Coleção pessoal de noode

Encontrados 3 pensamentos na coleção de noode

Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.

Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.

Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desafortunado.

Meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.

Os olhos... dizem que são as janelas da alma e eu diria mais, diria que são também as vitrines do coração.
Ainda não sei explicar a mistura de emoções que sinto nessa breve eternidade de olho no olho.
Paixão, laços eternos, atração irresistível, sensação de mergulhar dentro do outro. Faíscas de desejo, amor sem fim, troca de energia, outra realidade. Uma comunicação muda tão cheia de significados...
O brilho entrega que quer viver o momento, uma luz maravilhosa invade todo ser e então, ocorre uma transmissão de pensamentos.
Cada olhar tem o seu segredo... A paixão recolhida, o amor incondicional, o medo da atração, a vontade de viver! Os olhos gritam para a liberdade, o desejo de ser feliz, a canção do amanhecer...
Existem também aqueles olhos tristes... olhos tristes com vontade de chorar...
Chorar por tudo que não conseguiu viver, por aquilo que perdeu no meio do caminho, por ter perdido o compaço da dança. Podados por sua pouca alegria, por pessoas cruéis, sem sonhos e sem poesias...
Mas em todo olhar há uma beleza pronta ou esperando para ser lapidada...
Enfim, o que mais me encanta no olhar é que, o contrário da boca, eles nunca conseguem desmentir o coração.

A DOR QUE DÓI MAIS

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.