Coleção pessoal de RosangelaCalza

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⁠Meu caminho

Queria um caminho aconchegante.
Quente... como uma tarde de verão.
Claro... como um meio-dia de sol a pino.
Queria um caminho que me abraçasse.

Um caminho em movimento...
Andando junto nas andanças do vento.
Sem medo do que está depois da curva.
Sem receio de descer ao mais profundo abismo.

Navegar no mar sem fim...
Segura de mim.
Queria andar nesse caminho sem cerimônia.
Queria procurar detalhes que ninguém vê.

Queria enraizar amor
Por todo o caminho por onde eu for.

⁠Tua chegada

Para que a partida?
Jamais deveria existir a ida.
Só a vinda... a chegada.
Esta sim sempre é festejada.

Acostumei-me com teu olhar sempre o melhor caminho a me apontar.
Acostumei-me com teu jeito meio sem jeito de me dizer que viver sem mim não tem mais jeito.
Acostumei-me com tua calma, que no meio das ondas gigantes, sempre me acalma.
Acostumei-me com tua presença a preencher o vazio de uma vida que não encontrava razão pra própria existência.

Continuarei a responder teus bons dias.

Gratidão pois que, no meio de bilhões de pessoas, fui eu quem você viu...
Foi pra mim que você sorriu.

⁠Noite cega

Ou talvez seja melhor dizer dias e noites cegos.
O tempo sempre foi meu inimigo.
Passam-se os dias e com ele ainda brigo.
O tic-tac do relógio me enerva.
O sol mudando rapidamente de lugar me alucina.
A escuridão clareando rapidamente... apagando o brilho das estrelas me agonia.

Queria lento cada dia.
Queria que o sol desse uma paradinha pra descansar.
Queria que as estrelas tivessem mais escuridão pra seu brilho mostrar.
Queria andar mais devagar.

Mas... corro, corro, corro...
Do café da manhã até a hora de dormir.
O tempo todo atarefada.
Da vida sem aproveitar nada.

Tudo sempre um Deus nos acuda!
E o tempo que não me ajuda...
Please, tempo seja generoso comigo... seja meu amigo...
Quero tudo melhor aproveitar.
Peço, então, passe bem devagar.


Apagados

Quero calar a saudade.
Saudade dos tempos passados...
Saudades da ausência de meus amados.

Sou a última a resistir.
Sou a última a daqui sair.

Estou em pé.
O tempo parece não querer me derrubar...
Quer me fazer durar e durar.
Então, fico aqui querendo calar a saudade... apagar memórias... enturvecer minha história.

E assim estou.
Vou de momento em momento...
Até estar apagada como poeira varrida ao vento.

Resisto. Mas não sou eu que insisto.

⁠Minhas faces

Desnudo-me nas palavras.
Escrevo sobre minhas sombras.
Nos versos exponho meus medos, meus defeitos.

Sou quebrada.
Nada há mim que se dê jeito.

Envergonho-me?
Sim, mas não consigo calar.

Desabafo.
Tenho que gritar nesta folha em branco – meu terapeuta.

Preciso silenciar a confusão da minha mente... o que aperta meu coração.

Aqui descrevo meus sentimentos exatamente como são.

⁠Pensamentos loucos

Falas de amor...
E eu a me perguntar: como falar o que sinto?
Sinto tua falta do amanhecer ao anoitecer.

Procuro-te pelas ruas da cidade.
Não te encontro.

Pergunto-me: onde estarás?
Estás em mim a pensar?
Lembras de nossos beijos?
De nossa troca de carinho.
Das milhares de vezes que dissemos te amo?
É amor?

Ou apenas um indicativo de amor.

Somos apenas uma falta que completa a falta do outro?

Eu sei...
Tenho pensamentos loucos...

⁠Da solidão

A solidão era tudo o que eu tinha.

Mantinha um grito sempre aprisionado em minha garganta.

Queria chorar.
Deixar as lágrimas meu rosto lavar... minha alma acalmar.

Uma inundação...

Que tudo de ruim levasse pra bem longe de mim. E que essa dor tivesse fim.

Enfim!

⁠Um barquinho de esperança...
num mar de incertezas...
a vida ao sabor das ondas...
pra lá... pra cá... pra lá... pra cá...

Dia e noite, noite e dia...
tenta preencher sua vida de alegrias vazia...
pra lá... pra cá... pra lá... pra cá...
monotonia, monotonia, monotonia...
a única certeza: a morte

Encontrar Jesus seria sua maior sorte...
pra lá... pra cá... pra lá... pra cá... pra lá...
se não encontrar... vai lhe tragar a morte.

E fim.

⁠Colorido

As nuvens se descortinam diante dos meus olhos. O vento era suave.
O jardim todo florido sorria no mais lindo colorido.

Um dia na minha vida.
Um dia repleto de coisas coloridas.
Um dia cheio de vida.

Um doce despertar...
Um leve caminhar...

Um majestoso poder de sonhar.

Uma esperança que nunca para de esperançar.

⁠Ecos de você

Ainda ouço seus passos descendo lentamente as escadas de nossa casa.
Nas costas apenas uma mochila.
Você trouxe tão pouca coisa quando aqui chegou.
Agora se foi... e tudo levou.

Mas coisas são só coisas.
Não me importo de elas não estarem mais aqui.

Você se foi.
Levou o seu sorriso.
Levou a sua calma que me acalma.
Levou as cores do dia.
Levou a alegria que eu sentia quando acordava com você para viver mais um dia.
Levou o seu abraço que tanto bem me fazia.
Levou a minha alegria...

