Coleção pessoal de claudiaperotti

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Enleio-me nas letras e elas arrancam-me amorosamente as vísceras, contam segredos, refletem virtudes e dissipam defeitos. Quanto mais escrevo mais me acho, me dispo, me desvendo, me respeito e me compreendo. Nessa exposição constante de mim mesma aprendo a me aceitar integralmente...

Tudo está diverso, estranho, distante...
O sorriso, os gestos, a visão, as emoções...
Às vezes não sei mais quem sou. E mesmo diante da imagem refletida no espelho não reconheço-me nela. Tudo o que fui e senti esvaiu-se de mim. Não sobrou nada, nem migalhas. Não há transformação. Não há renovação. Há pausa. Estou suspensa. Ausente de tudo e de todos. Alheia. E os pensamentos seguem mergulhados e confusos no infinito vácuo de mim...

Os abraços adormecem os ruídos
que gritam estridentemente no fundo de nós,
Domam os cavalos selvagens das emoções
E consola a alma perdida
.
.
.

De tempos em tempos os impedimentos chegam feito um tsunami arrastando tudo sem dó, sem piedade. Estamos sempre às voltas, ora desvencilhando dos obstáculos, ora nos afogando num mar de pena. Por mais que nos esforcemos as vagas nos envolvem roubando-nos a coragem. Resta-nos então jazer num oceano sem fim a deriva, a espera de um recomeço... Eu não sei quanto tempo permanecerei mergulhada nessa languidez. Meu fôlego já não é mais o mesmo. Flutuo cansada dessa usança exasperada... Mesmo conhecedora de que nada dura para sempre e que Deus é meu consorte, uma lágrima insiste em cair...

Na vastidão dos dias
A tua canção ecoa-me nas entranhas
E misteriosamente preenche-me de delícias
.
.
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Quando os olhos se expõem mais do que gostariam; Quando da boca escorrem palavras, uma a uma, e deitam nas mãos do amor; Quando o coração ofega freneticamente e explode em mil cores transformando para sempre as nuances ao nosso redor; Quando um grito mudo se eleva até espalhar afeição por todos os lados; Não há como impedir . . .

Hoje os meus
pensamentos
te buscam...

Uma ânsia
me domina
e segue
crescente,
em tua
direção...

Ahhhhhhhhh!
olhos teus
que volvem afoitos dos sítios ignotos
que me consomem por dentro
que, em feitiços prateados,
me acendem feito lua no céu negro
que me incitam sorrisos
que me estimulam estrelas
que me alongam ardências e delícias
que me liquefaz em êxtase
.
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