Sonia Schmorantz

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Desempregado

Eu conheço o medo de ir embora,
não há como esquecer esta noite,
as lágrimas que vi cair dos olhos,
dos amigos que choraram ao sair,
deixando seus sonhos pelo açoite.

Realidade cotidiana de quem trabalha
ser tirado o seu pão, o seu emprego,
desencorajado, coração esfacelado,
é mais alguém a ficar desempregado.

A vida anda mesmo em barco frágil,
difícil prever de quantas vítimas
se alimenta este capital de apetite voraz,
que devora vidas, devora sonhos,
hábil em impor a alguns o desatino,
um desrespeito que a ninguém agrava,
mas que muda tantos destinos…

Vi chorar os meus amigos ao sairem,
lágrimas inesperadas, surpresa sombria,
sonho, esperança, futuro,
escorrendo, diluídos num eco seco,
transformando a vida de repente.

Assustado, desempregado, resignado,
que importam as palavras de um poema
se a desgraça atingiu o homenageado?

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Meus Poemas

Meus poemas vão sendo largados
na beira das estradas onde passo,
ao luar do sonho, às flores comuns
das estradas desertas, das pedras
esculpidas pelas maresias,
ao campo que se alonga até o mar.

Talvez eu tenha dado os passos certos,
talvez encontre em cada um deles,
a estrada do sonho, os momentos que vivi.
Talvez recupere nas curvas do caminho,
velhos poemas que se perderam na poeira,
em amareladas folhas rasgadas.

Talvez encontre em meio às flores,
os poemas que fiz e não deixei nascer,
poemas imaginados que nunca ganharam corpo,
numa estrada inventada para atravessar o tempo.

Poemas abandonados, poemas espalhados,
na estrada da imaginação, onde ninguém pisa,
poemas passageiros desta longa viagem,
abandonados versos, lembranças escritas,
de quem um dia pretendeu ser poetisa.

Inserida por schmorantz

Pinheiros

Que magia tem estes velhos pinheiros
ouriçados pelo vento no alto das pedras?
Absortos, voltados para o poente,
agasalham pássaros em galhos ondulantes,
sossegam minha alma em verdes sombras
recortadas no azul de um céu sem fim.
Quanta poesia há no aparente abandono
dos pinheiros agrestes agarrados às pedras,
que em silêncio se elevam às alturas,
seduzidos pela luz mágica do sol?
Mansos pinheiros acenando à estrada,
ouvindo o bramir do mar logo adiante,
faz sentir esta poesia, esta alegria,
do sal que tempera sonhos, emoção,
sentimento vida, universo no coração.
Recostada à janela, enquanto sigo viagem,
os pinheiros me levam para perto do céu,
em algum lugar abre-se uma porta,
acolhendo criaturas e sonhos
na clara ternura do entardecer.
Instantes de felicidade sem motivo,
como poemas sem palavras
que se escreve no ar...

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Queria...

Queria falar do meu amor,
dos sonhos que tenho,
da tarde que agora vai,
do sol que se põe e da lua
que começa a surgir.
Queria fechar os olhos,
esquecer o relógio
me perder nas horas,
fugir do tempo e ficar assim,
contando as pétalas de uma flor amarela.
Bem me quer, mal me quer...
Queria falar da chuva que cai,
do vento que varre as folhas do chão,
das ondas encrispadas do mar,
do tempo que brinca com a solidão.
Queria, queria, queria...
Mas fiz-me doçura da pétala,
flor pequena em sua mão,
amor que acontece e se enraiza,
crescendo como flor no coração...

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Das Palavras

São difíceis as palavras,
nem sempre espadas,
nem sempre flores,
entrelaçadas são poesia,
disparadas são armas,
tristeza e melancolia.
Ás vezes amor, às vezes inferno,
vêm do fundo da alma,
explícitas ou veladas,
ressoam tristemente bêbadas,
às vezes verão, às vezes inverno.
Penetram clandestinas na alma,
como bordados feito à mão,
fogem quando mais se precisa,
São reais ou mera ilusão.
Palavras de amor não ditas,
são silenciosas reticências,
fugazes e sorrateiras,
levam poemas nas asas, mas
adormecem escondidas na mão...

Inserida por schmorantz

Chuva de Outono

Cai a chuva da nova estação,
calçadas vazias, molhadas,
carros que passam apressados,
cobrindo o asfalto de reflexos.
São as chuvas de outono,
encharcando a cidade.
Debaixo dos guarda- chuvas
as pessoas andam rápidas,
sombras humanas abraçadas,
enquanto folhas flutuam ao vento
morrendo afogadas no chão.
Por detrás das vidraças olhos
acompanham sombras na névoa,
chuva e outono adentram a janela,
enquanto na rua transeuntes anônimos
correm para algum lugar qualquer.
Cai uma clara chuva de outono,
mudando as vestes, as cores,
numa vontade de não sorrir do céu.
Há um vento varrendo a cidade,
ônubus lotados, trânsito engarrafado,
Aqui dentro, um sentimento a toa,
canta uma melodia abatida,
inquieta chuva, vento, vida...

