Coleção pessoal de mandinhang

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Despedida

E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perde da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.

Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.

E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?

Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.

Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.

A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.

Pela sacada olho: La fora um homem velho pintando o TOC, grade por grade em tom cinza. Com uma escada no interior do nosso condominio, alguem resolveu pintar as grades sobre o muro, que diferenca isso faria? Seria bonito se não fosse hoje. Grade por grade, cinza... do velho ferrugem ao novo. Porque alguém sai da própria casa para pintar grades no muro de um vizinho? Terapêutico organizativo eu diria. Ou obsessão?
Hoje chegou o sofá, esperamos por quase três meses esse sofá, seria o consolo pelos momentos de chão duro? Duro e dura como a vida. Logo hoje que já não mais. Logo hoje que ja não mais. Que diferença isso faria? Obsessao?

Chove no Sul, o Sul loiro, quente e solitario. Fria é Brasília, solitaria tambem, o sol de Brasília é frio, não há empatia nem dó, com essa crise política então nem se fala. São Paulo é tanta empatia que soa falso mas não é solitário.
Solitária mesmo sou eu quando me vem a vontade de cantar, mas canto mal e prefiro escrever... escrevo mal mas melhor do que canto, no canto.
Aqui estou eu, talvez alguém vai ler e me imaginar em algum canto olhando pra chuva e pensando em como e porque estou onde estou.
Estar é quase sempre divertido, não pense só em nostalgia, embora ela venha com tudo nos dias de chuva me derretendo como papel... Penso em mulheres fortes, muitas e lindas, deixando lições aos aprendizes ou aprendendo com as questões. Mulheres que choram, vi muitas, admiravelmente. Amigas ou companheiras de sessão. Cada canto um conto. Se fosse um quadro seria uma chuva com gotas coloridas, cada gota uma cor.

Ô marinheiro, onde tu vais? Nas rodas da vida ou na beira do cais?
Tira essa onda de viajante, tira o pé da estrada, o interior precisa de ti, seu interior precisa de ti.
Brilha demais, mas por quem?
Quem que te tirou do sério e te roubou o chão. Quem te aprisionou no vôo? Eterno vôo? Se parar de bater asa cai, morre.

Em gritos e ar... Ali, com a força da voz de um leão retornamos para o mais profundo de nós mesmas.Já não bastaria quando com dezenove anos o nosso primeiro porre juntas e o grito era mais facil... Ah, teria que se somar com os dez anos que se passaram, os medos ridiculos que se somaram a toda as amarras sociais, das relações que nos fizeram mudas... o que se perdeu saiu novamente de nós em alto e bom som... "Amiga, preciso de um lugar para gritar" "Sim"....

E se fez linda a vida, um poema, um louco a dançar, um menino com violão, a garota com seu cão, ou não. Tenho em mim memorias maravilhosas como o barulho do mar e outras memorias grotescas também como o mar. Tenho medos tao profundos quanto o mar, como ondas que vem e vão, hora se sente e hora é vão. Me disseram sobre como se reconstrói uma pessoa depois de uma experiência de náufrago, onde tudo é colocado em xeque. Náufrago me lembra a primeira experiência do ser humano com a vida quando o parto ocorre. Como se torna forte uma pessoa com uma cicatriz. A primeira cicatriz é o choro de vida, depois é rir do que está por vir. Cicatriz? Tenho muitas, tem gente que estranha, gente que nao percebe e gente que vê ali um ato de coragem humana, tem gente que não sabe lidar com cicatrizes expostas, tem muita gente no mundo. Todo mundo usa sua coragem na hora do parto ou do mar, todo mundo hora é mar. Ah o mar, é para lá que vou, quando eu quiser eu vou. O mar nunca desampara, não para, nao importa o que aconteça. Como se reconstrói uma pessoa depois de uma experiência de náufrago? Alguns desistem, alguns sim, nos não. Nós que caminhamos na tempestade, que escutamos os gritos, consolamos o choro, que percebemos os rostos da multidão. Somos de chuva e vai molhar! Desistir nao!

Pequenino é o tempo, um pequeno nódulo, um grão, que só aumenta dentro de nós. O que nos sustenta é a vida não o grão. Pequenina é a vida!
Há sempre algo que cresce e mata, mas o amor não...
Pequenina como eu me vi algumas vezes, como quando me arrisco no mundo e tenho menos de um centímetro, quando venta posso voar. Pequeninos são os meninos que saem por aí á lutar contra o tempo, grandes são seus versos, seus poemas e sons. Pequenina como a menina que tem um cão, que ama o cão, grande é seu coração.
Estou a dizer loucuras, mas meu bem, nessas horas tanto faz.

Solidão prolongada me ensinou a ser exigente. Quando me tornei minha melhor companhia, só me apaixonei por pessoas absolutamente incríveis.

Faz de mim, em tua memória, aquilo que lhe for mais conveniente.Mas lembre sempre, por favor, que estar inteira como estive me custou tudo o que eu tinha..

