Carolina Bensino
Apago números da agenda do meu celular como se estivesse excluindo a pessoa da minha vida. Infelizmente não é assim.
Eu estou fugindo de homem-problema. Mas eles correm muito rápido, aí me alcançam na maior facilidade.
Eu nunca me encantei pela simplicidade do amor correspondido. Bom mesmo é amar quem não tá nem aí pra gente, correr meses atrás de alguém e no final não ficar com ela, ou ficar mas não ser "feliz pra sempre." Ou talvez eu só tenha me acostumado a sempre viver essa situação por nunca ter experimentado um amor correspondido.
De domingo a quinta-feira eu espero o príncipe encantado, sexta e sábado saio a procura do lobo mau.
Me achava forte. Até me apaixonar, aí então pude perceber o quão sensível eu era para sofrer por amor.
Você fala, fala, fala e não diz nada, você beija e resolve tudo. As brigas de amor deveriam ser todas assim.
Quase paixão, quase amor, quase namoro, quase término, quase melhores amigos, quase para sempre, quase feliz. Cansei de quases.
Demonstrou interesse em mim, já começo a ficar desinteressada. Culpa desses amores não correspondidos, que me acostumaram mal.
Eu sou uma tentativa, não sei se com sucesso, de menina fofa.
Meio mau caráter, meio gente boa.
Pode me amar ou me odiar,
só simpatizar não vai conseguir (mas pode tentar).
Deve ser chato ser você agora. Fingir felicidade, forçar relacionamentos. Deve cansar, deve ser exaustivo chegar no final do dia tentando não pensar em mim, em nós. Você deve estar aí querendo esquecer todos os momentos maravilhosos que tivemos juntos enquanto beija outras bocas, sente outros cheiros... Deve ter deletado todos os meus números da sua agenda, o que de nada adianta, pois todos são decorados. Bom mesmo seria se você pudesse apagar as lembranças, as boas e as ruins. Imagino que seja cansativo, e repetitivo, ficar lembrando a si mesmo, todo o tempo, que não deve me amar, que não deve pensar em mim. Deve ser triste ir dormir todas as noites com outras e sonhar comigo - deve ser confuso, também! Deve estar querendo voltar, mas não sabe como. Deve se sentir incompleto, afinal nenhuma outra se encaixa tão perfeitamente no seu corpo como eu... Nada é tão perfeito e singular como nós dois. Pois é, eu sei como se sente... Me sinto assim também. Todos os dias.
Sentir saudade não é necessariamente querer de volta, muitas das vezes, é só a relembrança de que foi bom o que passou.
E aquele coração frio que ele tinha deixou de existir... e graças a mim. A única coisa que sentia de gelado agora perto dele, eram os pés, quando acordávamos juntos numa manhã de inverno.
Acho que estou entrando em pânico. Ou pior, acho que estou me apaixonando. Se bem que, quando se trata de mim, amar e se desesperar é praticamente a mesma coisa. Medo de se apaixonar é uma droga.