Biografia de Chico Mendes

Chico Mendes

Francisco Alves Mendes Filho, conhecido como Chico Mendes, nasceu em Xapuri, Acre, a 188 km da capital Rio Branco, no dia 15 de dezembro de 1944. Filho de seringueiro desde criança acompanhava o pai na extração do látex das seringueiras nativa da floresta. Sem escolas na região, só aprendeu a ler com 19 anos de idade. Desde cedo despertou o interesse para a preservação da Floresta Amazônica ameaçada pelos desmatamentos causados por serralheiros e fazendeiros.

Deu início a uma luta sem armas, mobilizando toda a comunidade para fazer barreiras com o próprio corpo para impedir os desmatamentos. A postura do povo que vivia do extrativismo contrariava os grandes fazendeiros e comerciantes de madeira e as ameaças tornaram-se constantes. Em 1975, Chico Mendes foi nomeado secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Basileia. Em 1977 ajudou a fundar o Sindicato em Xapuri. Nesse mesmo ano foi eleito vereador. Em 1982 candidata-se a deputado federal pelo PT, mas não consegue se eleger.

Em 1985 Chico Mendes liderou o Primeiro Encontro Nacional de Seringueiros, quando apresentou a proposta da “União dos Povos da Floresta”, um documento que reivindicava a união das forças dos índios, trabalhadores rurais e seringueiros, em defesa e preservação da floresta Amazônica e das reservas extrativistas em terras indígenas. Denunciou também o massacre sofrido pelos povos indígenas. Nessa época, criou o “Conselho Nacional dos Seringueiros”.

Sua luta alcançou repercussão internacional. Em 1987 proferiu um discurso na reunião do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Miami (EUA), denunciando a destruição da floresta e solicitando a suspensão do financiamento para a construção da BR – 364, que atravessaria o estado de Rondônia e chegaria ao Acre, abrindo caminho para escoar a produção gerada pelos estados amazônicos e pelo Centro Oeste, até chegar ao Pacífico pelo porto peruano.

Nesse mesmo ano, Chico Mendes recebeu em Xapuri uma comissão da ONU que viu de perto a destruição da floresta. Dois meses depois o financiamento foi suspenso e o BID exigiu do governo brasileiro um estudo do impacto ambiental na região. Chico Mendes também foi convidado a falar no Senado americano, onde fez recomendações a diversos bancos que também financiavam projetos na região. No mesmo ano Chico Mendes recebeu da ONU o Prêmio Global 500, de Preservação Ambiental.

Em 1988 foi criada a União Democrática Ruralista (UDR) e a primeira “reserva extrativista” do Acre. Durante o Terceiro Congresso Nacional da CUT, Chico Mendes volta a denunciar as ameaças que vem recebendo. No dia 22 de dezembro de 1988, Chico Mendes é assassinado com um tiro de espingarda, em frente a sua casa, em Xapuri, Acre.

Acervo: 7 frases e pensamentos de Chico Mendes.

Frases e Pensamentos de Chico Mendes

Não quero flores no meu enterro, pois sei que vão arrancá-las da floresta.

"Se descesse um enviado dos céus e me garantisse que minha morte iria fortalecer nossa luta até que valeria a pena.
Mas a experiência nos ensina o contrário. Então eu quero viver. Ato público e enterro numeroso não salvarão a Amazônia. Quero Viver."

Os seringueiros, os índios, os ribeirinhos há mais de 100 anos ocupam a floresta. Nunca a ameaçaram. Quem a ameaça são os projetos agropecuários, os grandes madeireiros e as hidrelétricas com suas inundações criminosas.

No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade.

A nossa luta é pela defesa da seringueira, da castanheira; e essa luta nós vamos levar até o fim, porque não vamos permitir que as nossas florestas sejam destruídas.