De mãos dadas
atravessaremos esses becos, avenidas e estradas
à procura de uma trilha
(sonora)
que nos leve a um canto
(afinado)

Eu nunca fiz amigos tentando ser interessante. Todos os amigos mais íntimos que fiz foi porque me interessei verdadeiramente por eles. Me interessei pelo que doía, pelo que o fazia gargalhar, pela forma como banalizava histórias tristes, pelo jeito com que dramatizava fatos aparentemente banais...Todo mundo quando descobre certa receptividade no outro abre seu coração com tamanha generosidade, que fica difícil não fazer o mesmo. Porque a escolha é sempre nossa. A gente se abre, o outro percebe e se abre simultaneamente_ sempre nessa expectativa do encontro. E quando flui, tudo nos parece mágico.Mas depois vem o que fazemos com tanta informação, com aquela confissão, com aquele momento de entrega. É isso que vai solidificar o que quer que tenha começado. E quando isso não é um dom, é um exercício...

Outrora.
Um grande amigo me aconselhou a escrever sobre o amor, avisei que não sou mais poeta ou nunca fui e coloquei um ponto só, mas hoje eu estava relendo alguns versos antigos e vi que todos eles traziam reticências. Estaria eu esperando o amor chegar? Ou ele sempre esteve ali nos espaços não citados? meu amor tinha medo de se expor ao ridículo, o amor é ridículo e exclama.
O amor é reticências e exclamações, o amor é isso, é o que te fará esperar sentado num banco qualquer de uma praça, rodoviária ou aeroporto com a mente repleta de lembranças. Talvez escape uma gargalhada ou uma lagrima, talvez te faça cantar baixinho e brincar com o cachorro.

A vida é assim, se um rema o outro rema e sorri; se dois remam sorrindo outros quatro remam sorrindo e cantando. Poucos irão perguntar o motivo de tanto entusiasmo e muitos procurarão pela luz que lhes dá força...Nós (crianças, adultos, loucos, lúcidos, espertos, burros, adiantados, atrasados, humoristas, sérios, realistas, sonhadores...) precisamos disso, pois é o que nos fez e nos faz querer remar também. Vendo vocês cantando nós teremos vontade de cantar também.
Estamos também pela filosofia, pelo som, pelo movimento.Pode ser que de inicio buscávamos uma resposta, um diploma, um conceito. Olhem para nós, olhem bem para nós, conseguem ouvir a musica?

Ando muito ocupada pq sempre há "nada" para se fazer, o que eu faço com muito gosto. Eu acordo abro a janela e me lembro que é dia de fazer nada e ai fico planejando milhoes de metodos para se fazer nada antes que o dia acabe. Faço nada entre familia, entre amigos e as vezes sou bem egoista e me isolo para fazer nada sozinha. Ouço musicas, leio livros (que ficaram na estante esperando pelo dia de fazer nada), escrevo, filosofo, lembro de fragmentos, ou fico deitada com a barriga para cima pensando em nada.

Para vermos o azul, olhamos para o céu. A Terra é azul para quem a olha do céu. Azul será uma cor em si, ou uma questão de distância? Ou uma questão de grande nostalgia? O inalcançável é sempre azul.

Já me disseram sobre "pedra no sapato", "pedra no caminho" de alguém... Eu nunca aceitaria ser pedra, eu não, também não aceitaria estradas com muitas pedras onde nada floresce, apenas endurece... Oras, como dizia o poeta: Triste é não saber florir.
Eu quis/quero a flor e não a pedra!

Primeiro a postura apática e desconectada de quem aparentemente não se importa... Eu vou dizer que você não me conhece, que você não entende, que você não sabe nada, vou virar as costas e mesmo assim vou exigir um pouco de confiança, confia em mim? você confia em mim?Eu me importo sim, eu me importo muito... Eu viro a cara, chuto o balde, costumo brigar atoa e me ofendo com muita facilidade... Quando eu estiver bem louca eu posso até aparecer do nada e te pedir um abraco, você vai estranhar muito e pode causar mais desconfiança... Pedir abraco, para mim, é como gritar, sai de dentro e sem pedir licença, acontece como um surto incontrolável que de repente já foi... Nao é sempre que eu posso fazer... E sempre vou exigir um pouco de atenção... Posso também confundir sua cabeça, porque não sou constante, eu mudo, eu mundo, eu tudo... Eu que nao sou nada, eu não sei lidar... Eu não sei lidar...E quando for o momento você poderá ir, ou simplesmente nao me acompanhar, prometo que não vou ligar, não vou te ligar... Mas se você perceber que o riso é sincero e o olhar também vamos juntos???

Ela disse que tínhamos que olhar bem para o mar e deixar os pensamentos soltos... Os pensamentos que não fazem bem devemos deixar o mar levar, só os pensamentos que contribuem devem ficar... Assim eu fiz... Fiz isso hoje também, não tinha mar mas pedi ao vento... Também ouvi dizer sobre pedidos que devemos fazer, eu não quero pedir nada, tenho medo de pedir a coisa errada... Mas queria saber o que a vida me prepara, queria saber porque algumas pessoas aparecem no caminho e se vão prosseguir com a caminhada, eu queria saber também onde que eu estava errada... Mas eu só ouvia uma voz a dizer: sossega coração, sossega... que o melhor da vida é estar em paz!

Assumo a postura de quem não te vê, como tantos fazem, mas vejo e vejo e vejo... No meu rosto a expressão severa que se faz útil em momentos de espera e que esconde um riso lindo, a vontade de rir quando te vejo!

E tem as crianças também, mas tem gente grande que a gente olha bem nos olhos e tudo que é ruim vai embora... Tem gente grande que lembra infância...!