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Minha Ilha

Na ilha o mar é mais azul,
cenário feito por um mago,
uma sonho de águas claras,
onde o vento me diz
que aqui serei feliz....
Ancorada no azul da ilha,
tudo é detalhe, detalhe de amor,
como dois barcos na areia,
secretos amantes fora do mar.
Respirando o outono tropical,
caminho no verde musgo da trilha,
areia fina, mar azul, lua no céu,
e o vento vem me dizer
que aqui existe o amor...
Meu amor é esta ilha,
são os olhos brilhantes
do homem que me ama,
São as ondas do mar,
são os pássaros que esvoaçam,
são as caricias do vento,
esta é minha ilha, meu destino
a ilha do meu amor...

Inserida por schmorantz

Invenção

Na minha janela espraia-se o Atlântico,
brilham as estrelas do Cruzeiro do Sul,
suspiram flores em suspensos campos verdes,
as árvores balançam ao sabor do vento.
Na minha janela tem o mistério
da noite espessa e uma lua ao acaso
inspirando a poesia,
o cinzento das tardes de outono,
o som das ondas que murmuram preces,
num choro inútil que enche de mágoa a
solidão da praia quase abandonada...
Sobre mim pousam os ventos,
sentimentos dançando ao acaso,
que importa se a noite se cansa
e é lento o dia,
sonhos nascem sem qualquer razão,
a vida é esta grande invenção...

Inserida por schmorantz

O vento passa nas tardes mornas,
Sinto seu abraço,
Sinto que vive e canta dentro de mim.
Sinto o sopro do vento, o cheiro do mar,
O ilimitado do céu vazio,
Ar que penetra suave e reascende uma
Chama cósmica em meu coração.
Abençoada seja esta natureza silenciosa.
Há uma parte de mim que se ausenta
E parte com o vento,
Todos os dias um pouco,
Enquanto o poente no céu se estende
Numa saborosa melancolia...
Mas agora volto...
Volto à minha vida,
Hora de seguir caminho,
Natureza e vida ainda sorriem para mim...

Inserida por schmorantz

Hoje

Hoje sou este azul,
sou entardecer, silêncio e magia,
sou do mar a imensidão,
sou da brisa a serenidade,
sou perfume, sou pecado,
sou vida e paixão,
sou luz de luar beijando o mar...

Hoje sou esta natureza,
sou vento que desenha nuvens,
sou a noite e seus pássaros,
voando nas asas do vento...
Sou mulher cheirando a flor,
alguém a quem chamam de poeta,
mas sei que poetisa não sou,
sou mulher desta natureza,
meus versos são apenas sentimentos
que dançam nas ondas do mar...

Inserida por schmorantz

Fragmentos da alma

Quando as mãos deslizam no teclado
Mesmo cansadas da lida
As palavras percorrem matizes
Do tempo e da saudade
Em busca de suas razões...
A cada minuto a alma se confessa
Confusa, saudosa e muda
Pela fugacidade da vida.
Alma instável, sem o mar
Para cobrir de sombras e cores,
Com saudades das pessoas
Que amava e se foram...
Triste alma de poeta
Que amando se desnuda
Que silenciada se cala...
Vazios, ausentes,
luz apagada
Ninguém em casa...

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Eu sabia

Eu sabia que um dia ela viria,
Íntima de mim a cada instante,
Embora oculta em todas minhas mortes.
O silêncio outra vez presente.
Tentei falar mas não consegui.
Dos meus olhos tão perto,
Tão distante do coração
Não sei onde ficas
Viajando por entre a solidão.
Não mais juntos:
Mas em paralelo,
Tão substancialmente sós na apertada solidão,
Que nesse silêncio se escuta a respiração de Deus.
Na nossa rota não há dois astros
Apenas nós e a cósmica solidão
Do nosso próprio infinito...

Inserida por schmorantz

Na oscilação imprecisa das águas da memória
Se fundem numa só verdade todas as lembranças.
Ao fundo do mar e de mim as memórias
Navegam barcos sob um céu azul,
Deslizando imprecisos, vagarosamente.
O barco se detém no remanso da água,
Corre-me água das mãos molhadas de mar, e
Uma ave pousa calada na proa...
Barco e rio são agora minha própria dimensão.
Memórias, barcos fazem parte da paisagem,
Da minha paisagem humana...

