até o resto da sua vida - Salvo exceções raríssimas -, esse é o ser definitivo. O ser que venho trabalhando nos parágrafos anteriores é o ser subjuntivo, mutável, dependente constantemente das suas escolhas e vivências. Mudando de milésimos em milésimo, fazendo assim não ter o agora. Fernando Pessoa, eu não sei quanto à conjugação do verbo amar, mas o verbo ser não se conjuga no presente. Tu foste ou tu serás, mas nunca és. Existe algo de muito estranho da forma que nós, brasileiros, conjugamos o verbo ser.
Bem, para concluir, digo que agora, enquanto termino esse texto, já passei por diversas mudanças e o eu que era adepto com essas ideias mudou. Discordo, agora, da maior parte dos escritos acima. Quem sabe como será minha opinião nesse exato momento que você estiver lendo?

⁠O amor é a mãe do romance e, por isso, é o sentimento mais romantizado do mundo: os filhos tendem a colocar a mãe no pedestal.

⁠Às vezes, quando me comparo a outros homens, parece-me que fui mais favorecido pelos deuses, afora alguns méritos de que tenho consciência; é como se eu tivesse com os deuses uma garantia ou penhor que meus companheiros não têm, e fosse especialmente guiado e protegido

⁠⁠A verdade é que, às vezes, a realidade se resume a uma frase de clichê.

Soneto da Fascinação

⁠Perco-me em seus, poéticos, dizeres
Contemplo-me, obcecado, em tua sina
vejo-te, estupefato, tão divina
Quero-te, eternamente, em meus prazeres

Toque-me em suas horas de lazeres
Diga-me que és minha fescenina
Tão airosa quão gentil, minha bonina
Motivo de eu tragar meus afazeres

ligamo-nos beira ao inusitado
Logo maravilhei-me em seus escritos
E o seu jeito, cortês, me dominou

Apaixonado em todos os seus ditos
No jeito que, do nada, me chamou
E deixou-me, totalmente, admirado

⁠Paradoxo

Tão normal com uma peculiaridade infinita
Com um sorriso que por si só já mostra tudo
Sua tristeza que, sempre, está bem escondida
Mostra a voz de um coração que é mudo

Tua hipotermia que, sempre, me aquece
Seus abraços longos, como ondas já na beira do mar
Sua boa memória que sempre me esquece
Seu esquecimento que te faz lembrar

Ela é tão simples como um exagero
Tão exagerada em seu jeito simples de ser
Ela é rica com pouco dinheiro
Sem concessões, ela quer merecer

Com um jeito espontâneo meramente calculado
Uma antissocial muito bem sociável
Tão odiosa em seu jeito afável
Tão descuidada com tanto cuidado

Tão fria que me deixa quente
Tão sincera até quando mente
Tão risonha com tristeza latente
Argumentativa, ela é muito inteligente

"Um paradoxo não tem nada a ver",
Ele é perfeito para te descrever
Escrevi esse poema para te dizer:
- Mina, eu odeio o fato de amar você.

⁠A sensação de aprender algo novo é tão gratificante e prazerosa, que, às vezes, pego-me agradecendo o fato de não possuir todo o conhecimento do mundo.

Tal como Lúcifer, tentei ser maior do que aquilo ao qual me designaram; Caído em terra, trouxe ao homem o conhecimento, e por isso fui chamado de diabo

Sempre admirei a minha incrível habilidade de olhar para cima e ver mais do que somente estrelas

O amor é o mais alto grau da inteligência humana.