Cem Sonetos de Amor de Pablo Neruda (trechos inesquecíveis do autor chileno)

Às vezes
não é amor.
É só uma sensação
gostosa de estar com
uma pessoa e sentir-se
livre para ser você mesmo.

Às
vezes
não é amor.
É só uma pessoa
acariciando suas feridas
sem fingir querer curá-las.

Às
vezes
não é amor.
É só alguém que suporta
o lado pimenta do outro, só pra ter
o direito de saborear o lado chocolate,
que é doce, doce e doce.

Ei
moça!
Às vezes
não é amor.
Eu só te coloquei
nas coisas que eu
não posso fazer sem.

Às
vezes
não é amor.
É só o verbo caber
estreitando o suficiente
para adentramentos passionais.

Às
vezes
não é amor.
É só uma poesia,
que chega sorrindo
quando o mundo todo
te virou as costas.

Às
vezes
não é divórcio
e nem falta de amor.
É só pedras colocadas
onde não há mais desejos.

Às
vezes
não é amor.
É só uma mentira
colocada no topo da pirâmide social.

Às
vezes
não é amor.
É só duas ausências
à procura de um espaço para viver.

Às
vezes
não é amor.
É só uma pessoa que
nunca perdeu o desejo de surpreender.

Às vezes
não é amor.
É só um oceano
selvagem e o coração
gentil que falam a mesma língua.

Às vezes
não é amor.
É só uma rosa gentil
Uma flor delicada
A respiração suave
da primavera
que eu respirei.

Às vezes não é amor.
É só um eu te quero desde
o primeiro minuto que te odiei.

Às vezes
não é falta de amor.
É só um fruto de circunstâncias desfavoráveis.

Ei,
moça!
Não é o amor que
me faz perder o controle,
é o controle que me faz perder o amor.

Às vezes
não é cristão.
É só uma pessoa
com o coração tão
grande que faz com
que todo amor pareça pequeno.

Às
vezes
não é amor.
É só um caso com
a esperança pra fugi das lembranças.

Às
vezes
não é amor.
É só uma pessoa
transformando todos
erros do outro em acertos.

Às
vezes
não é amor.
É só um certeza
de que nós acreditamos no amanhã.

Às vezes não é alcoólatra.
É só alguém que ofereceu
o amor quente e acabou na
companhia de cerveja gelada.