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Floripolitana de Coração

Gaúcha, nos pampas nascida
Um grande sonho acalentei
Morar numa ilha encantada
Cheia de bruxas e fadas.
Nessa terra cheia de graça
Onde se juntam todas as raças,
Minha ilha lança ao poente
O azul espelhado da lagoa,
O verde silêncio das montanhas,
O rumorejar de um mar azul
Que beija apaixonado a areia da
Minha ilha de renda poética.
Não importa se há sol ou chuva,
A mágica ilha é sempre azul,
Fica gravada na alma e
Quem aqui vem sempre vai voltar,
Para descobrir novos caminhos,
Novos destinos, pois
Esta magia nunca irá acabar.

Inserida por schmorantz

Um dia qualquer

Mais um dia que passou.
Um dia qualquer que na
Espuma das ondas se lançou,
Aqui onde as ondas são mansas
Mais um dia como outro qualquer
Nem complicado, nem fácil,
Dia comum que inspira poema sem nexo.
Mais que um dia, uma repetição
Um dia sem explicação,
Como chuva que escreve coisas na areia
Para depois o mar apagar...
Porque hoje é um dia qualquer
O grito cala e a alma se controla,
Só o atrito da caneta marca o papel,
Um arrepio silencioso ao cair do dia,
Solidão que assombra até o fim das marés
De um novo dia qualquer...

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Solidão de Poeta

Solidão de poeta tem nome,
Tem endereço...
É alguém que já teve junto a si
E que a vida em suas façanhas
Levou embora...
Solidão de poeta tem um rosto
Cujos olhos ainda tem cor e
Dos lábios ainda tem o gosto...
Solidão de poeta tem um corpo,
Cujo calor ainda lembra e
Cujo perfume está nas entranhas...
Solidão de poeta tem sentimento,
Saudade, lamento...
Da sua emoção faz poemas
E num sentir invisível
Faz dos versos a alma do seu amor
Para lhe fazer companhia...

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Folhas ao Vento

Minhas angústias são como folhas voando,
Chorando ao desprender do ramo que amavam.
As folhas caíram depois da ventania,
Vento que foi cantando, distante,
Levantando a areia da praia
De águas frias, cantantes, coloridas...
Vento agreste levou as folhas para o mar.
Sem mais o ramo para ficar,
vaguearam, rolaram,
Perderam toda a seiva que as adoçava...
O vento sempre as levar,
sem rumo, sem magia
Levou também a brisa doce dos meus versos,
Fez-se outono em mim, tamanho o abandono
De uma alma desfolhada que após o vento
Também caiu...

Inserida por schmorantz

Quem gosta de escrever é um viciado
não consegue mais deixar,
se lhe falta o papel
falta-lhe o chão,
se lhe falta a letra,
falta-lhe o ar...
Errado ou certo
importa que quando
sua alma ria ou chore
haja sempre uma
caneta por perto....

Inserida por schmorantz

Pai

É o primeiro dia dos pais sem tua presença,

mas vou visitar o mar onde tuas cinzas descansam,

e tu te transformaste em milhões de pontos cintilantes,

na esperança de que ouças meus pensamentos

que te falam da minha saudade.

Quero te dizer que teu olhar sincero e humilde

ainda guia meus passos,

mesmo que haja uma saudade constante.

Está sempre comigo este homem de grande responsabilidade,

sensível e generoso, mestre em piadas,

cujo abraço aconchegante ainda sinto

quando a tristeza insiste em chegar...

Tuas cinzas foram ao mar,

mas tua alma foi levada pelo vento, livre e solta no ar,

nesse lugar azul imenso, que se mistura céu e mar.

Faz parte agora das noites de lua ou chuva,

dos dias de sol ou melancolicamente cinzas,

teu espírito ainda vive no mar, na areia,

nas pedras e flores,

e no coração de cada pessoa que te amou...

Teu espírito hoje reluz em cada raio de sol, todos os dias..

Cada estrela no céu tem o teu brilho

e a brisa perfumada traz teu riso.

A chuva que hoje cai são lágrimas de saudade,

por isso venho te abraçar e te dizer uma vez mais,

com um grande beijo....

Feliz Dia dos Pais – Meu Pai.

Inserida por schmorantz

ESCREVER

Há quem diga que pensamentos podem também machucar,

Quase não dá para acreditar, pensamentos são pensamentos, ora...

Mas hoje me pego pensando em tantas coisas que passaram e

Ainda passam, coisas que gosto de lembrar e coisas que queria esquecer,

Mas não consigo, assim como não consigo parar de escrever...

Me sinto como se fosse de outro mundo e quero fazer parte desse...

Gostaria de sonhar como as pessoas sonham,

Pensar como elas pensam...

Ser feliz como elas são, ou acreditam ser...

Ser feliz em caber neste espaço, mesmo como um ser anônimo,

Uma agulha no palheiro, como dizia minha avó...

Mas não consigo mudar nada e então me calo,

Porque então minhas mãos não fazem o mesmo,

E meus dedos não conseguem emudecer nesse teclado?

Inserida por schmorantz