Alegria que há tanto tempo eu não sentia.
Agora você está tão distante.
Seus passos não ouço ecoar mais.
Desejo que vá em paz.

Não volte, por favor.

Não quero sentir o pavor de um dia mais uma despedida viver.
Prefiro dia a dia simplesmente sobreviver.

⁠Uma tristeza

Eu era tão feliz.
Você a razão da minha felicidade.

O dia amanheceu.
Tudo tão triste.
Nublado.
Não há sol.
Só nuvens escuras a cobrir o céu como um véu.
Véu negro que tudo esconde... que não dilui a dor... que faz desaparecer toda forma de amor.

Com você foram-se as cores do dia.
Foi-se pra bem longe toda a alegria.
Tudo virou nostalgia.

O tempo, em protesto, não se fez de rogado.
Parou e ficou do meu lado.
Olha pra mim com olhos de terror... me diz:
“Não se machuque... não se afogue nesse copo de culpa... estou com você... serei um momento em que te farei feliz.”

Esforço-me, então, pra sobreviver.

Quero essa felicidade prometida viver.

⁠Um (des)brinde à vida

Chuva de trovoada relaxante.
Tarde de domingo.
Desordem desordenadamente na sala...
Tudo fora de lugar.

No porta-retratos teu sorriso quase apagado pelo tempo sorri triste.
Vivemos hoje um mundo que já não existe.

A casa cheia de memórias.
Uma linda história.
Um fim trágico.

Vislumbro dias tristes e sombrios.
Sinto na alma tanto frio.

⁠Palavras

Palavras... simples palavras,
simplesmente palavras.

Palavras pronunciadas,
pelo vento levadas.

Palavras evitadas, atalhadas, atenuadas...
almas não magoadas.

Palavras silenciadas,
perdidas na chuva,
gastadas, desgastadas,
engasgadas, apertadas...
no fundo do peito guardadas.

Palavras gritadas,
palavras caladas, ponderadas, acertadas,
palavras pelos olhos faladas...

Palavras esquecidas
nas esquinas da vida...
no ir e vir de nós dois...

Palavras...
tudo o que queremos ouvir...

Palavras...
um eterno ir e vir.

⁠Matar e morrer

Às vezes é preciso matar.
Matar um sonho.
Sepultar.
E continuar.

Às vezes é preciso morrer.
Tornar-se apenas poeira de um ser.
Um morrer cotidiano.
Um morrer uma vez por ano...
Um morrer para aquilo que o passado ensinou a viver.

Às vezes é preciso morrer... pra realmente começar a viver.
Matar... morrer.
Só às vezes.
Sem conta.

⁠Aqui estou mais uma vez.
Adentro a floresta densa.

Não, não estou tensa.
É um caminho conhecido.
Reconhece o som das águas do riacho que corre, meu ouvido.
A natureza fez aqui sua morada.

Sou apenas uma passageira.
Sinto a luz ultrapassar as árvores... vem até mim o calor do sol.

Aqui a natureza chora... em certos dias.
Um choro de alegria.
Banha seus filhos com gotinhas de vida.

Aqui atravesso meu deserto.
Encontro meu oásis.

Minha energia se renova com a energia da natureza que está tão, tão perto.

⁠Desabrochar

Olhos lacrimejam de saudades.
Tanto tempo ficou pra trás perdido nas sendas do tempo.
Um amor tão lindo enveredou na sombra de um anoitecer e se evaporou...

Olha sua face no espelho.
Reflete solidão.

O sol acabou de nascer, espreguiçou-se nos lençóis do alvorecer.
Uma lágrima corre pela face.
Seca-a com as pontas dos dedos.

Esquecer o que pra trás ficou...
Eis de conseguir seguir o segredo.

⁠Denso lodo

Andei por regiões remexidas...
Dor e sofrimento...
Tantas as feridas.

Um denso lodo atravessei.
Não sucumbi...
Por um triz.

Verdes planícies
Formosas...
Rodeadas, porém, de formas rochosas.

Rios caudalosos.
Abismos sem fim.

Um caminho aberto a força.
Um vento contrário a me indispor.
Areia movediça... pouco a pouco a me fazer perder a força.

⁠Insegurança

Ao virar o rosto pra luz vi teu olhar.
Teu doce e terno olhar.
Tão fácil me apaixonar.

O coração até ensaiou uma batida mais forte.
Os pés quase cruzaram aquele horizonte desconhecido...

Medo.

Fiquei presa no lugar... morrendo de medo de amar.

⁠Coração

Coisas do coração...
Coisas valiosas guardadas com carinho.
Há corações que são como um ninho.
Coração que ama sem nada em troca desejar.
Coração que sabe no caminho correto deve andar.
Coração que sabe no lugar do outro se colocar.
Coração – território onde ninguém pisa.
Não se rompe.
Não se corrompe.
Faz o bem a quem quer que do bem precisa.

⁠Mudanças

Fresca chuva de trovoada.
Tarde de domingo.
Novembro...
O sol escondido atrás das nuvens
não se deixou ver se pôr.

A noite se fez.
A escuridão assustou meus olhos.
Quatro paredes na penumbra.

Paredes novas.
Recém a mim apresentadas.
Mudar é como se nada fizesse sentido antes da mudança.

Adormeci.
A noite pariu o dia.

Um dia de um amarelado estranho surgiu...
Parecia que seria uma manhã calma.
Parecia que haveria mais paz na alma.
Foquei: ‘a vida é feita de andanças... vida:eternas mudanças’.