Camylla Gonçalves Cantanheide
Se orgulhe de suas próprias escolhas, não se arrependa do que está feito, e pense no que irá fazer. O escrito não será apagado, a caneta está na sua mão, basta você escrever suas próximas páginas.
Tenho que aprender a não imaginar como seria se tudo fosse diferente. Aprender a não criar momentos em minha cabeça que possivelmente nunca se tornarão realidade. Aprender a não lembrar das pessoas que me abandonam. Encostar a cabeça no travesseiro sem recordar dos medos, dos choros, dos traumas. Tenho que aprender a simplesmente dormir, sempre quando for me deitar.
Há momentos em que prefiro ficar quieto, pensar um pouco mais, chorar no meu canto, guardar a minha dor, ficar um pouco sozinho. Pelo menos eu ficando um pouco sozinho, não teria ninguém para me julgar.
Perdi a conta de quantas vezes cheguei a desabar, e eu só precisava de um abraço que não poderia ter. O seu.
E mesmo depois de tudo, ou talvez por causa de tudo, eu não quero te tirar do meu coração, quero mudar as coisas e me colocar no seu.
Eu sinto a sua falta a cada instante que não posso estar perto, a cada instante que eu não possa estar presente, mesmo quando você não queira. A solidão divide o espaço apertado entre a saudade, a sua ausência, e a dor já tornou meu coração frágil demais para continuar suportando. Eu preciso você.
Sabe quando você quer chorar, mas suas lágrimas já estão fracas de tanto caírem? Sabe quando você quer gritar alto o suficiente para alguém ouvir, mas sua garganta não consegue emitir som algum? Sabe quando você se isola de todos, por temer que eles te deixem? Você sabe o quanto dói?
Não importa o que aconteça, você vai continuar presente em mim. Não aprendi a esquecer com três dias de ausência, muito menos a amar com três dias de convivência.
Me peguei chorando mais uma vez. Não havia mais risadas, euforia ou brincadeiras. Sofrer é uma lembrança que se fixou no meu presente. Sorrir se tornou banal. Levantar, uma carga que não cabe a mim. O sono se assemelha a morte, o sonho a uma segunda vida e a insônia, a uma espécie de delírio.
É Irrefutável. Quando a dor parece ter amenizado por um instante, ela volta ainda mais forte. Eu sou vulnerável, quando se trata de se machucar – para os outros, pode passar despercebido – mais só você sabe o quanto aquilo magoa, o quanto aquilo não cicatriza, que só em esbarrar dói.
Acredito que as piores dores do mundo, são aquelas que matam lentamente e ninguém pode cessar em você; aquelas que conseguem desabar o seu mundo, e o de mais ninguém.
Perdi as contas de quantas chorei até pegar no sono. De quantas vezes, abracei meu corpo fortemente, na tentativa de que a minha dor cessasse. Ontem meu choro foi abafado, tortuoso, escondido; para não incomodar quem estivesse dormindo. Literalmente, chorei até quando a dor existente em mim ameniza-se, até quando meus olhos não conseguiam se abrir de tanto arder, até quando abracei o travesseiro e fiquei ali, acalmando, até que minha angústia pudesse conter-se. Eu imaginei você ali, eu sentia o calor do seu abraço, o carinho do seu aconchego, e suas palavras dizendo: Vai ficar tudo bem. Dói perceber que mesmo depois de chorar tantas noites, você ainda consegue me machucar delicadamente com que diz. E com as que você não diz também.
Certas vezes, prefiro chorar um pouco sozinha, escutar o eco do vento aos meus ouvidos, ocultar meus sentimentos, me apegar ao inimaginável, guardar a dor. Não por indiferença, só quero evitar o julgamento de pessoas que não sabem o verdadeiro motivo das minhas lágrimas.
Ela sente uma apreensão por estar longe, embora seu pensamento a faz sentir bem perto. Entre tentar esquecer ou desistir, ela prefere optar pelas lembranças, pelo sonho que parece inalcançável, pela estonteante saudade que guarda em si, e pelo imaginável momento que ela anseia em abraçar. Ela tenta não chorar, no entanto, ao final do dia é quase impossível não soltar uma lágrima. Ela prende-se a tentar mudar as coisas, a escutar o eco dos ventos aos ouvidos, aos pensamentos incontroláveis, a imaginar como seria se tudo fosse o reverso. À vista, ela se apresenta sóbria. Mas nos deslanchar dos olhos ela sente uma falta. Senti que falta alguém, que falta algo, que falta você.
É como sentir-se tão só a ponto de esquecer-se. A cada minuto que passa as lembranças me atormentam intensamente, a cada segundo que o ponteiro marca é como se fosse um século, se passando. Quando me olho espelho vejo às lembranças mais tristes virem à tona, junto com as lágrimas de saudade que frequentemente choro por você.
Ela espera acordar e dizer que tudo vai ser diferente. No entanto, acorda espichada na cama, com os olhos pesados como quem não dormiu. Ela costuma levantar e tentar se convencer de que é só mais um dia, mas dessa vez, preferia nem ter acordado. Ela pensa constantemente em tentar mudar, mais no fundo sabe, que só um único alguém é capaz de reverte-la. É um estar longe, e sentir-se perto. Querer fugir e não encontrar-se em lugar algum. É como abrir os olhos, e ouvir algo dizendo: “Acorda, bem-vindo a realidade”.
É torturante suportar todos os adventos do dia. As lágrimas já estão escorrendo secas, o riso é forçado, e tudo o que se pode sentir é dor.
Ela mostrava ser capaz de se auto-regenerar. Parece ser uma saída não demonstrar sentimentos. Seu coração parecia gélido, intocado, tão frio quanto o restante de chocolate quente em sua caneca. Sempre buscava parecer fria, calma, controlada e tanto eram os pesos, as lágrimas, os medos. Ela parecia forte, no entanto, fraca. Parecia não ter cicatrizes, mas tantas eram mágoas e as frustrações. Parecia nunca ter sentido a perda e a dor. Só parecia.
É uma insegurança, uma dor, uma falta, uma angústia que parece dilacerar. É como sentir uma dor sem sentido. É uma vontade de desabar. São tantas as aflições, são tantas as lágrimas, são tantos os medos. Queria que tudo voltasse a ser como antes, queria sorrir novamente, queria que você estivesse aqui. Tudo era tão fácil quando tinha você.